Ano Zero: Uma História de 1945

Ano Zero: Uma História de 1945 Ian Buruma




Resenhas - Ano Zero: Uma História de 1945


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Mateus Sant'Ana 22/05/2020

Livro muito interessante, traz uma perspectiva a respeito do pós-guerra. É especialmente interessante ler esse livro no momento em que vivemos (2020), em que há uma grave crise política se arrastando e se agravando ao longo do anos, além de uma pandemia nunca antes vistas nas atuais gerações. O livro, ao falar do pensamento de povos devastados por um conflito tão destrutivo, nos faz pensar até que ponto uma sociedade pode se reconstruir, pegando cacos do passado e trazendo novos elementos do presente. Ao fim, o livro sem querer trás uma mensagem negativa: parecia que as mulheres viveriam uma revolução sexual após 1945, mas tudo voltou a ser mais ou menos como era antes; parecia que o antissemitismo acabaria, mas os velhos preconceitos europeus permaneceram pelos vitoriosos e vencidos. No entanto, há uma luz de esperança. Ainda que uma revolução não tenha acontecido, muitas portas fora abertas, como a UE, mantenedora de uma paz europeia que dura desde então, e o estado de bem-estar social. Ainda assim, nos lembramos que foi preciso uma catástrofe humana sem precedentes para que tudo isso fosse possível. Sigo me questionando se precisaremos disso de novo.
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Ricardo Santos 08/07/2018

O preço do fim do nazismo
Radiografia da vida privada e pública logo após a 2ª Guerra Mundial. Acompanhamos as implicações políticas, administrativas e econômicas que afetaram o rumo de países vitoriosos e derrotados por meio do cotidiano de sua gente. Em muitas passagens, acompanhamos um retrato mais íntimo desses personagens históricos. Então temos contato com comportamentos tanto nobres como sórdidos. Estupros, racismo, xenofobia, mas também a redefinição do papel da mulher, no ocidente e no oriente.

Este livro mostra como de fato a 2ª Guerra Mundial afetou praticamente todos os povos do planeta, uns mais diretamente do que outros. E reforça o drama vivido não só pela Europa, palco principal do conflito, mas em outras regiões, como o Oriente Médio e o Sudeste Asiático. A 2ª Guerra foi o ápice de uma série de disputas políticas e econômicas, de há pelo menos um século, envolvendo potências europeias e suas colônias. No fim da Guerra, houve um sentimento de alívio, tanto das autoridades internacionais como de populações massacradas, mas também foi o começo de um período conturbado.

A Guerra Fria entre EUA e União Soviética se tornou evidente. As colônicas europeias gritavam por independência. Aconteceram vinganças e retaliações, nem sempre justificáveis. A vida ainda era difícil para muita gente, e cada um se virava como podia, inclusive por meio da prostituição e do contrabando. Heróis de guerra foram traídos, presos e executados. Militares japoneses e nazistas, assim como empresários simpatizantes do Eixo, foram poupados para ajudar a reerguer a economia e a infra-estrutura da Europa e do Japão. A triste ironia da derrota do nazismo foi que abriram uma caixa de Pandora que resultou na Guerra da Coreia e na divisão do país em Norte e Sul, na Guerra do Vietnã, na Guerra da Síria etc.

Buruma avalia que houve uma sincera vontade de muitos líderes, principalmente, americanos e europeus, em aproveitar o fim da 2ª Guerra para também promover uma "reconstrução moral", com a criação da ONU, da Declaração Universal dos Direitos Humanos, do estado de bem-estar social, de instituições mais sólidas que garantisse uma nova era de prosperidade e fraternidade. Mas tudo isso acabou disputando espaço com a realidade, com o que há de pior no ser humano, tanto em relação aos poderosos quanto ao chamado cidadão comum. A partir de 1945, houve conquistas significativas, e não só os europeus e americanos as usufruíram, num sentindo amplo. Mas, como podemos perceber no contexto atual, essas conquistas foram constantemente ameaçadas, ao longo dos anos.
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