A raposa já era o caçador

A raposa já era o caçador Herta Müller




Resenhas - A Raposa Já Era o Caçador


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Andre.28 17/04/2020

A Raposa Romena
A composição de narrativas inteligentes em um quadro de frases curtas que compõe um universo contestador, literatura que representa a organização sistemática e desoladora de uma da vida diária em um regime de opressão e medo. Em “A Raposa Já Era O Caçador” romance escrito pela escritora romeno-germânica Nobel de literatura (2009) Herta Muller trás elementos singulares a uma narrativa que foge a padrões pré-estabelecidos. Tem-se aqui uma gama impar de elementos “divagatórios” dos personagens, composição crescente que aos poucos ganha forma mais real, mais organizacional e clara da história.

O enredo aborda a história de Adina e Clara, duas mulheres que vivem no mesmo apartamento em Bucareste, capital da Romênia. Na Romênia dos anos 80 a situação de opressão do regime sufocante do ditador Nicolae Ceacescu chega a níveis paranoicos. Vivendo no fio da navalha, clara uma mulher da classe operaria encontra-se com Pavel, integrante do serviço secreto romeno (securitae) e se apaixona por ele. Pavel, um homem que vive o dilema de um casamento falido, além do fato de se sentir culpado e vitima, ao mesmo tempo, do regime persecutório. A penúria do povo romeno nos anos 80 é representada pela descrição de Muller da vida diária, as pessoas em estado de subnutrição e fome que contrasta com a beleza da paisagem, do Danúbio, do cinza e da decadência do estado das coisas no país.

Adina professora de uma escola primaria. Clara é operária. Filhas da classe trabalhadora que sofrem da falência de um sistema e uma forma ditatória de impor medo e perseguir os cidadãos. Slogans e as ideias estão a prova, são parte de uma sociedade dividida pelo desejo de liberdade e o medo de se rebelar. O clima de espionagem e a paisagem desoladora são partes impressionantes dessa narrativa. Herta Muller constrói uma atmosfera, desenha uma paisagem com relatos fortes, simples, de sentimentos que se chocam. É interessante notar os personagens do Paul e do Liviu. Paul representa muito a ideia de artista da cidade, homem em contato com os ideais de contestação do regime, da subversão de uma ordem cruel. Já Liviu representa a vida campesina, um tanto distante dos atalhos do poder, mas que sofre a sua medida as penúrias do regime persecutório.

Frases curtas e falas dentro do corpo do texto, divagações em um ritmo que começa lento, pouco esclarecedor, mas que ganha forma a partir do momento que a Revolução Romena de 1989, a narrativa ganha corpo. A tensão e o medo tomam conta à medida que o caos se instala na Romênia. Particularmente adorei a narrativa, embora o começo possa ser um tanto difícil de entender pelo fato da autora expor muito pensamentos e divagações, e também por se preocupar mais com a descrição das banalidades da vida comum em um ritmo lento. Porém, nada senti de dificuldade diante dessa narrativa lenta, aliás, pelo contrário, o ritmo lento da narrativa ajuda o leitor a se ambientar, verdadeiramente sentir o ambiente entendendo o valor “crescente” do ritmo de narração dos fatos. Questionamentos de Adina para Clara, e o conflito de Pavel com o exercício da sua função são coisas interessantíssimas de se abordar. Tudo passa na historia, assim como tudo na vida. O ditador cai e as dúvidas de uma nova sociedade permanecerão. Herta Muller nos brinda com essa história brilhante.
Luísa @amochileiraliteraria 18/04/2020minha estante
Que bom que tu também gostou! Amei tua análise do livro :*


Andre.28 18/04/2020minha estante
Obrigadoo!! A Herta Muller escreve de uma forma muito sagaz e inteligente. Adorei mesmo o livro!




Juliana.Franz 01/04/2021

Eu gostei, mas confesso que achei uma leitura complicada, ou talvez eu não estava concentrada o suficiente. Pretendo ler de novo.
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Higor 25/07/2020

'Lendo Nobel': sobre histórias promissoras que não aconteceram
Dentre todos os livros de Herta Müller, o que sempre chamava minha atenção e enchia de vontade de ler era “A raposa já era o caçador”, em partes por conta do título bonito – a maioria dos títulos dela são elegantes – além de uma capa bela e instigante. Por vários motivos, no entanto, ele foi deixado para depois, e outros livros passaram na frente.

Contrariando as expectativas, afinal, depois de já ter lido os ótimos “Fera D’alma” e “Tudo o que tenho levo comigo” e o regular “Depressões”, eu imaginava encontrar algo entre o bom e o espetacular; o receio em não conseguir entender Müller com sua narrativa dura, metafórica, não me incomodava mais. O que surgiu foi algo que beira o monótono e o incompreensivo.

“A raposa já era o caçador”, é bom frisar, nasceu como um roteiro cinematográfico que seria produzido por seu hoje irmão Harry Merkel. O livro foi então publicado em 1992, para ser lido como o livro do filme, logo, o que mais se encontra ao longo das páginas são situações cortadas, fragmentadas, além de cenários que se expandem ou diminuem, a depender das necessidades. Começam falando de uma sala, depois crescem para uma casa, uma rua, a fábrica da cidade, a cidade inteira, ou vice-versa.

São descrições que, embora em um primeiro minuto sejam interessantes de se acompanhar, afinal, mostram como os romenos se comportam, agem diante da ditadura de Nicolae Ceauşescu, por outro lado, causam enfado com o passar das páginas, além da sensação de prolixidade, afinal, das 240 páginas do livro, as coisas ditas na própria sinopse, como o tal tapete de raposa sendo cortado aos poucos, começam a acontecer apenas pelas 150 páginas.

Clara, uma operária e Adina, uma professora, são amigas de longa data, dividindo, inclusive, um apartamento. Acontece que Clara passa a sair com Pavel, um misterioso homem que, aparentemente, é do serviço secreto romeno, o que certamente vai causar um rompimento entre as amizades, ou algo muito pior, caso nada seja feito.

Sim, a denúncia do regime totalitário de Ceauşescu está presente, assim como todas as situações desastrosas que a ditadura impõe na vida de seus habitantes, seja de âmbito social, com uma falsa imagem de perfeição, quando, na verdade, há um gritante contraste de fome, miséria e pompa e riqueza, ou opressivo, mas talvez o incômodo seja na maneira como as intenções foram apresentadas e diluídas ao longo da história, nessa inicial roteirização.

Tido como um livro promissor, “A raposa já era o caçador” acabou não acontecendo. Os fatos apresentados, infelizmente, surgiram um pouco tarde, quando o cansaço e o enfado já dominavam, e o que havia de relevante não se tornou tão importante assim.

Este livro faz parte do projeto "Lendo Nobel". Mais em:

site: leiturasedesafios.blogspot.com
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V_______ 04/06/2022

Decepção
Infelizmente essa minha primeira experiência lendo a ganhadora do Nobel de 2009, Herta Müller acabou sendo extremamente frustrante, com uma escrita carregada de metáforas em uma construção que lembra mais poemas fica confuso compreender bem o que se passa nesse romance, talvez não fosse pelo encarte eu não saberia dizer com certeza sobre o que se trata.
Adina é uma professora na Romênia. Tem um tapete de raposa. Durante a ditadura de Nicolae Ceauscescu. Participa de um grupo com seu namorado, Paul. Que é contra o regime Ceuscescu. O tapete começa a ser despedaçado. Adine passa a sofrer perseguição. Sua amiga Clara se relacionar com um agente do serviço secreto romeno. Mais pedaços do tapete. Ficou confuso ? Se sim, pegou o espírito da coisa.
O livro não funcionou bem para mim, saio dessa leitura com a sensação que muito da história se perdeu por eu não conseguir associar e captar bem o que estava ser passando. Talvez tente uma releitura um dia, agora sabendo o que esperar da leitura, ou talvez me arrisque em algum outro livro dela, quem sabe possa funcionar melhor.
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Luísa @amochileiraliteraria 13/04/2020

"Acorde, romeno, de seu sono eterno."
Escrito por Herta Müller, vencedora do Prêmio Nobel de Literatura de 2009, "A raposa já era o caçador" conta a história de duas amigas que moram juntas e enfrentam a vida sob um regime totalitário. Enquanto Clara, que trabalha em uma fábrica, acaba se envolvendo com um homem misterioso, a professora Adina se vê sendo perseguida pela polícia secreta.

A vida dessas duas mulheres é abordado de uma forma muito direta, a autora consegue passar o medo e a desconfiança sentidos pelos personagens da história apenas narrando o seu dia a dia e as situações de abuso a que a população é submetida diariamente. O livro é marcado pela impressão de nunca estar em segurança, nem mesmo na própria casa, e que alguém está sempre a espreita. É um livro seco, sufocante e ao mesmo tempo muito bonito.

A escrita é diferente de tudo que já li. Os capítulos parecem tecidos por várias frases soltas, mas que juntas carregam um significado maior. Vários pequenos detalhes do cenário e dos personagens são descritos de modo a criar uma imagem muito vivida na mente do leitor, e essas imagens trazem SENSAÇÕES muito fortes. Senti uma ânsia de "querer escapar" durante toda a leitura.

Não é um livro fácil de ler, a escrita dele muitas vezes pode ser confusa pelas falas dos personagens estarem no corpo do texto, e também pelos momentos em que no meio de uma cena somos carregados pelos personagens para uma lembrança distante. Essa dinâmica acaba causando uma sensação de desnorteamento e insegurança no próprio leitor, o que na minha opinião acrescentou mais ainda na imersão.

Nos dias de hoje em que regimes ditatoriais foram banalizados e viraram motivos de brincadeiras na internet, é um livro que recomendo muito a todos, pra que não esqueçamos o que é realmente o abuso de poder.

site: https://www.instagram.com/amochileiraliteraria/?hl=pt-br
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João 14/04/2020

Não gostei da história
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Lusia.Nicolino 11/10/2020

Quando o medo tem preferências
Há na escrita de Müller em A raposa já era o caçador uma opacidade que pode afastar os leitores iniciantes. Não é fácil enxergar através dos fragmentos que ela vai nos entregando a história de Adina. Mas, atravessando esse véu, descobrimos os meandros e desfrutamos de uma escrita pungente.
Na Romênia do fim dos anos oitenta, ainda sob o regime do ditador Nicolae Ceauşescu, Adina, a professora e sua amiga Clara, a operária, usam a amizade como aconchego, refúgio, até que o medo bate à porta. Esse medo tem nome e preferências. Quem? O quê?
Entre os álamos, as acácias, o rio e as sementes de girassol – cuspidas como as tardes cospem os dias que já tardam a escurecer – há uma realidade sufocante de traições, de agentes secretos, de penúria, de fuga, dessas coisas que os regimes totalitários têm a oferecer. Você precisa ler Herta, uma das vozes mais importantes da literatura mundial.


site: https://www.facebook.com/lunicolinole
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Pandora 16/09/2018

O que dizer de Herta Müller!?!? Seus textos são enxutos, poéticos, pesados, não dramatizam a vida, não são pretensiosos. Eles apenas documentam a experiência de viver o medo, o peso de viver em um regime autoritário, passando por privação, dor e ameaças constantes. Ela não nos poupa de nada, não tem piedade, meias palavras, apenas franqueza.

"A raposa já era o caçador" é o terceiro livro da romena ganhadora do Prêmio Nobel que leio então já esperava a beleza misturada com dor em cada linha. A história da professora Adina que se vê perseguida pela polícia secreta da Romênia e da operária Clara que se envolve com um agente do serviço secreto não foi por isso menos tensa de se acompanhar.

Aqui a Herta abordou o cotidiano regido pelo medo nas fábricas, nas escolas, na vida doméstica, nas ruas, nos estabelecimentos comerciais. A naturalização da violência, a cumplicidade tácita de alguns que são favorecidos pelo sistema, a tortura psicológica, a vigilância em cada esquina afinal "tudo que brilha vê", o inverno, a privação, o machismo sufocando as mulheres mais que a todos.

Foi uma leitura incrível e terrível, principalmente no momento que vivemos hoje, com tanta gente flertando com o modelo de governo autoritário proposto pelo inominável. Esse é um daqueles livros fortes, sinceros, bonitos e necessários de se ter na estante. Ah, eu não esperava, mas dessa vez o livro não terminou em desamparo. Apesar de toda dor, a Herta me deixou com uma chama de esperança no peito, lágrimas nos olhos e desejo de continuar lendo seus livros daqui até a eternidade.
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Pri | @biblio.faga 15/12/2020

No momento em que me sentei para escrever sobre esse livro, soube que seria uma empreitada complicada, contudo, também senti que era importante compartilhar como foi a minha experiência de leitura, afinal, alguém poderia se identificar... e não é esse o motivo pelo qual insisto em escrever resenhas?

Pois bem. Eu conheci a escritora Herta Muller por meio do Desafio Mulheres do Nobel, idealizado pela @eulittera - inclusive, fica aqui a minha recomendação para aqueles que ainda não conhecem esse maravilhoso perfil literário.

Assim, sem conhecer maiores detalhes sobre a autora ou sobre a obra [aqui destaco que, como a leitora abusada que sou, pulei até mesmo a leitura da sinopse – afinal, o título já havia me conquistado], comecei o livro. E tenho que confessar que o começo foi difícil e bastante confuso, pois demorei horrores para me situar.

Em primeiro lugar, como muitos [eu imagino], não sei muito sobre a história da Romênia ou sobre a ditadura de Nicolae Ceausescu. Além disso, eu não estava preparada para uma narrativa tão complexa e tão particular. Herta tem uma linguagem única e original, extremamente metafórica e muitíssimo pessoal; ela escreve como quem guarda a segurança de um poderoso segredo das ferozes garras do inimigo.

Inúmeras metáforas e entrelinhas permanecem um mistério para mim. No entanto, ficou perfeitamente clara como é a sensação de viver e crescer em uma ditadura, em uma minoria, em outro país. É palpável a sensação de desconforto e opressão, o sentimento de conviver com o terror de ser constantemente vigiado, pois “tudo que brilha vê".

A nobelista me relembrou o charme da falta de sentido aparente; na marra e a certo custo, me fez perceber esta tudo bem não entender, momentaneamente ou não, a completude de um capitulo ou até mesmo inteireza de um livro, pois dúvidas não são deméritos a se envergonhar, e releituras são investimentos escolhemos [ou não] fazer.

Então, colega leitor, não temas ler e reler uma mesma página e mesmo assim não ter a certeza de ter capturado o total sentido. Não entender faz parte do processo. E algumas vezes, essa ausência de certeza é, inclusive, parte do charme e da experiência única de ler determinado escritor, além de ser uma forma [brusca, mas] eficaz de sair da zona de conforto.

Ps.: siiiiiiim, no futuro, pretendo ler mais outros livros da autora.

~ Quotes:

“Como o bafejo do medo também está pendurado no parque, a cabeça fica fraca e enxergamos a própria vida em tudo o que os outros dizem e fazem. Nunca sabemos se aquilo que pensamos se tornará uma frase em voz alta ou um nó na garganta. Ou apenas um sobe e desce de uma narina. Tornamo-nos atentos no bafejo do medo.”

“Meu Deus, diz ele junto à acácia pelada, o que poderíamos nos tornar no mundo, mas não temos pão para comer. Um policial vai até ele com um cão, e mais um policial. Ele ergue os braços e grita para o céu, Deus nos perdoe por sermos romenos.”

site: https://www.instagram.com/biblio.faga/
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romulorocha 11/05/2021

A raposa já era o caçador, de Herta Müller - Nota 8/10
Herta Müller é uma novelista, escritora, poetisa, ensaísta e tradutora alemã nascida na Roménia. Destaca-se pelos seus relatos acerca das duríssimas condições de vida na Roménia sob o regime político comunista de Nicolae Ceau?escu. Foi casada com o escritor Richard Wagner. A autora também foi galardoada com o Prêmio Nobel de literatura em 2009.

Em A raposa já era o caçador, Clara e Adina são duas amigas que juntas compartilham suas impressões, medos e desilusões vivendo no regime ditatorial na Romênia dos às 1980. Ao observarem uma pele de raposa, exposta na parede da casa onde moram, tendo pedaços seus sumindo ao longo do tempo, as amigas irão alimentar seus medos e tensões, os quais quem já viveu sob um regime militar saberá muito bem compreender.

O livro possui uma narrativa diferente do que estou acostumado a ler, com frases curtas, geralmente no tempo presente, mesmo relatando os eventos passados e com pouca conexão entre os capítulos.?

A metáfora da pele da raposa perdendo partes de si ao longo do tempo, traz ao leitor a sensação que as vítimas de regimes militares e ditatoriais costumam relatar sobre a forma como veem suas personalidades e identidades sendo perdidas no emaranhado de tensões, mortes e sofrimento.

#resenhasdoromulo
#romanceromeno
#araposajaeraocacador
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Vanessa.Oliveira 03/04/2023

A leitura não é para iniciantes.
A história está inserida no contexto histórico de uma ditadura comunista que houve na Romênia, década de 80. A escrita se pauta o tempo todo em metáforas, (que confesso não entendi a maioria), para o leitor sentir como era a tensão e o medo de viver naquela época e lugar.
Com certeza o livro mais difícil de entender que já li. Não abandonei porque não gosto de desistir de livros, mas imagino que a escrita difícil espante até leitores mais experientes.
V_______ 03/04/2023minha estante
Não é mesmo uma leitura fácil, ainda assim pretendo ler algo mais da autora, O rei se inclina e mata me parece promissor.


Vanessa.Oliveira 14/04/2023minha estante
Também gostaria de tentar outro livro dela, mas em um outro momento.




LETRAS e VEREDAS 08/06/2020

O espelho dos horrores do autoritarismo
A escritora romena Herta Müller, coroada com o Prêmio Nobel de Literatura em 2009, é uma das principais escritoras da literatura mundial. Sua voz sempre ecoou para denunciar a opressão e o aniquilamento individual e social promovido pelos regimes ditatoriais e totalitários.

A obra de Herta Müller é a transfiguração artística da atmosfera desoladora e opressiva do regime totalitário de Nicolae Ceaucescu na Romênia em prosa poética.

Em face do processo de desumanização perpetrado pela ditadura romena, a leitura de "A raposa já era caçador" (Der Fuchs war damals schon der Jager, 2009) obriga aos seus leitores e leitoras a rever a sua relação com a linguagem e transportarem-se a uma realidade fragmentária e sombria.

A poesia de Herta Müller é de difícil compreensão e, não raras vezes, insondável. Mas a sua linguagem poética incomum é essencial para representar o seu asfixiante tempo histórico. Sem essa linguagem poética, a sua obra empregaria uma linguagem trivial que não poderia traduzir a violência e a dolorosa experiência de sobreviver num regime totalitário.

A impressão causada pela prosa poética de "A raposa já era um caçador" é que seu texto não se configura apenas uma representação artística dos horrores da realidade pretérita da Romênia, mas é uma sinalização de alerta sobre a realidade futura do Brasil.

Portanto, todas as pessoas comprometidas com valores de emancipação humana e de construção de um novo mundo sem quaisquer formas de opressão e exploração deveriam ler essa obra. Talvez nunca a Romênia esteve tão próxima do Brasil..
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Tuyl 22/07/2021

Totalmente desapontado! A sinopse é muito mais interessante que o livro. Talvez, com a tradução, sem o contexto, tenha atrapalhado a experiência.
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Lidos e Curtidos 16/04/2018

A Herta Müller é uma escritora, poeta e ensaísta alemã nascida na Romênia. Hoje ela mora em Berlim e em 2009 foi premiada com o Nobel de Literatura, principalmente, pela franqueza e a densidade que ela retrata as duras condições de vida na Romênia na época do regime político comunista de Nicolae Ceau?escu.
?A Raposa Já Era o Caçador? trata justamente desse clima de desconfiança e opressão durante a ditadura na Romênia do final dos anos 80.
A história mostra a relação de duas amigas que moram juntas: a professora Adina e a operária Clara. Elas possuem uma boa relação de cumplicidade que as fazem suportar aquele ambiente um tanto paranóico onde você não pode confiar em quase ninguém. Mas quando Clara começa a se envolver com o misterioso Pavel a amizade das duas é colocada em risco.
Não é um livro de leitura fácil.
O Romance parece um grande poema sobre o terror. É um livro que possui muitas personagens; cada personagem tem as suas particularidades e no decorrer da leitura as personagens ?se transformam umas nas outras?. Trata sobre a dissimulação, sobre o que está escondido numa ditadura e a capacidade do medo em mudar a identidade de uma pessoa.
A obra é repleta de metáforas. Cada frase é muito depurada, muito elaborada e a estrutura é envolvente. Os capítulos são relativamente curtos e eles trazem várias cenas que se cruzam uma nas outras.
É preciso ler esse livro devagar, porque ele é construído por várias peças e você tem que estar atento a essas informações, senão você vai ter que voltar pra entender algo. Mas a sensação da leitura é de que todos esses elementos funcionam em sincronia.
Quer saber mais? Visite o canal no Youtube Lidos e Curtidos
www.youtube.com/lidosecurtidos
Pandora 10/09/2018minha estante
Estou impactada com esse livro. Sua resenha ficou muito boa, concordo muito que esse é um longo poema sobre o terror, o medo, a angústia.




vasilisamorozko 25/12/2020

Primeira Experiência
“Ele disse, não se atira em raposas, as raposas caem em armadilhas. Seu cabelo e sua barba e os pelos de suas mãos eram vermelhos como a raposa. Seu rosto também. Naquele tempo a raposa já era o caçador.”


#181 - Minha primeira experiência com Herta Müller foi um grande “hum, não entendi vou me matar” muito complexo para minha cabecinha avoada mas isso não significa que não vou dar uma segunda chance pra esse livro - o espero que a releitura seja mas fácil de compreender - ou para a escritora.
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