Alif, O Invisível

Alif, O Invisível G. Willow Wilson




Resenhas - Alif, O Invisível


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Leandro Matos 13/06/2015

Alif – O Invisível| Entre bytes e djinns
Fugindo do óbvio e das redundâncias de enredo, que estão cada vez mais frequentes nos romances juvenis/fantásticos/distópicos da atualidade, Alif – O Invisível é um romance que traz uma proposta original ao misturar o fantástico com a tradição islâmica em paralelo com o frenético submundo digital.

Garanto, será uma excelente leitura.

Com uma narrativa ágil e inteligente, a jornalista G. Willow Wilson é hábil em construir uma narrativa instigante, sobre um jovem hacker que presta serviços a clientes exclusos, que buscam proteção e sigilo na rede mundial de computadores. São pornógrafos, blogueiros, comunistas, hacker ativistas, dentre outros, que ousam levantar a voz contra o controle e a opressora censura do Estado.

Vivendo na oscilação da adolescência, Alif é retirado da sua zona de conforto quando Intisar, sua namorada aristocrata lhe entrega o Alf Yeom: Os mil e um dias, uma subversão do 1001 Noites, um livro envolto em mistérios, que traz em sua origem uma seita que buscava invocar demônios para obter segredos do sobrenatural. Sabendo da existência e localização real do livro, o governo árabe intensifica a busca do que é produzido na rede e investe em um ataque cibernético, onde Alif é só um dos alvos.

Caçado pela “Mão de Deus” e contando com a ajuda do Vampiro-Rei Vikram, o jovem hacker segue sua jornada que vale sua vida e lhe proporciona entender e vivenciar de forma plena, o real e o fantástico nas vielas e becos do “Bairro Antigo”, um local onde é tênue a linha do místico e do tangível. Onde palavras tem poder e amizades ainda podem ser verdadeiras.

Confuso? A primeira vista pode até ser, afinal são vários os conceitos e temas abordados no romance, mas a tarefa de fazer disso uma historia fluída e envolvente foi concluída. Dos costumes do Islamismo a Primavera Árabe (onda de ataques e manifestações iniciadas em 2010, que até hoje ainda ocorrem no Oriente Médio buscando liberdade de expressão dentro e fora do mundo cibernético) fazem do titulo um exemplo claro, de que uma boa história, não necessariamente precisa se tornar uma trilogia.

A desenvoltura do enredo em Alif é exercício adquirido de Wilson com outro veículo de cultura. A autora norte-americana (e já convertida ao islamismo) também é roteirista de quadrinhos, já escreveu algumas HQs independentes e também para a Vertigo, selo da DC Comics. Atualmente, roteiriza a revista mensal da Capitã Marvel e foi criadora de Kamala Khan, a primeira heroína muçulmana da “Casa das Ideias”. Alif é a soma de todas essas experiências e o resultado veio em 2013, quando o seu romance de estreia como escritora levava o World Fantasy Award e figurava na lista dos mais vendidos do The New York Times.

Alif é um livro que flerta com o espiritual e o tecnológico, com o mono e o politeísmo, com castas e com djins. Um livro que nos impõe uma leitura ávida e plenamente compensadora. Um passeio por uma cultura que para nós ocidentais pode parecer distante e diferente, mas que está ali, em páginas e em bytes aguardando apenas sua curiosidade de desvendá-la.

Salaam Aleikum

site: http://nerdpride.com.br/alif/
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Renata (@renatac.arruda) 18/06/2015

Pecando pelo excesso
É instigante se deparar com um livro de fantasia voltado para jovens que mistura tecnologia, mitologia oriental, religião islâmica e política escrito por uma premiada autora de quadrinhos americana, já que se são poucas as escritoras de fantasia que ganham notoriedade, menos ainda é a oferta de livros escritos por mulheres que fogem do senso comum ocidental em uma trama que se passa no Golfo Pérsico e trata de islamismo. E não pense que G. Willow Wilson o faz em nome de certo exotismo ao tentar assumir o lugar do outro: a autora é casada com um egípicio, mantém um apartamento no Cairo e se converteu-se ao islã - inclusive lançou um livro de memórias intitulado A Leitora do Alcorão, em que fala sobre sua conversão. Mergulhada na cultura oriental, Willow apresenta seu primeiro romance, Alif, o Invisível, sobre um jovem e amoral hacker que cria um código capaz de identificar uma pessoa através do seu padrão de digitação unicamente para poder espionar as ações de sua ex-namorada. Como suas atividades enquanto hacker o levaram a ajudar grupos diversos - de comunistas ao Estado Islâmico, passando por feministas e até mesmo pornógrafos -- em nome da liberdade de expressão, Alif acaba sendo localizado pelo governo e se torna um foragido. Mas a situação fica um pouco mais complicada que isso: o hacker recebe a incubência de proteger um livro misterioso chamado Alf Yeom ou O livro dos mil e um dias e precisa descobrir do que realmente se trata a publicação e porque não querem caia nas mãos erradas. Para isso, o rapaz conta com a companhia de sua vizinha e amiga de infância Dina e a ajuda de seres mágicos e acaba se embrenhando em uma longa fuga que vai envolver uma americana convertida ao islã, um xeque idoso da Al Basheera, outros hackers, a realeza, um governo autoritário, uma prisão de segurança máxima, seres mitológicos, um mundo invisível a olhos humanos, e desaguar na Primavera Árabe. E se tudo isso parece muito confuso, pode apostar que é mesmo.

Continue lendo no Prosa Espontânea:
http://mardemarmore.blogspot.com.br/2015/06/alif-o-invisivel-de-g-willow-wilson.html
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Asenhoritadoslivros 24/06/2015

Uma fantasia diferente
Alif, O invisível é um livro diferente, fala sobre temas não muito comuns para a maioria dos leitores, mergulha na cultura árabe, tem uma das personagens principais usando véu, e outra, a americana, que é chamada a todo tempo de "A convertida".

O livro inicia-se com um prólogo, onde um homem chamado Reza em seu palácio faz invocações a um ser que só ele consegue ver, através de desenhos no chão, onde este ser misterioso fica aprisionado, seu aprendiz, um rapaz, desleixado, não entende aquilo tudo e muito menos consegue ver tal criatura, pois escolheu ver pela metade.
Este ser misterioso conta de forma forçada para Reza uma infinidade de histórias, que Reza não consegue entender mas que copia literalmente num livro...

O livro, as vezes foi meio confuso, aborda temas como cultura, politica, religião, tortura, computadores, considero a história boa, mas sem grandes impactos.


site: http://asenhoritadoslivros.blogspot.com
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Yasmin 29/06/2015

Uma livro de duas histórias, uma metáfora inteligente, uma crítica e uma mensagem
Quando a Rocco enviou o kit de Alif, O Invisível fiquei muito feliz apesar de ainda ter dúvidas sobre o livro de G. Willow Wilson. Com uma história repleta de metáforas e que mostra um Oriente que poucos conhecem deste lado do Atlântico, a autora surpreende e encanta o leitor, que para aproveitar bem a história deverá abrir a mente e observar as entrelinhas, pois em Alif, O Invisível a trama central é apenas a primeira de muitas. Conheçam.

Alif era seu nome na rede, nos recantos da deep web ele mantinha seus clientes a salvo da Mão, órgão do governo da Cidade que aterrorizava à todos com sua censura e prisão de qualquer um suspeito de participar de conversas sobre revolução. Com sua mãe indiana muitos olhavam torto para Alif, mas na rede ele era o melhor hacker, invisível para os censores. Se um dia a Mão pegasse Alif seus clientes pelo mundo e a revolução estaria comprometida, era aterrorizante só de pensar e ele nunca imaginou que tudo desmoronaria quando criasse o que deveria ser um simples e impossível código para sumir da vida de Intisar, a garota que conheceu online e que partira seu coração ao anunciar que seu pai a prometera em casamento. Quando Alif descobre que o noivo de Intisar é a Mão e que ele usou a máquina dela para chegar a nuvem de Alif colocando todos seus clientes em risco ele sabe que é tarde demais. Fugir é a única opção e ele ainda tem de levar Dina junto, a garota que conhece desde pequeno e que agora colocou em risco. Quando um dos contatos de Alif sugere procurar Vikram, o Vampiro ambos debocham, afinal que criança nunca ouviu o conto sobre o djin, mas para surpresa de ambos o misterioso livro que Intisar mandou entregar a Alif desperta o interesse de Vikram, que realmente existe e com sua forma animalesca incomoda até mesmo Alif. Ao lado de Dina ele precisará descobrir o valor do Alf Yeom, e mais do que fugir da Mão, Alif descobrirá que o valor das coisas nem sempre pode ser visto à primeira vista.

Essa é a premissa básica de Alif, mas devo dizer que não podemos simplificar o livro de G. Willow Wilson em poucas palavras. Sua história é única, com um pé na realidade e um pé na fantasia, a autora usa metáforas para nos contar uma história que pode ser encarada como fantasia e como realidade, basta o leitor ser sensível o suficiente para ir além do significado das palavras. Logo no começo, durante uma conversa do protagonista a autora como que em um aviso nos diz que todos os livros são metáforas, e após terminada a leitura de Alif, O Invisível não poderia concordar mais com essa afirmação. Com uma bela narrativa, dotada de uma fluidez marcante, e de uma capacidade única de dizer mais do que está escrito Wilson cativará leitores dos mais variados tipos com uma história inteligente sobre a rede, sobre codificação, mas além disso sobre amor, amizade, sacrifício, liberdade e poder. Sobre culturas diferentes, sobre os mitos do oriente, sua riqueza e beleza.

Um retrato sincero do oriente que deixa o leitor com vontade de conhecer mais apesar de todas as dificuldades do mundo. Wilson é sincera ao descrever com olhar ácido a relação entre ocidente e oriente, ao chamar a Cidade de apenas Cidade, descrever as petrolíferas da forma que descreveu ela nos dá sua opinião mais sincera. Gaiman fala que Wilson é uma construtora de pontes, e é o comentário perfeito. A história de Alif estende uma ponte, mesmo que por um pequeno tempo para vivermos a realidade das perseguições, das revoluções e de um mundo onde dizer o que pensa pode resultar em prisão e morte. Alif diz que nós do ocidente somos ridículos por reclamar por causa de liberdade e olha, sim, nós somos, mal sabemos o que é censura e depois de sua história tenho vergonha do tanto que desconhecemos da realidade das partes em conflito do mundo. É fácil cobrar do mundo sentados no conforto de nossas casas, é fácil falar de censura indo votar com a maior má vontade do mundo de 4 em 4 anos. Pobres iludidos.

Leitura instigante, de ritmo (...)

Termine o último parágrafo em:

site: http://www.cultivandoaleitura.com.br/2015/06/resenha-alif-o-invisivel.html
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Lina DC 20/09/2015

Alif é o nome de um talentoso hacker na web, que tem uma longa lista de clientes que ele mantêm a salvo da "Mão". A Mão é um órgão do governo que tem como objetivo censurar e controlar a população.

Só que a Mão utiliza todos os meios possíveis para encontrar Alif, inclusive Intisar. Intisar é a garota que Alif conhece pela internet e se apaixona, mas não faz ideia de que ela está prometida a alguém importante da Mão. Quando desiludido, Alif tenta excluir Intisar de sua vida cibernética e é quando as coisas começam a dar errado.

Ele precisa fugir, mas agora não é só no meio cibernético, sua identidade é comprometida e as pessoas de quem ele gosta, como Dina, sua amiga de infância também estão em perigo. Juntos, Alif e Dina irão fugir e se deparar com uma grande aventura.

O interessante da escrita da autora é que, apesar da premissa simples, existe um grande discurso político por trás de sua obra. As críticas foram construídas de formas sutis, mas deixam claras sua posição e sua visão.

Não é uma história simples e de fácil compreensão, pois tem muitas alegorias presentes. Personagens que personificam "monstros" com suas deformações mas que representam instituições arcaicas e defeituosas; o comportamento dos personagens, que alternam entre a luta pelo idealismo e a realidade e muito mais.

"Alif se aproximou um pouco da tenda como se abordasse uma bomba não detonada. Pensou ter visto movimento dentro dela. Semicerrou os olhos: a sombra de um animal de quatro patas, talvez um cachorro grande, moveu-se contra a barreira de tecido." (p. 81)

A sua complexidade se iguala na construção dos personagens. Alif não é o herói perfeito, suas ações se perdem na ingenuidade do mundo real e com a tomada de decisões ruins. Sua visão cibernética idealística também é nublada por um ou outro fato.

A trama não gira em torno apenas desse dois personagens. Vikram é um personagem que surpreende aos leitores e a cada página avançada, comprovamos sua complexidade e inteligência.

Temos várias histórias sendo contadas, como lendas, contos ou estórias, reforçando uma ou outra lição aprendida em "Alif, o invisível". Uma obra diferente, interessante e totalmente inesquecível.

Em relação à revisão, diagramação e layout a editora realizou um trabalho excepcional.

" - Viva a vida como se fosse uma aventura." (p. 71)

site: http://www.viajenaleitura.com.br/
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Gláucia 27/10/2015

Alif, o Invisível - G. Willow Wilson
Publicado em 2012 por uma jovem autora estadunidense convertida ao islamismo, escritora de graphic novels pela Vertigo.
O livro é do gênero infanto-juvenil e traz a história de Alif, um jovem hacker que luta contra a censura e a opressão por parte do Estado. Acaba se deparando com o poder representado por uma entidade denominada A Mão, seu principal oponente na luta pela liberdade.
Com elementos fantásticos, a narrativa oscila entre o mundo real, virtual e fantástico, tendo na figura de um raro e antigo livro de fábulas orientais a chave para essa aventura e briga entre as duas forças.
Comecei a gostar mais da leitura do meio para o final quando passei a perceber as alegorias e o tom político e questionador escondido numa história fantástica.
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Rahmati 04/11/2015

Uma reversão de (pré) conceitos

Ler 'Alif, o invisível' foi experienciar uma completa reversão de preconceitos. Não sei bem por quê, mas desde que foi lançado, o vi nas prateleiras das livrarias e não me motivei muito a comprá-lo (ajudou o preço em que os livros estão hoje em dia, nunca fugindo do intervalo R$ 30-50 para romances de tamanho tradicional). Encontrá-lo novo num sebo a R$ 19,90 ajudou a quebrar o bloqueio. Outra coisa que ajudou (e é uma coisa completamente besta, eu sei) foi a fonte em que o livro foi composto pela Rocco — a Centaur, a fonte em que escrevo e a que mais gosto. Bendita Centaur, hehe, porque li um dos livros que mais gostei esse ano.

Como não gosto de "resenha release", vou enumerar aspectos do livro que gostei — a sinopse o leitor pode achar no link para o Skoob lá em cima. Primeiramente, os personagens.

Alif, o personagem principal, é um produto criado pelo seu ambiente (o Oriente Médio) — ainda que subvertendo-o. Um hacker revolucionista, mas pode-se dizer que uma pessoa comum, mediana. Preconceituoso como boa parte de seus conterrâneos, apesar de sua inteligência. Como se percebe numa parte do livro, alguém que anseia pelas mudanças, mas, quando elas vêm, percebe que até preferia continuar na mesmice, meramente pelo medo do novo. Um carinha irritante, mas muito bem construído. Dina, sua amiga, é praticamente o oposto dele — apesar de ser extremamente religiosa (optando por um caminho tradicional demais até mesmo para os seguidores normais do Islam), é mais mente aberta para muitas coisas do que Alif. Vikram é um cara engraçadíssimo, também muito bem construído, e, não sei por quê, imaginei ele com a cara do Johnny Depp o tempo todo. O xeque Bilah é o exemplo do que um líder religioso deveria ser: segue sua religião interpretando-a e adaptando-a aos tempos modernos, e não com um cabresto. Suas reflexões são incríveis. O outro hacker, NewQuarter, vive os conflitos entre sua condição social e suas aspirações — e aparece na hora certa, hehe. A convertida, que só é chamada assim, nos apresenta as dificuldades em se adaptar e se incluir em uma cultura tão diferente da sua (seria um reflexo do que a própria autora enfrentou?). Agora, sem dúvida, a personagem que mais dá raiva na gente é a talzinha da Intisar; ô menina escrota! Suas motivações, contudo, são perfeitamente compreensíveis... infelizmente. Os outros personagens que ajudam no decorrer da história são mais planos, mas nem por isso mal construídos, e isso não chega a incomodar.

Gwendolyn Willow Wilson escreve muito bem — e confesso que, em muitos momentos, me lembrei da escrita de Neil Gaiman, e isso só pode o maior dos elogios. Como dito no episódio 83 d'O Drone Saltitante, a obra tem um quê de 'Deuses americanos' — que muito me agradou. A narrativa é fluida e mescla com perfeição momentos mais light com pesadas críticas, tanto à política, às divisões sociais, ao preconceito e ao extremismo religioso. Wilson apresenta os aspectos culturais dos árabes com maestria, e conseguimos até mesmo compreender atitudes religiosas que antes poderíamos simplesmente rechaçar, simplesmente por sua completa diferença em relação ao que consideramos cotidiano e "normal" por aqui. A trama pode até ser considerada simples — mas você só percebe isso ao final do livro. No começo, é difícil saber o que está *realmente* acontecendo — e isso é excelente, porque nos transporta perfeitamente para o papel de Alif, que vê sua vida se torcer e quebrar de formas verdadeiramente nauseantes, ao perceber que, por trás do véu da realidade, existem muitas coisas a mais do que podemos ver... ou do que *queremos* ver? Confesso que, como não gosto de ler nem resenhas nem sinopses antes de ler os livros, até mesmo o *gênero* da história tive dificuldade em precisar, no começo. Mais um ponto para a autora por isso — e são tantos pontos positivos que só lendo mesmo para apreendê-los todos.

'Alif, o invisível' é uma fantasia urbana respeitável, aventuresca e com toques de ficção científica. Provavelmente vai ser a minha escolha de "surpresa do ano" na retrospectiva de 2015; vai ser difícil achar outro livro, ainda esse ano, que destrua meus preconceitos de forma tão devastadora quanto esse o fez. Todo tipo de preconceitos. Você, leitor, também devia rever os seus.

site: oblogdorahmati.blogspot.com.br
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Coruja 05/02/2016

O principal motivo para Alif, o Invisível ter vindo parar na minha estante é que a autora dele assina o roteiro de Ms. Marvel - um dos melhores e mais premiados quadrinhos que a Marvel tem lançado. Eu me diverti imensamente com as aventuras da Kamala, o humor e as idiossincrasias causadas por sua identidade religiosa.

Sério, se vocês tiverem oportunidade, leiam Ms. Marvel, ainda por cima que ela já começou a ser publicada em português. É ótimo!

Não sei por que cargas d’água, botei na cabeça que a G. Willow Wilson era árabe – acho que a identifiquei demais com a Kamala -, mas descobri graças a uma leitora do blog que ela é uma ocidental americana que se converteu ao islamismo.

(Fiquei, depois disso, curiosa para dar uma lida no relato que ela escreveu sobre seu processo de conversão, em A Leitora do Alcorão).

Por fim, descobri que Alif ganhara o World Fantasy Award de 2013, um dos maiores prêmios da ficção fantástica, junto com o Hugo e o Nebula, e assim, decidi colocá-lo na minha lista do Desafio Corujesco.

Considerando todos os motivos acima, era de se esperar que ele terminasse entrando para os meus favoritos ou coisa do tipo. Mas não foi bem isso que aconteceu.

Alif, o Invisível começa muito bem, um prólogo com um diálogo entre um sábio ganancioso de conhecimento, no melhor estilo Fausto de ser, e um djin, um gênio na mitologia oriental. E aí parte para o protagonista em tempos modernos, o Alif do título, um jovem hacker que atende a interesses de dissidentes políticos na cidade onde mora.

De cara você se toca que estamos dentro do universo da Primavera Árabe, inclusive com referências aos protestos que ocorreram no Egito. E, ei, isso muito me interessa, de forma que fiquei na pontinha da cadeira, mas sem entender muito bem o que Alif tinha a ver com o que ocorrera no prólogo.

Então Alif faz uma burrada por causa da namorada, cria um programa que prevê comportamento humano no estilo do Projeto Insight de Capitão América: o Soldado Invernal e o deixa cair nas mãos do regime totalitário que governa a Cidade e acaba indo parar no submundo mágico do lugar ao lado de djins, vampiros e outras criaturas sobrenaturais, enquanto se vê às voltas com o livro que resultou do diálogo do sábio lá no prólogo.

Qualquer uma dessas linhas narrativas, sozinha, daria uma grande história. Mas misturando tudo junto no mesmo caldeirão? Eu não acho que funcionou tão bem quanto deveria.

Parte do problema é que li o livro devagar quase parando, em horas de folga num mês bastante turbulento. Mas a outra parte é que é difícil conseguir colocar lado a lado o universo fantástico típico de As Mil e Uma Noites (e temos uma narrativa de Sherazade dentro desse livro também) com as questões políticas e sociais que explodiram em ondas de manifestações e protestos a partir de 2010, e cujos efeitos ainda podem ser sentidos agora.

O livro não é ruim, e tem personagens muito interessantes. Individualmente, eles são pontos fortes da narrativa. Dina, a vizinha de Alif que acaba sendo pega no meio da confusão, chamou minha atenção em especial e eu não me importaria de ler mais sobre ela...

Creio que este será um livro candidato a releitura em algum momento futuro, com a cabeça um pouco mais presente. Talvez com menos expectativas e tendo tempo para conseguir interlaçar tantos universos na minha cabeça, Alif, o Invisível ainda venha a me surpreender.

site: http://owlsroof.blogspot.com.br/2016/02/desafio-corujesco-2016-um-livro.html
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Ricardo Santos 12/02/2016

Contra a intolerância
Alif, O Invisível é um triunfo da diversidade. Ficção que dá voz ao entendimento complexo do mundo árabe sem comprometer o fascínio da narrativa, o sense of wonder. E neste livro, a fantasia corre solta, de maneira criativa e perspicaz.

G. Willow Wilson é uma americana branca convertida ao islamismo. Não se trata aqui de apropriação cultural. Ela mora parte do ano no Egito e é casada com um egípcio. Este contexto poderia dá-la uma visão dogmática do mundo árabe, um respeito excessivo. Mas acaba lhe proporcionando conhecimento de causa, um profundo entendimento desse mundo, numa visão crítica cheia de insights.

Alif, a primeira letra da língua árabe, é o codinome do protagonista, um hacker que vive num emirado fictício, apenas chamado de A Cidade. Alif usa suas habilidades cibernéticas para prestar serviços de proteção a todos os internautas considerados subversivos pelo governo local opressor.

Alif tem os mesmos problemas de muitos adolescentes: frustrações amorosas, inadequação social, revoltas familiares. Seu maior medo é ser descoberto pelo Estado, devido à sua notoriedade como hacker. Mas um perigo muito maior surge em sua vida quando ele se depara com um antigo livro. O Alf Yeom pode revelar segredos tão sinistros que despertaria um poder além da compreensão humana. Então o leitor tem contato com a brilhante mistura proposta pela autora do mundo digital com o mundo fantástico das lendas árabes.

Existem djins, demônios e outras criaturas sobrenaturais. Além de lugares inusitados, como uma versão árabe do Beco Diagonal dos livros de Harry Potter. Aliás, podemos considerar Alif como um mago dos computadores. Inclusive há uma Hermione, a firme Dina, e um Ron, um príncipe contemporâneo muito divertido. Assim como Harry, Alif é meio tapado, imaturo, mas de bom coração.

O que faz o livro funcionar é a maneira como a autora desenvolve a trama. Por meio das ações e falas dos personagens, ela lança uma visão crítica, complexa e cheia de amor pelo mundo árabe. Ela admira essa cultura, mas não deixa de apontar suas falhas. E tudo é apresentado de maneira orgânica. É uma movimentada e muito bem descrita história sobre poder, liberdade e relações humanas. A autora até faz uma brincadeira consigo mesma. Há uma personagem, uma americana convertida ao islamismo. É uma forma de autocrítica bastante equilibrada.

O livro não é perfeito. O primeiro terço é bombástico, intenso e promissor. Lá pelo meio fica meio arrastado, em que os diálogos ganham bem mais espaço do que a ação. O terço final volta a mostrar força, com ótimas reviravoltas e crescimento dos personagens. Mas o desfecho é apenas satisfatório.

A edição física da Rocco está muito bem cuidada. A revisão está impecável. O projeto gráfico faz inspiradas referências ao mundo árabe, mesclando com o mundo digital. A capa, simples e marcante, é a mesma da edição americana.

No geral, o romance é uma delícia de leitura, cheia de sabedoria. Muito oportuno nesses tempos de fácil expressão da intolerância.
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Michele 08/11/2017

Ótimo
Gostei muito, principalmente do meio do livro para fim. Então se vc está lendo e não está muito empolgado com o começo, continue, pois vale a pena mesmo. É uma mistura de tecnologia, romance, aventura, magia ? adorei.
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DomDom 29/12/2020

O livro conta a história de Alif, um hacker que ganha a vida “escondendo virtualmente” pessoas que, de alguma forma, batem de frente com o governo opressor. Tirando essa característica, era um jovem normal: Morava com a mãe, tinha amigos (poucos), e se relacionava secretamente com uma garota de classe social bem mais elevada que a dele. Sua vida começa a dar uma guinada quando, de uma hora pra outra, essa garota termina o relacionamento amoroso. Com o coração partido, resolve criar um programa ao qual o escondia completamente de sua amada. Era como se ele nunca tivesse existido no mundo virtual. Mas, como desgraça pouca é bobagem, seu mundo desmorona quando o responsável (A Mão de Deus) pela caça aos “grupos rebeldes” consegue invadir seu computador. A partir desse momento, sua vida se transforma completamente. Agora, fugir é uma questão de sobrevivência. Nessa fuga, ele é acompanhado pela sua amiga de infância/ vizinha, Dina. Além dela, ele também conta com a ajuda de amigos e algumas outras pessoas as quais ele vai conhecendo nessa jornada. E não são apenas pessoas reais, mas seres fantásticos também. Em um determinado momento, Intisar, a musa do Alif, lhe entrega aos seus cuidados um livro muito antigo, o qual também está sendo procurado pelo A Mão de Deus. A perseguição por Alif e esse livro misterioso vai tomando proporções cada vez maiores, ao ponto de mundos paralelos serem usados como rotas de fuga.

O que achei muito interessante foi ler algo ambientado no Oriente Médio. Nunca tinha lido nada que tivesse essa região como cenário, nem que abordasse a Cultura Muçulmana. Foi legal conhecer um pouco mais dessa Cultura, afinal, não só existem grupos extremistas ou homens-bombas e todas essas atrocidades as quais estamos acostumados a ver nos noticiários. Pela autora ser uma norte-americana convertida ao Islamismo, ela procurou mostrar também como uma mulher convertida é vista pela sociedade árabe.

Em relação às personagens, não achei o Alif um bom protagonista. É um garoto inteligente, tem alguns momentos de coragem (pouquíssimos), mas não passa de um medroso e imaturo. Já a Dina roubou a cena. Parece ser frágil, mas, na verdade, ela que é a forte, a destemida, e a que dá muitas lições de moral no Alif. As outras personagens secundárias também são muito interessantes. O Xeque Bilah, a estrangeira convertida, o Vikran, entre outros, dão um brilho a mais ao enredo.

Continua no blog: Ler Para Divertir

site: http://www.lerparadivertir.com/2015/06/alif-o-invisivel-g-willow-wilson.html
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Niel 09/01/2021

Cultural
Há partes culturais interessantes, o livro ao todo é chato, mas a temática é bastante interessante.
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Millene 05/07/2021

Esperava mais
Eu não sei bem como começar a explicar sem ficar confuso
Alif é um hacker, um dos melhores do seu país e ele meio que namora uma garota rica. Eles acabam terminando então ele cria um tipo de tecnologia que faça com que ele fique invisível só pra ela. E é ai que tudo começa a complicar. Ele acaba tendo posse de um livro feito por djins e é super poderoso se você sabe como usar. Por causa da tecnologia e do livro, ele acaba sendo procurado pelo Estado, ele é sua melhor amiga Dina, acabam tendo que fugir.
E então a aventura leva eles a conhecerem djins e seu mundo invisivel, tecnologia que se mistura com mitologia árabe, e tem um tanto de política e religião.
E ai misturou tudo e eu fiquei confusa.

Tem tanta descrição de tecnologia (no sentido de códigos e coisas de hacker) que eu não entendi nada e terminei de ler o livro ainda sem entender o motivo daquela tecnologia ser tão grandiosa assim.
Eu achei os djins meio fracos também, ficam dizendo toda hora como eles são perigosos mas eles só encontram uns que estão dispostos a ajudar eles. E um desses seres super perigosos vai embora só porque o Alif olha feio pra ele hahaha

Outra coisa que me incomodou foi que uma das personagens que acaba entrando na aventura, é uma mulher branca americana que se converteu ao islamismo, que não tem nome, só chamam ela de "a convertida". Eu achei que pelo fato da autora também ser convertida, iria dar mais espaço pra ela mostrar seu lado mas só fez parecer que quem é islâmico de nascença não aceita convertidos.

Alif e o djin que ajuda eles são bem nojentos em relação às mulheres, beirando misoginia porém eles evoluem um pouco.

Eu gostei muito da Dina, ela surpreendeu, gostaria que ela tivesse mais história porque em vários momentos do livro fez parecer que ela tinha algum segredo, um lado que nunca contou pro Alif.

Pra mim foi uma história que foi um pouquinho de tudo mas nada demais
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AnaJu 27/01/2024

Novos horizontes
Minha leitura se resumiu a um livro de fato mediano. Nao li nada de absurdo nele, que fizesse achar um livro incrivel, mas também não é ruim. 3 estrelas é mais que justo.

Na verdade acho q o personagem principal em si é superestimado. Achei todos em volta mais interessante que ele. Principalmente quando se tratava dos Gjins. A unica coisa que Alif faz é escrever seus códigos, e digo que a razão e a explicação para os codigos dele me pareceram na real muito razas. Criar um programa de computador para esquecer uma "peguete" é absurdo de mais kkkkkk.

De longe para mim o personagem mais legal é o Demônio Gjin, o Vikram, e tudo que rege a comunidade dos gênios. Mas algumas traduções me faltaram. É regido em cima de crenças da religião Árabe, e hora ou outra a autora usa termos, falas e expressões em árabe que não tem tradução. Gjinn é uma delas. Após pesquisar sobre, e por ser parecido, percebi que a tradução seria "gênio". Sim, como o gênio da lampada. Mas outras palavras foram inseridas e mesmo depois de pesquisar, eu nao consegui achar significados, entao não entendi um pedaço do final, por exemplo, por nao saber o que é "sila".

A autora em si é Americana, convertida ao islamismo, e achei que talvez ela pudesse ter o tato de perceber que algumas coisas precisariam de tradução, ou que a cultura islamica é BEM machista e preconceituosa mas não. Em varias partes isso fica bem explícito e apenas uma vez teve algum comentário contrário. Eles falam muito sobre mulheres não serem capazes, e terem de ser submissas, mas o pior para mim, de longe, foi ele querer mandar para a menina que ele gostava o lençol manchado de sangue (que comprova que ela não é mais virgem) como forma de afronta a ela. Ele mesmo é bem babaquinha até.

Achei q contou mais como experiência para uma cultura diferente do que pela história em si.
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