spoiler visualizarPhilippe.Trindade 27/01/2024
Jorge Amado sendo Jorge Amado
Na minha opinião, aqui começa Jorge Amado. O livro conta a história de José Cordeiro, o Sergipano, que era rico filho de industrial e que, com a morte prematura do pai, viu a sua sorte e de sua mãe irem embora pelas mãos do tio. Ele então vai para Ilhéus tentar a sorte nos cacaueiros e lá conhece diversos personagens que o seguem o longo do livro, como Honório, que era mais esclarecido e outros personagens que retratam a mão-de-obra sem acesso à educação das roças do começo do século passado.
O plot do livro é a briga dos trabalhadores contra os senhores do cacau, neste livro representado por Mané Frajelo. No final, ele tem um romance curto com a filha do patrão, Mária, que era a representação do capitalismo. Mas escolhe ir para o Rio de Janeiro de onde viu falar da "luta de classes". O livro termina bem legal com ele "reproduzindo" cartas dos trabalhadores da roça.
Alguns trechos:
"Será um romance proletário?" pg. 3
"atravessava-se uma “pinguela” sobre um ribeiro e chegava-se à vila “🤬 #$%!& com Bunda”, moradia de quase todos os operários. Um grande retângulo, no qual os fundos das casas se encontravam. Daí o nome pitoresco que lhe haviam posto." pg. 13
"“Santa Bárbara livrai-nos de trovoadas, pestes e mordeduras de cobras. Livrainos dos espíritos maus,. dos lobisomens e das mulas-sem-cabeças. Fazei com que meu marido tenha saldo pr’a gente poder ir embora p’o Piauí ou pelo menos ir à Bahia ver o Santo Jubiabá, filho de Orixá-lá, Nosso Senhor. Eu quero que meu marido fique bom, senão a gente morre de fome, minha Santa Bárbara. Livrai meu irmão Júlio daquela peste da Sinhá, que leva todo saldo dele. Protegei a nossa casa contra o espírito do caboclo Curisco, que anda armando barulho. Amém.” pg. 72
"Esses é que são felizes. Não pensam." pg. 75
"Foi numa dessas carreiras que um garoto bateu num cacaueiro e derrubou um fruto verde. O coronel, que olhava da varanda, voou em cima do menino, que ante o tamanho do seu crime parara boquiaberto. Mané Frajelo suspendeu o criminoso pelas orelhas: – Você pensa que isso aqui é de seu pai, seu cometa? Comem e só fazem destruir as plantações, gente desgraçada. Uma tábua de caixão, abandonada perto, serviu de chicote. O garoto berrava. Depois, dois pontapés. Colodino fechava os olhos e cerrava os punhos. Mas ficávamos todos parados, sem um gesto. Era o coronel quem batia e demais o castigado derrubara um coco de cacau. De cacau... Maldito cacau..." pg. 78
"– Onde vai você, sinhá Rita?
– Mijá, que já tou que não me agüento.
– Tome tento que tem cabra oiando.
– Vê coisa bonita, garanto." pg. 100
"Antonieta teve uma única frase, um comentário, uma definição, que é a melhor pasquinada que eu ouvi até hoje: – Aquele Osório... aquilo é resto de cristel que 🤬 #$%!& enjeita..." pg. 114
"O amor pela minha classe, pelos trabalhadores e operários, amor humano e grande, mataria o amor mesquinho pela filha do patrão. Eu pensava assim e com razão." pg. 128