Lueji,

Lueji, Pepetela




Resenhas - Lueji: O Nascimento de Um Império


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literatamy 20/04/2015

Resenha Completa
Resenha completa no link abaixo:

http://youtu.be/EAW7LBRmqMs
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Luan 25/10/2023

Um livro rico, repleto de genialidade narrativa e contexto histórico. Angola entrou de vez para o meu imaginário literário. Pepetela é enorme.
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Felipe - @livrografando 25/01/2020

A força da literatura do continente africano
Pepetela, para mim, foi uma grata surpresa, porque foi a primeira vez que tive contato com um autor do continente africano, resolvendo sair um pouco do eixo EUA–Europa, e investindo em romances que tenham como espaço principal outras nações, no caso aqui, a Angola. Com pontos positivos e alguns negativos, relato aqui alguns pontos importantes da experiência que tive com a narrativa.
Primeiramente, vamos tratar da história que o livro conta. O romance se passa em dois tempos, um mais ou menos nos anos 1500 (quatro séculos atrás, pelo menos... como o autor define), que reconta um mito de origem do país africano, tendo como personagem principal Lueji, filha de um dos líderes da tribo de Mussuma, na localidade de Lunda, em Angola. A narrativa se inicia já com um conflito que decide o futuro da povoação, quando Tchinguri violenta uma das filhas de uma das autoridades, e o pai resolve não passar o lukano para o primogênito, este naturalmente sucessor de seu trono. Como alternativa, o líder fica dividido entre Chinyama, seu outro filho e Lueji, acabando por optar pela segunda. É um fato inédito na tribo, pois jamais se deu o lukano a uma mulher, pois este simbolizava a proteção e a força da aldeia, e como há a menstruação, o lukano não pode ser utilizado durante este período. Porém, o pai ressalta que este reinado é de caráter provisório até que a filha gere um varão que naturalmente será herdeiro do reino de Lunda. E por esta razão, começará um conflito entre os irmãos, principalmente entre a futura rainha e Tchinguri, ambicioso para conquistar o poder.
A trama também se passa na modernidade, por volta do final dos anos 1990, que se centra na figura de Lu, uma dançarina que está realizando uma pesquisa sobre o passado de Angola, de modo a recontar esta narrativa em forma de um número de dança. Durante os ensaios para a apresentação, Lu se acidenta e fica vários meses parada, entrando em uma tristeza profunda. Além disso, ela começa a alimentar uma paixão por Uli, seu parceiro de dança, mas ela encontra um obstáculo em Marina, a esposa dele e sua amiga, o que faz com que ela fique sofrendo por esse amor não correspondido e consequentemente, misturando sua vida pessoal com a profissional.
Para início da conversa, a trama peca um pouco por não possuir um mote central que justifique a intenção do autor em dialogar passado e modernidade em sua narrativa, o que é uma lástima dentro da trajetória linear na maneira como o autor conduz a trama. No entanto, o texto irretocável e a escrita fluida de Pepetela faz com que nos envolvamos tanto pela história que está sendo contada que um problema como esse pode ser perdoável.
Um dos melhores pontos da narrativa é quando há uma DR entre as amigas Lu e Marina por causa de Uli, sem dúvida, um dos diálogos de mais alto nível que eu já vi em cenas como essas retratadas em histórias literárias, saindo um pouco daquele clichê de mulheres criarem conflitos por causa tão somente de personagens masculinos. Outro ponto também de escrita de elevado nível é o momento em que Lu apresenta a peça para um historiador e os dois começam a discutir sobre a verdade e a veracidade da história, ambos defendendo seu ponto de vista de uma forma magistral, o historiador preocupado com a verdade histórica e Lu, tão somente com o objetivo de entreter o público.
Pepetela, para mim, foi uma grata surpresa, porque foi a primeira vez que tive contato com um autor do continente africano, resolvendo sair um pouco do eixo EUA–Europa, e investindo em romances que tenham como espaço principal outras nações, no caso aqui, a Angola. Com pontos positivos e alguns negativos, relato aqui alguns pontos importantes da experiência que tive com a narrativa.
Primeiramente, vamos tratar da história que o livro conta. O romance se passa em dois tempos, uma mais ou menos nos anos 1500, que reconta um mito de origem do país africano, tendo como personagem principal Lueji, filha de um dos líderes da tribo de Mussuma, na localidade de Lunda, em Angola. A narrativa se inicia já com um conflito que decide o futuro da povoação, quando Tchinguri violenta uma das filhas de uma das autoridades, e o pai resolve não passar o lukano para o primogênito, este naturalmente sucessor de seu trono. Como alternativa, o líder fica dividido entre Chinyama, seu outro filho e Lueji, acabando por optar pela segunda. É um fato inédito na tribo, pois jamais se deu o lukano a uma mulher, pois este simbolizava a proteção e a força da aldeia, e como há a menstruação, o lukano não pode ser utilizado durante este período. Porém, o pai ressalta que este reinado é de caráter provisório até que a filha gere um varão que naturalmente será herdeiro do reino de Lunda. E por esta razão, começará um conflito entre os irmãos, principalmente entre a futura rainha e Tchinguri, ambicioso para conquistar o poder.
Em paralelo, a trama também se passa na modernidade, por volta do final dos anos 1990, que se concerne na figura de Lu, uma dançarina que está realizando uma pesquisa sobre o passado de Angola, de modo a recontar esta narrativa em forma de um número de dança. Durante os ensaios para a apresentação, Lu se acidenta e fica vários meses parada, entrando em uma tristeza profunda. Além disso, ela começa a alimentar uma paixão por Uli, seu parceiro de dança, mas ela encontra um obstáculo em Marina, a esposa dele e sua amiga, o que faz com que ela fique sofrendo por esse amor não correspondido e consequentemente, misturando sua vida pessoal com a profissional.
Para início da conversa, a trama peca um pouco por não possuir um mote central que justifique a intenção do autor (apenas se atendo com Lu se identificando com a história de Lueji, o que se constitui num argumento fraco, na minha opinião) em dialogar passado e modernidade em sua narrativa, o que é uma lástima dentro da trajetória linear na maneira como o autor conduz a trama. No entanto, o texto irretocável e a escrita fluida de Pepetela faz com que nos envolvamos tanto pela história que está sendo contada que um problema como esse pode ser perdoável.
Um dos melhores pontos da narrativa é quando há uma DR entre as amigas Lu e Marina por causa de Uli, sem dúvida, um dos diálogos de mais alto nível que eu já vi em cenas como essas retratadas em histórias literárias, saindo um pouco daquele clichê de mulheres criarem conflitos por causa tão somente de personagens masculinos. Outro ponto também de escrita de elevado nível é o momento em que Lu apresenta a peça para um historiador e os dois começam a discutir sobre a verdade e a veracidade da história, ambos defendendo seu ponto de vista de uma forma magistral, o historiador preocupado com a verdade histórica e Lu, tão somente com o objetivo de entreter o público.
Particularmente, eu gostei muito mais da história dos tempos passados do que propriamente do que é contado no tempo presente, pois sentia mais ansiedade em saber o que iria acontecer com Lueji na longínqua Lunda do que com Lu na moderna Luanda. Para falar a verdade, os dois momentos tem suas encheções de linguiça, mas em alguns momentos, principalmente a narrativa de Lu parece se tornar um pouco cansativa e monótona, que se não fosse a escrita do autor, iria se configurar num personagem intragável. O que ajuda este núcleo são diálogos de alguns personagens, em especial, o de Afonso Mabiala, compositor de músicas para o número de dança, o que ajuda a quebrar um tanto o ritmo parado da trama.
O texto de Pepetela também traz alguns elementos da cultura angolana, a exemplo de kumbana, kimbanda e tantas outras. De forma inteligente, para ajudar o leitor, a editora Leya, responsável pelo acabamento do livro, traz ao final esse glossário, o que ajuda muito a compreender o significado de tais palavras. E entrando no quesito edição, a diagramação desse livro é tão boa, tão confortável que a experiência com a escrita, com o texto e com a narrativa de Pepetela foi muito proveitosa, por vezes, fazendo com que possamos imaginar paisagens bucólicas, tão brihantemente descritas na trama.
Em resumo, o livro é convidativo, já nas primeiras páginas você sente um prazer tão grande de ler aqueles parágrafos que deseja continuar e quando percebe, você está mais que envolvido com os personagens. De escrita e texto excelentes, com uma narrativa um pouco desenrolada, mas mesmo assim de alto nível, Lueji: O Nascimento de um Império traz um romance que tenha a mulher como figura central, trazendo diversas nuances da personalidade feminina, apresentando-as em seus pontos fortes e frágeis. Com muitos pontos positivos e alguns negativos, a experiência que tive com esse livro foi sensacional. Por fim, recomendo que não só Lueji seja lido, como também os romances de Pepetela, dando chance e visibilidade aos autores do continente africano, ainda tão pouco conhecidos, desconstruindo um pouco a visão eurocêntrica e norte-americana de história literária que ainda perdura em nossos gostos, pelo menos, na maioria dos casos.
O texto de Pepetela também traz alguns elementos da cultura angolana, a exemplo de kumbana, kimbanda e tantas outras. De forma inteligente, para ajudar o leitor, a editora Leya, responsável pelo acabamento do livro, traz ao final esse glossário, o que ajuda muito a compreender o significado de tais palavras. E entrando no quesito edição, a diagramação desse livro é tão boa, tão confortável que a experiência com a escrita, com o texto e com a narrativa de Pepetela foi muito proveitosa, por vezes, fazendo com que possamos imaginar paisagens bucólicas, tão brihantemente descritas na trama.
Em resumo, o livro é convidativo, já nas primeiras páginas você sente um prazer tão grande de ler aqueles parágrafos que deseja continuar e quando percebe, você está mais que envolvido com os personagens. De escrita e texto excelentes, com uma narrativa um pouco desenrolada, mas mesmo assim de alto nível, Lueji: O Nascimento de um Império traz um romance que tenha a mulher como figura central, trazendo diversas nuances da personalidade feminina, apresentando-as em seus pontos fortes e frágeis. Com muitos pontos positivos e alguns negativos, a experiência que tive com esse livro foi sensacional. Por fim, recomendo que não só Lueji seja lido, como também os romances de Pepetela, dando chance e visibilidade aos autores do continente africano, ainda tão pouco conhecidos, desconstruindo um pouco a visão eurocêntrica e norte-americana de história literária que ainda perdura em nossos gostos, pelo menos, na maioria dos casos.
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yara 10/03/2024

"a vida corria com os habituais casos de feitiços e rixas, que os juízes de Lueji resolviam sem a incomodar, porque só os casos importantes são dignos duma soberana de tanta grandeza, realçada agora pelo bailado que a ia imortalizar, arrancada das cinzas da História e das falas locais dos mais-velhos para ser conhecida do grande público, espantado com a revelação, afinal este País teve gente assim e nós nem sabíamos, despojados que fomos da nossa história por séculos de obscurantismo, muitas vezes nos sonhando iguais aos outros mas sempre temerosos da comparação, nada igualava as tradições da Europa a que tínhamos de ficar para sempre agradecidos porque das trevas nos tirou, quando final as trevas vinham de lá e nos escondiam de nós próprios, órfãos de passado, sem saber que também é glorioso, como o é essa música só feita de instrumentos locais, que enche a sala e ocupa a rua, sobe pelos prédios vizinhos, desperta as consciências e aquece os corações descrentes de tudo, essa música que nos aponta a possibilidade de futuro, porque renascida dum passado livre, embora também servil, como tudo que existe neste Mundo no qual a final nos inscrevemos por direito próprio, o direito de sermos nós, redescobertos, maravilhados com a nossa existência de sempre, orgulhosos por sermos diferentes e tão iguais aos outros, orgulhosos por proclamarmos a nossa diferença entre iguais" [...].
yara 10/03/2024minha estante
fotinha do livro publicada no insta ?




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