Angel Sakura 01/07/2015Resenha do Eu Insisto.com.brFalou distopia, falou comigo, amo/sou! Quando Reboot foi enviado eu simplesmente precisava ler. Distopia com um toque meio na vibe de zumbi, nem tinha como fugir, era meu, meu nome estava ali. E dito isso, preciso igualmente dizer que me deparei com um livro divertido, mas que não atendeu todas as minhas expectativas. Talvez porque eu li Red Hill tão próximo, talvez porque eu criei uma história na cabeça que não tinha muito com o enredo original, talvez porque assisti Lucky Laddies, talvez porque o casamento gay foi aprovado pelos EUA… O fato foi que apesar de divertido, não me passou a profundidade que o assunto trouxe pra minha cabeça. A possibilidade de humanos que morrem retornarem à vida alguns momentos depois me inspirou em tantas teorias. Ah o doce mundo das possibilidades… Me pergunte se gostei do livro, eu direi que sim. Me perguntem se vou continuar com a saga e eu direi óbvio, me perguntem se recomendo e eu indicarei apenas para aqueles que não querem um enredo muito elaborado, mas com uma história ágil e entretida. Pronto, introdução feita. Agora vamos pra resenha de verdade.
“- Ainda há algo de humano em você, não é? – perguntou ela, esticando o pescoço para ver o número acima do código de barras no meu pulso. Ela congelou. Seus olhos correram do 178 impresso na minha pele para o meu rosto, e ela soltou outro guincho. Não. Não havia mais nada de humano em mim.”.
Nossa protagonista tem 17 anos e ela é uma reboot. Os reboots são pessoas que após sua morte retornam à vida, também chamados de reiniciados. Esse retorno ocorre minutos depois da morte, quanto maior o tempo que se leva para retornar mais forte é o reboot. Nossa protagonista retornou após 178 minutos e isso quer dizer que ela é foda. Bjus pras inimigas! Deixa eu explicar rapidinho o que são os reboots aka reiniciados, eles são um tipo de zumbi, é eu sei que isso é meio óbvio. O retorno é causado por um vírus, aqueles que pegaram o vírus quando vivo tem chances de retornarem dos mortos. Porém… sempre tem o porém, né? aqueles que retornam não são mais como eram quando vivos. Meio que algo se perde entre a morte e o acordar, sua pele fica mais clara e sua alma mais escura. Digamos que quando você volta tem menos sentimentos e isso assusta os humanos pra caramba. Os reboots são mais fortes, se curam sozinhos rapidamente, são mais velozes, só morrem com um tiro no cérebro e não ficam doentes. Quanto maior o tempo para você acordar dos mortos, menor são os seus sentimentos humanos. Wren demorou tanto para retornar que ela possui poucos, ou nenhum, sentimentos humanos. Totalmente diferente de quem ela costumava ser quando levou três tiros aos 12 anos.
“- Preciso que você seja melhor. De verdade. Preciso que siga ordens e se esforce mais.
Eles não toleram que saiam da linha aqui. – Balancei a cabeça na direção do Reboot morto, e Callum engoliu em seco. Ele entendia. – Está bem?
– Está bem.”
Nesse mundo os humanos usam os reboots para seus serviços sujos, na verdade eles são posses do CRAH, a Corporação de Repovoamento e Avanço Humano. Reboots não são considerados pessoas, são objetos e se um reiniciado não servir obedientemente ele será sumariamente morto. Um Reboot não tem direitos, ele apenas sobrevive para cumprir as ordens e quando se torna inútil ninguém terá piedade. É assim que as coisas são. Wren é a melhor reboot que eles tem, sem sentimentos e capaz de executar qualquer ordem dada. Sim amigos, isso inclui assassinatos. Essa é a realidade que Wren vive faz 5 anos. Mas as coisas começam a mudar quando uma nova safra de reiniciados chegam, quando a situação pedir será que Wren vai ser capaz de apenas executar as ordens, sem questionar o que é o certo?
“- Conte-me uma lembrança boa – pediu ele.
– Não há nenhuma.”
Vamos falar dos personagens principais. Wren, é a nossa fria e desumana reboot modelo, ela segue as regras porque foi isso que ela aprendeu que deve fazer. E temos o doce Callum, que é ingenuo, otimista e provavelmente meio idiota. Ela é uma 178, já ele um 22. Rankings diferentes, como um serviçal e a realeza, quem não ama um romance impossível? Os 120+ treinam os novos reboots e Wren decide treinar Callum. O jovem Callum atrai a Wren de várias formas, mas especialmente pela quantidade de sentimentos que ele transborda. E quando a rotina é quebrada, eles descobrem que na verdade tudo o que eles acreditavam, foram forçados a acreditar, pode não passar de mentiras. Achei muito digno que Wren tivesse descoberto coisas pelas quais valia a pena se rebelar, salvar alguém por amor ou tentar ajudar seus semelhantes, por exemplo. Apesar de não ter comprado tudo isso, eu ainda torci pra ela ser bem sucedida. E Callum de uma forma bem fofinha me pareceu um ursinho, sabe aqueles que queremos apertar pra sempre? Foi minha sensação com ele, portanto estarei torcendo pra ele sempre. Eu entendo que ele é alguém que tem bem definido razões pelas quais morrer, e respeito isso. Mesmo que não concorde, eu queria bater nele em diversos momentos. Mas, enfim quero dizer que curti os dois. E a Ever, a melhor amiga que acrescentou brilho e carisma, mas não quero falar dela porque não sei se seria capaz de citá-la sem dar spoiler sobre ela. Mas eu amo ela. ♥
“A reinicialização em si era apenas uma reação diferente ao vírus KDH. O KDH matava a maioria das pessoas, mas em outras — os jovens, os fortes — funcionava de forma diferente. Mesmo os que morriam por causas diversas podiam reinicializar, se houvessem contraído o vírus alguma vez na vida. Ele reinicializava o corpo após a morte, trazendo-o de volta mais forte, mais poderoso. Mas também mais frio, sem emoção. Uma cópia maligna do que costumávamos ser, diziam os humanos. Muitos preferiam morrer completamente a ser um dos “sortudos” que reinicializavam. “
Pra mim o que pegou contra o livro foram, principalmente, os buracos no enredo. Toda a situação era forçada para dar o protagonismo pra Wren e tornando toda a situação impossível em possível sem a menor explicação plausível. Os Reboots nunca questionaram toda a situação durante ou no final, e tudo deveria dar errado mas acaba dando certo apenas porque sim, e o pior, o romance meio que não me convenceu totalmente. Foi muito célere, Wren mudou muito rapidamente pro meu gosto. Aquela personagem fodona sem sentimentos se torna absolutamente emotiva, não tem muito como comprar isso. Além disso, porque precisamos sempre do romance como foco principal? Essa história poderia ter sido sobre tantas coisas, mas se prendeu em ser apenas uma busca implacável por amor, mimimi. Esses detalhes me fizeram dar 3 estrelas pro livro. E não é que o livro seja ruim, apenas EU queria mais. E como a resenha é a minha opinião estou dando ela ;*
“- Controle-se – disse, baixando a voz. – A primeira vez é a mais difícil. Você vai se acostumar.
– Não vou me acostumar. Não quero me transformar em um monstro que gosta de caçar pessoas.
Nesse momento, ele fez um gesto para mim.”
Contudo o livro foi muito divertido e achei ótimo o ritmo alucinante. Sempre acontecia algo, sempre alguém dizia algo importante e a cada momento todo o jogo podia mudar. A vida quando não vale nada pode acabar em qualquer instante, e essa é a premissa dos Reboots. Efémera, descartável. Isso foi muito legal, gosto desse sentimento de que tenho que aproveitar porque simplesmente pode acabar no momento seguinte com voltas e reviravoltas. A ambientação também é bem coerente, com as favelas sendo bem fáceis de se imaginar. Porém, o melhor pra mim foi: a desconfiança entre os seres humanos e os reboots. A tensão gerada é plausível e o medo coerente. Então, mesmo com as reclamações estou dentro de Reboot, aguardo o próximo livro para entender melhor as coisas e o que são os reboots de verdade, porque me nego em acreditar que sejam apenas isso que conhecemos neste livro. Vejo vocês no próximo, já que é uma duologia.
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