Tatiana 02/12/2015
Sombrio... Tenso... Uma aventura que não se pode piscar o olho.
Na primeira aventura de nosso amado Pe. Jullian, ele se depara com inimigo nunca antes enfrentado por ele, o demônio chamado Mormo, que se usava de cadáveres para os transformar em mortos-vivos, mesmo nunca tendo se deparado com um desses, Jullian sabia muito bem como lidar com ele, uma vez que foi treinado para exterminar demônios e os aprisionar.
Nessa segunda aventura, o inimigo não é um demônio, mas sim uma terrível feiticeira, que deseja trazer a vida um dos demônios mais temidos que há cem anos foi aprisionado pelo grande e temido Pe. Zachary Blankenburg.
Jullian sabe exorcizar demônios, mata-los, aprisiona-los, e até domesticá-los! Sim! Nosso amado herói consegue fazer isso com uma dessas criaturas! Mas, a Igreja, por não acreditar em magia, e denominar bruxas de seres movidos pelas trevas, não ensinou a seus Venatores como lutar contra forças mágicas.
Tudo começa quando Pe. Jullian recebe o chamado de um grande amigo, o Pe. Mills, pois algo estranho está acontecendo no vilarejo de Bedford, e prontamente o destemido padre sai em viagem para ajudar seu amigo Venator a desvendar o que tanto aflige a pacata vila: todas as adolescentes meninas são levadas por um ser encapuzado, como que hipnotizadas por esse ser.
Jullian se hospeda na igreja do Pe. Mills, que misteriosamente sai em um viagem, e deixando Jullian aos cuidados de seu fiel amigo, Noah.
Além de Noah, Jullian conhece a destemida e alegre Romani. Uma mulher astuta, de personalidade forte, e desconfiada até de sua própria sombra. Romani logo se afeiçoa pelo padre e passa a ajudá-lo nesse novo mistério que aterroriza todos os seus amigos de Bedford.
Não passa muito tempo até Pe. Jullian e todo o vilarejo descobrirem a identidade do inimigo: Irvine Aurish. Uma linda mulher, branca como a neve, e lábios vermelhos como sangue. Essa poderosa bruxa quer ressuscitar um demônio, e espera desvendar o com o próprio Jullian a forma de despertar esse ser maléfico, que irá destruir não só Bedford, mas se tornará uma ameaça a toda a humanidade.
Jullian terá que aprender sozinho como lidar com magia, e longe de casa e sem Pe. Mills por perto para ajudar a pesquisar, o nosso herói irá ter que confiar em estranhos para poder restaurar a paz que está prestes a acabar.
Nós temos em Sanguinis Sigillum uma abordagem diferente de Dominus Mortuorum, onde no primeiro livro a aventura começa desde o primeiro capítulo, e todo o livro é cheio de ação, e as páginas são viradas sem nem percebermos, já nesse segundo, percebemos que a narrativa começa de forma sombria.
Passamos a conhecer cada personagem e suas histórias, que são desvendadas aos poucos. Segredos são revelados, laços de amor e sangue nos passam a pensar o que cada um seria capaz para proteger seus amados. Mentiras tentam ofuscar a verdade, a qual vem à tona a medida que a narrativa se desenrola.
Nem tudo é o que parece.
Jullian descobre sozinho que pessoas boas podem fazer atos “cruéis”, achando que estão fazendo o certo. E pessoas que são más, também possuem um pouco de humanidade dentro de si, e cabe ao padre resolver essa questão: Até que ponto a maldade pode consumir o ser humano a ponto de ele não ter mais salvação? Até por que a missão de Jullian é levar aos povos a salvação e liberdade eterna.
Por outro lado, Décio nos mostra até que ponto os humanos podem usar o nome de sua fé e cometer atos obscuros, se valendo de sua religião para apaziguar a maldade que tem em seu coração que nada tem a ver com a fé que professa.
Jullian é esse personagem, é o padre que consegue enxergar além de uma religião, além de dogmas, leis. Ele não segue regras, quando essas são para fazer maldade e destruir pessoas inocentes. Jullian tem uma luz, e tem o coração cheio de amor, e seu sentimento de justiça não o deixa praticar algum ato sem que ele tenha certeza de que é sua única alternativa. Talvez sua bondade uma dia será sua grande destruição.
E é desse ponto de vista que mais uma vez Décio nos faz adentrar num campo onde fé e fanatismo se misturam, e o que existe de correto no mundo é apenas fazer o bem ao seu semelhante, o resto, é apenas regras dos homens.
Quem leu Minueto da Madrugada irá ver esses nuances sombrios que engloba Sanguinis Sigillum, mas como a proposta dessa séria é ação e aventura, não se preocupem, pois nosso escritor nos reserva uma batalha surpreendente, que nos fará rir do Mormo.
A batalha final é digna de palmas. A justiça tem que ser feita. Só um poderá sair vivo. É a primeira vez que Jullian se vê em um confronto o qual ele terá que pensar bastante, pois Irvine é um ser humano. É sem dúvida a melhor aventura contada até hoje por Décio. Não vai faltar magia, lutas, sangue, rituais, e muito, muito mistério.
Um final surpreendente. Diálogos muito bem construídos. E um epílogo que vai te fazer ficar de boca aberta.
Só posso dizer que: Décio está aprendendo a ser muito, muito mau com seus personagens. Ele não tem mais pena de nenhum. Seja Jullian, seja qualquer outro. O cacete é grande. Fiquei com pena de Jullian, mas mesmo assim não tem como sentirmos ódio de Irvine. Ela talvez, seja uma de minhas vilãs favoritas. Uma diva! E sim! Ainda não esqueci do diário dela! Queremos saber mais sobre essa misteriosa e adorável bruxa!