Eu Não Preciso Mais de Você

Eu Não Preciso Mais de Você Arthur Miller




Resenhas - Eu Não Preciso Mais de Você


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jota 04/05/2017

Precisamos...
O dramaturgo Arthur Miller (1915-2005) tem no currículo duas peças de enorme sucesso, As Bruxas de Salém e Morte de Um Caixeiro Viajante, que o tornaram conhecido no mundo todo. Também, ter estado casado com a atriz Marilyn Monroe (1926-1962) durante cerca de cinco anos aumentou ainda mais sua fama.

Por sinal, um dos contos deste volume, Os Desajustados, teve a participação da atriz na adaptação para o cinema dirigida por John Huston em 1961. Além dele, a coletânea traz mais quinze histórias bastante diferentes entre si, que demonstram todo o talento de Miller escrevendo narrativas curtas, médias ou longas.

Elas se passam em diferentes lugares e tempos, não se desenvolvem muito linearmente e deixam no leitor uma sensação de estranhamento, mesmo quando tratam de coisas banais. Ou não, e podem soar estranhas ou insólitas por vezes, como no caso do escritor que contrata uma modelo extremamente alta e usa seu corpo para nele escrever um conto (ou o que poderia ser o início de um romance), como acontece em O Manuscrito Nu.

Ao final, ainda que não se aprecie tudo, a leitura de cada conto é sempre literariamente proveitosa, interessante ou mesmo intrigante pelo que nos é dado conhecer aqui. Desde a família do menininho judeu insolente do conto que dá título ao livro (é ele que diz à mãe que não precisa mais dela; narrativa que contém traços autobiográficos), passando por um personagem forte feito o soldador (ou serralheiro) de A Noite do Serralheiro, ou ainda o casal de Moça do Lar, Uma Vida, que é quase uma novela, uma das melhores narrativas da coletânea.

Um crítico, A. N. Wilson, escreveu que os contos de Miller são tchekhovianos e "(...) merecem os mais altos elogios por sua humanidade, sabedoria e profundidade." Mas, por vezes, essas leituras me lembraram algo parecido com o que senti quando li outro livro de contos, porém de F. Scott Fitzgerald, Seis Contos da Era do Jazz e Outras Histórias, em que mundos novos e personagens ímpares (como Benjamin Button, por exemplo) se abrem ante nossos olhos, como ocorre da mesma forma lendo Miller.

Grande parte dos textos foi publicada durante os anos 1950-1960, mas alguns foram escritos bem depois, cobrindo um panorama da sociedade americana desde os anos 1920 até os inícios da década de 1990. Mas o mundo e suas profundas transformações desde a Grande Depressão (1929) são apenas pano de fundo nesses contos.

Como destaca o editor brasileiro de Eu Não Preciso Mais de Você e Outros Contos, Miller "(...) dirige sua atenção para a vida íntima, mas sem nunca perder a profunda percepção, humanidade, empatia e perspicácia característica de sua obra dramática." Ele foi merecidamente premiado com o Pulitzer por sua dramaturgia, mas esses contos são uma forma de premiar o leitor que se deixar envolver pelos personagens e histórias de Arthur Miller.

Lido entre 23/04 e 04/05/2017. Minha avaliação: 4,3.
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Túlio 24/04/2016

Interessante
Este livro reúne contos de outros três livros publicados pelo autor. Ou seja, é uma espécie de compilação. O conto de abertura empresta o título a esta edição, Eu não preciso mais de você. Em minha opinião, um conto brilhante, o melhor do livro. A narrativa gira em torno de um garotinho de uma família tradicional judaica. Observamos o relacionamento através da ótica desse pivetinho malcriado. Achei deliciosa a história!!! Tive uma série de reações diversas em um único conto: angústia, alegria (de gargalhar!), dúvida, desespero, tudo ao mesmo tempo. Foi um dos melhores contos que li nos últimos tempos. Por isso, recomendaria a quem gosta desse tipo de narrativa que o leia.

No entanto, existem contos menos interessantes. Ou, que na minha humilde opinião, foram mal construídos. São confusos. É o caso de Os desajustados. Um tanto quanto maçante.

Mas não pára por aí... Destacaria ainda um conto super bacana, e curtinho como Fama. E outra narrativa mais longa, onde o personagem é psicologicamente muito bem construído: A noite do serralheiro. Por alguns momentos somos transportados para a pele desse funcionário do exército. Muito bom.

No geral diria que é um bom livro. Alterna entre contos excelentes, e narrativas mais fracas. Vale a leitura!
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