Fernanda | @psiuvemler 28/01/2016Eu com certeza favorito esta obra | Por Império ImaginárioDepois de adentrar o mundo da literatura fantástica, muita coisa mudou para mim. Anão, por exemplo, já não é mais aquele homem com uma condição genética que diminui sua altura. Mas também aprendi que até os personagens fictícios sofrem com um tipo de estereótipo. Quando pensamos em aventuras nórdicas onde as principais criaturas são anões, elfos, orcs, humanos e tantos outros, imaginamos centenas de personagens com nomes indecifráveis e impossíveis de serem decorados. Também imaginamos que anões são guerreiros que, ao primeiro sinal de perigo, empunham seus machados e partem para cima do inimigo, bradando algum lema que apenas eles entendem, sem se importar com os riscos. Criaturas forjadas do sangue de batalhas que, com seu jeito firme e nada sensível, muitas vezes nos arrancam algumas risadas nos diálogos. Mas, na maioria das vezes, eles não são o foco da trama e estão lá apenas para ajudar o herói da história.
Porém não é isso que acontece em Os Verdadeiros Gigantes. Neste livro temos a oportunidade de conhecer cada pensamento dos anões que vivem no reino de Darakar. Eles são os personagens principais da nossa história e, definitivamente, não são aquelas criaturas desprovidas de inteligência que agem por completo impulso, saltando dentro de uma batalha sem um plano específico, com o único propósito de trucidar os inimigos.
No início do livro conhecemos Rodan, um anão carrancudo e determinado a vingar dar justiça ao seu pai, que foi morto em batalha. O problema é que apenas a vontade de cumprir sua missão não é o suficiente. Sem nem imaginar para onde deve ir, Rodan deixa seu reino e segue as instruções dadas por seu pai, que agora aparece em alguns sonhos durante sua trajetória. Sabendo que ninguém concordaria com sua ideia, ele parte deixando apenas uma carta, pedindo para que seus companheiros não tentassem segui-lo ou impedi-lo. Porém Garren e Drunnan, seus amigos, decidem não aceitar as palavras de Rodan e saem em busca do anão.
Acontece que o reino de Darakar está passando por poucas e boas. O exército de orcs está aumentando e exibindo maior poder do que costumava possuir. A teoria entre os sábios é de que uma força maior está reunindo as criaturas diabólicas de uma forma que a inteligência limitada delas nunca permitiu. Os pequenos grupos de gigantes de gelo também estão trucidando os anões que tentam se comunicar com as cidades vizinhas. Com a ajuda dos humanos e do povo élfico, planos precisam ser elaborados o mais rápido possível, pois a ameaça cresce desenfreadamente. De uma maneira esplêndida, as histórias de Rodan e do restante do povo anão são ligadas, de forma que o destino de um poderá colocar em risco toda uma nação.
Charles William Krüger possui uma escrita fantástica que me prendeu desde o prólogo do livro, de modo que não consegui mais me desgrudar da história. Foi tudo tão sensacional que, durante toda a leitura, eu sentia como se estivesse ao redor de uma fogueira com um copinho de café, ouvindo tudo, vidrada e atentamente, enquanto o próprio autor narrava as aventuras do povo anão contra o inimigo que se aproximava. Uma coisa eu te digo: não se prenda a nenhum personagem. Em vários momentos eu me vi completamente sem palavras, pois cada página trazia uma surpresa. Quando o leitor pensa que tudo já está perdido e não tem mais o que acontecer, Charles joga, lindamente, uma tragédia ou uma vitória, mudando totalmente o rumo da história e arrancando o fôlego de seu leitor.
Faz mais de uma semana que terminei a leitura de Os Verdadeiros Gigantes, mas, como os que já me conhecem sabem, tenho muita dificuldade em escrever uma resenha quando a obra me agrada demais. Todos os dias eu abria o Word e ficava pensando em palavras que pudessem expressar a grandeza que foi essa obra para mim e, mesmo que agora a resenha esteja pronta, ainda sinto que não falei o suficiente – então, desde já, peço perdão pela resenha extensa. A escrita do autor é quase poética, sendo séria nas situações necessárias e mais extrovertida nos momentos de felicidade do povo. Eu com certeza favorito esta obra. Minha vontade é de ler todas as palavras escritas por Charles, pois ele tem o poder de transportar seu leitor para um outro mundo e isso é o que mais me atrai em uma fantasia.
Todos os personagens foram construídos de forma perfeita, cada um com suas próprias características. Rodan passou boa parte da história sozinho, porém às vezes soltava uns comentários emburrados ao vento. O melhor de Rodan é a sua relação com o pai. Mesmo que as aparições do falecido sejam quase raras, pode-se notar a admiração do filho com o guerreiro que um dia seu pai fora. Drunnan e Garren foram os que mais me encantaram. Enquanto Garren gostava de acreditar que, muitas vezes, era necessário buscar forças no passado, Drunnan tentava não concordar com isso e demonstrava completa indiferença a algumas falas do amigo. Há também os elfos, com seu jeito sábio e postura firme, que sempre demonstraram fidelidade ao povo anão, e os humanos que, perto dos companheiros baixinhos, pareciam, na minha opinião, sentir-se inferiores e eu achei isso bastante divertido – acho que apenas quem ler irá entender. O vilão foi criado com toda graciosidade – isso faz sentido? –, mas é apenas no final do livro que descobrimos o magnífico plano arquitetado por ele – plano este que me deixou embasbacada.
A narração é em terceira pessoa, dividida em três partes, sendo elas (I) a busca de Rodan por justiça, (II) a trajetória de Drunnan e Garren em busca de seu amigo e (III) a batalha enfrentada pelo rei e exército de Darakar contra seus inimigos. Mas como está escrito na sinopse, as histórias se interligam, ou seja, todos esses personagens se encontrarão no final de uma forma surpreendente, seja para o bem de todos ou para a desgraça... Outra coisa que também me maravilhou foi a fidelidade do rei para com seu exército. De forma alguma ele deixava que os soldados fossem sozinhos para a batalha. Rei ou não, ele preferia estar derramando sangue inimigo a ficar protegido atrás de muros por causa de uma coroa.
Quando vi os anúncios dessa obra e procurei saber mais a respeito, imaginei um exemplar maior do que o que me foi enviado – digo, em dimensões. O livro possui formato 14 x 21, mas descobri que este é o melhor, mais confortável, na hora de realizar a leitura. O que imaginei foi um número maior de páginas, no entanto ele possui apenas 152, o que o proporciona uma lombada de cerca de 1cm. Mas isso em nada interfere na história, pois Charles conseguiu contar tudo o que queria e ainda deixar o leitor com anseio por algo mais. Depois dessa leitura, eu realmente desejo uma continuação ou um novo livro, pois foi uma experiência excelente.
O trabalho realizado pela editora ficou incrível. A ilustração da capa representa bem o que o enredo traz. A diagramação é simples, com os capítulos numerados e nomeados no topo da página em uma fonte personalizada, nada além disso. As folhas são amareladas e a fonte é pequena – talvez isso tenha provocado o número de páginas reduzido –, mas não o suficiente para incomodar durante a leitura.
Quando decidi marcar meus quotes favoritos, não imaginei que seriam tantos. Contando os post-its usados, tenho um total de 21, que coloriram perfeitamente a lateral do meu exemplar autografado (obrigada, Charles *-*). Enfim, é uma obra que, sem dúvida alguma, eu recomendo para todos os apaixonados por uma fantasia medieval. Quem ler, não irá se arrepender. E, se já leu, me diga se compartilha das mesmas opiniões que eu.
site:
http://imperioimaginario.blogspot.com.br/2016/01/resenha-os-verdadeiros-gigantes.html