Brasil: Uma biografia

Brasil: Uma biografia Lilia Moritz Schwarcz
Heloisa Murgel Starling
Heloisa Murgel Starling




Resenhas - Brasil: Uma Biografia


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Leituras do Sam 01/02/2018

Para o Brazil conhecer o Brasil
Biografar um personagem tão ambíguo, multifacetado e que se transformou ao longo dos seus mais de cinco séculos de vida não é tarefa fácil, ainda mais em um país em que a história parece nao ser muito valorizada. O desafio das autoras Lilia M Schwarcz e Heloísa M. Starling era enorme, mas com competência elas conseguiram tornar a história do Brasil atraente mesmo para aqueles que não querem saber nada do Brasil.
Usando uma linguagem acessível e ao mesmo tempo densa, as autoras em sua narrativa abrangem a política, os aspectos sociais e culturais , utilizando-se da música, literatura e artes no geral para tentar montar o quebra-cabeça que é a formação do Brasil.
Sinceras, assumem o que sabem e o que ainda é dúvida sobre muitos fatos históricos; não se furtam a dar nomes e de firmarem seus pontos de vistas principalmente em questões sociais como a escravidão e ditadura política/militar.
Nas mais de 500 páginas temos então um panorama bem costurado dos fatos históricos com o cotidiano do povo brasileiro e sua cultura, resistência, luta e contradições inerentes a um povo nascido da mistura de muitos outros povos.

@leiturasdosamm
Hellen.Olliver 01/02/2018minha estante
To enteressada em ler , e a culpa não é das estrelas é sua haha


Leituras do Sam 03/02/2018minha estante
Hahaha.
Que ótimo!
Leia e vc não vai se arrepender e sim só adquirir conhecimento. Abraços.


Carlos 03/02/2018minha estante
Bela, resenha. Tô com esse calhamaço aqui do lado. Você leu de uma vez ou dividiu a leitura?


Carlos 03/02/2018minha estante
Belíssima resenha. Tô com esse calhamaço aqui do lado e você acabou me motivando a lê -lo. Você leu de uma vez ou fez alguma divisão?


Leituras do Sam 03/02/2018minha estante
Valeu Carlos.
Eu li de uma vez, os capítulos são até que curtos e abrangem alguma fase importante e já fazendo introdução para o próximo, então a leitura é bem fluida.


Filipe Dias (Canal Filiperama) 05/06/2018minha estante
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Rosangela Max 06/02/2022

Trabalho impecável!
Imagino o quão extensa e profunda foi a pesquisa feita para a escrita deste livro.
As autoras arrasaram demais!
Conseguiram contar a história do Brasil de uma forma rica, sem ser maçante.
Foi uma leitura cansativa pra mim, não vou negar, mas isso devido ao tema e ao gênero, não em relação a escrita das autoras.
Senti que aproveitei mais a leitura depois da parte sobre a Inconfidência Mineira porque, muito do que estava sendo informado até então, não era novidade pra mim. Já tinha lido em outros livros, como os dois primeiros livros da trilogia ?Escravidão? de Laurentino Gomes que aborda exaustivamente sobre alguns temas.
Gostei muito da leitura. Foi um intensivão sobre o Brasil.
Recomendo para quem tem interesse em tentar entender as ?presepadas?que o povo brasileiro vem enfrentando ao longo dos séculos e toda luta gerada, em busca de um país melhor.
Só não podemos esquecer que o país é governado e povoado por pessoas. Portanto, nada será melhor se não tivermos governantes e cidadãos melhores.
Marlon 06/02/2022minha estante
Vc acaba de me dar mais uma boa razão para, assim que me for possível, ler esse livro. Gostei demais da sua resenha. E certamente vou gostar do livro tbm quando o ler. Pra vc uma boa noite e uma ótima semana.


Paloma 07/02/2022minha estante
Estou ainda no início da leitura e amando! Lendo aos poucos pois não tenho muito tempo, mas está sendo uma experiência muito rica. É claro o impecável trabalho de pesquisa das autoras.


lipeengineer 10/04/2024minha estante
Stou lendo




Paulinho 04/02/2024

Uma leitura cheia de amor e fúria
Eu comprei “Brasil: uma biografia” em 07 de novembro de 2022 para ser autografado pela Heloísa Starling na Bienal daquele ano, eu consegui meu autógrafo e uma conversa muito agradável com a historiadora. Não estava em meus plenos lê-lo nas férias, deveria ler o volume 2 do “Dicionário a analítico do Ocidente medieval”, mas a leitura de “Brasil: uma biografia” se fez mais urgente e necessário: estudo para concurso e ministrar aulas para as turmas do ensino médio.
A leitura foi realizada de 27 de dezembro de 2023 a 04 de fevereiro de 2024 e ler nesse tempo tão curto só foi possível pelas férias e por janeiro ter mil dias. Mas fiz uma leitura profunda. Até o capítulo 3 foi uma revisão de temas nos quais já tinha leituras muito boas e são capítulos excelentes. Os capítulos da Independência à Primeira República achei medianos, não são meus favoritos. O capítulo da era Vargas é o melhor e o dos anos 1950-1960 também é muito bom. Achei o capítulo da Ditadura fraco em alguns tópicos e o capítulo da redemocratização é muito ruim.
As historiadoras brilham ao narrar e descrever os fatos e o livro se torna incontornável pelo seu excelente potencial didático: dezenas de fontes iconográficas, citação e até alguns comentários sobre cinema e músicas como postei aqui. Porém as análises políticas são muito frágeis e questionáveis. Uma adjetivação excessiva dos personagens políticos leva ao equívoco de que governos e política são personalistas. Em alguns capítulos não há uma relação mais profundas sobre os contextos internacionais. Exemplifico: o capítulo sobre Era Vargas é absurdamente completo sempre sinalizando as relações com o cenário internacional, já o capítulo de redemocratização essa relação praticamente não é comentada, muito menos na ditadura.
A “Conclusão” e o “Pós-escrito” são muito ruins, com lentes liberais, as autoras fazem análises de uma superficialidade bastante tacanha. O pós-escrito parece um discurso de um deputado pró impeachment (embora as autoras sejam contra), novamente há aqui uma personalização dos eventos bastante perigosa e simplificadora que não analisa as ascensões das extremas-direitas no mundo e sua participação ou contribuição com a desestabilização da democracia brasileira. Faço essas críticas não como “hater” e acho importante destacar isso, pois sou um apreciador dos trabalhos das pesquisadoras, a Lilia já tive o prazer de encontrá-la algumas vezes. Mas faço um alerta de que é preciso ler ciência com olhar crítico e ativo, buscando contrapontos. Dito isso encerro este comentário-registro recomendando fortemente a leitura da obra, mas sempre com olhar atento. Com certeza será uma das leituras impactantes de 2024.
Paulo1844 04/02/2024minha estante
Amei a resenha, professor! Espero ansiosamente por essa aula.


Paulinho 04/02/2024minha estante
Obrigado. Pensei em muitas coisas legais para esse ano. Espero realizar um bom trabalho.




Lauckson 10/11/2021

Razoável
Não viajei muito no livro. Achei fantasiosa a maneira como a ideia de "Brasil" é apresentada. Uma maneira classe média, moderada e sem perspectiva.

Cai num campo de elaboração do discurso, os joguetes com palavras, as sentenças "poetizadas" sobre determinados acontecimentos e pessoas são ultrajantes (pelo menos pra mim).

É razoável, quase dispensável. Mas pra não dizer que achei tudo ruim, os capítulos sobre o governo Vargas e a ditadura são legais e remontam bibliografias que me era desconhecidas e despertaram interesse.

De qualquer forma, leia você mesmo e tire suas próprias conclusões (:
belares 13/11/2021minha estante
Obg pelo review!


Eduardo 20/07/2022minha estante
Achei esse livro superestimado




Marcelo.Lirio 22/07/2018

Interessante
Fui direto para o cap.17 - No fio da navalha: ditadura , oposição e resistência-.
pág. 461 "nunca foi tão perigoso ser estudante no Brasil."
pag. 462. "A mais espetacular ação executada pela esquerda revolucinária (sequestro do embaixador americano)
pag.461 " Algumas dessas orgaizações (revolucionárias) eram minúsculas, poucas tiveram força suficiente"
pag 462 "(Marighella) Também entendia de futebol, sabia fazer poesia e gostava de samba.Morreu fuzilado em uma tocaia..."

...Vamos ver se dá pra salvar o restante da leitura.
Jeze 27/11/2018minha estante
O skoob tem a opção de troca. Se não gostar do livro, garanto que em menos de 1 semana já terá o vendido. Daí você pode adquirir livros com viés pró ditadura militar. Esse livro com certeza se posiciona de forma crítica à ditadura.


Marcelo.Lirio 24/10/2020minha estante
Leio Marx, lukacs, gramschi e outras porcarias. Faz parte, como vou criticar?




Paula 10/09/2022

Livro que todo brasileiro deveria ler
Nesse livro estudamos a História do Brasil de forma consciente. É realizado um amplo debate sobre vários aspectos sobre a nossa história e que nos levam a entender todo o processo de formação do povo brasileiro.

Um livro para todos lerem.
Fábio Yeshua 10/09/2022minha estante
Estou com ele aqui. Dei uma rápida olhada e parece excelente. Nunca gostei da história do Brasil, sem odiei pra falar a vdd, por isso me dediquei a filosofia e história antiga. Recentemente um amigo Heni Ozi Kukier conseguiu me incentivar a ler sobre o Brasil e eu gostei muito rsrs fiquei até surpreso. E esse livro realmente todo brasileiro deveria ler ??




Fabio.Nunes 18/11/2022

Uma aquarela do nosso Brasil
Este foi um livro que me acompanhou por meses, de leitura simples, nem sempre de fácil digestão e que me trouxe um verdadeiro quadro do Brasil.
Pincelando o passado de maneira magistral, as autoras conseguem resumir a história do nosso país sem tirar do leitor os fatores essenciais para cada fato e cada momento histórico. Aliás, parabéns ao trabalho de pesquisa realizado, pois nossa leitura termina efetivamente na página 521 e o restante, até a página 709, são de notas, referências bibliográficas, índice remissivo e cronologia.
Além disso, há inúmeras imagens às quais as autoras fazem alusão para que nosso entendimento seja mais completo.
Uma obra que mostra todas as cores da nossa rica e conflituosa história, tão eivada de contradições. Uma aquarela do Brasil em forma de texto que possui apenas um defeito: o livro é curto demais. Ele passa pela história de forma a te deixar com gosto de ?quero mais?. Menção honrosa para as frases líricas de efeito ao final de vários capítulos ou subcapítulos.
Sinto em mim uma brasilidade mais rica após a leitura dessa obra, e creio que todo mundo deveria conhecer melhor nossa própria história, para não repetirmos os erros do passado.
Um livro obrigatório.
Kemilão 20/11/2022minha estante
Acabei de comprar , vou ler sua resenha !




Lais.Dutra 22/11/2015

Completo
Ótimo livro pra quem quer entender em detalhes a história do Brasil em ordem cronológica até os dias de hoje. É longo, mas vale a pena.
MARIO 21/06/2016minha estante
Interessante é observar que no livro, as autores não se prendem completamente à cronologia. Por vezes tratam de um assunto em um determinado contexto temporal, mas se permitem avançar ou retroceder alguns anos ou décadas para mostrar origens e impactos.




iviegas 24/12/2015

Terminei
Finalmente terminei esse livro, o gostinho de terminar um livro é sempre muito bom, e esse então... foram meses de leitura acompanhado de leituras paralelas, na verdade foi um grande estudo onde eu tive que recorrer constantemente ao wikipédia, dicionários. Na verdade a proposta das autoras é relatar os acontecimento sempre dando uma conciência e reflexão. Algumas coisas me surpreenderam, pelo fato de ser ignorante ao assunto, como a causa escrava do índio e o negro, que são nosso verdadeiro passado e as marcas estão aí, outros assuntos descordei pois já tinha um conhecimento prévio. É um livro preciso nos fatos mas as reflexões das escritoras faz jus ao nome do livro, Brasil: uma biografia, fazendo-se uma leitura agradável e quase inesquecível. Esse foi o primeiro passo que dei e que continuarei em 2016 (depois mostro a lista dos livros que irei ler, tangendo pro lado histórico brasileiro). Depois desse livro meu interesse por Brasil aumentou, naturalmente, e fico cogitando várias coisas que não caberiam aqui. Indico, por vários motivos, esse livro. E certamente recorrerei várias vezes ao seu aprendizado. Nasce, hoje, um ativista que ano que vem vai traçar e confirmar suas causas e caminhos a seguir. A culpa toda foi da história do meu país que, embora pouco tenha me aprofundado, desde já, me comoveu profundamente.
Eddington 05/05/2016minha estante
Ao concluir o livro também tive um interesse em aumentar o conhecimento sobre a história brasileira. Se puder, me passe as obras que tem interesse em ler no futuro.




fuckinormie 12/07/2022

extremamente necessário.
é sim um livro grandinho e as vezes denso de ler, são muitos nomes e acontecimentos diferentes, mas vale cada minuto. tenho a mim que devia ser uma leitura obrigatória.
DANILÃO1505 12/07/2022minha estante
Parabéns, ótimo livro

Livro de Artista

Resenha de Artista!




Juliana Tavares 08/05/2018

Pente-fino na história do Brasil
É indiscutível que este livro, de fato, possui um trabalho de pesquisa formidável. A linguagem também não fica para trás. Quem quiser mergulhar na história desse país tão gigante na sua complexidade é só recorrer à esta obra.

No entanto, teve um detalhe que me deixou um pouco insatisfeita com o livro. A disposição das imagens acabou cortando o clima da leitura e deixou a experiência por muitas vezes enfadonha.

Sendo esta uma obra densa, com parágrafos enormes e totalizando mais de 600 páginas, eu acredito que as imagens poderiam ter sido utilizadas para trazer mais leveza para a experiência literária.

Para pessoas que, assim como eu, têm o hábito de ler no metrô, é muito desconfortável parar na página 16 para ir até meados da página 140 onde está a foto mencionada na página 16. Isso não faz sentido para mim.

Acho que foi um tiro no pé o fato de os editores não terem tido essa preocupação em explorar as imagens no decorrer do livro. Sem dúvida eu teria aproveitado mais a leitura.
Filipe Dias (Canal Filiperama) 05/06/2018minha estante
Estou lendo o livro e estou tenho a mesma opinião que você. Sem contar que as imagens são citadas fora de ordem. Isso também atrapalha um pouco.




Alexandre Kovacs / Mundo de K 12/08/2015

Brasil: Uma Biografia - Lilia M. Schwarcz e Heloisa M. Starling
Editora Companhia das Letras - 792 páginas - Lançamento: 27/04/2015.

Não há dúvidas sobre o fato de estarmos vivendo um momento crítico e, talvez, transformador da nossa postura política, tanto por parte da sociedade quanto dos nossos representantes no Congresso. A urgência de saber mais sobre o Brasil e a trajetória que percorremos para chegar até aqui, torna a leitura desta "biografia" não autorizada muito oportuna. A interpretação do nosso passado, sendo ele remoto ou recente, muitas vezes se confunde com a ficção e o conhecimento de certas peculiaridades que influenciaram a formação da identidade nacional e do patrimônio artístico e cultural do nosso país não se apresenta como tarefa simples, mesmo para historiadores experientes, quanto mais para o leitor leigo que carrega na sua bagagem um conhecimento superficial aprendido na escola e muitas vezes manipulado ou produzido de acordo com interesses políticos e econômicos. As autoras, para contar uma nova história entre muitas outras possíveis, reuniram vasto material de referência, incluindo imagens, sem tornar o livro excessivamente acadêmico, seguindo um estilo iniciado por Boris Fausto e mais recentemente por Laurentino Gomes, autores que facilitam o entendimento do grande público, sem comprometer o rigor do fato histórico.

O período coberto pelo livro tem início antes do descobrimento — ou "invasão" em uma interpretação mais moderna — e procura interpretar os principais ciclos econômicos ao longo de mais de quinhentos anos de história, o ciclo da cana, por exemplo, que estabeleceu o sistema escravocrata, também conhecido como "infame comércio de almas", como base do sistema produtivo que possibilitou o desenvolvimento da colônia no período seiscentista, mas deixou marcas profundas e uma herança de violência em nossa sociedade que já nascia em um ambiente formado por contrastes brutais, uma mistura de paraíso e inferno na terra, representado pela "civilização do açúcar" e suas etapas produtivas nos engenhos: processamento da cana, transporte, manutenção e administração. Esta dependência da mão de obra escrava fez com que o Brasil fosse o último país a abolir a escravidão no Ocidente em 1888, uma das muitas razões para o racismo dissimulado que ainda persiste em nossa sociedade até o presente momento.

"A essas alturas, o tráfico negreiro constituía um negócio dos mais lucrativos, e alguns senhores tinham mais interesse em 'repor' um escravo morto que em ajudar na longa e dispendiosa criação de sua 'propriedade'. Por sinal, a imagem difundida de que a escravidão brasileira teria sido mais amena que a norte-americana, uma vez que por lá teriam existido engenhos especializados na 'criação de escravos', é mais teórica do que real. Os motivos que explicam tal conduta nada têm de humanitários, e são o mais das vezes de ordem pragmática e comercial. Era custoso manter um escravo criança até que atingisse a idade produtiva. Portanto, melhor comprar um 'novo' nos mercados abertos das cidades, os quais expunham os africanos como peças, coisas e bens. Os preços também variavam conforme o 'uso': mulheres e crianças eram menos bem avaliadas que homens e adultos. Antes dos oito anos eram crianças, depois dos 35, velhos, pouco aproveitáveis no trabalho pesado da cana. O 'envelhecimento' ocorria cedo, assim como o fim da adolescência: a partir de oito anos e até os doze um escravo já era classificado como adulto (...) a civilização do açucar originou um local de extremos: o doce da cana se fez às custas do travo da escravidão. Um mundo verdadeiramente novo, no sentido de diferente, ia sendo criado. Amargo açúcar, ardida doçura." (págs. 77 e 78).

A transferência da família real, ameaçada por Napoleão na Europa e, consequentemente, a mudança da própria administração da metrópole para o Brasil, promovido à categoria de Reino Unido de Portugal e Algarves, é um dos fatos políticos mais marcantes da formação de nossa identidade nacional. Em 1808, a colônia transformava-se em sede do império português, uma inversão de valores nunca antes vista na história, e que provocou uma série de ações progressistas como a criação do Banco do Brasil no mesmo ano, além do banho de civilização recebido pela cidade do Rio de Janeiro. No entanto a logística para a mudança da corte e todo o aparato da monarquia não foi nada simples, envolvendo o transporte de aproximadamente 15 mil pessoas, assim como os transtornos decorrentes desta verdadeira população que enfrentou todo o tipo de problemas durante a travessia do Atlântico, desde a falta de acomodações e condições precárias de higiene a bordo das naus da esquadra portuguesa até a insuficiência de provisões.

"E o plano era complexo. Afinal seguiriam viagem, junto com os Bragança, alguns poucos funcionários selecionados, mas também várias famílias — as dos conselheiros e ministros de Estado, da nobreza, da corte e dos servidores da casa real. Não eram indivíduos isolados que fugiam às pressas, e sim a sede do Estado português que mudava de endereço, com seu aparelho administrativo e burocrático, seu tesouro, suas repartições, secretarias, tribunais, arquivos e funcionários. Acompanhava a rainha e o príncipe regente tudo aquilo que representasse a monarquia: os personagens, os paramentos, os costumeiros rituais de corte e cerimoniais religiosos, as instituições, o erário, os emblemas... Enfim todo o arsenal necessário para sustentar a dinastia e os negócios do governo de Portugal e a eles dar continuidade" (pág. 163).

A independência do Brasil, declarada por d. Pedro I em 1822, e o fim da monarquia foram eventos conduzidos surpreendentemente pela própria monarquia, como resultado de uma estratégia política de manutenção do poder, procedimento inusitado e inédito na história das colônias. A solução de continuidade "parecia uma contradição em seus próprios termos, dado que na conjuntura era difícil imaginar um processo de emancipação nas Américas sem prever, como decorrência, a instalação de um regime republicano". De qualquer forma, através de uma transição gradual e da implementação de uma "monarquia constitucional representativa", que ainda durou 67 anos, acabamos chegando à proclamação da república somente em 1889, encerrando a soberania de d. Pedro II e instituindo o marechal Deodoro da Fonseca como o primeiro presidente da república.

Outros marcos importantes foram os sucessivos governos da era Getúlio Vargas, o primeiro período de 1930 a 1945 que culminou na ditadura do Estado Novo e o período em que foi eleito democraticamente, de 1951 até o seu suicídio em 1954, fato que o eternizou na memória do povo como um herói da pátria. Não há como não admitir a importância dos avanços sociais (principalmente na área trabalhista) e entre os maiores feitos de Getúlio podemos destacar a criação da carteira de trabalho em 1932, os direitos trabalhistas da Constituição de 1934, a Companhia Siderúrgica Nacional em 1941, a Companhia Vale do Rio Doce em 1942, a CLT (Consolidação das Leis do trabalho) em 1943, o BNDES em 1952 e finalmente o monopólio estatal do petróleo com a fundação da Petrobras em 1953.

O Plano de Metas, "cinquenta anos em cinco", de Juscelino Kubitscheck, foi certamente fundamental para o desenvolvimento do país e a inauguração de Brasília em 1960 o fruto de "uma conjunção rara de quatro loucuras: a de JK, de Israel Pinheiro, Niemeyer e Lúcio Costa" como bem resumiu Otto Lara Resende, mas o que definitivamente não poderia faltar em uma obra como esta foi o sofrido processo de redemocratização iniciado em 1985 com a eleição de Tancredo Neves pelo Colégio eleitoral, a posse forçada de José Sarney devido à inesperada morte de Tancredo e, finalmente, a eleição direta de Fernando Collor em 1989 — a primeira realizada pelo voto popular desde 1961 — encerrando o longo período de governo dos militares que se alternaram no comando do poder Executivo, através dos generais: Castello Branco (1964-67), Costa e Silva (1967-69), Garrastazu Médici (1969-74), Ernesto Geisel (1974-79) e João Figueiredo (1979-85).

"Em 1975, as versões de suicídio divulgadas pelos militares tinham virado rotina: quase cinco meses antes da morte de Herzog, o tenente José Ferreira de Almeida também teria se suicidado na mesma cela, com outra tira de pano que não existia e na mesma posição. Pouco mas de dois meses após o assassinato de Herzog, a morte do operário Manoel Fiel Filho, nas dependências do Codi-DOI paulista, produziu versão idêntica. Fiel Filho foi o 39° caso de suicídio de prisioneiro político da ditadura e o 19º a se enforcar — em dois desses casos, os presos teriam se enforcados sentados." (pág. 472)

A história é contada até a eleição de 1994, conquistada por Fernando Henrique Cardoso devido ao plano Real (o livro oferece uma tabela cronológica muito prática em seu final que compara importantes marcos históricos do Brasil e do mundo) e chegamos finalmente aos eventos mais recentes com os governos sucessivos do PT, à partir da primeira eleição de Lula em 2003, sua reeleição em 2006 e os dois mandatos de Dilma Rousseff, desde 2011 até a crise de popularidade atual devido às investigações sobre o mensalão e da operação lava jato, escândalos que atingiram as lideranças do PT, Diretores da Petrobras e as principais empresas construtoras brasileiras. Um livro assim ficará sempre incompleto, mas por outro lado nos leva a refletir sobre a importância do momento histórico que estamos vivendo e a responsabilidade de preservar os valores democráticos.
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Volnei 20/10/2015

Brasil Uma biografia
A obra nos traz um resumo da história do pais desde seu descobrimento até o fim da era de ditadura pela qual passamos

site: http://toninhofotografopedagogo.blogspot.com.br/
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Fernando.Subra 23/04/2024

Brasil: Uma biografia
Quando falamos do Brasil, muitas vezes ficamos sem entender a complexidade desse país, com as suas diversas contradições exteriorizadas em nossa sociedade. É sobre esse aspecto que o livro das aclamadas historiadoras percorre em suas longas 800 páginas.
Passando por todas as fases da história do país até as mais recentes, os fatos buscam dar sentido as bases de formação da sociedade brasileira. Reascende muitas vezes em nós o desejo de ter sido colonizados por holandeses ou franceses em vez dos portugueses. Ajuda- nos a enxergar a fraqueza do governo português frente ao avanço de Napoleão e do governo inglês, nascendo expressões como "para inglês ver que utilizamos até os nosso dias.
O livro nos permite a enxergar o absurdo de uma sociedade escravocrata e ultrapassada, perante as necessidades da época. Faz com que enxerguemos o grande custo humano que foi ter bandeirantes como Fernão Dias desbravando nossas terras. Enfim, uma leitura essencial para todos aqueles que desejam formar uma identidade de pátria.
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Priscila (@priafonsinha) 18/07/2017

Leiam!
Quando estávamos no colégio geralmente estudávamos para passar nas provas e não pegar recuperação rs. E quando crescemos parece que queremos voltar no tempo e recuperar esse conhecimento que não demos tanto valor na época, e eis um excelente livro para isso! Maduro, com fontes bem selecionadas e muito bem escrito. Desde 1500 até um pouco além da era Collor, somos apresentados com detalhes/fotos/notas à história do Brasil.
A desigualdade social, a escravidão, a violência; enfim, são abordados uma série de fatores que nos acompanham até hoje. Devemos conhecer o processo civilizatório brasileiro, principalmente por conta do momento em que vivemos, já que olhando para o passado encontramos respostas sobre como viemos parar nesta atual situação.
Ao final do livro as autoras montaram uma linha do tempo com fatos ocorridos no Brasil e no mundo.
Um calhamaço para ler sem pressa e estudarmos sempre.
Recomendadíssimo para todos!
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