A Sagrada Família

A Sagrada Família Karl Marx
Friedrich Engels




Resenhas - A sagrada família


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Lista de Livros 13/07/2020

Lista de Livros: A Sagrada Família, de Karl Marx e Friedrich Engels
Parte I:

“A História não faz nada, “não possui nenhuma riqueza imensa”, “não luta nenhum tipo de luta”! Quem faz tudo isso, quem possui e luta é, muito antes, o homem, o homem real, que vive; não é, por certo, a “História”, que utiliza o homem como meio para alcançar seus fins – como se se tratasse de uma pessoa à parte –, pois a História não é senão a atividade do homem que persegue seus objetivos.”
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Parte II:

“Não é preciso ter grande perspicácia para dar-se conta do nexo necessário que as doutrinas materialistas sobre a bondade originária e a capacidade intelectiva igual dos homens, sobre a força onipotente da experiência, do hábito, da educação, da influência das circunstâncias sobre os homens, do alto significado da indústria, do direito ao gozo etc. guardam com o socialismo e o comunismo. Se o homem forma todos seus conhecimentos, suas sensações etc. do mundo sensível e da experiência dentro desse mundo, o que importa, portanto, é organizar o mundo do espírito de tal modo que o homem faça aí a experiência, e assimile aí o hábito daquilo que é humano de verdade, que se experimente a si mesmo enquanto homem. Se o interesse bem-entendido é o princípio de toda moral, o que importa é que o interesse privado do homem coincida com o interesse humano. Se o homem não goza de liberdade em sentido materialista, quer dizer, se é livre não pela força negativa de poder evitar isso e aquilo, mas pelo poder positivo de fazer valer sua verdadeira individualidade, os crimes não deverão ser castigados no indivíduo, mas devem-se sim destruir as raízes antissociais do crime e dar a todos a margem social necessária para exteriorizar de um modo essencial sua vida. Se o homem é formado pelas circunstâncias, será necessário formar as circunstâncias humanamente. Se o homem é social por natureza, desenvolverá sua verdadeira natureza no seio da sociedade e somente ali, razão pela qual devemos medir o poder de sua natureza não através do poder do indivíduo concreto, mas sim através do poder da sociedade.”
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Antonio Luiz 17/03/2010

Certidão de nascimento do marxismo
Com "A Sagrada Família, a Boitempo retomou um projeto de publicar traduções competentes dos clássicos de Karl Marx e Friedrich Engels. Esta tradução do original alemão é tão rigorosa, fluente e bem anotada quanto a da edição de 1998 do "Manifesto Comunista". O leitor que contava com a manutenção desse padrão de qualidade não ficou decepcionado – e ficará muito agradecido pelos índices de personagens históricos, literários, bíblicos e mitológicos que ajudam a esclarecer citações que ficaram mais do que um pouco obscuras para o leitor moderno que não seja erudito em história da filosofia, letras clássicas e cultura popular do século XIX. Mas talvez sinta a falta de um artigo para situar a obra historicamente e explicar sua importância e sua influência, como os seis que acompanharam o Manifesto.

Se os "Manuscritos econômico-filosóficos" são a ultrassonografia do marxismo em gestação, o "Manifesto" é o batismo e "O Capital" é o atestado de maioridade, então "A Sagrada Família" é o registro civil de seu nascimento.

Esta obra marca a ruptura de Marx com a esquerda hegeliana com que inicialmente havia se identificado. Não por acaso, é também sua primeira obra em parceria com Engels.

Certos autores do final do século XX, simpáticos ou não ao marxismo, acusaram Engels de deformar o pensamento do amigo com interpretações deterministas, mecanicistas, positivistas e cientificistas que teriam desembocado na social-democracia, no stalinismo ou no que mais possa ter dado errado no movimento.

É difícil entender como tal colaboração poderia ter sobrevivido às graves divergências que tais análises deduzem de variações de ênfase e estilo nas quais os próprios co-autores viam apenas uma divisão de trabalho e de campos de interesses. Ou mesmo perceber como, sem Engels, o marxismo chegaria a existir.

Foi indispensável seu papel nessa síntese arrojada, que procuraria fundar cientificamente a análise da história do movimento social concreto e a possibilidade da concretização do comunismo no mundo real.

A primeira vítima desta nova visão seria seu próprio berço: a esquerda hegeliana alemã, representada pelos irmãos Bruno e Edgar Bauer. Esses antigos mentores de Marx agora editavam um Jornal Literário que pregava, contra a reacionária monarquia prussiana, uma política de reformas liberais a partir de uma elite esclarecida e desinteressadamente motivada por ideais filosóficos.

A “sagrada família” do título deste alentado panfleto polêmico alude ao distanciamento olímpico entre a escola de Bauer e a realidade. “O crítico nem sequer pode ousar misturar-se pessoalmente na sociedade” escrevera o jornal dos irmãos Bauer – “por isso ele forma para si uma sagrada família, assim como o deus solitário aspira a superar através da sagrada família sua separação tediosa da sociedade”, comenta Marx.

Engels escreveu alguns capítulos para mostrar a ignorância dos Bauer sobre as realidades históricas, sociais e até geográficas da Inglaterra liberal sobre a qual peroravam. Depois passou a bola a Marx, que completa o serviço com uma crítica devastadora de suas incoerências e de sua fragilidade filosófica.

Com isto, o conhecimento concreto e prático das realidades da indústria, da economia e da luta de classes na Inglaterra que Engels trouxera a Marx completou a abertura de um caminho arrojado para além das abstrações hegelianas e das utopias socialistas. Uma concepção de história movida pelas realidades materiais das classes e de seus interesses e uma filosofia que se propunha cooperar com o movimento social realmente existente para transformar a realidade. Goste-se ou não ela, é preciso convir que este livro marca o parto de uma idéia e tanto.

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joaoggur 08/01/2022

Marx é um gênio sarcástico!
A Sagrada Família, o primeiro livro da parceria Marx & Engels, é sarcástico e inteligente.

Fazendo críticas (palavra muito dita nas páginas, convenhamos) a crítica (sim, críticas às críticas) da Alemanha sobre o trabalho, a dupla consegue fazer considerações sobre a sua ideologia e simultaneamente refutar textos que eles criticam.

Mesmo ainda sendo o primeiro livro da parceria, já é possível vislumbrar como será uma parceria extremamente frutífera para a história mundial, pois o entrosamento de conhecimento de ambos é ímpar!

Não é um texto fácil, indubitavelmente qualquer leitor gastará tempo lendo, mas a leitura nos prende, querendo sempre degustar de mais conhecimento.

Leiam!
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Antônio 10/06/2021

Nessa obra, Marx e Engels desenham com mais profundidade o que viria a ser a compreensão da realidade pelo método materialista histórico-dialético. Inclusive, o resgate histórico das vertentes do materialismo é uma das minhas partes favoritas do livro, pois deu para compreender o caráter transformador a que se propõe o marxismo. O principal objetivo do livro é o combate do conservadorismo inerente ao idealismo, que afasta ou desconsidera o proletariado como agente de transformação. Somente as lutas sociais transformam o mundo; e os trabalhadores de todo o mundo serão os protagonistas dessas lutas.
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Julia 15/02/2024

Com certeza a leitura de Marx e Engels mais difícil que fiz até agora. Espero voltar a essa obra daqui a uns anos e absorvê-la melhor. Para um primeiro contato, achei válido. Consegui extrair da leitura a crítica ferrenha dos autores ao idealismo das correntes teóricas contemporâneas a eles e sobretudo ao caráter conservador de tais movimentos, na medida em que atribuem não aos homens, mas à Razão ou ao Espírito o protagonismo das mudanças. Ao mesmo tempo, é uma das obras que permitem visualizar claramente a influência do hegelianismo, ainda que às avessas, na obra e na forma de conceber o mundo de Marx e Engels.
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Raul 14/04/2023

Materialismo vs Idealismo.
?O humanismo real não tem, na Alemanha, inimigo mais perigoso do que o espiritualismo ? ou idealismo especulativo ?, que, no lugar do ser humano individual e verdadeiro, coloca a ?autoconsciência? ou o ?espírito? e ensina, conforme o evangelista: ?O espírito é quem vivifica, a carne não presta.??? p. 15

A Sagrada Família expressa a necessidade de Marx e Engels, e a necessidade histórica e prática, de superar o idealismo hegeliano.

O idealismo põe o mundo de cabeça para baixo, mas a dialética tem seu desenvolvimento no mais alto estágio.

O materialismo retira o poder de modificação do mundo das mãos da abstração (ou seja, da ?Crítica absoluta?), retornando-os para as pessoas ?profanas? (obs: isso é apenas no âmbito filosófico; a ideia nunca foi força motriz sem a matéria). Na primeira página, os barbudinhos já demonstram a cisão com o idealismo com a especulação: ?Nossa exposição naturalmente é condicionada por seu objeto.? ? p. 15

Se a especulação da Crítica crítica ?grita para história: tu deves ter ocorrido de tal ou qual modo!?, o materialismo de Marx e Engels entende a essência real, o movimento real do objeto.

Com a especulação, os idealistas propõem
?Que o essencial dessas coisas [as coisas reais] não é sua existência real, passível de ser apreciada atravéz dos sentidos, mas sim o ser abstraídos por mim delas e a elas atribuído, o ser da minha representação, ou seja 'a fruta' [no exemplo dado por Marx]. [...] As frutas reais e específicas passam a valer como frutas aparentes, cujo ser real é "a substância", "a fruta".
Por esse caminho não se chega a uma riqueza especial de determinações.? ? p. 72

Na especulação, as pessoas deixam de ser pessoas reais para serem pessoas abstratas, categorias imaginárias, a história e a verdade se tornam autômatos. A verdade é que ?a história não faz nada?.

Para além do combate filosófico, constantemente Marx e Engels demonstram suas capacidades de interpretação, uma escrita linda e deliciosa de se ler, além de uma coesão que atinge até mesmo as metáforas que fazem; a todo momento eles comparam a Crítica com a religião, usam de uma ironia (apreciada enormemente pela Edição) magnífica.

A Sagrada Família demonstra a capacidade teórica dos barbudos em diversos sentidos, desde uma crítica literária, até a formulação de um método novo!

Para finalizar, não cabe outro comentário que não seja um chamado à prática revolucionária. Seguiremos apenas adiante, proletários!
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