Natália Tomazeli 26/07/2022Mistura única de cultura árabe e judaica"Você acha que temos um bom coração? Ou você acha que é possível sermos bons e maus ao mesmo tempo?"
"Golem e o Gênio" de Helene Wecker, é uma história que se passa na Nova Iorque de 1899, misturando as culturas árabe e judaica em uma narrativa cheia de misticismo e mitologia popular.
De um lado, temos Chava, uma golem, criatura feita de barro e trazida à vida por um velho rabino envolvido com alquimia cabalística. Do outro lado, um Djim, uma criatura antiga feita de fogo, originária do deserto sírio, preso em uma garrafa de cobre velha a séculos atrás. Essas duas figuras acabam indo parar na Manhattan do século XX, numa parte do Distrito construída por imigrantes e ao longo da história, seus destinos irão se cruzar!
A premissa da obra foi o que mais me chamou a atenção para a leitura. A ideia dessas duas criaturas mágicas se misturando na história pareceu ser ótima, mas sinto que todo o livro fica apenas nisso. É uma história sobre esses personagens vivendo uma rotina, não tem muito enredo em si, não acontecem de fato muitas coisas. Nas últimas 150 páginas do livro, começam a ter alguns poucos acontecimentos de destaque que fazem o fechamento da história, mas que, para mim, foram todos muito previsíveis.
O livro tem seus méritos, a questão da golem lembra muito "Frankenstein" da Mary Shelley e essa abordagem de diferentes culturas é bem original, mas não foi o suficiente para me fazer gostar do livro de fato. É uma história que só começa a entregar algo diferente do que já está na sinopse muito depois da metade do livro. A construção de tudo é bem curcular e completa mas a obra é lenta, sem picos de emoções.
Os personagens são o alvo da história, sendo assim, o leitor precisa se apegar a eles para seguir gostando da leitura e eu não sei se me apeguei suficiente, já que por muitas vezes achei o livro maçante e prolixo. É uma obra muito original e que traz bons questionamentos, mas que no todo, não posso dizer que deu certo comigo. Talvez eu tenha lido em um momento muito inadequado, ou não tenha de fato entendido a proposta do livro, porque hoje, que já faz tempo que fiz a leitura, sinto saudade do livro. E me lembro muito bem de tudo, sinto que o livro me marcou. Eu avaliei ele com 3 estrelas e geralmente quando dou essa nota para um livro, ele se torna esquecível na minha mente. Não foi o caso de "Golem e o Gênio", que eu seguido penso nele... Acho que se eu reler ele num outro momento, com outra mentalidade, iria gostar de verdade, já que até hoje honestamente, não achei mais histórias que tivessem essas mitologias desenvolvida de uma maneira tão bela, como a Helene faz no livro dela. E olha que eu fui ler "As Mil e uma Noites" e "Uma Chama entre as Cinzas", que tem cultura árabe, e não senti o que eu senti lendo "Golem e o Gênio".
Desculpa, livro, você merecia mais de mim...