Lívia Gomes 21/10/2016
Nathan e Manuela vivem em uma pequena cidade chamada Riverhill e são amigos desde criança. Não é aquela amizade do tipo "a gente pode sentar junto no colégio", e sim aquela amizade no nível "não passamos um dia sem nos falar". Eles se dão perfeitamente bem e participam muito um da vida do outro. Mas as coisas começam a ficar estranhas quando, às vésperas do Natal, Manu decide ir embora da cidade para começar sua vida em um outro lugar. Nathan fica completamente abalado com a notícia e, apesar de entender os motivos de sua amiga estar fazendo aquilo, ele não consegue imaginar uma vida sem ela. É aí que ele percebe que o que sente por Manu é bem mais que amizade. Ele percebe que não pode deixá-la simplesmente ir e começa a pensar em uma forma de convencê-la a ficar. O problema é que Manu sofre muito desde a morte precoce de seu irmão mais velho, Allan, e tudo no lugar onde vive faz lembrar dele. Como prosseguir com algo que já não tem sentido? Fugir dali parece ser a única forma de recomeçar. Porém tudo pode mudar até a noite de Natal.
É realmente impressionante como em poucas folhas os personagens e a história nos cativa e nos faz querer mais deles. Vou ser bem sincera com vocês, como sempre eu procuro ser. O gênero YA (young adult/jovem adulto) tem meio que uma "fórmula", são todos muito parecidos e às vezes até clichê, e por isso quase todos são previsíveis. Mas eu, particularmente, não acho isso ruim. Não acho que há nada de errado em coisas, principalmente livros, previsíveis porque se o autor for realmente bom ele consegue fazer que todo o livro seja bom, e não só o desfecho. Foi isso que eu percebi nesse livro. Desde o começo eu já imaginava como seria o final, mas cada página e cada capítulo teve seu valor e eu consegui 'saborear' toda a história, cada momento dela. Isso é muito legal gente. Em pouquíssimo tempo conseguimos desenvolver uma imensa empatia pelo casal protagonista que, a propósito, foi muito bem construído. Não só as personagens, mas também a ambientação da história é muito bem feita, pois em poucas páginas já conseguimos idealizar a pequena Riverhill e toda sua peculiaridade bem como seus habitantes. Mas como o foco do livro está sobre Nathan e Manu, vou falar um pouco mais deles.
A amizade entre os protagonistas é daquelas que dá vontade de ter uma igual, sabe? A gente percebe nas entrelinhas o companheirismo dos dois e a verdade que há naquilo. Por mais que depois de um determinado momento Nathan perceba que seus sentimentos iam além da amizade, fica claro para o leitor que nem sempre foi assim. Anos antes de tudo aquilo acontecer, da Manu surtar e querer sumir da cidade, existia sim uma amizade verdadeira e pura entre eles, sem segundas intenções, e é muito legal reconhecer que todos os anos de cumplicidade entre eles foi um preparo para que ambos percebessem que poderiam dar um passo adiante sem ser algo catastrófico.
Desde o começo fica bem óbvio que a amizade vira amor e gostei bastante do romance criado porque não é aquela coisa super açucarada. Acho que por eles serem amigos tudo fica mais descontraído e divertido. Nathan é um personagem espetacular, ele é tudo de bom que um cara poderia ser e é incrível a forma como ele se desdobra pra ajudar sua amiga a superar seus medos e sua perda. A Manu também é bem legal, inteligente e perspicaz, mas achei ela um pouquinho infantil, mas dá pra deixar passar, porque afinal ela tem só 17 anos! O livro como um todo é bom. Poderia ser melhor e poderia ser maior. Sei que a intenção dos autores era que fosse mesmo pequeno pelo fato de ser um conto, mas a vontade que fica é de querer ler mais e mais daquilo.
A história é narrada toda em primeira pessoa, e eu adoro isso e acho que este foi o motivo pelo qual consegui me conectar bem aos personagens mesmo sendo uma leitura breve. A escrita é ok, fácil, atual, simples e fluida. No mais recomendo a leitura que, por ser bem rápida, é ideal pra você ler naquela fila de banco que não termina nunca, ou na sala de espera do consultório médico, ou no intervalo das suas aulas. O negócio é não deixar de ler nunca!