Paulo Silas 29/04/2022E se a realidade da Segunda Guerra Mundial tivesse sido um pouco diferente? E se a história tal como ocorreu e hoje conhecemos tivesse se desenrolado de outro modo? E se o Brasil tivesse participado desse acontecimento histórico de uma forma diversa, entrando na guerra ao lado dos Nazistas? Como seria o Brasil naquele período? Quais seriam as implicações disso para o povo brasileiro? O cotidiano das pessoas no Brasil seria o mesmo? É pensando sobre essas questões que Miguel Sanches Neto constrói uma realidade alternativa em "A Segunda Pátria", contando algumas histórias que se passam nesse Brasil nazista.
O livro inicia trazendo a história de Adolpho Ventura, um sujeito negro que se situa fortemente na tradição germânica, sentido-se um verdadeiro alemão, incluindo a própria saudação hitleriana. De uma hora para outra, Adolpho passa a ser alvo de ódio, de perseguição e de injustiça, pois com a implementação de uma política nazista com enfoque no sul do Brasil, sua presença passa a não mais ser aceita em razão de sua cor, tendo sua vida transformada de maneira abrupta.
Em seguida, o livro conta a história de Herta, a mais bela alemã do Brasil, que sabe trabalhar muito bem com a sua sensualidade e interesse que seu corpo e rosto provocam. Em razão de seus atributos físicos, lhe é confiada uma importante missão na condição de acompanhante, fato esse que mudará para sempre a sua vida.
Por mais pareça até certo momento que são duas histórias completamente distintas abordadas no livro (a de Adolpho e a de Herta, o que inclui alguns desdobramentos desses personagens que também são retratados na obra), aos poucos o leitor percebe que há uma ligação sólida entre elas, não se tratando assim de narrativas diversas dentro de um mesmo ambiente, mas sim de histórias que são contadas isoladamente, mas que em determinada altura se cruzam, repercutindo em implicações significativas para ambos os personagens. "A Segunda Pátria" é assim um livro bastante interessante e muito bem escrito, agradando o leitor tanto em razão de seu estilo quanto pela própria história que se passa em um ambiente peculiar de um Brasil que flerta com o nazismo.