A Cidade das Sombras Dançantes

A Cidade das Sombras Dançantes Pedro Veludo




Resenhas - A Cidade das Sombras Dançantes


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Paula Juliana 28/02/2015

Resenha: A Cidade das Sombras Dançantes - Pedro Veludo

''Para ele, escrever é um tempero da realidade, uma espécie de luta prazerosa contra a mesmice cotidiana, contra a morte. Escreve para não morrer. Ou então porque em algum instante mágico de sua existência ficou muito perto de um papel e um lápis.''

A magia de escrever! De colocar emoções, palavras, sentimentos em um papel... CRIAR! O prazer único e bizarro de transformar a realidade em fantasia e a fantasia em realidade! O que está por dentro da alma, mãos, mente de um escritor? Será que ele vive na realidade? Ou a realidade dele é distinta? O que é realidade? Fantasia? Magia? Alucinação? O que está na nossa mente não é único para ser válido o suficiente?!!! É nesse clima gostoso de indagações e mistérios que apresento o livro: A Cidade das Sombras Dançantes, do autor Pedro Veludo!

''Fazia setenta dias e setenta noites que d. Eronquínea acordara pela primeira vez, com o maxilar inferior destroncado e a cabeça para os pés da cama.''

D. Eronquínea acorda com o maxilar inferior destroncado e a cabeça para os pés da cama! Mas por Deus! O que aconteceu com essa senhora? Um mistério esse que agita a dona da pensão da Cidade Nova de Santa Lúcia dos Milagres!

Ainda para fugir mesmo da normalidade, pois de normal essa cidade só tem é aparência, temos as sombras!!! As sombras que dançam! Ao bater das doze badaladas, quem estiver em pé na pracinha da igreja vê a própria sombra rodar em torno de si, o que significa que o sol a essa hora faz círculos no céu!!! Vocês viram? Essa cidade é de outro mundo! O que esconde Cidade Nova de Santa Lúcia dos Milagres?

D. Eronquínea a dona do primeiro mistério é bem peculiar! Dizem que teve um começo duvidoso, que era mulher de vida fácil... hoje é devota de S. Jorge, dona da pensão da cidade e cria como se fosse um filho o menino com quem voltou por baixo do braço quando regressou a Cidade Nova.

''Na verdade, todos os seus personagens eram uma espécie de pano de fundo onde ele imprimia, a seu bel-prazer, suas emoções. De repente, sente-se como se fora o dono de um punhado de marionetes, que forçava a agir dentro dos limites do seu querer.''

É na pensão de D. Eronquínea que Paulo, um escritor que nunca escreveu um livro vai ficar! Salpicado de boas ideias, ele se inspira em tudo que acontece, que vê, nas pessoas que conhece! Será que estamos no meio de uma história de Paulo? Qualquer semelhança é mera coincidência?!!

''Maria Branca aperta o travesseiro entre as pernas e vira-se para o outro lado. Acordada já está a muito. E sonhando. Ela só não sonha quando dorme. Mas sonhar não é pecado. Ela nunca tinha pecado.''

Cidade Nova de Santa Lúcia dos Milagres tem muita gente, gente boa, gente que enrola, gente sonhadora... Como Maria Branca, a mulher mais bonita e cobiçada da cidade!
Vive sonhando com homens e corças, geme, borda, geme! Maria Branca sonha, geme, sonha!
Pois sonhar não é pecado!

''A menos que os fatos relatados se passem apenas na imaginação dos seus personagens, levando a pensar numa aparente oposição entre realidade interna, subjetiva, e realidade externa.''

Forônfilo é filho de Maria Ruiva, irmã de Maria Branca mãe. É louco por sua prima Maria Branca Filha, ele tem fama na Cidade de não bater bem da cabeça... é louco o coitado?!!
Viaja, viaja, viaja muito em seus pensamentos!

Dr. Malaquias é o médico que cheira a cebola... a história de como aconteceu? Não posso relatar! Mas... esse doutor! Não mora na pensão, mas vive lá! Será que ele tem uma paixão reprimida por D. Eronquínea? Hummmm...

''Temia que um capítulo que não envolvesse nenhum dos presentes não fosse de encontro das expectativas. Por outro lado, receava decepcionar, se lesse um capítulo que os envolvesse.''

E tem Antoninho o menino que ou é filho de D. Eronquínea, ou é adotado mesmo! Vive na pensão, aguenta as histórias de D. Eronquínea que conta e as reconta, mas sempre de um modo diferente, é claro que é a mesma história! Ele tem só um livro de cabeceira e muitos sonhos no coração!

Escreva para esvaziar sua mente Antoninho! Ele foi meu personagem preferido! O menino curioso, que sabia bem onde podia ou não se meter! Leal!

''-Homem ao mar! Homem ao mar! Homem ao mar!''

Foram tantas histórias, tantos personagens que até bate a nostalgia! Padre Hontário, que só tinha olhos para Maria Branca. Bentoinha Nundamole que fazia o impossível! D. Abrenúncia a mulher rica da cidade... Aristobulo noivo de Maria Branca e filho de D. Abrenúncia... um circulo que se confunde e se funde!

''Alguma coisa o atraía naquela maneira de escrever. Talvez aquele jeito de no meio de um diálogo colocar um pensamento aparentemente desligado do correr da ação... Talvez o modo de recorrer a jogos simples para ilustrar sentimentos... Algo o deixava fascinado!''

Adorei a obra e seus personagens excêntricos, as histórias e mais histórias que me contaram, contos de se ouvir ao pé da janela, pequenos casos, causos! (Haha) Que nos funde com a história e funde Cidade Nova como um grande personagem!
A escrita do autor é interpretativa, você viaja junto com ele, se entrega aos personagens que são meio bizarros de uma boa maneira, A Cidade das Sombras Dançantes de Pedro Veludo é uma leitura divertida, curiosa e bem gostosa que me fez muito bem!

''- Maria Branca, Maria Branca! Acorda, menina, que o sol já vai alto! - insiste Maria Branca mãe...''

''O simples ato de escrever transforma o seu autor, quanto mais não seja por faze-lo conhecer-se melhor, pensou...''

Paula Juliana

site: http://overdoselite.blogspot.com.br/
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