Renato 15/10/2016Quando uma autora sabe como conduzir uma história...“Pequenas Grandes Mentiras” é daqueles livros que você não sabe o que esperar exatamente... até ler o primeiro capítulo. Quando uma autora é f... (desculpem-me, rsrs), você percebe logo de cara. “Liane Moriarty” conseguiu pegar assuntos que teoricamente trariam um tom melodramático à obra e jogou um suspense psicológico que ficou impossível parar de ler.
Mais uma vez não posso dizer muito da sinopse porque esse é daqueles livros onde o leitor vai “montando” o quebra-cabeça capítulo após capítulo. O que precisamos saber é que, de acordo com o tempo presente, alguém morreu na história, porque alguns moradores do bairro onde algo aconteceu (não sabemos o que foi) estão sendo entrevistados com o intuito de que o suspeito seja identificado. Assim, o enredo começa revezando o tempo atual com seis meses antes de tudo ter acontecido, e a partir disso as linhas temporais vão se aproximando até se encontrarem.
Olha, sinceramente eu não esperava uma qualidade tão grande na escrita dessa autora. Eu sabia que podia curtir esse livro, mas não esperava que fosse assim. A forma como Liane conduziu a história foi realmente digna de aplausos. Sem dúvida a coloca entre as melhores, num alto patamar. Moriarty apostou em capítulos curtos (o que eu gosto bastante) e em três protagonistas bastante interessantes (Madeline, Celeste e Jane), com destaque para a carismática Madeline, para tratar de bons assuntos, como o bullying e a violência doméstica, isso tudo em um cenário de suspense psicológico que deixa o leitor vidrado do início ao fim.
Veja bem, acho digno e muito importante tratar de temas como esses citados, mas para conseguir que alguém compre a sua história e se sinta intrigado a acompanhar onde tudo vai parar é preciso certo grau de habilidade. Liane não deixou o livro em um tom melodramático e ainda assim nos colocou para refletir.
O que também preciso destacar neste livro são as falas dos personagens na entrevista do tempo presente, como se estivessem lendo o livro junto com a gente e fazendo comentários sobre as cenas vivenciadas por eles durante os seis meses de história. Chega a ser cômico em alguns momentos como as fofocas aconteceram no local. Um viu uma coisa, outro viu outra, na verdade aconteceu outra coisa e assim vamos observando as contradições de cada um. Fora que esses diálogos ao final de cada capítulo nos deixavam sempre mais intrigados a descobrir o que tinha acontecido, ainda mais porque pelo menos dez principais personagens não estavam nessas entrevistas, ficando claro que um deles que morreu.
Impressionante como a autora conseguiu camuflar muito bem do que os investigados estão falando. Mesmo dando uma informação aqui e ali, não temos indícios de como foi o crime. Confesso que eu cheguei a decifrar uma peça na metade do livro, mas Liane Moriarty posteriormente desenvolveu a história como se minha ideia não fosse possível e eu a descartei imediatamente, depois disso nem cheguei a cogitar que tinha adivinhado uma das surpresas do final. Mas é claro que tinha mais, nunca consigo descobrir tudo, assim que gosto, rsrs.
A forma como tudo se desenvolveu e como cada detalhe foi pensado e encaixado até o surpreendente final fez com que este livro entrasse para um dos meus favoritos de 2016. Foi perfeito, mesmo! Suspense psicológico de alto nível. Recomendo!