spoiler visualizarPedro.Lucas 07/12/2022
Review: Moon Knight (2011)
O Cavaleiro da Lua anda em evidência por conta da proximidade do lançamento de sua série, o personagem é na verdade bem antigo e relativamente esquecido em meio a galeria de heróis da Marvel, sendo muitas vezes referenciado como o “Batman da Marvel”, mas isso não resume nem uma parcela da complexidade que evolve o herói
A minissérie traz o herói vivendo em Los Angeles e em sua vida de civil como um diretor de hollywood, adaptando a história de sua vida em formato de série contendo várias referências as histórias originais do herói nos anos 70, em meio a isso ele combate o crime em sua identidade de Cavaleiro da Lua enquanto investiga um individuo que almeja se tornar o Rei do Crime de L.A.
Ele recebe um chamado dos vingadores e como já havia atuado na equipe dos Vingadores Secretos do Capitão América é de se esperar que o grupo de fato conhecesse ele e o procurassem para investigar melhor esse novo criminoso, durante a primeira edição ele interage um pouco com o Homem Aranha, Wolverine e Capitão América, mas ao fim da revista é revelado que na verdade eles não passam de alucinações de sua mente, uma vez que as diferentes personalidades que habitavam a mente de Mark Spector agora tomaram a forma do trio de heróis.
Essa premissa é bem colocada tanto no inicio quanto no resto da história como um todo, o Cavaleiro da Lua segue os conselhos das diferentes personalidades que consistem em três espectros base, o Capitão é a voz da razão ele aconselha Mark a fazer sempre o certo, o Homem-Aranha já é uma espécie de voz mais egoísta e pragmática, procurando sempre as soluções mais práticas que podem beneficia-lo e por fim o Wolverine é como de se esperar o esquentadinho raivoso que quer sair matando todos os bandidos. Mark vai tão fundo na construção das personas que cria braceletes que emulam as habilidades dos heróis, que funcionam como lança-teias, garras retrateis e um escudo de energia-zero, em uma edição ele chega até mesmo a utilizar um traje de Homem-Aranha para combater o crime.
O argumento para justificar as novas faces para as personalidades é muito bom, depois de ter trabalhado com os Vingadores Secretos o Cavaleiro da Lua ficou obcecado com as figuras dos heróis criando em sua mente um pensamento de que não era tão bom quanto eles, de que ele era um apenas um herói de segunda classe e por isso pensa que seguir os “conselhos” dos heróis famosos vai ser melhor para ele, de certa forma isso envolve toda a temática da revista onde vários vilões ficam com raiva de perder para o Cavaleiro da Lua, esse tema central quase beira a metalinguagem uma vez que ele não é dos heróis mais conhecidos e pode ser várias vezes citado como um herói classe b por varias pessoas, essa foi uma boa ideia e é bem utilizada até o fim da história, e traz um tom de realismo ao universo da Marvel onde até mesmo heróis muito habilidosos podem cair em rota de auto depreciação por ficarem se comparando com outros.
Em meio a investigação e crise de identidade a história apresenta também bons coadjuvantes como Buck que é um ex-agente da S.H.I.E.L.D. que agora trabalha para Mark fazendo suas tecnologias e Echo que depois de ter seu disfarce estragado pelo Cavaleiro da Lua se une a ele para auxiliar na investigação, uma vez que o Rei do Crime de L.A. queria uma cabeça de Ultron e Mark acaba conseguindo roubá-la do vilão o colocando alguns passos a frente para poder desenvolver um contra-ataque. Echo também compartilha um pouco da crise de achar que não é tão boa quanto os outros Vingadores o que a aproxima de Mark levando até a um breve romance entre os dois, a parceria funciona muito bem e Mark não é das pessoas com mais tato, tanto que várias vezes esquece que ela é surda e fala de máscara sem se dar conta de que ela não está entendendo nada, ainda assim ele fica perdidamente apaixonado pela heroína.
O Rei do Crime de L.A. se revela como o Conde Nefaria que é pai da Madame Máscara e um vilão altamente poderoso que já chegou até mesmo a derrotar o Thor em batalha, e ele fica indignado por ter de lutar com o Cavaleiro da Lua e pior constantemente perder para o herói e ter seus planos frustrados por ele.
A revista tem uma arte boa, com capas incríveis, o problema é como os rostos dos personagens mudam de traço constantemente, como se o artista esquecesse quem estava desenhando e fizesse alguém diferente, fora as vezes em que painéis são reutilizados o que é sim bem vergonhoso para uma revista de 2011, ainda assim não é horrível, mas pode ficar um pouco incompreensível certas vezes, com ângulos levemente estranhos.
A saga conclui bem a insanidade do herói provando que ele é sim muito habilidoso e pode enfrentar vilões poderosos, mas as vezes é necessária uma ajuda a mais e ele recorre aos Vingadores para conseguir derrotar e prender o Conde Nefaria, parte da história na verdade serve de preparação para o arco Era de Ultron que veio depois por conta da trama da cabeça de Ultron que ao fim é entregue a Tony Stark para se assegurar de que não será de risco para ninguém, e depois que suas personalidades entram em conflito durante a historia e a persona do Wolverine “mata” a do Capitão e do Aranha surgem em seguida novas para ocupar sua mente novamente, sendo a mais nova o próprio Homem de Ferro uma vez que Mark mostra grande admiração pelo herói.
Essa minissérie explora perfeitamente a mente perturbada de Mark Spector e utiliza muito bem os heróis para representar os diversos espectros emocionais que habitam sua psique, quase um divertida mente com um protagonista que possui problemas mentais, é uma ótima introdução para novos leitores do herói por mais que pode ser mais bem aproveitada caso o leitor já saiba um pouco sobre esse complexo personagem.
Nota: 9/10
Categoria: Muito Bom