"Ana Paula" 21/10/2015Recebi este livro pelo Book Tour que a autora está organizando. Como sou apaixonada por distopia, aceitei na hora que a Mari me marcou no face. Claro que fiquei ansiosa e cheia de expectativas. Não vou dizer que me arrependi, pois isso não aconteceu, só senti falta de um aprofundamento maior e menos melação entre os personagens, o que, como vocês sabem, me deixa doida de raiva! rsrsrsrsr
"Nos dias que se vivia, o ar era pesado, quente e sufocante. Não se sentia o alívio de uma brisa fresca há tempos."
Sombras do Medo é um livro bem real... na realidade distópica apresentada, o mundo sofre com o calor excessivo, árvores, rios, lagos e mares estão secos. A natureza finalmente cobrou seu preço, já que o ser humano não muda suas atitudes.
Logo no começo do livro, somos apresentados ao mundo em que essas pessoas vivem. Ordinários são aqueles mais pobres, moram em províncias e vivem para trabalhar e para receber a água escassa que a capital os envia. Os singulares são os ricos, vivem na capital, no conforto, com sombra e água fresca literalmente, pois construíram um muro envolta do que sobrou da natureza para viverem.
Conhecemos Anabele, a protagonista principal e ordinária. Anabele é aquele tipo de personagem que te encanta: possui firmeza, determinação, coragem e bondade. É uma das poucas ordinárias que não se lamenta da vida que vive. Ela e sua mãe, Amanda, são bondosas e sempre fazem o que pode pelos outros. Mas nem tudo são flores, uma ameaça nunca antes vivida, promete acabar com o resto da humanidade e somente se as pessoas abrirem seu coração, essa ameaça será contida.
Enquanto lia, pensei muito em como a autora me surpreendeu com sua história. Apesar de ter fantasia no meio, creio que seja um dos livros com a realidade mais próxima do que vivemos... também estamos ficando sem água, o calor é intenso e trabalhamos muito para ganhar pouco. Pequenas palavras que, como um todo, abre nossa mente para o que podemos esperar de um futuro próximo.
Apesar da protagonista ser uma ótima personagem, me peguei sentindo certo distanciamento da mesma por causa de seu par romântico. Henry é um personagem que se acha muito e ao meu ver, só contribuiu com o enredo mais pro final. Sua relação com Anabele não é das melhores, mas esse sentimento ajudou muito no decorrer das páginas.
Não sou fã de romances melosos, e creio que isso tenha influenciado na minha avaliação do livro. Anabele não podia nem pensar em Henry que estava corando... Corou o livro inteiro para falar a verdade e Henry é o tipo de homem que eu não gosto, modéstia zero.
"Não se lembrava ao certo de quando o mundo havia sido dividido daquela maneira: ordinários e singulares. Cinco capitais estabelecidas nos pontos vitais do planeta, onde se encontravam as maiores fontes de riqueza natural, por onde passavam os principais cursos fluviais e onde restava a maior quantidade de vegetação e solo fértil. Nessas capitais viviam as pessoas mais poderosas do mundo, uma minoria influente que não sofria os efeitos drásticos da redução da água e da natureza, já que tudo que havia sobrado, localizava-se no quintal de sua casa."
A narrativa é em terceira pessoa, na maioria, pelo ponto de vista da personagem principal, mas também acompanha outros personagens de igual importância para a trama. Eu adoro essa capa, acho linda demais, como vocês podem ver, a capa nova é em desenho, o que não ficou feio, mas ainda assim, acho diferente.
A diagramação é simples, com capítulos curtos e letras em tamanho confortável para a leitura. Encontrei alguns erros de revisão e algumas palavras repetidas, nada muito crítico, creio que a nova edição pela editora Arwen será melhorada.
Enfim, super indico a leitura deste livro. Mesmo com suas poucas páginas, a autora consegue nos destabilizar e nos deixar mais apreensivos. O toque sutil de amizade e amor é o suficiente para repensarmos nossos atos... O que podemos esperar do futuro? Bem, Camila Pelegrini pode ter escrito algo verdadeiro. Confira você também!
"Anabele sentia-se vazia. Sabia que os humanos haviam destruído a vida na terra, explorando-a insustentavelmente, mas a extensão do dano era muito maior do que poderia imaginar. Eram tão maus a ponto de despertarem criaturas tão horrivelmente malignas? Aparentemente a resposta era sim."
site:
http://mariscotti.blogspot.com.br/2015/10/resenha-book-tour-sombras-do-medo.html e www.livrosdeelite.blogspot.com