Marcos 18/05/2015Enredo
Kate é uma geneticista com Doutorado em criogenia, uma técnica que estuda a preservação do DNA humano através da ação do gelo. Ela lidera a equipe de um renomado instituto da área e tem um projeto no Ártico. Durante uma de suas escavações na área, ela acaba encontrando o corpo de um homem congelado. Porém, o que ela não sabia é que ele ainda estaria vivo, sendo mantido assim por ter entrado em estado de latência.
Logo seu chefe decide reanimá-lo, com sucesso. Ele acaba se tornando o objeto de estudo do Projeto Lázaro e escondido do mundo em geral a sete chaves. Jeremiah Rice, um juiz de paz que viveu e "morreu" em 1906, ao se acordar, se depara com um mundo completamente novo. Ele ainda acredita estar em sua época de origem e não consegue se adaptar completamente ao novo mundo. Vivendo isolado de todos, em um quarto no instituto de pesquisa, ele começa a ver em Kate uma pessoa próxima, em quem pode confiar.
Mas, à medida que notícias sobre o suposto homem que teria sobrevivido congelado começam a sair na imprensa, a vida de Jeremiah começa a correr riscos. Uma parte da população acha válido matá-lo por questões religiosas, julgando que os cientistas querem brincar de Deus. Kate então terá que protegê-lo de tudo e de todos e, ao mesmo tempo, se permitir viver um grande amor.
Narrativa
O livro tem seus capítulos intercalados entre os pontos de vista de vários personagens, como Kate, Jeremiah, Daniel Dixon, chefe de Kate, entre outros. Cada um tem uma forma de narrativa diferente, que dá o tom da personalidade de cada personagem. Esse recurso foi muito bem utilizado para ilustrar e, ao mesmo tempo, delimitar cada um dos plots trabalhados, porém tornou a leitura um pouco confusa em alguns momentos.
A história se divide em três partes. Na primeira temos da introdução ao enredo até a descoberta do corpo de Jeremiah. Na segunda, temos a sua volta à vida até a descoberta da imprensa de sua existência e na terceira o desfecho final. A maneira como o autor trabalhou cada arco da história se deu de forma organizada e completa. Cada eixo foi bem trabalhado e traz uma breve conclusão para o próximo.
O final é emocionante, mas achei que a cena principal foi muito adiantada, ficando algumas arestas soltas para serem trabalhadas após sua concretização. Os elementos dramáticos poderiam ser melhor trabalhados ao longo do livro, trazendo um tom mais próximo da história principal.
Romance + Ficção Científica
Sob o ponto de vista da ficção científica, o livro peca em alguns momentos, se afastando da verossimilhança. Faltou pesquisa do autor por sobre algumas técnicas de extração de DNA e ressuscitação humana. Em um determinado ponto da história esse aspecto é completamente esquecido e o livro vira uma mistura de romance com thriller. Senti falta de explicações mais relevantes para os acontecimentos.
Quanto ao romance, a sua construção foi feita de maneira linear, sem trabalhar as dimensões dos personagens. Kate, por exemplo, apresentava grande potencial se seu passado fosse melhor trabalhado como explicação para suas decisões do presente, algo que não foi feito.
A mistura de gêneros aparentemente antagônicos em uma única história é algo muito arriscado. Nesse aspecto o autor não foi feliz. Os dois gêneros caminharam lado a lado, sem se tocar em nenhum momento, se apresentando apenas como arestas díspares de uma mesma história onde poderiam ser melhor diluídos e guiarem a narrativa do início ao fim.
Considerações
Mesmo com problemas de escrita, A Curiosidade é uma leitura boa, mas apenas isso. O excesso de ponto de vistas, o foco nas longas descrições e parágrafos e a ausência de uma linha narrativa bem definida que seguisse por todo o livro faz com que sua leitura seja arrastada e desinteressante em alguns aspectos. A premissa é ótima, mas poderia ter sido melhor trabalhada. O desenvolvimento não foi satisfatório, mas algumas cenas, sobretudo as finais, trazem alguma emoção para o leitor de romances com pitadas de drama.
site:
http://www.psychobooks.com.br/2015/05/resenha-a-curiosidade.html