Harmada

Harmada João Gilberto Noll




Resenhas - Harmada


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Luciano 18/02/2021

O livro inteiro parece um grande devaneio.
Noll é realmente um escritor do inconsciente, sem se preocupar muito com a linearidade da narrativa nem com a relação de causa e efeito. Apesar de já ter tido contato com outras obras dele, foi um pouco difícil de me conectar com o enredo desta. Já a escrita é bastante fluida, como de costume, e isso facilita bastante a experiência. Mas as constantes quebras de expectativa me deixaram frustrado. Pra mim, valeu mais pela escrita do que pelo conteúdo.
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Daniel Teles 24/01/2021

As escrita de destaca aqui.
É um bom livro, seu ponto forte é a escrita.
A história, apesar de mirabolante, é boa de se ler.
É necessário ter uma suspenção de descrença para apreciar alguns momentos
Se vc não conhecia o autor, vale a pena a leitura.
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Henrique Fendrich 19/12/2023

O romancista fora do lugar
Um único stand em toda a Bienal do Livro de Curitiba ofereceu João Gilberto Noll para os 45 mil leitores que por lá passaram em 2009. Seus livros “Harmada” e “Hotel Atlântico” podiam ser comprados por míseros R$ 7 – praticamente nada perto dos quase R$ 50 cobrados pelas obras de Ruy Castro e Arnaldo Bloch, que também estiveram presentes na Bienal. Escolhi “Harmada” antes de descobrir que a obra está na lista de 100 Livros Essenciais da Literatura Brasileira, elaborada pela Bravo. E, mesmo ser ter começado a ler, fui ao Café Literário com o autor.

O Café estava cheio – de gente comprando comida. Gente que fazia barulho e que não sabia quem era Noll e o que ele estava fazendo ali. Embora tivesse Prêmios Jabutis na carreira, o escritor não dispunha da mesma fama de um Cristóvão Tezza ou, digamos, de uma Marília Pêra. Mas pelo menos sete pessoas estavam atentas e prestavam atenção ao que ele dizia. Para elas, Noll recitou, ou declamou, ou mesmo cantou trechos de uma de suas prosas – o que deve ter aumentado o estranhamento de quem estava lá apenas para matar a fome. E quem prestava atenção e ainda não havia lido seus livros achava curioso quando Noll explicava que era um escritor da linguagem, e não do enredo. E, embora notassem sua inteligência, talvez tenham-no achado ligeiramente irritadiço – impressão que seria desfeita na mesa-redonda do dia seguinte.

Nela, Noll se uniu a Tezza e Raimundo Carrero para discutir as fronteiras entre realidade e ficção. Enquanto o debate não começava, era possível enxergar alguns livros do escritor circulando pela plateia – dessa vez bem mais numerosa. Quando perguntei a Noll sobre o tema da mesa-redonda, alguns dias antes, não entendi a sua resposta. Falava em materialidade da língua ficcional, seu aspecto sonoro e sua sintaxe. A reinvenção do real estaria nessas características, e não na trama de seus livros. Agora eu lia “Harmada” e começava a ter uma ideia do que o escritor dizia. “Em mim, o grande pico estilístico está na sintaxe, pois ela é a pauta para se viver a musicalidade do texto, seu ritmo, andamento, seus torneios”. Tudo isso agora se tornava absurdamente claro.

Noll está tranquilo. Mantém uma expressão serena e ouve com atenção a fala de Tezza e Carrero. O público gargalha diante de piadas feitas pelos dois escritores. O semblante de Noll, no máximo, se transforma em um sorriso de boca fechada. E, quando chega a sua vez, o escritor fala como escreve: suas palavras se transformam em rebuscada e envolvente prosa poética. O roteiro não tem tanta importância como a linguagem. E, aos poucos, em frases pausadas e gestuais, ela vai relevando o estilo de Noll, um romancista que prefere ler poesia.

“Sou um romancista fora do lugar”, admite. Escreve sem saber onde vai chegar – compara a parte narrativa dos seus textos com a linguagem do cinema. Ao terminar de escrever um livro, refaz todo o seu início, pois, fatalmente, estará com linguagem diversa do restante da obra. Recentemente, descobriu que os protagonistas de seus livros são a mesma pessoa – e ela não é o autor, mas alguém cuja sobrevivência dentro de Noll é vital. Ultimamente, os períodos em seus livros estão mais longos, como se quisessem dizer tudo em um único fôlego. “É como se eu adiasse o fim do ponto gráfico, e fosse montando frases construtoras de simultaneidades”. Esse é o desejo de uma modernidade que, para Noll, idolatra a pressa e a urgência.

Mas o mundo teve calma para ouvi-lo e, ao final, parece ter gostado do resultado. A mesa-redonda foi encerrada e um Noll simpático e com poucas palavras começou a distribuir autógrafos para aqueles que o conheciam. Os outros saíram, mas pude encontrar alguns deles conversando. “Gostei do segundo. Ele falou coisas que fazem a gente pensar. João Gilberto Noll. Vou pesquisar sobre esse cara na internet”.

O romancista estava no lugar certo.
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Leo Villa-Forte 28/12/2009

Na cascata da vida
Um caminho leva a outro que leva a outro que leva a outro. São todos diferentes, mas todos são caminhos. Minto. Digo que é caminho, porém é mais pra descaminho. O que importa? Não as preferências.
Preferências não cabem no romance Harmada de João Gilberto Noll. Uma vida assim, uma vida assada? Invento-a desta forma: o sentido é dar espaço ao inesperado, ao inusitado, ao que chega de supetão e corta um segmento da nossa existência, marcando ali uma virada, uma curva incontornável que se apresenta sem dar chance para grandes crises ou paralisias, pois essa curva que é a vida, a vida que vem e de repente, bem de repente e... uma outra vida já nos leva em sua enxurrada. E nela precisamos saber boiar.
Poderiam ser os despedaços, as ruínas, as cinzas e a fuligem, mas há em tudo uma busca, uma busca pelo não-sabido, uma busca pelo não-acontecido, e talvez nem importe se haverá um sabido e um acontecido, o que vale é continuar, seguir o fluxo dos afetos despertados, dos detalhes aprisionados, e acreditar: há nisso uma construção. Ou não. E daí?
Inacreditavelmente, lembro-me de Roberto Carlos: "O importante é que emoções eu vivi."
Em Harmada, nada precisa de uma desculpa.
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Carlos Aglio 08/02/2012

Uma leitura cheia de inesperados acontecimentos...
NOLL, João Gilberto. Harmada. Francis, 2003.

Uma leitura cheia de inesperados acontecimentos...

João Gilberto Noll foi uma das indicações de leitura de umas das disciplinas do Curso de Letras da Santa Úrsula. Do autor eu já tinha lido Canoas e Marolas, da coleção 7 Pecados Capitais e à época da faculdade cheguei a ler Berkeley em Bellagio. Em 2011, quando visitei a Bienal do livro, vi numa banca vários títulos do autor e acabei comprando todos e retomei a leitura de Noll com o título Harmada.
É uma leitura curiosa: as coisas vão acontecendo na trama assim meio sem-pé-nem-cabeça. Eu até li numa resenha aqui no Skoob que “Em Harmada, nada precisa de uma desculpa” e tenho que concordar com isso.
O fato da personagem principal de Harmada passar uma temporada num asilo de mendigos me lembrou muito a história de A lua vem da Ásia, de Campos de Carvalho, em que a personagem principal vive num hospício. E nos dois romances, as personagens contam histórias de si e de outrem, extrapolando os muros do asilo num, do hospício noutro. Nos dois livros as personagens se deparam com mortos ou mortes inesperadas e se relacionam com os moradores das instituições em que vivem. Enfim, o tempo todo, a leitura deste me lembrou o outro, mesmo que as histórias sejam completamente diferentes.

Eu diria que a trama dos dois livros são duas maluquices da literatura, dessas gostosas de ler.

by Carlos Aglio, em 07/02/2012,
Nélson 05/08/2022minha estante
Oi Carlos,
Também lembrei de A lua vem da Ásia ao ler Harmada, embora tenha gostado muito mais daquele do que deste.




Natália | @tracandolivros 01/06/2019

Harmada
“Hamada” tem um protagonista sem nome, sem personalidade, sem passado e sem história. Tudo começa quando Ele acorda com uma pancada em sua cabeça; uma bola havia batido nela, enquanto ele dormia no chão. Um menino aparece, pede a bola, e Ele levanta e segue sua vida.

Ele narra sobre várias descobertas ao longo da trama, passa por lugares distintos, conhece pessoas, faz amizades, e experimenta novas sensações. Durante todo enredo ele vai narrando tudo que acontece com ele.

Este é um livro fluido, mas que não tem divisão de capítulos, nem mesmo espaço entre a narrativa, é tudo uma coisa inteira. Várias vezes as cenas pulam de uma para outra, com partes da cena anterior sem resolução, e não são resolvidas depois também.
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“Harmada” está na lista de “Clássicos Essenciais” e eu me sinto mal por dizer que não consegui me conectar com nada nele, nem mesmo entender seu propósito. Após finalizar a leitura, pesquisei sobre o livro, sobre o autor, entendi bem sobre a escrita, que eu já havia gostado durante a leitura; mas não consegui resolver nada sobre o objetivo das cenas narradas, da estória criada para o personagem.

Este talvez seja um livro que necessite de uma base teórica antes da leitura, algo sobre a época, sobre o estilo do autor, sobre sua importância. Espero ter oportunidade de experimentar algum outro livro do autor futuramente, e talvez me conectar mais.

site: https://www.instagram.com/p/Bi7F3fZnLcz/
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simaritani 13/04/2018

O que eu percebi de mais legal dentro dessa narrativa até agora, é que em um momento você está num lugar e no instante seguinte há um corte, explicitado, que te leva para um lugar totalmente diferente do que você estava. Como se aquela cena tivesse acabado. As imagens são nítidas, muitas vezes provocam ânsia ou repulsa. As personagens são livres, tudo pode acontecer. O que o leitor pensa que é, não é, e assim é surpreendido o tempo inteiro pelos sentimentos e intenções de uma personagem em relação a outras. Em Harmada, o protagonista começa deitado em chão de terra lamacento, algo como um mangue e dali, vai para sua casa, toma um banho e de repente está num bar, onde conversa com um rapaz e depois vai até o matagal com um manco e eles entram num rio. O começo do livro parece não ter conexão nenhuma com o restante. Parece que o narrador está engrenando um carro que está dando trabalho pra pegar mas, em uma conversa com Bruce, quase nas últimas páginas do texto, eles falam sobre esse matagal e falam sobre um manco que vendia balas. A história que relembram é diferente da história contada no começo do livro, porém, a personagem do manco e o matagal permitem fazer essa conexão. É um livro gostoso de ler e provocador ao mesmo tempo, que faz com que você se depare com algumas quebras de questões morais que estão enraizadas, mas que são tratadas com naturalidade pelas personagens do livro.
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dieipi 07/08/2022

maravilhoso primeiro contato com o noll
antes de sair me olhei pela última vez no espelho do banheiro. eu suava muito no pescoço e no peito. uma gota de suor pendurada no lóbulo da orelha, como se um brinco. eu era um homem por assim dizer sem nada que pudesse ofuscar: nem os resíduos de clareza de ânimo dos velhos tempos com jane, nem uma tristeza supostamente natural para aquele momento. eu via em mim naquela hora um homem sóbrio, tentando soprar para fora do meu ombro a poeira das interpéries que eu conhecera até ali.
eu era aquele homem no espelho, eu era quase um outro, alguém que eu não tivera ainda a chance de conhecer.
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Michelle 10/09/2023

Harmada
Um livro nacional, autor premiado muitas vezes, obra boa, narrativa corrida, acontecimento em cima de acontecimento. Uma dica que faz diferença é buscar vídeo sobre ou de entrevista com o autor.
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Yaruro 12/10/2023

Um livro bastante bom e surrealista. A história presenta a um personagem que não tem história nem nomes e só transita por diversos cenários e problemas cotidianos. Não tem uma separação por capítulo e a história passa de uma cena a outra sem dar aviso, quebra a típica estrutura canónica da literatura sem perder a essência de uma boa história.
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