spoiler visualizarKeroway 12/01/2013
Viajar até o fim da noite, divagar pela imundície da raça humana
Um homem, iludido pela ideia do patriotismo, adere às armas de sua nação e vai a guerra, lutar pelo seu país, por seus compatriotas. Na guerra, descobre que é cada um por si, e que a única luta é a luta pela sobrevivência. O que os seus companheiros e compatriotas fizeram por você? Nada. Depois da guerra, Bardamu (Céline) faz uma viagem à África colonial. O que lá encontra? Mais podridão. Adere a pesados trabalhos para se sustentar, a cada dia lutando contra as febres, mosquitos e o infernal calor africano, até ser tomado por completo pela febre e ser "vendido" para um navio qualquer. Quando Bardamu acorda, nota que seu navio - seu comprador - era um cargueiro que chegava à América. A terra dos sonhos de Céline, o lugar que prometia ser um paraíso sobre a terra. E era mesmo um paraíso? De modo algum. Não importa onde você vá, a miséria humana está incrustada sob a pele dos homens, perdida entre a indignidade, a falsidade, a artificialidade. Céline, desiludido, volta à França para tornar-se médico. E como médico, apenas mais desgraças. As únicas curas que pode fazer são as curas físicas, quando ainda possíveis. E as curas da alma? Essas ninguém possui.
Céline foi um grande escritor. Pôs no papel aquilo que muitos de nós prendem na garganta dia após dia nas nossas vidas. Trouxe à palavra "miserável" um novo significado, e a vida, uma nova ótica. Uma ótica realista e sem censuras. O livro vale a pena. A viagem vale a pena.