O Rumor da Língua

O Rumor da Língua Roland Barthes




Resenhas - O rumor da língua


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underlou 03/02/2021

"O rumor é o barulho daquilo que está funcionando bem..."
Barthes explica no ensaio que leva o mesmo nome do livro de onde surgiu esse título "O rumor da língua": uma cena simbólica de um filme de Antonioni sobre a China em que garotos de uma aldeia estão encostados num muro lendo em voz alta cada qual um livro diferente. A partir desse experimento sensorial, então, o autor se propõe a analisar, de forma utópica, a língua como uma "máquina" que produz não-sentidos (afinal "São então as máquinas felizes porque rumorejam") e nesses próprios rumores tenta se fazer compreensível. E Barthes fala ainda na "erótica" da cena sonora que ruminou sem sentido; sem o impulso, a descoberta e a emoção, a língua não "funciona".

Esse último acréscimo do "erotismo" na língua se relaciona com um dos ensaios que abrem o volume em que Barthes busca diferenciar a literatura de ficção da produção científica a partir do prazer em ler/escrever que seria uma margem pouco alcançada pela segunda.

De fato, alguns pensamentos são mais difíceis de assimilar mesmo para quem tem familiaridade com a escrita acadêmica, embora Barthes não assuma em momento algum um didatismo voluntário. Mesmo quando cita a escrita de Flaubert para se referir ao "efeito de real" que a literatura ficcional tanto busca representar, o autor não faz questão de abrir mão de uma linguagem rumorizada - e prazerosa, portanto, apenas para quem nela se atém com vontade de saber.
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