Azazel

Azazel Youssef Ziedan




Resenhas - Azazel


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Helder 06/12/2022

Uma aula sobre a história do Cristianismo
Volta ao Mundo: Egito. Há tempos tinha escolhido este livro para ler na semana do Egito no meu projeto de Volta ao Mundo e fiquei feliz quando encontrei um exemplar baratinho na última bienal de SP, porém quando comecei a lê-lo tive sérios problemas com o conteudo , pensando até em desistir.
Azazel é narrado por um monge, e até uns 20 % da leitura eu me senti como se o protagonista estivesse lendo a Bíblia para mim e tentando me converter, algo que eu detesto e me afasta de qualquer leitura.
Mas como diria nosso monge cristão Hipa, eu perseverei e estou aqui para dizer o quanto isso foi bom, pois, no fim, este livro me trouxe uma aula sobre a história da igreja católica que me parece já ter sido até esquecida, e isso tornou a leitura muito especial.
Hipa é um monge que está nos escrevendo um relato sobre acontecimentos de sua vida e para isso ele conta com a ajuda de Azazel, que na verdade é só mais um nomezinho técnico para nosso velho conhecido Satanás.
De acordo com o livro, foram achados pergaminhos datados de mais ou menos 400 D.C onde um monge narrava alguns fatos importantes de sua vida e que perpassam a história daquele período.
Hipa nasceu no Egito em um local com seu nome. Depois de alguns problemas com seus pais, ele decide ir a Alexandria em busca de iluminação espiritual. Ali é acolhido por um mosteiro, mas sendo sempre tentado por Azazel, acaba conhecendo uma mulher que lhe mostra o caminho do sexo. Esta é somente uma das vezes que ele passa a duvidar de suas crenças.
Com o tempo ele conhece uma mulher chamada Hipatia, uma personagem real, filosofa, que acusada de ser contra a religião católica, é morta em praça publica pelos cristãos devotos ao bispo Cirilo da Alexandria, que apoia o acontecido em nome da igreja católica.
E foi neste ponto que, para mim, a obra tornou-se mais interessante, pois Hipa passa a se perguntar qual o preço a ser pago para ser sempre bem-visto por Deus como um bom cristão.
Desiludido com a igreja de Alexandria, ele foge dali e segue em sua viagem em busca de iluminação e devido a seus conhecimentos de livros e medicina, é aceito em um outro mosteiro, onde consegue montar uma biblioteca, passa a trabalhar como médico e conhece Nestório, um religioso que se torna um grande amigo e que no futuro acaba se tornando o Bispo de Constantinopla.
Aparentemente, Hipa acredita que encontrou o que procurava, e poderá seguir devoto a sua igreja, mas a vida não é assim tão simples e logo entrara em seu caminho Martha , uma linda mulher que passa a morar ao lado do mosteiro, trazendo novas dúvidas para nosso herói e desta vez bastante torcida para o leitor.
Porém, maior ainda que estas dúvidas, em paralelo ao relacionamento que vai surgindo entre o casal, inicia-se uma grande cisão entre a igreja católica em torno do papel da Virgem Maria, trazendo uma discussão muito interessante, baseada em acontecimentos reais que eu nunca tinha ouvido falar.
Com esta guerra cindindo a igreja católica, Youssef Zidan dá uma aula de história das religiões, trazendo diversas informações interessantíssimas e tornando esta leitura extremamente envolvente e uma boa surpresa.

Logo temos Hipa precisando se decidir entre largar a vida eclesiástica e dedicar-se ao amor de uma mulher ou seguir na vida eclesiástica, porém sem saber em qual realidade acreditar.
Ao pesquisar mais sobre a obra na internet, soube inclusive que este livro foi um best seller no Egito, ganhando prêmios, mas que também foi acusado de blasfemo pela igreja copta do Egito, uma dissidência da igreja católica gerada exatamente pela diferença de pontos de vista entre Cirilo, que acreditava que Maria gerou Jesus já santo, portanto era a mãe de Deus, contra Nestório que acreditava que Maria gerou somente um homem comum , que com o tempo recebeu o Espirito Santo tornando-se um Deus.
Para mim, uma diferença semântica. Para a igreja católica, o motivo de milhares de mortes e lutas que seguem desde aquele a época até o nosso século XXI.
Só por me trazer toda esta história, posso dizer que esta leitura valeu muito para mim e recomendo para quem busca adquirir novas culturas.

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Leandro Matos 30/06/2015

Azazel | Entre o sagrado e o profano
Envolvente e elegante, Azazel do egípcio Youssef Ziedan é um romance histórico sobre um monge e sua jornada (espiritual e) pessoal de autoconhecimento.

Hipa é um médico-monge do século V, que peregrina pelo árido e severo deserto do antigo Egito, indo de Alexandria até a Síria, durante o período em que os alicerces do Cristianismo estão sendo construídos. O fanatismo, a violência e a corrupção forma a argamassa para esses pilares que vão sendo gradativamente inseridos na cultura politeísta do continente asiático

De localidade em localidade, o monge segue sua busca por entendimento do mundo natural e mais ainda pelo que está fora do tecido da realidade e nesse contexto, logo nas primeiras dezenas de páginas, como se fosse uma discussão com seu alter ego, ou com sua consciência, a narrativa nos introduz a Azazel. Responsável pelas incitações e provocações do terreno e do carnal para com o monge, o demônio conduz direta e indiretamente Hipa aos desvios que farão com que sua integridade e retidão sejam postos em prova.

Seja no prazer do primeiro sexo ou na admiração e amizade com alguns personagens que Hipa per faz no decorrer do livro, o que fica implícito na narrativa é que a tentação pode assumir várias formas. Hipa é um personagem multifacetado. A profundidade e desenvolvimento desse personagem só ascende por conta da dualidade dele para com o demônio, que se faz quase como um confidente.

Publicado originalmente em 2009, o romance foi recebido em meio a elogios e críticas. Vencedor do Prêmio Internacional de Ficção Árabe, seu conteúdo não agradou a comunidade copta do Egito que o boicotou e protocolaram uma ação contra o autor por considerá-lo um insulto a religião e os princípios dessa crença. Muitas vezes Youssef deixa Azazel quase didático ao tratar sobre determinadas passagens da história do Cristianismo. Existe um embate sutil nas páginas do titulo com relação a natureza do Cristo da Fé com o Cristo Histórico.

A prosa hábil e fluente de Youssef está mais que evidenciada nas mais 380 de páginas do título. Tamanho é o envolvimento propiciado pela leitura, que é fácil esquecer que estamos lendo um romance. O autor se apropria de características essenciais de uma boa história para dar vida a narrativa, mais precisamente a voz de Hipa é o meio condutor do enredo conciso. Ao trilhar esse caminho, o autor registra o romance com uma marca própria, uma autenticidade tanto narrativa, quanto factual.

A história universal de um homem e sua tentação, seja na forma que for, ganha novos ares pela perspectiva singular de Youssef. Entre princípios e tentações Hipa segue se questionando sobre sua busca.

Como homem é falho, como monge Hipa sustenta a imagem de um hábito pleno, mas como homem que é sabe que a carne é fraca e a mente é forte.



site: http://nerdpride.com.br/azazel
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Laurinha. 09/06/2023

Já havia começado e lido uma parte do final mas tinha deixado para depois e agora li inteiro.
Fiz um sortei para saber qual seria o da vez e gostei da história e escrita. Não achei um livro pesado, estava preocupada com isso por ter muita coisa na cabeça no momento.
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