spoiler visualizarTatu 30/01/2015
A comunidade do Rei - resenha para o IPL
O livro A Comunidade do Rei, distribuido pela ABU editora, foi escrito por Howard Snyder (ph.D em teologia e história pela Universidade de Notre Dame; professor do Tyndale Seminary, em Toronto, Canadá; e missionário no Brasil na Igreja Metodista Livre).
Ao invés de uma singularidade dentro da questão que discute a eclesiologia (pois diferente de muitos livros que apontam métodos de crescimento da igreja, ou fórmulas pré-fabricadas que não compartilham da sociologia para entender o contexto de cada comunidade da fé) o autor prefere falar sobre avivamento e vida comunitária com Cristo, deixando de lado o romantismo ou o pessimismo sobre a noiva do Senhor e apresentando aspectos importantes para uma verdadeira igreja.
Tratando de temas como dons espirituais e ministérios da igreja (com a intenção de adaptar cada crente em sua função) o livro critica a teologia que separou leigos e cléricos, apontando de forma coerente para uma forma carismática de construção de cristãos, além de estudar a igreja primitiva e trazer algumas lições sobre o estudo da eclesiologia na história. Dividido em diversos capítulos com subtítulos, é uma obra rica no qual o autor tratou de temas relevantes para vivermos um evangelho vivo, trazendo, ou resgatando, a esperança para os discípulos de Cristo (destaque para os assuntos como grupos pequenos, crescimento, divisão e unidade da igreja).
O que é igreja? Negócio? Espetáculo? Clube de convivência social? Pronto-socorro espiritual? A partir de uma profunda reflexão bíblica, Snyder discute questões como: “O crescimento numérico da igreja significa que o reino de Deus está avançando?” “E qual é o lugar dos dons espirituais na igreja?”
Além da necessária proclamação das Boas Novas do Evangelho, o propósito da igreja é viver e testemunhar plenamente os valores do Reinado de Deus em uma perspectiva cósmica (levando-se em conta as seguintes observações: o papel da igreja no mundo de forma integral, ou mesmo holística; os problemas de uma igreja como simples clube de convivência social ou pronto-socorro espiritual; e a sua elevação para uma função redentora como agência do Reino de Deus na história), onde seres humanos e a criação são o objeto de reconciliação com Deus através de Jesus Cristo.
O Autor trás 6 exemplos de estudo indutivo – que não tem por objetivo meramente transmitir o que alguém pensa sobre, mas ajudar a descobrir por nós mesmos (no caso eu) o que a Bíblia está me dizendo – utilizando-se de pontos para ajudar ao leitor a entender o conteúdo da passagem bíblica estudada. Assim, usa questionamento sobre os pontos de observação: quem, o quê, quando, onde e como. Além disso, também usa questões de interpretação que nos possibilitam investigar o significado da passagem bíblica. E por ultimo, questões de aplicação, que nos ajudam a descobrir as implicações do crescimento em Cristo. Esses tres questionamentos do estudo indutivo abrem o nosso entendimento dos escritos bíblicos e como vivê-los plenamente, nos levando a reflexão da pratica cristã como um todo, e, inclusive, podendo tal trecho ser estudado em grupo. Dessa forma, retira-se da mão do “líder”, seja ele um pastor ou presbítero, a exclusividade na interpretação da palavra, dando liberdade verdadeira ao Cristão.
Onde somos agentes do Reino e nossa missão é trazer para o domínio de Cristo todas as coisas e acima de tudo todas as pessoas, com o proposito de levar essas pessoas a salvação e consequente busca de Cristo e transformação de vida.
Cada estudo trouxe um aspecto diferente do Reino, onde torna possível uma reflexão de qual o nosso papel diante do reino e qual será o nosso legado à próximas gerações. E que a atuação da força redentora de Cristo é capaz de vencer o ódio e curar qualquer hostilidade. Pois nos fará a todos um só corpo. E portanto devemos pensar que paredes hoje impedem a reconciliação não igreja? Pois o relacionamento entre os cristãos é a parte mais importante do testemunho. E o papel da igreja é tanto evangelístico quanto profético, devendo as duas questões igual comprometimento. Onde o evangelístico são as boas novas e o profético as más noticias.
Dentro da liberdade cristã pode evidenciar diversos aspectos, tais como liberdade no espirito, e pelo espirito, deixando o Espirito Santo agir em nossa vida, fazendo assim sua obra e consequente crescimento da igreja, que é somente por Ele e para Ele, pois nós nada podemos fazer.
De certa forma mostrando também que, enquanto um grupo é pequeno, não ha demanda por certas estruturas, contudo com o crescimento numérico, o surgimento de novas necessidade e novos membros a cada dia, a igreja vai se institucionalizando, surgindo assim um mecanismo burocrático maior a cada dia.
No que tange a mim, a leitura deste livro foi bastante interessante, pois atualmente sou membro de uma igreja “em células”, onde seu foco, pelo menos a nível de discurso são os pequenos grupos, com vistas a um grande crescimento numérico da instituição igreja, conquanto de latente a ânsia de crescimento numérico como forma de provar algo, como se o resultado provasse a veracidade. Contudo em um estudo mais aprofundado, pode-se ver que, o crescimento numérico, ou não é precedido pelo crescimento espiritual da comunidade, e que é Espirito que traz novas pessoas.