Reze pelas mulheres roubadas

Reze pelas mulheres roubadas Jennifer Clement




Resenhas - Reze pelas mulheres roubadas


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Otávio - @vendavaldelivros 17/10/2022

“Uma mulher desaparecida é apenas outra folha que corre pela sarjeta durante uma tempestade.”

Em uma vila afastada no interior do México, vivem pessoas assombradas pela desigualdade social e que temem o mal que vem das estradas e o mal que vem do céu. No primeiro caso, representado pelos narcotraficantes que sequestram meninas que acabaram de entrar na adolescência. No segundo caso, pelo Estado, que evitando conflitos com os plantadores de drogas, despejam o veneno que deveria destruir as plantações na vila e dão seu trabalho como realizado.

Publicado em 2014, “Reze pelas mulheres roubadas” é o segundo romance da autora americana Jennifer Clement e narra a história de Ladydi (sim, como a princesa Diana), uma menina mexicana, negra, que vive com a mãe no Estado de Guerrero, uma região no México famosa por abrigar a cidade de Acapulco. As personagens desse livro, porém, vivem na periferia desse estado, em situação de extrema desigualdade e reféns da violência de narcotraficantes e do descaso do poder público.

Desde muito cedo Ladydi e as meninas da região são treinadas e preparadas para não serem “roubadas”. Para isso, logo assim que entram na adolescência, as mães passam a deixar as meninas propositalmente sujas, com marcas pintadas nos dentes e com roupas que escondam seus corpos. O medo e o processo são reflexos dos repetidos sequestros realizados por narcotraficantes que levam as meninas para uma vida de abusos e submissão da qual elas nunca mais retornarão.

Esse livro, porém, é muito mais do que um relato assustador da desigualdade mexicana. Ele vai tratar da relação entre mães e filhas, sororidade, abandono parental e as injustiças do sistema judiciário do México (muito parecido com o Brasil, inclusive). É um relato de violência, mas também de descobrimento, de dor, mas de evolução.

Um livro rápido, com um estilo cru que permite uma leitura rápida. O ritmo talvez seja um dos poucos problemas da obra, já que por vezes a história empolga e em outras fica muito morosa, sem tantas perspectivas. Ainda assim, vale muito a leitura, recomendo!
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Ladyce 22/02/2015

Um mundo sem esperanças
“Você percebeu que as palavras do dia não são as mesmas palavras da noite?” (209) pergunta uma personagem do romance de Jennifer Clement, “Reze pelas mulheres roubadas”. A autora certamente tem o dom da boa escolha de palavras, quer de dia ou de noite. Sua prosa é poética e consegue manter um tom onírico na narrativa.Toda a força deste livro está na narrativa: tom e ritmo são perfeitos. E mesmo que não haja uma trama segue-se a leitura até o fim, embalada pelas belas figuras de linguagem e pelos pensamentos criativos de seus personagens, que pertencem, certamente à uma realidade quase paralela. “A noite pertence aos traficantes, ao exército, à polícia do mesmo modo que pertence aos escorpiões...”(62).

Sou conhecida por abandonar leituras que não me agradam, quero, portanto, enfatizar a voz narrativa de Jennifer Clement. No entanto este livro não chega a ser um romance. É um relato poético, ficcional, uma descrição, um testemunho do que acontece com as pequenas cidades mexicanas, quando os homens emigram e as mulheres ficam à mercê dos cartéis de drogas. “Reze pelas mulheres roubadas” não traz em si os típicos componentes de um romance, com uma linha condutora, com trama e soluções de conflitos. Ele relata a vida de um grupo de está em conflito com a sociedade como um todo, pessoas cuja realidade parece a de um bote largado ao mar, sem rumo e sem capitão, que acaba soçobrando qualquer esperança de um porto seguro.

Este é um testemunho poético de uma realidade horrível e sem nome. Abandono seria um nome melhor para a cidade de Guerrero, onde Ladydi, sua mãe e suas amigas vivem. Jennifer Clement é a jornalista poética que através dessa obra relata a vida das mulheres sobreviventes dos abusos dos cartéis de drogas. Ela escolhe retratar esse mundo, como em um sonho o que faz com que possa ser mais bem degustado pelo leitor. Mas não oferece soluções nem no mundo real, nem para seus personagens fictícios. Todos simplesmente se acomodam às situações bárbaras que lhes são apresentadas na vida.

A distância entre esse mundo e o resto do país é muito grande. Os personagens só se descobrem, só se vêem patéticos, sem esperança, quando um novo professor chega à escola. Professores mudam a cada ano, já que ninguém quer ficar em um lugar tão distante quanto Guerrero. Eles vêm para completar sua obrigação de serviço social. Mas é quando o Prof. José Rosa chega à cidade, repleto do conhecimento e das maneiras citadinas, que os alunos conseguem perceber quem eles são: “Quando olhamos para ele, olhamos para nós. Cada imperfeição, nossa pele, cicatrizes, coisas que nunca nem tínhamos notado, nós vimos nele" (57). No entanto nada é feito a partir desse conhecimento.

Só a televisão com seus programas da National Geographic, com seus documentários, traz a civilização a esse cantinho perdido do mundo. “Minha mãe assistia à televisão porque era a única forma de sair da nossa montanha” (97). E talvez seja por isso que ao final, emigrar, correr o risco da emigração ilegal, para os Estados Unidos seja de fato o único sonho que lhes resta, já que ninguém se preocupa com os habitantes em lugares remotos do México.
Paula 22/02/2015minha estante
Gostei muito desse livro, Ladyce! ótima resenha :) Também escrevi sobre ele no blog hoje :) beijo!


Sylvia 26/02/2015minha estante
Nossa Ladyce, que resenha maravilhosa! Agora o desejo duas vezes mais.rs.




Leila de Carvalho e Gonçalves 17/07/2018

?Graças A Deus, Nasceu Um Menino!?
Eu não fazia a menor ideia de que hoje em dia, mulheres jovens, pobres e bonitas são sequestradas no México em plena rua ou na própria casa sob a mira de um revólver.

Jeniffer Clement passou dez anos ouvindo esses relatos, enquanto escrevia "A True Based On Lies", seu romance de estreia, sobre o papel feminino no cartel das drogas. Para tal, entrevistou namoradas, esposas e filhas de traficantes, chegando a trágica conclusão que sei país também é um labirinto de mulheres escondidas, tentando se proteger dessa ameaça.

A grande maioria das ví­timas é usada para tráfico sexual ou outras formas de escravidão, como trabalho forçado, pagamento de dívida ou filmagens pornográficas. Um negócio lucrativo, afinal, "uma mulher pode ser negociada para diferentes donos várias vezes, e até mesmo dezenas de vezes por dia como prostituta, enquanto que um saco plástico com drogas só pode ser vendido uma única vez."

Portanto, foi uma decisão acertada o segundo romance da autora, "Reze pelas Mulheres Roubadas", abordar esse assunto. A narrativa gira em torno de Ladydi Garcia Martínez, uma jovem que nasceu numa comunidade rural dizimada por traficantes de drogas, equivocadas políticas agrícolas e imigração ilegal. Uma pequena aldeia cortada por uma estrada que leva ao porto de Acapulco, lugar de chegada e partida de "qualquer tipo de mercadoria", e apesar dos fatos narrados terem sido inspirados na realidade, seu texto é absolutamente ficcional.

Criada pela mãe, seu pai fugiu para os Estados Unidos há anos, Ladydi tem como companhias inseparáveis o calor e a pobreza. Além disso, no quintal de seu casebre há um buraco cavado que serve para escondê-la, quando preciso. Ela passou a infância fantasiada de menino e a adolescência, suja e enfeada, com a finalidade de enganar o cartel, mas nem sempre essas artimanhas dão certo... Sua amiga Paula, "mais bonita do que a Jennifer Lopez", é a primeira sequestrada entre as garotas de sua idade.

Se você aprecia um romance tradicional, com começo meio e fim, esqueça esse livro. Ele não apresenta uma solução para os conflitos e problemas abordados, mas é um depoimento pungente de uma situação impensável em pleno século XXI. Uma leitura obrigatória para quem defende e crê nos direitos das minorias e que dificilmente irá esquecer a saga dessas mulheres tentando romper com seu destino.

"Agora vamos deixar você feia, minha mãe disse. E assobiou. Sua boca estava tão próxima que ela cuspiu perdigotos em meu pescoço. Senti cheiro de cerveja. No espelho, eu a vi passar o pedaço de carvão em meu rosto. É uma vida sórdida, murmurou." (Ladydi)
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Gabes_Ricci 12/04/2023

Entristece a alma
Não é um livro que mês fez debulhar em lágrimas, mas foi um livro que me fez parar para tomar um ar, porque estava sendo desafiador ao meu emocional continuar. Poucas coisas que o livro fala me surpreenderam, mas elas continuam sendo horríveis de ler e de se imaginar.

A leitura é super fácil, muito fluída e descomplicada, as pessoas na montanha não param suas vidas pelos acontecimentos, por mais horríveis que sejam, devem ser de fato as pessoas mais duras e raivosa do México. Acho que valeu a pena, por mais que boa parte doa de ser lida.
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Dira 29/05/2020

Meninas traficadas, mulheres abandonadas e esquecidas
Que livro Foda! Chorei feito uma criança nas últimas páginas. LadyDi e sua mãe são personagens que reúnem características que tocam a gente de forma muito profunda. A história é difícil, pesada e sofrida, meninas roubadas e traficadas na cidade de Guerrero no México. Mães e filhas abandonadas, trágicas e comoventes histórias, rostos e nomes.

[Agora vamos deixar você feia, minha mãe disse. E assobiou. Sua boca estava tão próxima que ela cuspiu perdigotos em meu pescoço. Senti cheiro de cerveja. No espelho, eu a vi passar o pedaço de carvão em meu rosto. É uma vida sórdida, murmurou.(pg.9)]
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Sofia124 12/08/2023

Reze para que seja um menino
O livro mostra toda a luta de Ladydi, uma garota que nasceu em áreas montanhosas do México e precisa se proteger por ser mulher. Com o avanço do narcotráfico e com os roubos de meninas da região, a protagonista e suas amigas já nascem com a vida modificada.
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Tatiane Buendía Mantovani 07/03/2015

Devo confessar: Tenho pavor do México. (coff meu marido diria: "fica vendo video de decapitação na internet, dá nisso" coff) Los Zetas, coisa e tal. Pavor mesmo, acho que não iria para o México nem que me pagassem. Comecei a ler este livro, achando que ia ser documentário, em tom de reportagem (não presta atenção nas sinopses... não presto mesmo! Já me deparei com tantas sinopses com spoilers que atualmente só passo os olhos para apreender o clima e não fico lendo muito profundamente para não me frustrar com revelações indesejadas).
Mas então, foi uma grata surpresa me deparar com uma ficção dinâmica, com um humor ácido permeado por um pungente apelo sentimental (ainda que nada gratuito).
Retrata a história de Ladydi e da comunidade de mulheres de Guerrero, que são vitimas, mas não indefesas ou resignadas. Elas lutam! Elas refletem! Elas tentam. Mesmo a mais analfabeta, solitária e despretensiosa mulher da comunidade tem uma sabedoria tão cínica que é apaixonante.

Guerrero e uma comunidade só de mulheres. Por ficar próxima a fronteira com os EUA, todos os homens de lá, mais cedo ou mais tarde, acabam partindo para ir tentar a vida do lado de lá da Fronteira. Alguns morrem, alguns conseguem. Os que conseguem, jamais voltam. Os que voltam uma ou duas vezes, trazem dos EUA algo mais do que alguns miseráveis dólares: AIDS, por exemplo. Miss Marple diria: a natureza humana sendo como é... e ela estaria mais do que certa. Algumas coisas só "servem" dentro de uma perspectiva limitada. Abertos os horizontes para perspectivas mais amplas, o ser humano é mais do que eficiente em justificar suas próprias tendências de fazer o que lhe é mais conveniente em todas as situações, mesmo que isto o torne um monstro que abandona a família em um lugar miserável, para nunca mais voltar, nunca mais ligar.
Além da falta de figuras masculinas, (ou talvez até mesmo por isto), Guerrero é constantemente saqueada por gangues de narcotraficantes, que raptam garotas de dez, doze anos para fazerem parte de seus haréns. Por conta disto, todas as garotas do vilarejo, desde bebês, são disfarçadas de garotos. Diz-se que todas as crianças de Guerrero são meninos, mas que desaparecem misteriosamente aos 10/11 anos. Cabelos sempre curtos, dentes esfregados com substâncias para que pareçam podres, tudo para enfeiá-las, descaracterizá-las como mulheres (vítimas) em potencial. Quando a natureza de desenvolve, e os contornos do corpo feminino ficam evidentes demais para serem disfarçados, é só desespero. Elas vivem em estado constante de alerta para a chegada ou passagem de carros para esconderem-se em buracos no solo, tudo para os traficantes não vê-las, não levá-las.

Apesar disto, Ladydi é uma garota que pensa. Acompanhamos livro afora suas aventuras e desventuras e, com o plano de fundo delineado pela autora, vislumbramos fatores psicológicos inerentes a uma vida cheia de rancor, sem perspectiva alguma, cheia de violência. Mas ainda com alguns sonhos simples, desejos normais - pelo menos normais para nós, que vivemos em constante abundância. E em meio a tamanha falta de recursos e em circunstâncias tão estranhas, a força feminina se ergue, como um pilar, um monumento de protesto em meio a um mundo onde somente os homens tem direito de vislumbrar um futuro diferente.
O livro é curtinho, e vale muito ser lido.
Deixa aquele gosto amargo na boca ao tentarmos imaginar quantas Ladydis existem por aí, no México, ou no resto do mundo.
Dentro de todas nós.
Henrique_ 21/07/2017minha estante
Depois que fiz meu comentário a respeito do livro, vim ler os comentários e olha só como nos valemos quase das mesmas palavras para expressar nossas considerações a respeito dessa fantástica obra.




Van 23/12/2020

A história de formação das sociedades humanas sempre foram marcadas por inúmeros casos de violência. Os grupos menos favorecidos - ditos minorias - e, principalmente, as mulheres, sofrem de forma sistemática com esses atos, tendo seus direitos negados e, até mesmo, suas vidas ceifadas.

Neste contexto de violência, as mulheres sempre se levantaram e foram a luta - buscando condições melhores de vida. Assim, um episódio que teve bastante destaque ocorreu em Nova York, no dia 8 de março de 1857, quando 129 operárias morreram carbonizadas em um incêndio criminoso, causado no intuito de pôr fim as greves protagonizadas por essas mulheres. Algumas décadas depois, a ONU (Organizações das Nações Unidas) oficializou o dia 8 de março, como o dia internacional da mulher - data que simboliza a luta histórica de todas as mulheres por condições melhores de vida, por emancipação e contra a violência.

No universo literário há inúmeras obras que possuem personagens femininas fortes e que além de denunciarem situações de violência e vulnerabilidade social, também apresentam estratégias para superar esse difícil contexto. Um dos livros com esta temática e que merece destaque é o Reze Pelas Mulheres Roubadas, da escritora Jennifer Clement, lançado no Brasil pela editora Rocco.

Reze pelas Mulheres Roubadas traz uma história fictícia para denunciar acontecimentos reais que vem acontecendo em muitas cidades do México, o rapto de mulheres pelos homens do narcotráfico. Na trama somos apresentados à Ladydi Garcia Martinez, nossa personagem narradora, que nos conta como é ser mulher na cidade de Guerrero, através de sua rotina e de suas amigas - Maria, Paula e Estefani.

Jennifer Clement divide seu livro em 3 partes. A primeira, retrata a "infância" das personagens e logo ficamos chocados ao descobrir que para manter suas filhas a salvo, as mães tem como estratégias fazer cortes de cabelo masculinos, sujar os dentes e cavar buracos na terra para que suas filhas se escondam.
"Eu tenho que fazer com que as meninas pareçam ser meninos, tenho que deixar as meninas mais velhas com uma aparência bem simples, tenho que fazer com que meninas bonitas pareçam feias. Este é um salão de feiura, não um salão de beleza..."
A segunda parte nos faz acreditar que a vida de Ladydi será melhor, afinal ela consegue um emprego em Acapulco, um das principais cidades mexicanas. Na última parte, podemos acompanhar as consequências da estada de Ladydi no trabalho e em como a sociedade mexicana foi construída para manter as coisas como são, ao menos que se tente a sorte atravessando a fronteira.

Ler o livro da Clement foi uma experiência nova, afinal foi minha primeira oportunidade para conhecer uma escritora mexicana. A história é carregada de cenas fortes que beiram o absurdo, em muitos momentos a gente passa a se questionar como os homens podem ser tão cruéis, a ponto de fazerem tanta maldade com meninas, que mal chegaram a adolescência.
"Naquele momento, ... apareceu atrás da mãe. Ela parecia uma criatura branca e etérea. Segurava uma mamadeira em uma das mãos. E estava nua. No escuro, sob um rio de luar, pude ver os mamilos dos seus seios, o cabelo preto entre as pernas e a constelação de queimaduras de cigarro por todo o seu corpo. Pude ver as estrelas feitas de queimaduras de cigarro formando Orion e Taurus. Até seus pés estavam cobertos de queimaduras de cigarro... tinha atravessado a Via láctea e cada estrela tinha queimado seu corpo."
Também há passagens cômicas, que servem para que a gente possa respirar em meio a tanta dor. E ainda, no decorrer das páginas, somos surpreendidos a todo momento, com os atos de bondade e de resiliência que as nossas personagens encontram umas nas outras e em lugares mais inesperados - como num buraco cheio de escorpião extremamente venenosos.
"Nenhum daqueles homens .... quer se casar comigo... Eu não quero um homem, na verdade. Quero um bebê. Quero alguém para amar."
Em um momento em que a violência contra as mulheres tem sido cada vez mais noticiadas e denunciadas, Reze pelas Mulheres Roubadas é um livro extremamente necessário e atual, porque dá voz a personagens que nasceram num mundo construído para que elas fossem silenciadas e esquecidas. A obra é uma leitura indispensável.

site: http://aartedelervan.blogspot.com/2020/03/resenha-reze-pelas-mulheres-roubadas.html
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Soraia 05/08/2022

O livro é muito realista e triste... a realidade descrita é impactante... mesmo que se saiba que a obra contém aspectos fictícios, ainda assim não há como passar por essa leitura sem sentir a dor das personagens!
Como professora, as partes em que a escola e os professores são descritos que tocaram profundamente... lembrei muito de um texto do pesquisador José Carlos Libâneo, "o dualismo perverso da escola pública brasileira: escola de conhecimento para os ricos, escola de acolhimento social para os pobres" publicado em 2012 na Revista Educação e Pesquisa!
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Diego Vertu @outro_livro_lido 30/07/2023

Em Reze pelas Mulheres Roubadas, Jennifer Clement faz o retrato realístico da vida das mulheres no estado mexicano de Guerrero.
O livro é contado por LadyDi, uma menina que mora na zona rural próximo a cidade de Acapulco, ela narra sua vida junto com a mãe e as amigas e a influência do narcotráfico presente na vida de todos daquela redondeza. O rapto de mulheres e o famoso "sonho americano" permeiam a obra e seus personagens.
O livro é dividido em 3 partes, é bem fluido, reflexivo com uma linguagem clara e objetiva.
Gostei bastante da leitura, é triste ver o tanto que as mulheres sofrem neste livro, a pobreza, o acesso à educação, a relação humano x natureza e a dificuldade da vida naquele lugar ermo e também os relatos das pessoas que fugiam dali tentando cruzar a vigiada fronteira México x EUA.
Um livro que recomendo a leitura para entendermos mais o qual nocivo é o narcotráfico e a violência nos países latinos.
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Henrique_ 21/07/2017

Recomendadíssimo
Que grata surpresa não tive ao ler esta obra. Ao leitor menos curioso para saber do enredo, como eu, pode acreditar se tratar de uma obra não fictícia, tamanha é a desenvoltura da autora que dá voz à personagem Ladydi, que vive em um povoado entre a Cidade de México e Acapulco, encrustado nas montanhas. Os parágrafos e frases curtos, mas com uma densidade de significado forte, além de tornar a leitura uma experiência agradável, dão o tom de uma temática que seria muito mais sombria e pesada, não fosse o humor ácido da mãe de Ladydi e da própria Ladydi em relação às circunstâncias. A história de vida de uma criança num país onde ser mulher é um castigo. É a voz daquelas que nunca tiveram a vez de se livrar do estigma que carregam.

"Uma mulher desaparecida é apenas outra folha que corre pela sarjeta durante uma tempestade , ela disse ."
Clement, Jennifer. Reze pelas mulheres roubadas (Locais do Kindle 722). Editora Rocco.
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Paula 03/03/2015

Para ler a resenha, acesse:

site: http://pipanaosabevoar.blogspot.com.br/2015/02/reze-pelas-mulheres-roubadas.html
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Renata (@renatac.arruda) 19/04/2015

O desespero de se nascer mulher em um mundo dominado por homens
Reze pelas mulheres roubadas se divide em três atos: o primeiro é o de iniciação, em que conhecemos a protagonista enquanto ela conhece a si mesma: as mudanças no corpo, a descoberta sexual, a clareza sobre sua realidade social, o abandono do pai, o vício alcoólico da mãe. Na parte dois do livro, Ladydi já é uma adolescente que, tendo terminado a escola, arranja um emprego como babá em uma mansão. É onde a vida de Ladydi começa a se tornar mais sombria, permeada de violências, ameaças e dificuldades até chegar no terceiro ato, que se passa na prisão feminina. E aqui, em que uma boa parte é escrito em prosa mais convencional, foi impossível não lembrar de Orange is the new black, o livro — inclusive, há na prisão uma personagem bem parecida com Piper Kerman, uma inglesa loira, rica e gente boa, encarcerada por tentar trazer heroína ao México. Mas dessa vez é como se a leitura trouxesse luz a tudo que Piper não pôde esclarecer: o lado das mulheres latinas e pobres, as assassinas, as prostitutas, as traficadas e vítimas de violência. As abandonadas e aquelas que não têm mais para onde ir. Especialmente tocante e brutal são as passagens em que as presas se reúnem para contar suas histórias através de colagens e podemos perceber que há humanidade até mesmo por trás de mulheres que matam seus próprios filhos:

Leia mais no Prosa Espontânea:

site: http://mardemarmore.blogspot.com.br/2015/04/reze-pelas-mulheres-roubadas-jennifer.html
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Alcinéia_az 02/03/2017

Reze pra que seja um menino.

“Agora vamos deixar você feia, minha mãe disse. E assobiou. Sua boca estava tão próxima que ela cuspiu perdigotos em meu pescoço. Senti cheiro de cerveja. No espelho, eu a vi passar o pedaço de carvão em meu rosto. É uma vida sórdida, murmurou.”

O que dizer de Guerrero? É uma cidade do México, onde as meninas são disfarçadas de menino até os 11 anos de idade e depois são obrigadas a se transformarem em meninas feias. Uma cidade onde entre escorpiões, que podem matar com uma só picada, cobras, moscas, formigas vermelhas, calor e pobreza estrema nascem as personagens do livro de Clement. Dos olhos de Ladydi conhecemos esse mundo, tão distante e próximo de nós. E nada coloca mais medo nos habitantes dessa cidade do que os homens do tráfico. A mãe de Ladydi, sempre tem um pensamento crítico com relação a realidade o que faz dela uma mulher amarga, por saber muito bem onde esta inserida e as consequências disso. “Não existe nada pior do que uma filha sem pai, minha mãe dizia. O mundo simplesmente devora essas meninas vivas.”.

Sem dúvida o melhor livro que já li, a autora conta a realidade com poesia, é surpreendente, mudamos para Guerrero e podemos ver e sentir cada local e conhecer cada personagem, fazemos parte da história e quando lemos a última página do livro, ele continua dentro de nós. Ladydi estará sempre dentro de cada leitor que se emocionou com sua história. Ela era uma garotinha que fazia orações ao contrário, pois sua mãe sempre dizia para fazer suas orações ao contrário, pois se Deus realmente soubesse do que precisava, ele nunca daria.

“O que todo mundo sabia era que a fila de visitantes esperando para entrar na cadeia feminina era curta. A fila de visitas na cadeia masculina era longa e se estendia por pelo menos dez quarteirões. Podia levar horas para os visitantes finalmente conseguirem entrar para ver os homens. Foi Luna quem me contou isso. Não há nada mais que se precise saber, ela disse. Ninguém visita as mulheres. Todo mundo visita os homens. O que mais precisamos saber a respeito do mundo?”

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João 30/05/2017

Reze Pelas Mulheres Roubadas é mais um livro chocante que leio sobre a realidade de muitas mulheres no mundo.
Pelo que entendi a autora se baseou em fatos reais para criar o livro.
Uma realidade terrível para essas mulheres mexicanas.
Não dá pra falar muito sobre o livro,só digo que é uma excelente leitura.
Euflauzino 06/06/2017minha estante
já está anotado :D




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