Naty__ 25/06/2015Antes de iniciar a resenha sobre O assassino e o profeta vale deixar registrado que Guillaume Prévost é, também, autor do livro Os sete crimes de Roma, que o li há certo tempo e tive a satisfação de resenhá-lo. Assim como na primeira leitura que fiz da obra do autor, na segunda ele conseguiu me surpreender, não simplesmente pelo fato de a obra se passar em Jerusalém, no ano 6 d.C.
O autor narra os sacrilégios vivenciados por judeus e o faz de uma forma magnífica. Como se fosse pouco, ele consegue descrever os assassinatos de modo incrível. Não existe uma palavra para classificar a forma fria que as mortes acontecem e o jeito que o autor consegue passar o sentimento de cada morte.
Logo de cara nos deparamos com o chefe dos fariseus sendo assassinado. Costurado em sua boca, um pergaminho anuncia uma grande punição contra o povo de Israel. A crueldade feita com o chefe deixa todo mundo estupefado. Porém, como todo crime, existem alguns suspeitos e, nesse caso, são os saduceus: rivais dos fariseus por mais de um século.
Enquanto estão preocupados com o primeiro assassinato, algo impensável acontece: o chefe dos saduceus, o sumo sacerdote do Tempo, também é assassinado. O mais intrigante é que em sua boca há indícios da continuada profecia: a vinda do grande Salvador ou a chegada de um imensurável caos.
A dúvida que percorre o coração dos leitores, que angustia aqueles curiosos e atormenta a vida de seus familiares é: quem é o assassino? Afinal, pensava-se, de início, que eram os saduceus. Não há mais chefe dos fariseus e nem dos saduceus; quem é autor dessas atrocidades? De onde vem essa perturbadora profecia?
O livro é narrado de uma forma que prende o leitor, em diversos momentos. Contudo, não é em todo o tempo que sentimos a leitura fluir. Em algumas partes, é preciso dar uma parada para respirar. Os diálogos são bons, mas a história é repleta de detalhes, o que necessita de uma análise maior das descrições.
Para quem não sabe, o autor é professor de História, então, podemos contemplar a qualidade e a facilidade que ele tem em descrever a obra ambientada em uma época tão complicada. O trabalho é rico em detalhes, tão impecável que é necessário pararmos a leitura vez ou outra para retomar o fôlego que esse thriller consegue nos tirar.
Não sei dizer ao certo quanto tempo demorei a terminar esse livro, acontece que a história tem um misto de sentimentos que deixa o leitor na dúvida: “termino logo e acabo com essa curiosidade ou seguro a leitura para não sentir saudade depois?”. A verdade é que senti os dois. O que mais me chamou a atenção na escrita do autor é a capacidade fria que ele tem de descrever as mortes. Ah! E, claro, assim como no livro anterior, a quantidade de vítimas que ele coloca, que não são poucas.
Enquanto lia Prévost, podia sentir o espírito frio e calculista de George R. R. Martin. É uma mistura indescritível e que, sem dúvidas, deixa o leitor afoito por mais mortes, mais corpos sendo encontrados de formas estranhas e mais sangue... Muito sangue e mistério!