Lavinya 09/09/2023
O poder de dois garotos se beijando.
Gostaria de começar essa resenha citando uma frase de Oscar Wilde, que infelizmente não coube no título, mas que me lembrou muito desse livro.
"Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe."
No começo do livro somos apresentados a diversos personagens: Harry e Craig; Avery e Ryan; Neil e Peter; Tariq, e por último, Cooper. Desde o começo, me senti conectada com cada um deles e com suas histórias, de modo que quanto mais vamos os conhecendo, mais eu me emocionava com tudo que acontece com eles. Mas tem uma coisa que me chamou a atenção desde o ínicio da minha leitura, o fato de que quem narra o livro ser a geração gay dos anos 80 que morreu de AIDS. Achei simplesmente genial essa ideia do autor, e quanto mais reconhecemos o quão difícil foi viver naquela época sendo gay, e principalmente quando se está morrendo, mais emocionante o livro se torna. Além de que a história principal, de Harry e Craig tentando quebrar o recorde do beijo mais longo, pode até parecer algo "bobo" e talvez até estranho no início, mas ao decorrer da história, vamos percebendo que aquele "simples" ato possui um significado muito maior.
No final do livro, percebemos o quão incrível e poderoso é dois garotos se beijando, o modo como a história deles influencia milhares de pessoas ao redor do mundo, e até mesmo outros personagens do livro, é algo lindo de se ver.
Cada história mexeu muito comigo, principalmente o modo como o narrador comunica-se com nós o livro inteiro, deixando claro a importância de se dar valor à vida, de aproveitar cada segundo com aqueles que você ama, e principalmente, que você não está sozinho, e que existe alguém em algum lugar que se importa com você e que te ama.
A única coisa que eu gostaria que fosse diferente é o final, queria que tivesse mais detalhes da vida e do passado dos personagens. Também gostaria de saber o que acontece com cada personagem depois daquele belíssimo recorde.
Apesar desses pequenos detalhes, penso nesse livro como uma leitura obrigatória para todos que se sentem meio perdidos e sozinhos, que vivem esperando uma oportunidade para realmente viverem, e principalmente, para aqueles que esperam pacientemente o dia em que vão poder fazer história beijando o garoto ou a garota que amam.
"Nós vimos nossso amigos morrerem. Mas também vimos nossos amigos viverem. Tantos deles estão vivos, e costumam brindar às vidas longas e plenas deles. Eles nos levam em frente.
Há o repentino. Há o definitivo.
Mas entre eles, há a vida.
Não começamos pelo pó. Não terminamos como pó. Nós fazemos mais do que pó.
É tudo que pedimos a vocês. Façam mais do que pó."