spoiler visualizaremariaaraujo 25/01/2023
E a história se repete... ou não.
Não sei dizer ao certo, mas ao iniciar essa leitura tive uma sensação de já "conhecer" o bisavô de Werner pessoalmente, Alfred Haider. Uma sensação, e uma teoria que estudei no Ensino Médio, de que, talvez, Alfred Haider seja o personagem de Adolf Hitler. Bom, em relação à teoria da conspiração, ela diz que Adolf Hitler veio fugido da invasão soviética a Berlim em 1945 e forjou o próprio suicídio afim de procurar refugio na América do Sul, mais precisamente aqui no Brasil, terminando seus últimos dias em solo brasileiro. Como no final do livro diz que Haider era austríaco, e a nacionalidade de Hitler é a mesma, isso ficou na minha cabeça até o final do livro.
Em relação a diagramação do texto, apesar de uns erros de formatação, é excelente. Ouso dizer que, se não fosse pela diagramação que tornou a leitura mais "leve" e rápida, talvez não tivesse lido.
Apesar da minha teoria, o livro me pareceu ser uma alegoria em relação aos relacionamentos tóxicos e abusivos. Creio que, através dessa leitura, muitas mulheres se identificaram e pôde, também, ser mostrado para outras pessoas que um relacionamento abusivo vai muito além de agressões físicas ou verbais. Algumas atitudes, por mais "simples" que pareçam, também podem apresentar uma ameaça á liberdade e escolhas que a mulher decida fazer em relação à si, a sua vestimenta, ao ambientes que frequenta, aos amigos que escolhe e em relação a algo que a envolva de forma direta ou indireta. Sendo assim, independente se a outra pessoa faça algo que nos deixe feliz, diga que nos ama mais que tudo, mas se ela é capaz de te ferir verbal, física ou psicologicamente, é um sinal que devemos nos amar primeiro e não colocar em risco a nossa segurança. Apesar de eu ter discordado do caminho que Valéria pegou, em nenhum momento fiquei com remorso pelo sofrimento que Werner sentiu. Traição não é a melhor opção, na minha opinião, mas nada justifica as atitudes que Werner teve com a atual e a falecida esposa.
O livro conta a história de Werner e Valéria. Um relacionamento bastante conturbado. Johann Werner Haider é um milionário excêntrico e amante de arte e cultura dos séculos passados; inclusive, quando era casado com Vanda estava em um projeto de restauração e revitalização da cidade antiga de Rio Azul, fundada pelos europeus no final do século XVIII. Infelizmente, uma tragédia acontece e sua esposa falece, após isso ele casa-se com sua cunhada, Valéria, irmã de Vanda. A trama gira em torno de várias mentiras, segredos e traições. Werner tentava de tudo para transformar Valéria em Vanda, desde o modo de se portar até o modo de se vestir, e sempre chamando-a de Vanda quando dava na telha. Acontece que, no fim, a história se repetiu -não totalmente, mas 95%. Valéria acabou por perceber que Werner queria tirar-lhe a vida, a vontade de viver e transformar-lhe em um prêmio, uma cópia fiel de Vanda. O que Werner não esperava era que Valéria não aceitaria ocupar, mais do que ela já ocupara, a posição que fora de Vanda. Werner se mostrou um homem bastante violento, assassino e de sangue frio nos capítulos seguintes. Descobertas que ele guardava embaixo de sete chaves, do conhecimento de poucos. Odete, sua empregada, sofrera as consequências de tentar bater de frente com Werner, levou o mesmo fim de Vanda. Marcelo, seu amigo, tentou enfrentá-lo e desmascarar todos os podres que ele escondia embaixo do tapete: a morte de sua mãe, de seus avós, a família de Isaac e outros. Vanda e Valéria dormiam, literalmente, com o inimigo. E ainda tinha a doida, que cobiçava o marido alheio, Nicole, que queria ter algo a mais com ele mas recebeu apenas uma enorme cicatriz e, mesmo assim, continuou omitindo o que ele fizera para ela por vergonha.
Por fim, Valéria não aceitaria levar o mesmo fim que Vanda. Mesmo não sabendo o que acontecera de fato, mesmo prezando pela saúde de sua filha, mesmo sendo ludibriada e levada a crer no amor que tinha e que recebia, ela queria mais. Ela queria ser ela mesma, habitar seu próprio corpo, vestir o que quisesse, ter as amizades que desejasse, sair para os lugares que a encantasse, se envolver com a arte que a intrigasse, mas não viver à sombra de sua falecida irmã. Seria uma decisão arriscada, de fato. Com o cara arriscado, sem tomar nenhuma precaução, ela se jogou em uma relação que mesmo que parecesse errada, era a certa. Uma maneira torta de percorrer o caminho certo, até porque, por outros meios nunca daria certo. Após a descoberta, Werner pagou o preço e, enfim, Valéria pôde deixar de viver a vida de Vanda e recomeçar. Agora era dona de sua vida, ao lado do marido que amava (a forma que Isaac entrou na história e tentou fazer Valéria ser sua esposa também foi conturbada); Christine, sua filha com Werner, e Gustavo, o caçula filho de Isaac. No fim, ela mudou o próprio destino e decidiu que primeiro ela e sua filha, depois os outros.
Minha opinião em relação ao livro: bom, mas não maravilhoso. Te prende no enredo, mas te dá raiva em várias ocasiões e te deixa com um pé atrás em vários assuntos. Talvez eu não fizesse uma releitura, mas não me arrependo de ter lido. A trama é envolvente, sim, mas não digna de cinco estrelas.