@APassional 14/03/2015
* Resenha por: Rosem Ferr * Arquivo Passional
Patricia Bracewell nos conduz em uma viagem fascinante aos primórdios da Inglaterra medieval, para um mundo dominado por homens brutais e guerras sangrentas, onde duas mulheres irão destacar-se em ousadia, perspicácia, astúcia, sagacidade, docilidade, mas sobretudo coragem e determinação.
Ambientada na Inglaterra, a trama tem início em 1001, época da Invasão Viking, o romance segue os acontecimentos relatados na Crônica Anglo-Saxã, bem romantizados “of course”, e decorre até o ano de 1005, deste modo os capítulos destacam datas e lugares que podemos seguir no “detalhadíssimo” mapa incluso nas primeiras páginas, que dão um encanto todo especial à leitura [I love it].
Com uma escrita cativante, Bracewell entrelaça diversos acontecimentos paralelos e nos insere na dimensão histórica, com ênfase psicológica das personagens concedendo-lhes uma veracidade visceral, resultado de uma narração em 3ª pessoa que divide-se sob o ponto de vista intercalado e quase sempre [hahaha] completamente equivocado dos principais membros da corte: Rei Anglo-Saxão, Conde da Nortúmbria, Príncipe Anglo-Saxão, Emma da Normandia, Elgiva da Nortúmbria, entre outros. Assim o ritmo é constante, o conflito tanto interno como externo, e no fim, nada é o que parece, pois as intrigas transformam formigas em elefantes.
Uma luta pelo poder de tirar o fôlego nos surpreende com atitudes de revirar o estômago, aliás até comer e beber era muiiiiiiiito arriscado na corte Anglo-Saxã hahaha! Sim, venenos tem participação fundamental em mais de uma ocasião.
Entre o pecado e o desejo...
Apesar do Clero estar logicamente em cena, não há uma personagem exclusiva neste volume que carregue o cetro da religiosidade, forte característica do período, pelo simples fato deste “fervor/fardo” estar presente nos atos e pensamentos de TODAS personagens católicas, que mesmo atadas em um fervor que beira o tabu não medem seus atos: Pecam, pecam e pecam e depois arrastam a culpa com correntes descomunais, daí a questão do pecado fortíssima na trama porque a devassidão e o sexo correm soltos na corte do rei AEthelred, a começar por ele. No que tange ao desejo... embutido na trama um amor proibido, passional, româââântico... como nas canções de amor dos trovadores, e é claro torcemos pelos apaixonados:
“Iria guardá-la e protegê-la do que quer que acontecesse, sem pedir nada em troca...”
“Ela o entendia muito bem. Assim como entendia o próprio coração o suficiente para saber que, se estivessem juntos longe dos olhos e dos ouvidos curiosos da corte, ela correria um perigo muito maior...”
Emma, a heróica protagonista busca seu lugar de direito entre inúmeros desafios: uma corte desagregada que a vê como estrangeira, seu relacionamento conturbadíssimo com um Rei misteriosamente atormentado, uma eminente invasão Viking e, ainda sua super antagonista, a “poderosa”, bela e fatal Lady Elgiva, que a odeia incondicionalmente e fará “tudo” para tornar sua regência insuportável, assim o conflito entre as duas é extremo, as armas: o ardil e a estratégia, em um jogo de enxadristas.
Violência, caridade, intrigas, traição, lealdade, pureza, devassidão, submissão, insanidade, justiça, passionalidade, devoção, ousadia, egoismo, obsessão, o amor e o ódio andam de mãos dadas na dança do poder.
A belíssima capa é adornada por arabescos medievais com suave relevo brilhante, e no interior a citação dos originais da Crônica Anglo-Saxã também recebe a delicada ilustração de um arabesco, e o mapa... perfeito! Com legenda de localização de Abadias, Palácios, Burgo, Fortalezas e até do Círculo de Pedras... impossível não viajar no tempo hahaha!
A Rainha Normanda me encantou e envolveu de tal forma que estou curiosíssima pela continuação, afinal é a saga de uma das rainhas mais poderosas da Inglaterra.
Excelente leitura!
Resenha publicada no Blog Arquivo Passional em 14/03/2015.
site: http://www.arquivopassional.com/2015/03/resenha-rainha-normanda.html