Os Fidalgos da Casa Mourisca

Os Fidalgos da Casa Mourisca Júlio Diniz




Resenhas - Os Fidalgos da Casa Mourisca


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Tiago 20/07/2022

Um belo romance que tem as mudanças sociais de Portugal do séc XIX como pano de fundo
Neste livro de Júlio Dinis temos um retrato da sociedade portuguesa na transição pós-revolução liberal. A nobreza, com crenças ainda no absolutismo, é representada pelos fidalgos da Casa Mourisca, principalmente na figura do patriarca D.Luís e de seu procurador, o Frei Januário. A decadência da nobreza é retratada pelo estado lastimável da casa dos fidalgos e pela sua péssima situação financeira.

A causa liberal acaba por "invadir" a casa mourisca através da esposa de D.Luís (já falecida na história). O seu irmão lutou e morreu ao lado dos liberais na e um de seus companheiros acabou indo morar de favor junto a família de D.Luís. Os filhos do patriarca, Jorge e Maurício, têm personalidades bem distintas e apesar de terem sido educados de acordo com o gosto político de D. Luís, tiveram acesso a filosofia liberal por meio do ex-companheiro do tio que contava histórias heroicas dos liberais. O patriarca também teve uma filha, Beatriz, cuja morte trouxe bastante desgosto ao patriarca.

Há uma nova classe ascendente em Portugal que é retratada pelo próspero lavrador Tomé da Póvoa e sua família. Isso se reflete bem quando Tomé envia a sua filha Berta para estudar na cidade, algo impensável na época para um simples lavrador. O regresso de Berta vai desencadear grandes mudanças na rotina da aldeia. Outra fonte de mudanças é Jorge, o filho mais velho do fidalgo D. Luís, que, notando a mudança de ares no país, decide fazer alguma coisa para que a familia se adapte aos novos tempos. Jorge resolve começar um processo de reabilitação física e financeira da casa mourisca e com isso restaurar a dignidade do nome da família.

O estilo de escrita de Júlio Dinis torna a leitura bastante agradável. O narrador é um ótimo 'contador de histórias' e consegue inserir no meio do relato a sua opinião e até alguma ironia. É claro que a história tem a sua dose de drama romântico, típico do século XIX, chegando a parecer um folhetim. Entretanto, não considero que seja uma leitura minimamente aborrecida.
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Claire Scorzi 16/08/2009

Uma obra quase perfeita - até a metade
Até o capítulo XXII, por aí, é uma obra-prima de sutileza: Diniz me fez lembrar de Jane Austen com a sua contenção de sentimentos nos diálogos. Depois contudo a qualidade vai caindo e ele se torna grandiloqüente, excessivo, copioso, melodramático... Estragando todo o efeito anterior! Nem parece o mesmo escritor do começo do romance.
Mesmo assim, merece as quatro estrelas porque sua primeira parte é magistral. O autor tem outro livro com qualidade muito próxima deste: "A Morgadinha dos Canaviais".
E ainda gosto muito mais de Julio Diniz do que de Camilo Castelo Branco, do qual li dois livros me arrastando. Chaato.
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