Daphne (@eumelivro) 12/04/2017Mais um triste episódio na história do CristianismoQuando resolvi ler Os Demônios da Loucura, eu não sabia sobre o que se tratava o livro. O titulo me chamou a atenção e eu já conhecia o autor, Aldous Huxley, por outras obras que li, Admirável Mundo Novo, As Portas da Percepção e o Céu e o Inferno.
Comecei a ler e percebi que o livro conta uma história baseada em fatos reais. Fui ficando cada vez mais envolvida e revoltada com a história. Desejei por inúmeras vezes que o autor tivesse escrito o livro sob efeito de algum alucinógeno e que tudo que eu estava lendo fosse apenas fruto da imaginação de Huxley. Infelizmente era tudo verdade, na bibliografia consta toda a pesquisa que ele fez para escrever o livro.
A história se passa no interior da França em meados do século XVII. Período em que o movimento contrarreforma cristã cometeu suas maiores barbáries. A todo custo, a Igreja Católica queria retomar o controle e força que perdeu durante a reforma protestante iniciada por Lutero no século anterior. Até aí não há novidade. Existem várias histórias que relatam os acontecimentos desse período.
Demônios da Loucura fala sobre um caso isolado, na cidade de Loudun. A possessão demoníaca de 17 freiras dentro de um convento. A postura dos padres jesuítas, exorcistas e aristocratas da cidade é nojenta. Corrupção, manipulação, estupidez, vingança, ignorância, e todas as atrocidades que o ser humano é capaz de cometer. É essa a atmosfera desse livro. Mais um episódio que suja a história do Cristianismo. É um retrato do que se passava na França (e se repetia pela Europa) em resposta à Reforma Protestante.
Se eu gostei? Gostei muito! Sou fã de Aldous Huxley. A mente dele é brilhante. Ele é capaz de filosofar durante um capítulo inteiro, muitas vezes sem nem mesmo expressar sua opinião, apenas nos fazendo parar para pensar e aflorar nosso senso crítico.
“Muito mais perigosos que os crimes de paixão são os crimes de idealismo. Os que são instigados, alimentados e moralizados pelas palavras sagradas. Tais crimes são planejados quando o pulso está normal e são cometidos a sangue-frio e com grande perseverança durante um longo período de anos. No passado, as palavras que ditavam os crimes do idealismo eram predominantemente religiosas; agora são predominantemente políticas.”
Trecho do livro.