Rúdin

Rúdin Ivan Turguêniev




Resenhas - Rudin


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Bookster Pedro Pacifico 26/02/2020

Rúdin, de Ivan Turguêniev – Nota 9/10
Turguêniev foi o primeiro autor russo a se consagrar no ocidente e, por isso, suas obras costumam ser mais acessíveis. Inclusive, foi dele a primeira obra da literatura russa que li - “Pais e filhos” - e que logo entrou para a lista de livros favoritos da minha vida.

Depois dessa introdução, não preciso nem explicar por que de vez em quando aparece um livro dele por aqui!

Publicado em 1856, “Rúdin” foi o romance de estreia de Turguêniev e tem como objeto um tema que estava sendo abordado por outros autores da época: a construção do “homem supérfluo”. Esse termo foi utilizado para ilustrar a nova geração, marcada por jovens que iam para a Europa Ocidental para estudar, voltavam para a Rússia com vontade de fazer mudanças, mas se viam impossibilitados pelo governo do Tsar Nicolau I. O “homem supérfluo” é, portanto, o homem das ideias, o idealista que não consegue colocar em prática as suas ideias.

E nesse livro, o conceito do homem supérfluo está em Rúdin, o personagem principal, que passa a frequentar um círculo fechado de aristocratas rurais, causando sensações diferentes em cada um dos demais personagens. Nos deparamos com uma senhora rica e proprietária de terras; uma filha romântica e sentimental; um criado que quer agradar a patroa a todo custo; um amigo da família que causa repulsa com seus discursos machistas, e por aí vai. Os diálogos construídos pelo autor entre os personagens são muito inteligentes e com um toque recorrente de humor.

Por isso, a despeito de um enredo simples, o livro traz um excelente retrato da sociedade russa da época e desperta reflexões interessantes no leitor. E é nesse momento que percebemos o quanto são atuais as angústias de Rúdin. A partir desta obra, questionamos a nossa utilidade para a coletividade e a força que os nossos propósitos podem desempenhar.

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Diego Rodrigues 29/10/2021

"Meu destino é estranho, quase cômico: entrego-me todo, com avidez, por inteiro - e não consigo me entregar"
Nascido em 1818, na região de Oriol, Ivan Turguêniev foi o primeiro dos grandes escritores russos a irromper no Ocidente. De origem aristocrática, perdeu o pai ainda na adolescência e teve uma relação conturbada com a mãe ao longo de toda sua vida. Em 1838, mudou-se para a Alemanha, onde aprofundou seus estudos em filosofia, literatura clássica e história. Nessa mesma época, começou a publicar seus primeiros poemas na revista de Púchkin: "O Contemporâneo". Ingressou no círculo filosóficos dos estudantes russos, onde se aproximou de figuras ilustres como o filósofo Bakúnin e o crítico Bielínski. Sob a influência da chamada Escola Natural, começou a escrever contos que culminaram em "Memórias de um Caçador" (1852), obra que não só cumpriu um importante papel social como desbravou caminho para a literatura russa na Europa Ocidental. Na França, se envolveu em um triângulo amoroso e veio a fazer amizade com autores como Flaubert, Zola e Daudet. Além de "Memórias de um Caçador", publicou obras memoráveis como "Diário de um Homem Supérfluo" (1850), "Ninho de Fidalgos" (1859), "Primeiro Amor" (1860) e, aquela que é considerada sua obra-prima, "Pais e Filhos" (1862). Esta última levou o autor a ser acusado de incentivar o niilismo, a polêmica foi tamanha que Turguêniev teve que deixar definitivamente a Rússia e se fixar na França, onde faleceu, nos arredores de Paris, em 1883.

Publicado pela primeira vez em 1856, também na revista "O Contemporâneo", e retocado mais tarde, em 1860, "Rúdin" é o primeiro romance de Ivan Turguêniev. Escrito em menos de dois meses durante o verão de 1855, enquanto o autor estava isolado na propriedade rural de sua família, o romance se passa no campo, onde Dária Mikháilovna, uma viúva da alta sociedade que vive em Moscou, vai passar o verão. Em torno de Dária giram copiosos personagens: o parasita Pandaliévski, o "inimigo das mulheres" Pigássov, o enigmático Liéjnev, a encantadora Aleksandra e a jovem Natália. Mas esse pacato mar social está prestes a perder sua calmaria com a chegada de Rúdin, figura erudita e idealista, culta e espirituosa, eloquente e defensora do conhecimento. Em contraste com seus ideais, Rúdin chega ao campo falando de Newton, Hegel, Schubert, Goethe e Hoffmann, mas se depara com uma sociedade extremamente engessada, ignorante e tomada de preconceitos.

Esse conflito ecoa o que viveu o próprio Turguêniev quando, ao retornar do exterior, teve a percepção do quanto a Rússia de Nicolau I estava atrasada em relação a Europa Ocidental. Mais do que autobiográfico, o personagem de Rúdin encarna toda uma geração: a do homem dos anos 40, que queria ver o progresso de sua pátria, mas se via paralisada e não conseguia colocar em prática as suas teorias. Restou a essa geração disseminar suas ideias e preparar o terreno para a geração por vir. E essa é a trajetória de Rúdin.

Com uma escrita bonita e envolvente (a mais bonita dos russos, pra mim), Turguêniev consegue tecer suas críticas, passeando por temas sociais, políticos, filosóficos e psicológicos, sem detrimento da parte estética do romance. Com menos de duzentas páginas, a obra é de fácil e rápida leitura, e dotada de um tom melancólico. Tão gostosa de ler que corre-se o risco de passar por ela sem perceber o seu lado mais crítico, não fosse o rico posfácio e notas da tradutora Fátima Bianchi, que nos colocam dentro do contexto da obra (marca já registrada da Editora 34). O interessante (e triste) é que o drama de Rúdin pode ser facilmente trazido para o nosso contexto atual, onde temos um cenário preconceituoso, de culto à ignorância e ataque à ciência, e uma sociedade que parece querer voltar no tempo. Não há duvida de que algumas pessoas do Brasil de hoje se sentiriam em casa na Rússia do século XIX.

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Eduardo Távora 29/09/2020

Um homem errante numa época passageira.
Passageira, rápida, mas potente. Essa é a impressão que fica da leitura de Rúdin. Assim como é a juventude tão citada na obra, época que tenta enaltecer, celebrar, criticar. Momento ímpar na vida de cada pessoa e em que florescem com potência e vigor um mundo (novo, para alguns) de ideias/experiências. E é também sobre sentimentos (paixões?), sejam eles difusos pela sua natureza ambígua, ou mesmo revolucionários pela forma como revira os mundo privados. Entendo que na vida talvez tenham passado por nós pequenos/grandes "Rúdins", e que somente na posterioridade possamos vê-los como tais. Nos provocam com ideias belíssimas de um mundo que, por vezes, nem sabíamos ser capazes de desejar, nos enchendo de medo e fascínio. Revelam em nós e carregam em si grandes enigmas, posto que estão sempre a caminhar. Não tendo o hábito de escrever resenhas, rabisco, então, divagações, creio que, inspirado pelo personagem que dá nome ao romance de Turguêniev, também sendo essa a primeira obra que leio do autor. Deixou-me forte e impressão e querendo conhecer mais dos seus escritos. Recomendo.
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Thais Guedes 09/05/2021

As palavras não têm valor sem ação!
Curto, intenso e recheado de reflexões! Diálogos muito bem construídos com abordagens filosóficas e psicológicas sobre trabalho, relação interpessoal, ideais e a forma como conduzimos nossas vidas. Não é à toa que Turguêniev é um nome de peso na literatura russa e mundial. Em seu primeiro romance já está presente a sua genialidade com as palavras!
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Pedro Felipe 01/07/2020

"Nada é mais penoso do que a consciência de um erro cometido"
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Matheus.Berica 16/08/2022

Diálogos incríveis pra contar uma alegoria de como a geração do Turgueniev tava titi porque o czar não deixava eles serem inteligentes ; (

edit: Rudin é o famoso FALA MUITO, FALA MUIITOOO. Famoso "vou te foder todinha" e chega na hora e o pipi nem sobe
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JanaAna90 30/04/2022

Herói ou Vilão
O romance inicia com uma personagem excêntrica, viúva e rica que constrói em seu círculo de amizade pessoas das mais variadas posições sociais. Aqui devo acrescentar que me parece que as famílias russas sempre tinham pessoas ?utilizadas? nos encontros para divertir e distrair os convidados, curiosa essa prática é estranha, devo confessar.
Enfim, Dária, a tal viúva, tinha preparado um jantar para receber um ilustre convidado intelectual. O que aconteceu foi que o convidado não apareceu e envia outro em seu lugar. Rsrs
E, o mais curioso dessa história, é que a mulher gosta do convidado inesperado e, pasmem,resolve convida-lo para passar uns tempos com ela; o tal convidado é Rúdin, o intelectual e idealista.
E aí, conversa vai e vem, regada a tanta sabedoria o dito engabela todo mundo e vai vivendo as custas da sua ideias e saber.
Para encurtar conversa, como Rúdin, não para quieto e nem sabe o que quer da vida faz uma lambança e tem que dar o fora da mamata e se virar sozinho.
Tive raiva e sofri junto com Rúdin, achei ele um folgado depois que ele estava sendo usado; sempre pensamentos contraditórios. Rsr
Passa-se o tempo e tudo se ajeita e volta aos eixos sem a presença de Rúdin. Mas aqui fico a pensar como pessoas inteligentes as vezes são tão frágeis e indecisas e como gente supérflua são tão preconceituosas. Aqui vemos dois paralelos de um lado a riqueza desprovida de inteligente, superficialidade e cheia de preconceitos e por outro lado uma juventude inteligente, cheia de ideias mas desprovidas de coragem, força e determinação para mudar o mundo a sua volta. Dois polos de um mesmo povo.
O romance nos trás uma sociedade corrompida, egoista e onde o desemprego parece ser enorme.
O final me fez pensar se o personagem principal era um herói, no seu tempo, ou idealista sem determinação que se transformou em vítima de si mesmo.
O que o autor construiu aqui é simplesmente fantástico. Já quero ler outros livros do autor.
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Steph.Mostav 12/01/2021

O mais carismático dos homens supérfluos
Rúdin é mais um dos tais homens supérfluos de que Turgueniev se dedicou a analisar com sua literatura. Porém, ao contrário do protagonista de Diário de um homem supérfluo, Rúdin tem muito carisma e é admirado pela eloquência, pela potência de suas ideias que ele, na condição de homem supérfluo, não é capaz de realizar. Toda a capacidade que ele tem de inspirar nos personagens uma confiança em seus ideias é desfeita com sua fraqueza de vontade e indecisão, que o mantém apenas no campo das palavras e nunca através de ações que confirmem o que ele oferece como soluções. Nesse caso, ele é tanto uma vítima quanto um herói trágico de seu tempo, que tem dentro de si a vontade de ser um ativista social útil para seu país, mas que não consegue desenvolver suas potencialidades numa sociedade da qual está distante demais para que possa agir. E, assim como a grande força de Rúdin está em seu discurso, a maior potência de Turgueniev como autor está em seus diálogos sempre interessantes, cheios de debates relevantes para o contexto contemporâneo no qual seus livros foram publicados e dotados das vozes muito nítidas dos personagens quando colocados em contraste. Cada vez mais, ele se revela para mim um escritor muito capaz de traduzir os anseios e receios de sua época.
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Deghety 20/10/2016

Geração Extinta
Rudín, tanto o personagem como toda a obra, não se limita somente à sociedade russa de uma época, pode se aplicar a várias personagens que a história já viu, célebres ou anônimos.
Sentimentos a flor da pele, personalidades expostas e imensa reflexão filosófica de si próprio ou de outrem.
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Otoniel.Filho 08/04/2021

Rúdin
Romance incrível de Turgueniev, fala sobre Rúdin personagem eloquente e erudito que fala sobre diversas questões pertinentes, com um círculo aristocrático formado no interior em uma província.
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Grey Borges 03/10/2021

O homem supérfluo
A segunda obra de Turguêniev que leio e posso garantir que vale muito a pena.

Voltamos ao conceito de homem supérfluo: "fraco de vontade, indeciso e atormentado por seus ideais".

Rúdin é uma novela psicológica publicada em 1856 e o primeiro romance de Turguêniev.

➡️Dária Mikháilovna, uma viúva aristocrata, vai para o campo com seus filhos para aproveitar o verão. Recebe em sua casa muitos convidados para jantares, entre eles, Rúdin que surge substituindo um barão, amigo da viúva. Logo após sua chegada, desperta muitos olhares (devido ao seu discurso eloquente e sua alta capacidade intelectual), incluindo Natália, filha da viúva.

⚠️Turguêniev trabalha no conceito de homens com grande potencial e incapazes de transformar seus ideais em atos.

Rúdin possui um dom: a capacidade de atrair as pessoas com ideias elevadas.
Em contrapartida, tais ideias não saem do mundo das palavras.

🔴Podemos fazer um paralelo com Machado de Assis, que retrata esse tipo de sujeito muito bem. Machado usa em sua crítica, diversas vezes, a camuflagem do homem em apenas aparentar algo, que muitas vezes, não se ajusta à realidade.

💭"...entrego-me todo, com avidez, por inteiro - e não consigo me entregar."

💭"Meu Deus! Aos trinta e cinco anos ainda continuo a me preparar para fazer algo!"

💭"...da palavra à ação vai uma grande distância..."

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Lucas 23/03/2021

Rúdin - O Homem Supérfluo
Livro muito bom, traz reflexões importantes sobre o equilíbrio entre o pensar e o agir, o conhecimento teórico e a dificuldade de colocá-lo em prática. Muito legal ver a dificuldade do personagem principal com pensamentos filosóficos novos em se colocar em uma sociedade tradicional como a Rússia czarista. De início, você é levado a pensar o mal do personagem, mas depois o autor consegue brilhantemente mostrar que ele é um ser humano profundo e confuso, o que nos faz empatizar melhor. Um ótimo romance russo.
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Theodora 22/02/2023

Rúdin, comecei a adorar a representação do "homem supérfluo" amei como turguêniev retratou isso e agora tenho uma desculpa para ler "Pais e filhos"
O Rúdin cheio das ideias ocidentalizadas principalmente de origem alemã (como Hegel ou Goethe) aparece numa propriedade rural russa da uma senhora poderosa já causando no meio do círculo social da veia e abalando principalmente um tal de Pígassov (um misógino que não deixa de ser cômico)
Eu vejo essa representação do homem supérfluo com muitos jovens de hoje principalmente quando você abre o twt onde você é mais visto por expor uma opinião do que fazer algo de significativo com ela
Recomendo que leia rapidamente o posfácio dassa edição antes de ler o romance de costume (tem que dizer assim pra intelectuais te valorizarem ksks) e antes que argumentem ter "spoiler" não vai fazer diferença pra começar que "spoiler" é uma linguagem cinematográfica não literária e ler o posfácio de modo superficial antes de ler o livro vai te trazer um melhor entendimento geral sobre do que se trata e já é um clássico.
Boa leitura
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Alee M. 25/02/2023

Talvez vc conheça um cara meio Rudin
Rudin é um homem culto que encanta todos com suas palavras e teorias. Nessa história, vemos como nem tudo é o que parece é ser e como, as vezes, boas ações podem se tornar prejudiciais.

Demorei pra entender qual era a desse livro. Rudin, o personagem que dá nome a história, só aparece depois de umas 50 páginas. Um tipo que encanta todo mundo, fala bonito e todos o querem por perto. Estranhamente, alguns amigos do passado não o tem em tanta boa nota assim. O livro aborda o homem superfluo, representação literaria dos aristocratas russos que tinham acesso a estudos longe de seu país e por isso desenvolviam um senso crítico afetado pelas ideias iluministas dos países europeus. Porém quando retornacam para sua pátria cheios de desejos de mudanças e reformas pouco podiam fazer, assim ficavam de mãos atadas se tornando homens de muitas palavras e poucas ações.
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Ezequiel.Cesar 27/06/2023

Uma obra-prima!
O livro mostra-nos de que adianta uma pessoa qualificada se não encontra o seu caminho, fica vagando errante pela vida sem nenhuma chance de sucesso.

Uma escrita extremamente sensível aos conflitos entre as pessoas.

Toda a obra de Turgueniev é primorosa feita com muito esmero e cativante!
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