Moinhos de Vento

Moinhos de Vento George Orwell




Resenhas - Moinhos de Vento


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Michel 02/11/2019

Só não entendi o título em português...
Quando se fala em George Orwell, dois trabalhos deste monstro da literatura preenchem a mente do interlocutor: 1984 e A Revolução dos Bichos. E obviamente também são estes dois clássicos do cara que eu carrego como meta de leituras futuras. Contudo, foi vasculhando acervos de usados pela internet que encontrei este então bem mais modesto MOINHOS DE VENTO, que por conta da casualidade acabou sendo minha primeira incursão no universo literário de Orwell.

Minha leitura de MOINHOS DE VENTO remeteu-me, de imediato, a aspectos os quais já haviam me alertado sobre o estilo do autor: a contradição do ser humano, o apontamento para o sistema opressor capitalista, e talvez um dedo na ferida sociológica de seu tempo.

A trama conta a história de Gordon Comstock, caricato cidadão inglês de infância pobre, cujo pavor ao sistema capitalista moedor de carne humana lhe remete a paranoias prejudiciais para sua subsistência e o enterra, cada vez mais, no fundo do poço. Gordon veste sua aversão ao regime econômico vigente até a fase adulta, situação que torna quase nula suas perspectivas existenciais.

Perceba que esta breve sinopse já denota o tipo de literatura que o leitor ira se deparar. Pois eis que durante a leitura, outros elementos da narrativa de George Orwell permeiam o tempo inteiro, algumas delas com um sutil teor de protesto. A que mais me chamou a atenção foi precisamente a hipocrisia do ser humano, incutida na personalidade da personagem principal.
Gordon é um homem aparentemente bem instruído, dotado de sagacidade peculiar ao analisar a sociedade que o rodeia, assim como também aspira ao universo da poesia. No entanto, quando prega seu repúdio ao dinheiro, Gordon mais se parece com um sofista, pois se imbui de discurso irreprovável, mas na prática carece o tempo inteiro de recursos econômicos para sustentar suas obvias necessidades; ele quer parecer desprendido da ganância substancial e até classifica o dinheiro como uma espécie de Deus escravocrata. Mas mesmo dentro de uma realidade quase que de mendicância, Gordon segue recusando possibilidades de crescimento econômico, ao mesmo tempo em que vive sugando os escassos recursos de sua irmã.

É uma assertiva narrativa da corrupção dos ideais que o autor tão bem nos entrega. Orwell não se priva de mostrar a frustração e revolta de seu protagonista em pé de igualdade com o comportamento discrepante que reconhece e até aceita as regras consumistas.

Eu diria que um probleminha a ser mencionado é o final, que considerei previsível e me deixou com a sensação de esgotamento, como se tudo o que havia para ser dito aconteceu, deixando a conclusão sem grande acabamento. Mas creio que isso não chegou a incomodar muito.

MOINHOS DE VENTO (até agora não entendi o título em português) é obra de um dos maiores romancistas do século XX. E embora eu ainda não tenha lido seus trabalhos mais notórios, foi evidente verificar seu domínio narrativo. Espero ler mais de Orwell, cujo método literário contribui para iluminar nossas mentes escuras no que concerne a complexidade humana.

site: outras resenhas: http://dimensaoreluzente.blogspot.com/
Ricardo 24/12/2021minha estante
Atualmente o livro é comercializado com o título "A FLOR DA INGLATERRA", bem mais apropriado.

Acho que MOINHOS DE VENTO é uma referencia ao moinho de vento que está no seu outro livro "A REVOLUÇÃO DOS BICHOS" ou "A FAZENDA DOS ANIMAIS", que aparece assim: "O auge da disputa entre ambos deu-se em uma das assembleias dos bichos na qual se discutiu acerca da construção ou não de um moinho de vento. Bola de Neve defendia a construção do moinho, pois segundo ele, após o esforço empregado na obra os animais teriam uma vida muito mais agradável e não teriam de trabalhar tanto".

O moinho de vento representa a produção sem trabalho braçal. Eu acho que é isso...




Dani.Menezes 17/09/2017

Os princípios na teoria são "incríveis"...
Não adianta ser contra o sistema, mas viver nele as custas da exploração do outro.
"Achava que, se desprezava sinceramente o dinheiro, poderia de algum modo manter-se, como as aves do céu. Esquecia que as aves do céu não pagam aluguel."
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Eliane406 23/01/2024

A vida dentro da sociedade padronizada
?Uma leitura que já fiz algum tempo, li antes de 1984 e falando em Orwell a escrita dele sempre embasada nos problemas sociais da sua época e sobretudo da condita humana, ele sempre chega a mesma conclusão, que somos pessoas contraditórias, temos nossos princípios e prioridades, mas a sociedade em um coletivo é capitalista e feroz e sempre acabamos nos rendendo as suas artimanhas, e para um artista como o protagonista desta historia ela é impositiva e excrusiante.
?Orwell usou a escrita como manifesto social e para nos servir de questionamento.
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