Alberto 26/12/2021Miscelânea de recursos narrativos para desvendar poeticamente o cotidiano trivial.Difícil de classificar, o que é elogio na minha opinião, mas provavelmente essa ideia não é majoritária. Não é romance, nem conto, nem crônica, nem poesia, nem diário, nem epístola, mas é um pouco tudo isso. Há poemas, há pequenas crônicas, há trechos que parecem escrita automática, um tanto surreais. É uma grande mistura de estilos. De comum os textos trazem vislumbres da vida de uma jovem intelectual urbana dos anos 1970-80 que tem uma acuidade muito forte para enxergar os aspectos poéticos do trivial, ou descrever o trivial de modo poético, desvendando facetas ricas de significado nos incidentes banais. Ana C. escreve bem, tem domínio da técnica, embora haja textos mais impressionantes e outros nem tanto. Tiram-se algumas passagens boas de copiar e colecionar, para quem gosta disso. O epílogo é bem bom, bem melhor que o conjunto, mas não faz sentido se não lemos o texto todo.