A vida em espiral

A vida em espiral Abasse Ndione




Resenhas - A vida em espiral


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@thereader2408 19/07/2022

Desenvolver, desenvolver...sempre
Publicado inicialmente em 1985, esse livro levou 8 anos para ser lançado e se tornou leitura obrigatória nas escolas do Senegal. Na orelha do livro temos o vislumbre da importância da obra no país "Em Dakar se alguém leu só um livro na vida, quase sempre é esse."

A Vida em Espiral é um dos grandes clássicos da literatura africana que aborda o tráfico de maconha e mostra como a corrupção está intranhada na sociedade. O autor faz questão de explicar sua motivação ao escrever o livro: '“Não escrevi esse livro para fazer apologia da maconha, mas apenas para descrever, com um olhar que não vem de fora, um ambiente de pessoas incrivelmente vasto, cosmopolita e desconhecido."

O livro nos apresenta Amuyaakar Ndooy, protagonista e narrador, tem 25 anos, taxista e mora na aldeia Sambey Karang. Quando não está trabalhando, Ndooy se reúne com seus amigos inseparáveis: Bukari, Badara, Yaba Xanca e Laay Gooté. E o lazer preferido dos amigos é fumar "yamba", ou "desenvolver" como chama o ato de fumar maconha.

No início do livro alguns acontecimentos no País fazem com que o governo inicie uma política combate a yamba, o que gera uma comoção na sociedade. Ndooy se torna traficante, motivado por dois fatores: mudar de vida e ter yamba sempre a disposição. Mas sua decisão o coloca em risco devido às operações policiais de combate ao tráfico. A partir desse momento, o livro tem um ponto de virada e as coisas ganham um dinamismo que faz do livro um On The Road africano.

Um das linhas que permeiam a narrativa é a forte hipocrisia sobre o consumo de yamba, onde as pessoas de classe social mais baixas são as mais atingidas, visto que toda sociedade participa, mas só os mais pobres são punidos, mostrando que a lei depende o status social.

O livro é cheio de nuances, e o ritmo vai acelerando à medida que avançamos. As relações humanas como amor e amizade aparecem aqui, assim como religião e misticismo. O livro é um exemplo perfeito de como a literatura nos coloca em um lugares diferentes, nos fazendo refletir sobre a evolução da política de drogas ao mesmo tempo que visitamos uma aldeia do Senegal de 1980. Quem lê viaja, no tempo e no espaço.

@thereader2408
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Picón 02/07/2021

Yamba, yamba...
Apesar de alguns clichês narrativos, o livro é bem cativante e divertido. O cenário incomum e a cultura cannábica urbana do Senegal contribuem para isso.
Senti falta de mais notas de rodapé e de um glossário pois há muitas palavras específicas da cultura local.
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Maria Faria 25/04/2021

Um belo ?on the road?
Com um toque autobiográfico, muita ação e um pouco de misticismo, A Vida em Espiral é uma história de tirar o fôlego. Amuyaakar Ndooy é o narrador, protagonista, que narra sua história sem timidez e sem preocupação com julgamentos.

Antes trabalhando como taxista, o jovem resolve vender a yamba (maconha), produto que conhecia muito bem, já que desde os 16 anos de idade fazia uso da maconha junto com seus amigos.

A verdade é que todas as decisões de Amuyaakar são contra o senso comum. Ele não tem sentimento de culpa, está vivendo o que cada dia oferece e enxerga o amanhã como um novo desafio a ser descoberto. Com certeza o leitor acabará torcendo pelo protagonista. Sem perceber, torcerá para que ele nunca seja preso. É um livro divertido que faz o leitor questionar seus conceitos, analisar a hipocrisia social e repensar sobre a liberação da maconha.

O livro questiona as verdades absolutas, escancara o choque de gerações e mostra sem rodeios a verdade suja por trás do tráfico de drogas. Apesar de publicado na década de 1980 no Senegal, os porões do poder continuam atuando com a mesma cartilha da época e a história poderia muito bem ser ambientada no Brasil atual.

E aquele que iniciar a leitura aguardando uma lição de moral é melhor escolher outro livro, pois não é o intuito do narrador convencer sobre a justiça de seus atos, é apenas a história de um consumidor de maconha que tornou-se um perspicaz fornecedor da droga.
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Victor Hugo 27/02/2021

Tem seu valor pra mostrar como era a Senegal da época (que lembra muito bastante lugar do Brasil hoje), mas tem um jeitão de filme comercial que não me agrada.
Ainda assim, se é o mais lido do país, tem q respeitar muito..
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Debora 10/12/2020

Uma boa escrita em uma história que não vale o tempo gasto
Preciso começar dizendo que ler este livro é fácil. A leitura é fluida e atraente.
E é por isso - e por ele ser leitura de um grupo - que eu cheguei até o fim.
Qual o problema dele? A história... Banal. Boba... Conta a história de um "desenvolvedor" (gíria pra quem fuma maconha no Senegal) que se torna sipikat (traficante). E todas as loucuras que ele faz neste caminho.
Não tem ensinamento, não tem nada, diversão vazia pura e simples. Mas eu não devia me surpreender: a orelha do livro já fala isso.
O que eu aprendi com o livro, apenas, é que a comunidade muçulmana é grande na região em que o personagem mora, mas até o mais alto religioso deles fuma maconha...Ou seja, não aprendi nada.
Michelly 10/12/2020minha estante
Obrigada pelo comentário.


Debora 10/12/2020minha estante
:)




Ludhi 13/09/2020

A história de amuyaakar e seus 4 amigos que decidem virar traficantes de maconha. A experiência foi muito interessante, principalmente nas partes em que se entrava em detalhes sobre tradições do Senegal que eu quase não tenho contato, foi enriquecedor em termos culturais
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RoSousaAlenc 07/08/2020

Um recorte cultural interessante, embora a narrativa não tenha me cativado tanto. Tráfico, religião, falso moralismo, corrupção e cultura negra. Tudo para ser um grande livro, mas achei um pouco simplório, embora seja um ótimo primeiro contato com a cultura senegalesa. No fim, é um romance despretencioso com um pano de fundo diferente e interessante.
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Poesia na Alma 15/11/2017

Tratar temáticas de grande repercussão
Tratar temáticas de grande repercussão, por vezes, pode ser um tiro no pé, a possibilidade de o texto ser mais um manual sensacionalista é forte, isso, porque temos uma formação cartesiana e capitalista. Mas, esse não é o caso de A vida em Espiral, de Abasse Ndione, escritor africano do Senegal.

“Nem terminamos o chá. Pegamos o Simca para ir a Ximbé, a praia de Sambey Karang. A maconha e a maneira de obtê-la foi o único assunto de nossa conversa durante o trajeto. O espectro de dias sombrios se perfilava no horizonte. Com Dappassa agora atrás das grades, a última fonte tinha secado, e a escassez da maconha era pior que a de água.”

Amuyaakar Ndooy, taxista, diante da escassez da yamba (maconha) devido a criminalização, junto com seus amigos – Bukari, Laay Goté, Badara e Yaba Xanca – que passavam boa parte do tempo fumando e filosofando, decide comercializar de forma ilegal a yamba, tornando-se traficante.

leia mais http://www.poesianaalma.com.br/2017/11/resenha-vida-em-espiral.html
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Maria Ferreira / @impressoesdemaria 08/08/2017

A questão da maconha é uma questão política
Após uma campanha enérgica contra a maconha, desde as plantações ao tráfico, com prisões de sipikats (traficantes), ficou cada vez mais difícil conseguir yamba (maconha) para uso próprio, para venda ou para qualquer tipo de finalidade. É nesse contexto que conhecemos o protagonista e narrador do livro, Amuyaakar Ndooy e seus gaay (amigos) Bukari, Badara, Yaba Xanca, Laay Gooté, depois que o último traficante, Dappasa, foi preso. Para eles, a escassez de maconha, era até pior que a escassez de água, que predominava em Sambey Karang, aldeia onde moravam.
Desse modo, eles tentaram substituir a maconha pela bebida alcoólica, mas era igualmente difícil encontrar álcool, já que a bebida foi proibida por questões religiosas.

Amuyaakar Ndooy é um motorista de táxi, que mora com a família, até que recebe uma proposta para traficar maconha por um excelente preço. Pensando no dinheiro e em tudo que poderia proporcionar a sua família, aceitou a proposta e junto com os amigos, vai fazer de tudo para fazer com que consiga realizar a entrega sem ser descoberto pela polícia.

Com a leitura desse livro, é possível ter uma visão mais ampla de como funciona o sistema em relação à maconha, criminalizando uns, mas enriquecendo outros. A realidade é que, no fundo, tudo se trata de política e este é um livro que pode ser muito esclarecedor neste sentido.

Achei muito interessante a presença de expressões em wolof, idioma falado em algumas regiões de Senegal, com notas explicativas sobre a tradução em português, isso faz com que o leitor possa se sentir mais imerso na leitura por estar entrando em contando com algo tão importante de um país, seu idioma.

Mesmo que o assunto principal seja a relação do personagem principal com a yamba, também conhecemos outras áreas de sua vida, como suas vivências amorosas e seu relacionamento com Désirée, mulher de caráter forte, decidida e determinada, que sempre soube se impor e aceitou Amuyaakar Ndooy do jeito que ele era, ainda que no começo não aceitasse que ele fosse mesmo um traficante, com o tempo foi acreditando e foram construindo um relacionamento com base na sinceridade, o que me surpreendeu positivamente.

Com um tom de conversa, na qual se faz um relato descrevendo situações já vivenciadas, é uma narrativa muito gostosa de se acompanhar. A leitura flui fácil e só nas últimas páginas ganha um quê de thriller policial, fazendo uso de recursos bastantes clichês do gênero, o que me irritou um pouco porque destoou do que estava sendo narrado até então, mas apesar disso, o livro não perde sua importância e sua leitura não se faz menos indicada, principalmente para quem quer conhecer um pouco mais da cultura, religião e aspectos geográficos do Senegal.

site: http://www.impressoesdemaria.com.br/2017/08/resenha-vida-em-espiral-abasse-ndione.html
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Fernando60 23/04/2017

A complicada vida de um traficante de drogas na África.
A princípio não achei que a temática ligada às drogas me interessaria muito, mas a estória de Amuyaakar Ndooy, motorista de táxi do Senegal que só pensava em passar os dias "desenvolvendo" (fumando maconha) com seus amigos, e que então decide virar "sipikat" para vender "yamba" (maconha), é bem escrita e flui com ritmo de filme.

A estória se passa no Senegal, mas poderia ser no Brasil, com todos os absurdos que só a corrupção generalizada possibilitam. Confesso que não entendo muito de literatura africana, mas achei o enredo bastante realista, com autoridades que transitam constantemente entre os dois lados da lei, dependendo de onde está o dinheiro, com muita gente com bem pouca oportunidade na vida e também um pouco de feitiçaria, misticismo etc.

Dá para traçar um paralelo com o filme "O senhor das armas", com Nicolas Cage, em razão do dinheiro fácil proporcionado pela atividade ilegal. O livro também tem algo de "Cidade de Deus", do Fernando Meireles, pela maneira como o personagem principal vai adquirindo poder à medida em que se afunda no mundo do crime. E embora a obra não deixe lição de moral para ninguém, também não se pode dizer que faz apologia ao uso das drogas. É um retrato bastante real da vida complicada e absurda de um traficante de drogas na África.

Gosto do leque amplo de autores que a Editora Rádio Londres vem publicando, e a exemplo do "Stoner" de John Williams, e de "O minotauro" de Benjamin Tammuz, posso dizer que esse "A vida em espiral" de Abasse Ndione também me surpreendeu e agradou bastante. Recomendo!
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Valério 25/10/2016

Morno
Diz-se que este é o livro mais lido do Senega. Essa informação, presente no livro, me criou grande expectativa. Até porque tenho feito leituras de autores do mundo todo, comparando estilos e descobrindo culturas.
Infelizmente, me decepcionei um pouco com esse livro.
Traz a história de uma turma de amigos senegaleses que passam os dias fumando maconha e bebendo.
Quando surge a oportunidade, se transformam em traficantes.
Daí para frente, as aventuras como traficantes são um pouco heroificadas. O personagem principal arranja a namorada "gostosa" e desejada.
Começam a ganhar muito dinheiro. E também a gastar muito dinheiro.
O resto da história é o previsível. Até demais.
Senti não apenas uma previsibilidade muito grande. Como também, nas partes onde a história não era assim tão previsível, algumas passagens um pouco sem contexto na história.
Mas há quem vá gostar. O livro é movimentado, tem ação, tem algum suspense.
Mas poderia ser mais bem escrito.
Espero encontrar outras leituras senegalesas. E ter uma visão mais ampla da literatura do país. Por enquanto, tendo a crer que este não é o melhor representante.
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Conrado 07/04/2016

A vida em espiral
Os temas abordados são polêmicos, principalmente como as drogas sobrevivem e se proliferam em sociedades corrompidas e o contraste de compreensão da religião entre gerações sobre diversos temas.

Muito interessante e tinha tudo para receber nota máxima, mas como disse Mário Quintana, ao final do livro, gostaria de pegar a dor, colocá-la dentro de um envelope e devolvê-la ao remetente. Dor de uma expectativa que veio crescente, conforme as páginas iam voando nas mãos, mas que se dissipou em desfechos simples e debilitados.
Julyana. 23/04/2016minha estante
Também esperei mais do final.




Luana Sousa 23/04/2015

A Vida em Espiral é o primeiro romance de Abasse Ndione, um autor senegalês. Abasse recebeu por este livro o Prêmio Internacional da Fundação Léopold Sédar Senghor.
O enredo gira em torno de Amuyaakar Ndooy, um motorista de táxi em dificuldades financeiras que vê a oportunidade de ganhar muito dinheiro se tornando um traficante de "yamba" (maconha) após um intensivo combate da polícia em função de um decreto proibindo o tráfico e o uso da droga no país, tornando raro encontrar os que se arriscavam na atividade de "sipikat" (vendedor de yamba).
A hipocrisia e corrupção entre aqueles que supostamente deveriam cumprir as leis e regras é visto em todo o livro, situação que não causa estranheza, afinal isso também faz parte da nossa realidade.
Narrado em primeira pessoa, a prosa tem um ritmo muito bom e apesar de não concordar com seus atos me surpreendi torcendo pelo Ndooy em muitos momentos de grande aflição.
Há um misto de religiosidade e práticas por parte de Amuyaakar, que apesar de criado conforme a doutrina do Islã, religião de sua aldeia, não se limita em suas crenças e no decorrer da narrativa consulta um curandeiro e também um adivinho. Nestes contatos são revelados alguns fatos importantes sobre seu passado e seu futuro, sendo isso um ponto marcante na estória que nos é contada. Uma questão também muito similar em nossa cultura, essa diversidade de crenças.
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"Na manhã seguinte, ao acordar, eu catei a bala no bolso do meu jeans pendurado ao pé da cama. Entrei no banheiro, enrolei um baseado, sentei-me na tampa da privada e o acendi. Eu jurara parar de desenvolver, mas é impossível manter o juramento." Pág. 295
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O que realmente não me agradou foi à relação com as drogas não ter sido tratada com maior seriedade. Confesso que apreciaria muito mais se houvesse um ato de redenção. Ao concluir a leitura foi inevitável não questionar a mensagem que o autor transmitiu através da estória de Ndooy e a sua advertência no começo da leitura. É um livro que fala de um assunto polêmico, portanto pode não ser agradável a todos.
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