Gisa 09/05/2015Não vivemos apenas de resenhas positivasMagia, é um livro narrado em primeira pessoa pela personagem principal: Anabelle. Ela é uma garota do segundo ano do ensino médio, que vive passando por várias humilhações pois seus olhos não são castanhos, não são azuis, não são verdes. São lilases. Por isso, todo mundo diz a ela o quanto é feia e uma aberração.
Eu nem preciso dizer que a capa apesar de linda, não condiz com toda essa história não é mesmo? A mulher da capa é linda e nem de longe parece ter 16 anos, mas enfim....
A única pessoa que não acha a protagonista uma aberração, é seu melhor amigo e amor da sua vida, que namora com Linda, Richard.
"Richard era o meu sol. " Conhecem essa expressão???? Pois é, eu também. E o livro é recheado dessas descrições e frases clichês. "... falando abobrinhas.... abandonado como cachorrinho de rua...." e por aí vai.
Mas enfim, vamos continuar com a garota dos olhos lilases.
Um belo dia, seu pai conta a ela, que eles são bruxos. Ele, Angust e ela, Anabelle.
A partir daí, a história vai se desenvolver, onde Ana, vai começar seus treinamentos de bruxa com a ajuda de Liza, a pobre coitada mentora que sofre nas suas mãos, por ser bem pequena, para ser mais exata, menor do que um lápis.
Bem....
A primeira coisa que me irritou, foi a Anabelle. Acho que o intuito foi criar uma personagem forte e que faz o que quer a hora que quer. E isso é maravilhoso, já que a maioria dos autores acha que uma boa protagonista é uma ingênua e delicada florzinha.
Mas o problema desse livro foi o excesso. A Anabelle está sempre de mau humor, sempre brava, sempre brigando, sempre reclamando. Ela até reclama da altura. Óh sim, muito baixa nos seus 1.70. Bem eu sou um smurf então. E como é ela quem narra, nós não temos um segundo sequer de paz. Ela está sempre com determinadas palavras na boca: Inferno, Hospício, Merda, Porcaria e por aí vai. Em uma mesma frase, ela consegue usar pelo menos 3 destas palavras. E isso me irritou muito. E isso, porque eu sou um ogro. Imagino o efeito que teria em pessoas mais sensíveis.
Apesar disso, também temos alguns momentos onde toda essa fúria é bem vinda, como por exemplo quando ela destaca o quanto o pai é machista e um idiota.
Embora, ela pudesse ser mais explorada nessa questão.
"- Você não vai vestida assim, não é? - ela indagou.
-Vou - respondi, confiante. - Nua é que não irei.
- Ah, não mesmo. Você não vai assim. Como você quer que o Richard olhe para você quando se veste dessa forma? "
Anabelle, esse era um bom momento para provar que você vai vestida como quiser e se for para um homem olhar para você, ele que olhe mesmo que você esteja vestida de pijama oras bolas. Vista-se como você quer e não para atrair olhares e agradar a um babaca que nunca olhou para você. Bem, vamos parar com a indignação aqui....
Outro ponto fraco da nossa protagonista é a bexiga. Sério gente. Qualquer que fosse o problema lá dizia Ana, que queria chorar pela mamãzinha e pedir pinico. Bem menina, vá se tratar. Esse problema é sério.
Mas a Anabelle lê e isso não é fantástico? Assim podemos conhecer vários outros livros e ... Er... não. Só conhecemos o outro livro da autora, O Vale das Sombras, que ela fez questão de nos apresentar nesse livro e nos contar o quanto ele é maravilhoso e fantástico :P
O final é bastante ruim, o que acabou com a minha piadinha de que o melhor foi o fim, pq acabou, kkkk. Ele foi desnecessário e ficou aquela coisa de : precisa ter um final feliz sabe? Não engoli mesmo. Ele não precisava de um fim desses, ainda haverá 2 volumes e essa corrida para resolver um final cuti cuti, me deixou ainda mais indignada.
Sabe quando você lê um livro e para para pensar que a história e o autor tinham potencial, mas não rolou? Foi assim que eu me senti. A história é boa, tem um mundo fantástico recheado de bruxos, dragões, vampiros, feitiços e poções. A autora é criativa, criou muitas poções e definiu uma ação para cada planta, o que é muito bacana.
Mas a minha impressão, é que o texto precisava ser muito lapidado. Com uma leitura crítica, bem crítica era possível retirar as principais falhas do livro e o transformar em uma divertida e encantadora história fantástica.
É recorrente o uso do : "falou, sem querer ser grosseira. " "respondeu tentando não ser grosseiro. " Bem, se não quer ser, não seja. Uma simples troca de palavras, evitaria essa e todas as outras repetições ao longo das 256 páginas.
Por falar em páginas, a leitura também se torna cansativa por termos páginas falando sobre os usos de cada planta. Achei isso um detalhe muito legal a ser colocado no livro, mas ficaria melhor se estivesse nas primeiras ou últimas páginas, como um glossário.
Esse é o primeiro livro de uma trilogia e espero de todo o coração, que a autora possa amadurecer e lapidar a sua história. Magia tem potencial e merece mais.
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