Cris 30/08/2015Não precisa ser um idiota-psico...Para fazer parte de um Mc, ser um macho alfa com A maiúsculo, ter “a pegada” e ser personagem de uma ótima história sobre motoqueiros. Prova disso é esse livro. Esse MC tem motoqueiros fodões, totalmente uns foras da lei, mas ao contrário de alguns livros dessa linha (e é com pesar que digo que esses livros de MCs com psicos neandertais são de grande sucesso) eles não são psicopatas arrogantes que tratam as mulheres como capachos ou lixo. E esse foi um dos principais motivos porque realmente amei esse livro.
Claro que ainda temos a construção típica desse estilo: guerra entre clubes; policias no encalço ou no bolso; as mulheres ou são old ladies ou vagabundas do clube (mas até a mesmo as vagabundas são tratadas como seres humanos e não mercadorias de quinta e as olds ladies são respeitadas e não apenas submissas não abusadas) e segue o mesmo esquema de reuniões de negócios do clube...
Os personagens também fogem do clichê macho alfa boçal e mocinha idiota e submissa. Mas não se enganem esses motoqueiros não são homens fofos e doces, embora tenham seus momentos, na maior parte eles são duros, rústicos e principalmente espíritos livres. Eles amam a liberdade acima de tudo, eles bebem, fodem e festejam sempre que tem oportunidade, mas aqui está a diferença não tem cenas explicitas que beiram o mal gosto de violência ou de orgias. Embora, a violência e o sexo livre estejam presentes eles não dominam a narrativa a tornando intragável como entre outros livros dessa linha. Um dos seus lemas é que eles não pré-julgam ninguém e esperam a mesma cortesia e isso nos dá uma noção para compreender esse MC.
Faye não é nem de longe a típica personagem de livros de MCs, ela é direta, teimosa, atrevida e não aceita desculpas esfarrapadas, aos poucos com seu jeito curioso/intrometido, seu humor sagaz vai conquistando um a um os caras do clube até mesmo o durão do Prez. Adorei que ela não se deixa intimidar pelos homens do clube, nem mesmo pelo presidente, e mesmo em situações constrangedores ela não perde o bom humor. Ela não abaixa a cabeça para ninguém e não hesita em devolver desaforos quando é provocada. E apesar da ideia preconcebida que tinha do que era ser uma old lady e a vida no clube ela aceita dar uma chance real para o mundo do Dex. Uma das minhas partes favoritas é ela interrogando o prospecto sobre como conseguir um colete próprio e depois não satisfeita ainda pergunta para o Prez se pode ter um, simplesmente hilário.
O Dex era todo macho alfa fodão, mas tinha um lado doce e terno ao tratar a Faye que me conquistou desde o inicio. E o modo como ele quer o bebê deles tão ferozmente e sua luta para integrar a Faye na sua vida sem roubar seus sonhos ou quem ela é me fez gostar ainda mais do personagem. E apesar de viver uma vida fora dos padrões impostos pela sociedade ele tem seus valores morais, só o fato dele querer resolver sua vida antes de reclamar a Faye como sua old lady prova isso. O modo como ele cuida da Faye saindo da sua rotina para atender seus desejos malucos de grávida ou como ele é protetor sem sufocar nos dá um vislumbre do homem amoroso por trás do motoqueiro fodão. Isso não quer dizer que ele não vai chutar alguns traseiros se encontrar alguém dando em cima da sua mulher, porque ele vai kkkk.
Adorei os personagens secundários e ri muito das interações da Faye com os outros motoqueiros. As outras old ladies também eram mulheres fortes e com profissões diversas e o melhor tinham uma vida fora do clube, fato esse que também me fez gostar ainda mais do livro. As mulheres não eram capachos sem personalidades que ficavam sentadas esperando seus homens voltarem das “corridas” e rezando para todos estarem bem. Não é que elas não se preocupassem porque elas o faziam, mas eram indivíduos com ideias próprias e não um bando de moscas mortas que só se diferenciam pela cor do cabelo como vemos normalmente nesse tipo de livro.
Outro ponto a favor desse livro é que apesar da Faye ter namorado o irmão do Dex, não rola dramas ou triângulos. Ela termina com o cretino e não lhe dá mais a hora do dia. A Faye não fica surtando a cada segundo, mesmo quando o Dex faz merda. Ela conversa, ouve e segue em frente e apesar de ser tão jovem ela é bem madura. Os caras a protegem e estão lá para ela quando o Dex não pode estar e provam que família é muito mais do sangue. Tendo em vista que os pais dela lhe deram as costas sem pensar duas vezes somente porque ela engravidou não deixa dúvidas que às vezes você tem que fazer sua própria família.
Enfim, uma história bem escrita com personagens divertidos e sem dramalhões desnecessários. Amei como os caras se tornaram a família da Faye e ela a deles. Ela acrescenta um pouco de ordem na vida caótica do clube, mas sem tolher a diversão dos caras. A maneira carinhosa e protetora como eles a tratavam e depois sua filha era adorável. Se você procura uma boa história sobre MC onde mulheres são tratadas como pessoas e não como objetos esse é o seu livro.