Viagem ao fim da noite

Viagem ao fim da noite Louis-Ferdinand Céline




Resenhas - Viagem ao Fim da Noite


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Lista de Livros 01/03/2017

Lista de livros: Viagem ao Fim da Noite – Louis-Ferdinand Céline
“O amor é como o álcool, quanto mais somos fracos e bêbados, mais nos acreditamos fortes e espertos, e convencidos de nossos direitos.”
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“Não há vaidade inteligente. É um instinto. Tampouco há homem que não seja antes de mais nada um vaidoso.”
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“Viver sozinho é se exercitar para a morte.”
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Mais em:

site: http://listadelivros-doney.blogspot.com.br/2017/02/viagem-ao-fim-da-noite-louis-ferdinand.html
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Cheetara 30/01/2009

Um livro Genial. Se existia alguem que sabia das coisas, esse alguem era o Celine!
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Lennon.Lima 29/10/2018

Sobre o livro

Viagem ao fim da noite trata-se de um relato semiautobiográfico. O personagem central é o anti-herói Ferdinand Bardamu que, assim como o seu autor, tem uma vida repleta de experiências marcantes, mas nem por isso agradavelmente memoráveis. Começamos a acompanhar a jornada de Bardamu na batalha que é a vida em sua modesta participação como simples soldado de infantaria em um dos maiores conflitos bélicos da história: a Primeira Guerra Mundial. Depois, seguimos com Ferdinand para a África colonial, por uma América do Norte em franca industrialização e novamente para a França onde passamos a conhecer a sua rotina de médico iniciante em um subúrbio de Paris.

O que achei de positivo

Esse livro é um retrato do absurdo da vida, ou, na definição de Lev Trotski sobre este romance, “panorama do absurdo da vida”. Uma das grandes virtudes que achei da escrita de Céline em “Viagem ao fim da noite”, especialmente na primeira metade do volume, é a capacidade de passar para o leitor o quão absurda, indignante, mesquinha, sem sentido são determinadas situações em que a vida pode nos colocar, ainda mais em um período de guerra. Situações que já foram naturalizadas devido a repetição constante em que se impõem, o que explica o excruciante estado de impotência a que nos submete, mas se analisadas além da superfície, revelam falta de sentido e de justiça insofismáveis.

O estilo de sua narrativa consegue transmitir, mesmo não se valendo de um discurso direto, uma crítica direta, o tom de revolta, de pessimismo e também de conformismo frustrante. É possível visualizar o jeito de ser de Bardamu e, consequentemente, de Céline. É possível imaginá-lo trombando com você na rua. Se você tem um mínimo de vivência, já deve ter cruzado com o tipo em algum momento de sua vida: desbocado, prático, contundente, de gestos largos, por vezes inconsequentes, de uma simplicidade rústica na forma de se vestir, mas digna, e dono de inteligência que não o faz um intelectual, mas esperto, malandro, principalmente em esconder suas misérias, suas fraquezas, seus medos inconfessáveis.

E essa percepção se deve ao tom, a linguagem despojada, coloquial, agressiva, incisiva, responsável muito do impacto que causou a época e que deve gerar até hoje, a mim me surpreendeu, porque ao saber que estou lendo um romance de 1932 a minha expectativa era de um tom mais formal, mais tradicional, mas de repente me vejo com a impressão de estar lendo um livro que poderia ter saído da gráfica a 10, 20 anos atrás, sem provocar estranheza. Ou seja, tem tons modernistas, é uma obra, em termo de estilo, a frente de seu tempo e que se mantém atual.

Em boa parte do livro, fiquei com a impressão de estar consumindo um livro de não ficção, mas isso não se deveu a riqueza do relato, dos detalhes de determinadas ocorrências, mas pela narrativa se semelhar muito ao estilo do gênero, se debruçando mais em relatar, explicar os porquês da concretização dos fatos e de suas consequências, do que focar em aspectos como descrição de ambientes, de aparência dos personagens, constituição física, de personalidades. Essa forma de narrar, neste caso, entendi como uma faca de dois “legumes”. Obviamente vou me ater aqui a parte positiva.

O livro é extenso

Verdade que li a versão de bolso da Companhia Das Letras, mas mesmo em um formato tradicional seria mais denso que qualquer coisa que o Felipe Neto já publicou ou venha a publicar. Sem dúvida é muita estória/história para contar e muitos personagens no enredo. Um estilo literário mais tradicional faria do volume muito maior do que é e provavelmente renderia trechos cansativos. Com esse estilo, Céline consegue expor os principais eventos de sua conturbada vida, fazer as observações, reflexões que julga pertinente e entregar uma narrativa fluída, envolvente, que faz o leitor percorrer páginas e páginas sem perceber. É o que sempre esperamos de um bom livro, não?

E esse êxito de construir uma narrativa fluída se deve, como já exposto, a linguagem acessível, cativante, impactante, o estilo objetivo, incisivo, franco, mas também ao seu incrível talento de definir situações e pessoas em pouquíssimas palavras. Poucas, mas cirúrgicas, marcantes. Esse livro é uma fábrica de frases de efeito. De boas frases de efeito. Daquelas de grifar, colar um postite amarelo no livro.

Tenho que destacar a fase na África colonial

Entendo como o melhor momento de “Viagem ao fim da noite”. Onde se reúne praticamente todas as virtudes mencionadas acima. O que acho especial dessa fase é que a escrita de Louis é exitosa em passar a desolação, o clima cáustico, o retrato palpável da condição de vida dos habitantes, o contexto da época, especialmente dos moradores locais, a condição escrava, sub-humana, desalentada, sem perspectivas, primitiva, estagnada, atrasada. É o trecho em que o leitor realmente se sente viajando sem sair do lugar. É imerso em uma gostosa solidão inculpe em região erma, na mata, afastado da civilização, sem previsão de retorno, com recursos parcos, mas suficientes, com longo tempo para pensar a vida que vivera até ali e a que gostaria de viver em futuro próximo.

A saída de Bardamu da África é, no mínimo, inusitada e o seu destino, surpreendente.

Confira no link o que achei de negativo do livro.
https://cartolacultural.wordpress.com/2018/10/28/resenha-viagem-ao-fim-da-noite/

site: https://cartolacultural.wordpress.com/2018/10/28/resenha-viagem-ao-fim-da-noite/
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Nelson 05/12/2020

Difícil viagem até o final do livro
Esse não é o tipo de livro que costumo resenhar, dado que a a obra exige um conhecimento que, como leitor, ainda não sinto possuir. E se tratando de Viagem ao Fim da Noite, temos implicações dos eventos históricos (guerra, colonialismo, industrialização norte americana) em meio ao contexto anterior na Europa, que criam uma grande e profunda reflexão histórica, política e social. E isso só se acentua quando acrescentamos o anti-semitismo de Céline.

A apresentação (ou introdução) de Rosa Freire é um belo começo para se entender um pouco do autor e do livro, principalmente por Céline, apesar de marcante na literatura, não ser exatamente o nome mais lembrado, já que se tornou um nome "amaldiçoado". Outro importante fato destacado ainda nessas páginas, é a marcante linguagem que, para a época de seu lançamento, era um diferencial para a obra, com sua forma coloquial, extenso uso de palavrões e uma pontuação bem notável. Porém, sinto que algo se perdeu no tempo, já que estamos há quase 90 anos da sua publicação. Não digo isso para tentar tirar o seu mérito, mas como já estamos bem acostumado com linguagens assim atualmente, o livro acaba sendo um pouco cansativo em certas partes que o estilo de pontuação é exagerado em um parágrafo grande que tenta descrever alguma ação rápida, mas acaba empacado nas palavras devido a isso. Aí entra outra coisa que se perdeu, dessa vez na tradução. Acredito que, em português, nunca estaremos cientes da dimensão da linguagem criada por Céline nesse livro.

Composto por partes (ou momentos) bem diferentes entre si, Viagem ao Fim da Noite, aborda uma grande extensão temporal. Existe uma diferença tão grande no ritmo da história de seu início (a guerra) até a desventura do protagonista, Ferdinand Bardamu, na África colonial, que a história parece ficar sem um rumo, sem objetivos após esses eventos. Não que isso não fosse algo planejado, afinal Ferdinand é um completo perdido na vida e, sem forças maiores agindo sobre ele, é de se imaginar seu destino de mudanças e fugas. Entretanto, isso acaba nos levando de nenhum lugar a lugar nenhum. Confesso que a falta de um objetivo para a história a partir do momento de sua fuga da África para a América, me deixou um tanto desanimado.

Mas o pior fica para o final, quando já de volta à França, Ferdinand passa a relatar seus problemas cotidianos, igual a uma novela de televisão. Nesse momento, tudo acontece devagar, tendo um ritmo melhor de desenvolvimento dos personagens, porém tanto eles quanto os fatos narrados não são muito cativantes. É quase como beber um copo de açúcar. Não fossem pelas pausas reflexivas do narrador-personagem, talvez eu tivesse desistido da leitura.

Em minha opinião, a maior beleza da obra está nas reflexões de Céline, principalmente quanto à guerra. Se tratando de uma obra semiautobiográfica, é notável a realidade de que não existem herois de verdade em uma guerra. Os horrores são descritos a exaustão, tornando a atmosfera um tanto niilista. Isso se reflete por todos os pensamentos do narrador-personagem. Todos. Se caso eu tivesse de grifar as partes mais emocionantes de seus pensamentos, acabaria grifando toda essa primeira parte.

Minha opinião pode ser um pouco confusa por elogiar e criticar negativamente o livro, por isso avisei de antemão que não me sentia preparado para resenhá-lo, ou mesmo, entender sua beleza nas partes mais dramáticas e arrastadas que não levam a lugar algum. Tenho um grande apreço por bons enredos, portanto esse livro me desafiou como leitor de sua metade em diante. Achei o final é um tanto anticlimático, mas não no sentido negativo. Nem toda história precisa de um fim engrandecedor. Além de que seus eventos finais fazem do título algo bem literal.

A minha edição é da primeira reimpressão da Companhia Das Letras e, apesar de ser uma boa casa editorial, penso que o copidesque poderia ter adaptado alguns termos sem causar prejuízo algum a obra. Outra coisa que não chega a incomodar, mas que também poderia ter sido melhor, é a diagramação. Há muito espaço sobrando entre a última linha, o número da página e o fim da folha. Por fim, a capa é feita de uma material bastante poroso, dando uma bela aparência, mas ao mesmo tempo conferindo uma fragilidade maior do que um material liso como de costume. A ilustração de Gus Bofa também não ganha destaque devido ao seu pequeno tamanho.
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Picón 14/02/2021

Vômito pessimista
Após esse livro, a ressaca literária é certa. O autor escreve numa verve crua e rascante. Emulando a oralidade, ele vai "botando para fora" toda a mesquinhez, a sordidez, enfim, tudo o que há de pior na natureza humana. Apesar de muito bom, o livro é um tanto difícil de ler por conta de toda essa crueza.
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Lopes 02/07/2018

| o intruso corrompido |
O leitor é um inesquecível ser volátil, doar a ele virtudes físicas e sentimentais, articulando um poder inerente da fala e escrita, encobre muitos feitos de artistas inesgotavelmente podres. Ruminar diante do papel as agruras de forma latente, aproximando a quem de direito sobre aquele livro de forma extrema e muitas vezes contrária, e, ainda assim, ser motivo de genialidade, causa um dos únicos e mais poderosos choques existentes no corpo e alma do leitor. Esse cursor vulgar é o princípio de “Viagem ao fim da noite, de Louis-Ferdinand Céline. O autor estilhaça qualquer vontade mínima de existência dentro da bolha em que o mundo se transformou durante e após a Primeira Guerra Mundial. A aridez nesta obra tem vínculos, ou o é em termos práticos, a visão eloquente da vida do autor por ele mesmo. Tudo é muito pesado, histérico e mortalmente cômico. O extermínio da beleza artística é rompida por uma linguagem simples e de vocábulo incessante. Na história, Ferdinand Bardamu, narra sua estridente trajetória a partir de sua participação como soldado na Primeira Guerra, depois é enviado para um país do continente africano. Mas será nos EUA que sua consciência o perturba de forma crua ao se deparar com um país infeliz, cordialmente material e falso. E por fim volta ao país de origem, França, e expõe toda sua experiência ao descrever seu trabalho como médico, fazendo um acerto de contas ao contrário do espaço em que formou sua essência cruel. O extremo corrompe, e quando esse se posiciona como objeto inerente à consciência, coloca em xeque o risco da obra, porém, o niilismo de Celine elabora uma nova miríade, em que é quase impossível não compreender tais seres humanos, autor e personagem. E o fator incisivo é que ao corromper consigamos deslocar ideias e perambulações românticas e saber, o mínimo possível que seja, que em nenhum momento a vida é uma literatura, e sim, algo bem menos robusto e arcaicamente animalesca, no entanto, onipresente e onisciente, que precisa dos mais variados diálogos para não cessar.
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