Nica 11/12/2010 Acabei de ler A vida íntima de Laura, de Clarice Lispector. Li numa sentada de 15 minutos numa sala de espera, kkkk... Ah, se todos os livros fossem assim! Bem, trata-se de uma Literatura Infantil, mas sabemos que Clarice, mesmo se dirigindo às crianças, deixa tudo no invisível mundo da realidade, telepaticamente. Mas sabe que eu senti que ela já tentava iniciar as crianças nesta linha? Vou explicar a minha observação:
Clarice utiliza uma linguagem bem amigável, quase maternal, deixando a criança confortavelmente preparada para sentir - já que com esta escritora não há o entender, e sim o sentir. Laura é uma galinha feia e burra. Vocês lembram alguém assim? Eu me lembrei na hora de Macabéia: a verdade é que Laura tem o pescoço mais feio que eu já vi no mundo / Laura é bastante burra / ela pensa que pensa / ela come por pura mania, ela come cada porcaria. Vejam só como ela inicia a obra: Vou logo explicando o que quer dizer “vida íntima” vida íntima quer dizer o que a gente não deve contar a todo mundo o que se passa na casa da gente. Daí ela vai invadindo as profundezas da mente, não da galinha, mas do inocente leitor, através da sondagem de seus mecanismos psicológicos ela vai introduzindo seu estilo subjetivo, deixando o enredo em segundo plano. Ao escrever seus sentimentos em relação a galinha ela vai colocando suas impressões e deixando dúvida do ser e do estar íntimos do leitorzinho. O dia-a-dia de Laura é um pretexto para ela abordar assuntos complexos para crianças, como o racismo, a geração e o nascimento, e principalmente a beleza interior ser mais importante do que a exterior. Tudo visto e sentido por Laura, mas narrado pela própria Clarice.
Este conto também me fez lembrar Uma galinha, um conto do livro Laços de Família, o qual a galinha também não era morta por botar muitos ovos.