Estação Atocha

Estação Atocha Ben Lerner




Resenhas - Estação Atocha


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Caio.Souza 13/01/2021

"é incrível a vida que levo aqui, e não importa se não é a minha."
Adam Gordon, protagonista desse livro, é um jovem poeta americano de classe média que se muda para Espanha após conseguir uma bolsa de estudos. O narcisista Adam é um narcisista e mentiroso compulsivo (faz isso mais para gerar simpatia do que por maldade) que se julga uma fraude. Nada de bom que acontece em sua vida, Adam acredita que acontece por ser seu mérito. De maneira que um dos grandes temas desse romance é a chamada Síndrome do Impostor vivenciada por Adam e tão comum nos dias de hoje.
A narrativa de Ben Lerner ao em que consegue divertir com o tom sarcástico, irônico e por vezes, hilariante da personagem central, consegue também nos deixar perplexos diante dos absurdos cometidos e acontecidos com Adam.
Foi uma excelente leitura e que me deixou com "pena" de terminar o livro e ao mesmo tempo com muita vontade de ler mais do autor que, além de romancista, também é poeta (e passou um tempo estudando na Espanha após conseguir uma bolsa de estudos...).
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Picón 23/05/2020

Nas lacunas do entendimento
O livro é escrito em primeira pessoa (narrador pouco confiável), pessoa essa que logo se revela hipócrita, egoísta, indolente, ciumenta e invejosa, enfim uma pessoa como todas as outras. Mas ainda assim, o personagem às vezes se enxerga como superior... Ele é tão auto-centrado que não consegue compreender, e até duvida que alguém possa se emocionar (ser arrebatado) com uma obra de arte (por vezes podemos perceber que ele até inveja essa faculdade). Por isso mesmo, o protagonista também não compreende como as suas poesias fazem tanto sucesso entre o pessoal da sua universidade. Isso desperta nele uma "síndrome do impostor", que, por sua insegurança, faz com que ele prefira habitar as lacunas do entendimento e da tradução, tanto nos seus relacionamentos e conversas, quanto nos idiomas e nas artes (no seu caso, a poesia). Um livro muito bom que suscita discussões em alguns assuntos como: arte, mundo da arte, mercado da arte, fingimento e arrebatamento na arte, tradução, linguagem... Ele é tão rico que demandaria uma resenha muito extensa (e pretensiosa) para abarcá-lo. Onde vi a resenha mais completa sobre ele foi no canal do YouTube Litera Tamy.
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Isabel 06/05/2020

Grata surpresa
Comecei a ler o livro sem muita empolgação.
O personagem principal, Adam, é um anti herói que apresenta comportamentos ambíguos e contraditórios e pode até passar por ?embusteiro?, mas me senti envolvida pela história e gostei de várias reflexões presentes no texto.
Outro ponto forte do livro é o humor que Adam nos traz, sempre relatando situações cômicas e inusitadas.
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Julia Dutra @abibliotecadebabel 03/04/2020

Sempre gratificante revisitar cidades com a ajuda de arte. Essa é a Madri vista por um intercambista estadunidense sem muitos planos ou propósitos. Estar em outro país nos permite fingir ser quem não somos ao mesmo tempo que nos descobrimos. Achei sincero e particularmente interessante.
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Felipe 18/03/2020

Estação Atocha - Ben Lerner
Estação Atocha narra a experiência de um jovem americano que vai à Espanha com pretensões acadêmico-literárias. Em meio ao uso indiscriminado de drogas, Adam continuamente questiona-se a respeito de sua autenticidade, se ele realmente tem talento para a poesia, se estava de fato construindo laços afetivos verdadeiros com os espanhóis que tinha contato, ou se tudo não passava de um simulacro para transparecer a ideia de que era um sujeito intelectualizado e não mais um americano descolado da realidade que resolve se aventurar no exterior.
Um ponto interessante do livro é o recorte feito do atentado à Estação Atocha em véspera de eleições presidenciais perpetrado pela Al Qaeda e suas implicações políticas a partir dali.
O olhar para dentro de si proposto pelo personagem ao longo do livro tem um quê de reflexão existencialista à la Roquentin, personagem de A Náusea do Sartre. A honestidade com que o protagonista de Estação Atocha trata sua insegurança facilita em grande medida a identificação com ele. Neste sentido, talvez seus anseios sejam universais.
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Dani Marques 28/02/2018

Resenha | Ben Lerner — Estação Atocha
Ano novo, leituras novas? Nãããããoooo! Leitura resquício de 2017, sim! Como devo ter algum problema, sempre fico naquela de não fechar ciclos — aka meta de leitura do Skoob, me sinto nessa obrigação de finalizar, e Estação Atocha, foi um dos dois livros que eu não consegui ler pra concluir minhas escolhas de 2017.

Bom, eu estava bem ansiosa pela leitura desse livro quando comprei, não demorou muito ganhei um outro exemplar de uma amiga muito querida. Com dois exemplares nas mãos eu não tinha mais como fugir dessa leitura. Já tinha visto algumas recomendações, a que mais me chamou a tenção foi a da Gisele(clica aí no nome dela e acessa o canal), e como gosto das recomendações dela, me senti apetecida a lê-lo.

Primeiramente, Estação Atocha, lançado em 2011, é o primeiro romance do Ben Lerner, esse que nasceu no Kansas, mas que assim como protagonista do livro, morou por um tempo na Espanha, e o título do livro faz alusão à estação ferrroviária de Madri que sofreu ataque terroristas em 2004. Ele já foi muito aclamado pela crítica, tanto que já compararam esse livro ao primeiro livro de Hemingway.

Na história temos Adam, um poeta que ganha uma bolsa de estudos pra morar na Espanha, lá ele vai ter que escrever alguns poemas históricos sobre a Guerra Civil espanhola. Mas o que temos é um Adam indiferente ao ambiente que vive: vive fumando haxixe (algumas vezes maconha), bebendo, tomando seus ansiolíticos, e pouco se dá ao trabalho de aprender espanhol (evento que vai lhe causar algumas situações constrangedoras). Por vezes ele se questiona se é mesmo um poeta, e se mostra bem inseguro nisso, inclusive nas relações amorosas que se envolve, geralmente baseada em mentiras. Ele nunca mostra quem de fato é, se considera uma farsa, e o ápice disso é dizer que a mãe está morta, e que seu pai é um tirano fascista (ele mesmo se pergunta o motivo de ter feito isso, e torce para que a mentira sobre a mãe morta não se torne verdade, já que ambos são pessoas maravilhosas).

Mesmo quando ocorre o atentado à Estação Atocha, na véspera das eleições, Adam mostra o quão indiferente é. Veja o trecho:

“Enquanto a Espanha votava, eu checava meus e-mails.”

O livro, ao meu ver, é uma crítica a essa pós-modernidade, onde estamos anestesiados, e cada vez mais nos tornamos indiferentes e com dificuldades de nos aprofundarmos em algo. Confesso que por vezes a leitura foi enfadonha, mas o mérito de Ben Lerner é esse: criar um anti-herói que desperte em nós sentimentos ruins a respeito dele. Fora isso, temos algumas críticas ao governo Bush às invasões no Oriente Médio.

Não é um livro de leitura fácil, ele é rico em questionamentos, referências a obras de arte, e literatura — Adam lia muito Tolstói, mas vale pelas idéias que surgem a cerca do nosso viver atual, nos fazendo levantar hipóteses a respeito do homem pós-moderno.

site: https://180graus.com/balaio-cultural/resenha-ben-lerner-estacao-atocha-dani-marques
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Galáxia de Ideias 02/09/2017

Estação Atocha é outro livro da Rádio Londres sobre o qual é difícil falar e mais complicado ainda achar um gênero onde encaixar. Posso começar admirando a pequena e adorável edição feita pela editora. A capa é bem bonita apesar de meio nada a ver com a história, ou talvez esse seja o propósito, considerando como o livro anda. A revisão está impecável e a fonte é muito boa para leitura. Além de algumas fotos de obras e pessoas reais que aumentam a realidade narrativa da obra.


Mas nem isso impede o ritmo do livro de ser às vezes um pouco tenso, considerando a narração feita em “fluxo de consciência” e os parágrafos graúdos. Em cinco capítulos bem grandes, temos o ponto de vista do americano Adam, ou Adán, como os amigos espanhóis o chamam. O rapaz, na casa dos vinte e muitos anos, está morando na Espanha com o intuito de completar um projeto de pesquisa. Porém, ele é bastante displicente quanto ao trabalho. Prefere passar seus dias lendo, fumando haxixe, tomando tranquilizantes, visitando museus ou tentando fazer amigos em uma terra que desconhece quase totalmente, tanto cultura quanto idioma, o qual ainda não domina embora forme frases para pelo menos uma conversa básica.

Nesse ínterim, conhece Isabel, que viria a ser sua namorada e os irmãos Teresa e Arturo. Ela, uma jovem rica e relativamente famosa no mundo literário, ele, um rapaz gay que de cara faz amizade com Adam.



Esses três personagens vêm a ser muito importantes na progressão da trama, onde o nosso poeta americano vai tentando tocar a vida enquanto está na Espanha e aí que comento, sem entrar no terreno dos spoilers, pelo menos dois assuntos principais que o autor discute enquanto a história progride...

O significado da arte nos dias de hoje – No primeiro dos cinco capítulos da história, o narrador comenta que nunca foi capaz de sentir uma real experiência artística e diz não entender como alguém diz que sua vida mudou após ver um poema ou música. Considerando a minha mais recente experiência com a biografia do Mauricio de Sousa, discordo muito do personagem. Se vocês leram meu post anterior onde selecionei várias quotes da mesma, devem se lembrar de uma delas: onde o Mauricio, muito sabiamente, diz que podemos ver uma tempestade estando calmos, preocupados ou desesperados que ela vai continuar forte do mesmo jeito.

"À exceção dos diálogos mais elementares, me passa isso ou me passa aquilo, que horas são e assim por diante, nossas conversas em grande parte se resumiam a gestos meus na direção de algo que eu não conseguia expressar, para depois tentar descobrir o que ela havia adivinhado e, sempre por meio de gestos, responder." Pag. 56

Dizendo um pouco mais, posso garantir a vocês uma coisa: pode ser que alguma coisa, seja o que ela for, não mude a sua vida, mas muda a do outro. Por menos propósito que alguma coisa pareça ter para você, pode significar tudo para o outro. Portanto, gente, antes de desmerecerem o gosto do outro, pensem em como o outro se sente. Discorde sim, mas seja respeitoso, não faça pouco da outra pessoa. Adam até é respeitoso embora ele às vezes pise na bola, o que é bem normal considerando que ele é, sendo um ser humano, cheio de falhas e com tendências a errar demais.

Até que ponto fingimos quem somos e o quanto o outro nota suas mentiras? – Desde o começo da história, Adam sente uma necessidade frenética de se enturmar, mas ao mesmo tempo ele parece odiar isso embora ele seja bem narcisista e às vezes se ache demais. Aqui, eu entro numa outra situação sobre a qual o autor nos faz refletir: até que ponto conseguimos ser realmente nós mesmos? Em um mundo cuja sociedade é cheia de padrões e com forte má vontade por aquilo que é diferente, é uma tarefa difícil, mas, é assim, pelo menos penso eu, que iremos encontrar nossa felicidade. Porque ser feliz não é simplesmente não ter problemas, é ser capaz de viver sem depender da opinião alheia, fazendo aquilo que realmente se gosta e estando com quem realmente amamos. No livro tem pelo menos alguns muitos exemplos de como se finge para parecer “cool” e de gente que simplesmente quer ver o circo pegando fogo.

No livro, Adam faz amigos e genuinamente quer se enturmar com estes. Porém, ele inventa uma mentira muito cabeluda para “comover” as pessoas à sua volta e despertar algo verdadeiro nelas com relação a ele. Aí é que o autor entra na seguinte questão: estamos perdendo a capacidade de sentir empatia pelo próximo? Porque quando a história é descoberta, as pessoas não parecem dar a devida importância. Ou porque entendem a angústia dele ou não estão nem aí. Adam tenta deixar clara a situação, mas a verdade é apenas uma: nesse ponto ele não é um narrador totalmente confiável embora seja muito fácil se identificar com a situação. Afinal, qual de nós nunca tentou fazer “jogo de adivinhação” quando se tratou do que as pessoas à nossa volta realmente estão pensando ou sentindo?



O título da obra, por sua vez, referencia uma estação que realmente existe em Madri e onde ocorreu um atentado terrorista em 2012. Que é o ponto de partida para o final da narrativa, mas, o que acontece a partir disso e desde que parte, não posso contar porque é spoiler. Garanto, entretanto, que a leitura valerá a pena se você tiver paciência e estiver disposto a refletir. Razão pela qual dei cinco estrelas.

Assim como o outro livro da Rádio Londres que li, Viva a música!, recomendo para quem estiver disposto a sair da zona de conforto e ler algo bem diferente do habitual.


*Resenha postada originalmente no blog Rillismo

site: http://www.rillismo.com/2017/08/resenha-estacao-atocha-por-ben-lerner.html
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AmadosLivros 15/08/2017

Adam Gordon é estudioso de literatura e poeta. Adam Gordon recebe uma bolsa de estudos para passar um ano em Madri estudando literatura e a Guerra Civil espanhola e escrevendo poesias. Até aí, Adam Gordon poderia ser apenas mais um personagem de um romance de formação que mostra a aquisição de valores por um outsider em um país estranho. Mas o protagonista de "Estação Atocha", do autor Ben Lerner, está longe de ser esse certinho (e chato) escritor em formação. Isso porque Adam Gordon é um cara preguiçoso, inseguro e passivo, que passa seus dias passeando, dormindo e se drogando, e "escrevendo" poesias através de colagens de textos consagrados, mudando uma palavra aqui e outra ali.


Não, não revire os olhos. "Estação Atocha" é um livro divertidíssimo, embasado em um personagem fascinante e multi-facetado, que fica ainda mais interessante pela narração em primeira pessoa, cheia de auto-avaliação e sinceridade. O rapaz admite, por exemplo (até com certo orgulho), saber pouco ou quase nada de espanhol, o que o coloca em situações que beiram o absurdo, como quando acaba levando um soco no rosto por rir de uma história supostamente engraçada contada por outra personagem, mas que aparentemente era um caso tristíssimo.

No fim das contas, Adam é um anti-herói que desperta a simpatia de maneira quase involuntária. Ele é aquele cara que faz tudo pra se mostrar uma pessoa melhor do que realmente é (ou pelo menos acha que seja), e no processo acaba metendo os pés pelas mãos. No desespero de obter simpatia de quem está ao redor, chega a inventar histórias com uma mãe doente e um pai controlador, quando na verdade tem pais saudáveis e bondosos. Em outro momento, provoca em si mesmo um ferimento, apenas com o intuito de despertar um sentimento de piedade. Esses artifícios do personagem, longe de serem simples desonestidades, revelam um sujeito inseguro e em busca de aceitação. Talvez por isso mesmo seja tão difícil odiar Adam. Afinal, ele carrega um pouco daquilo que cada um de nós temos.

"Estação Atocha" é um livro bem diferente do que estamos acostumados a ler. Suas páginas conseguem arrancar gargalhadas e reflexões, quase alternadamente. Profundo sem ser enfadonho, é daquelas obras que a gente quer reler quase que imediatamente, em busca de nuances e de reencontrar personagens que, afinal, são tão parecidos com nós mesmos. E isso, meus amigos, não é pouca coisa!


site: http://amadoslivros.blogspot.com.br/2016/08/livro-estacao-atocha.html
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Ste (@stebookaholic) 14/07/2017

Cotidiano de um projeto de poeta louco que nos faz refletir
"Muitas pessoas, eu acreditava, usavam drogas desse tipo para se dissociar da própria experiência, mas como, desde criança, já me sentia dissociado da minha experiência, eu me drogava para tirar máximo proveito dessa condição preexistente e, portanto, no meu caso, ela resultava numa presença intensificada, embora vivida a uma distância de mim mesmo que era a minha distância habitual."

Vamos falar sobre mais um livro incrível da Editora Radio Londres?!
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Em "Estação Atocha", o autor nos apresenta Adam Gordon, um estudante americano que ganha uma bolsa de estudos para um projeto de pesquisa em Madri.
Adam é o nosso narrador e nos conta como é seu cotidiano, envolvimentos amorosos, suas relações pessoais, sua relação com a poesia e a arte.
Apesar de ter tudo para ser um jovem brilhante, Adam é uma fraude, inseguro, egoísta, mentiroso, desequilibrado, além de viciado em café, haxixe e remédios controlados.
O cara é doido! Haha... Mas tem um charme...
Em sua estadia na Espanha, por falar um espanhol limitado, ele acaba entrando num emaranhado de mentiras, e conforme o espanhol dele fica mais apurado, o medo de ser descoberto, surge, levando-o a ingerir mais calmantes, num ciclo vicioso.
No início da narrativa, senti dificuldades em me conectar com a história, mas aos poucos fui entrando no ritmo de vida frenético e louco de Adam, com momentos divertidos e até emocionantes. Teve momentos em que queria xingá-lo e em outros sentia pena dele.
Apesar, de apenas 220 páginas, Estação Atocha não é um romance simples, ele meche com as emoções, nos faz refletir sobre nós e o mundo a nossa volta e tira o leitor da zona de conforto!

Recomendo!!!

site: https://www.instagram.com/stebookaholic
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Monalisa (Literasutra) 06/01/2016

Dândi norte-americano em Madri
Viciado em antidepressivos, o poeta americano Adam Gordon aproveita sua estadia em Madri, financiada por uma bolsa de estudos para seu projeto de pesquisa que, por depender de sua vontade própria, não avança. Assim começa “Estação Atocha”, romance de estreia do também poeta e também americano Ben Lerner.

Valendo-se de uma narrativa aparentemente horizontal, típica de um personagem dândi, o livro acerta em cheio ao brincar com alguns clichês do mundo artístico e abordar questões como a autenticidade das reações de um observador em relação a uma obra de arte. Ao contrário de todos ao seu redor, para Adam uma ida ao museu é um passeio sem emoção, sem catarse, ele não consegue ser tocado por uma obra de arte. A fim de não parecer estranho, de continuar “pertencendo ao grupo”, ele adota uma saída: Finge reações, um ator da vida real – e que ator talentoso ele se revela!

“(…) com apreensão, me dei conta de que ela esperava me encontrar mexido, muito comovido e que era assim mesmo que eu tinha que me mostrar a ela (…). Virei-me para a cerca, lambi as pontas dos dedos e passei cuspe debaixo dos olhos para parecer que eu tinha chorado”.

# Clique no link abaixo, leia a resenha completa e participe de sorteios no blog Literasutra! :)

site: http://literasutra.com/2015/08/25/estacao-atocha-ben-lerner/
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Julyana. 20/08/2015

Num lugarzinho bacana sobre literatura que eu acompanho alhures, outro dia um amigo comentou sobre 'a lista do Shields' ("David Shields fez uma lista de obras "limítrofes", atentas ao Zeitgeist"). E lá no meio da lista, que é enorme, estava Estação Atocha. E é isso, Ben Lerner escreve sobre os nossos dias com imensa propriedade.
Ana 21/08/2015minha estante
é? diazinhos mais sem graça, heim? rs
até gostei do estação atocha, mas passou longe de me fazer dizer "ohhh, que livro!"
:)


Daniel 21/08/2015minha estante
Concordo com vc Ana. Acho que fui esperando muito...


Julyana. 23/08/2015minha estante
:))




Paula 06/08/2015

Acho que eu teria gostado mais do livro se o tivesse lido em outro momento...


site: http://pipanaosabevoar.blogspot.com.br/2015/08/estacao-atocha.html
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Ladyce 19/07/2015

Assim é se lhe parece
Sem citar Assim é se lhe parece,de Pirandello, Ben Lerner evoca a trama teatral do autor italiano em Estação Atocha, quando tudo à nossa volta pode ou não ser o que parece. Nesse livro seguimos as aventuras de um possível poeta americano [será que ele é mesmo um poeta?] se embrenhando nas complicações da vida na Espanha, onde reside graças a uma bolsa de estudos, para a qual havia inventado um tema de pesquisa que não tinha intenção de levar avante. Esse não é o único logro da história, nem o primeiro, mas um de uma série de desonestidades, cometidas por todos os personagens num desfilar de pequenas fraudes sem fim.

Aventuras de viagem não são tema raro na literatura, nem recorrentes dúvidas de uma pessoa criativa sobre sua própria criatividade. Tampouco é novidade a sensação de se andar em pantanal, de afundamento a qualquer momento, quando usamos uma língua que não dominamos. Mas todo o resto dessa narrativa é diferente nesse pequeno romance. Porque estamos diante de um manifesto sobre as incongruências da nossa percepção, da percepção dos outros e como exploramos a maleabilidade e a diversidade de pontos de vista, das muitas possíveis verdades, para nosso próprio benefício. As referências às artes plásticas, o sentar e observar um quadro por horas até que saia de foco, são claros indicadores dessa preocupação do autor, senão, qual seria a razão de termos algumas fotografias ilustrando um romance? Ben Lerner mostra que somos todos poliedros. Que temos muitas faces. Que face nossa mostramos ao mundo? Vai depender da nossa vontade. Vai depender da nossa audiência. Que face nossa o mundo vê? Também vai depender de como eles querem nos perceber. Por que não ajustar a história pessoal, a narrativa de vida, de acordo com cada situação? É justamente nessa linha entre o que se acredita ser verdadeiro e o que poderia ser, entre as diversas opções de realidade, entre os mitos que criamos a nosso respeito, nossa história pessoal, que trafega o personagem principal, numa viagem mercurial, entrando e saindo do submundo dos sonhos ao mundo da realidade, tudo incrementado pela névoa perpétua que domina sua mente permanentemente drogada.

Ben Lerner não poderia ter levado o romance ao fim não fosse sua intrigante e sedutora voz narrativa: uma combinação de Virginia Woolf e monólogos humorísticos como os recitados na comédia em pé. Por vezes cômico, outras mais filosófico, o texto faz uma afinadíssima crítica aos intelectuais, aos poetas, aos apreciadores das obras de arte, aos demonstradores políticos profissionais, todos encontrados em qualquer grande cidade do mundo, em qualquer Meca da cultura. A fina ironia aparece autodirecionala e simultaneamente reveladora como crítica de costumes.

A narrativa é feita pelos olhos do jovem poeta americano Adam Gordon em busca de experiências novas. Seus poemas usam o pastiche de poemas de outros poetas. Larápio de palavras que traduz, modifica e reusa; punguista de idéias, usa as reticências do silêncio para ser percebido como profundo pensador. Questiona-se sempre sobre sua fraude. E não perde a habilidade de perceber, ou de questionar a possível desonestidade dos outros. E assim, mais cedo ou mais tarde, aprende que o comunista filho de pais ricos que vai à Estação Atocha demonstrar às vésperas da eleição, não vota no partido comunista, com a desculpa de que quer que as coisas fiquem ainda piores. Recebe um email de fundação que o financia, agradecendo sua participação em um debate, cujo convite não havia aceitado. Quando sugere que quadros em uma galeria sejam cobertos em pano preto em sinal de luto pelos mortos em um atentado terrorista, observa que os visitantes da galeria, olham para os quadros cobertos com grande intensidade,encontrando neles significado além do intencionado. Em todo canto, a toda hora, não só o nosso poeta anti-herói engana a si mesmo e a outros, mas também percebe a trapaça ou burla dos outros. Este é um romance divertido, com grande voz narrativa, que leva a uma ponderação sobre temas psicológicos e de comportamento social com a leveza do humor. Recomendo.
Nanci 19/07/2015minha estante
Bom saber sua opinião, Ladyce. Já comprei, depois de ter lido e gostado de 2 outros da Rádio Londres: Stoner e Minotauro.


Ladyce 19/07/2015minha estante
Nanci, acabei de comprar o Minotauro justamente por essa razão. Gostei de Stoner e de Estação Atocha. Mas estranhamente não me encantei com a premissa do livro de um colombiano pela mesma editora. E não comprei. Este ano tem sido um ano difícil de leituras para mim. Estava comentando com um amigo que ando irritada e desisto facilmente de tudo que me cai às mãos. Parte deve ser o meu momento psicológico. Mas talvez tenha algo a ver com as minhas escolhas para leitura. Obrigada pelo comentário.




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