MiCandeloro 14/04/2015
Surpreendente e viciante!
Depois de tantos séculos desejando, em seu aniversário de 592 anos, Lenah acordou como humana e com a aparência de uma jovem de 16 anos. Por mais que Rhode, sua alma gêmea, melhor amigo e amante, tenha se oposto à ideia na época, decidiu realizar a vontade da amada e procedeu com o ritual que a libertava do fardo de ser uma vampira. E Lenah não era uma simples vampira, era uma das mais sanguinárias e cruéis do seu tempo.
Durante a sua longa existência, Lenah foi capaz de criar um dos covens de vampiros mais perigosos de sua espécie, transformando humanos em monstros, que eram escolhidos à dedo. Mas Lenah se cansou de tanta mortandade. A jovem sentia que não havia mais um pingo sequer de humanidade em seu peito, e tudo o que ela mais queria era sentir os raios de sol na pele e o cheiro do ar novamente. Qualquer coisa que fosse verdadeiro, mesmo que por apenas um instante.
Mas, para alcançar seu objetivo, Lenah precisaria hibernar por 100 anos, para, somente depois, ser despertada por um outro vampiro, por meio de magia. Até então, nenhum vampiro tinha sido bem sucedido nesse ritual, e todos acabavam morrendo. Entretanto, Lenah queria assumir o risco. Todavia, para que fosse possível recomeçar, era preciso que ela deixasse tudo para trás, incluindo seu coven. Porém, Lenah sabia que isso seria algo extremamente difícil de fazer, na medida em que a ligação mágica existente entre eles os forçariam a procurá-la.
"Quando Vicken abrir a cova e descobrir um caixão vazio, procurará você pelo planeta. Como você disse, a magia que une o coven garantiu isso. Você garantiu isso. Ele vai se exaurir, assim como todos do coven, até te encontrar e levar para casa."
Agora, Lenah tinha que correr contra o tempo e ocultar o segredo de sua origem de todos os amigos que tinha feito no Internato Wickham, onde passou a estudar e morar. Como seria possível proteger simples adolescentes de vampiros imortais? Como seria possível se manter viva frente o desejo de sangue de seus irmãos? Faltavam poucos dias para a caçada por Lenah começar, e as consequências seriam mortíferas.
Querem saber o que vai acontecer? Então leiam!
***
Quando botei meus olhos na sinopse de Dias Infinitos, pirei! Uma história em que uma vampira quer deixar de ser vampira? Sério? Fato inédito para mim. Eu precisava ler esse livro. Assim que comecei, não consegui mais parar, de tão viciante que é a escrita de Rebecca.
Narrado em primeira pessoa por Lenah, Dias Infinitos nos conta, em capítulos intercalados entre o passado e o presente da personagem, como foi para a menina ser transformada em vampira, viver tantos séculos de sofrimento e se libertar desse árduo fardo. A obra é dividida em duas partes: na primeira, acompanhamos o despertar de Lenah para a sua nova vida como humana, enquanto se recorda de quando era vampira. Na segunda parte, bom, não posso contar, mas confesso que fiquei chocada com o rumo que a história tomou e muito curiosa para saber o que vai acontecer nos próximos volumes.
Num dado momento, achei um pouco cansativo o fato de Lenah ficar o tempo todo comparando a sua vida de vampira com a de humana, e morrendo de saudades do seu coven, de Rhode ou de quebrar uns pescocinhos, já que seu sonho tinha se realizado. Mas por outro lado eu também a compreendo. Imagino que não deva ser fácil, depois de quase 600 anos, mudar seu pensamento e seu estilo de vida por completo. Se quando já mudamos de colégio ou de cidade ficamos meses comparando uma coisa com a outra, imaginem na situação de Lenah como seria?
"A raiva aumentou tanto dentro de mim que, por um instante terrível, desejei ser uma vampira de novo. Queria ter a força do meu coven para assustar Tracy e Justin para valer."
Assim que Lenah voltou a ser humana, Rhode tratou de matriculá-la num internato bem longe de casa. Lenah estava livre, e tudo o que Rhode queria é que ela voltasse a viver como uma menina de 16 anos. Para isso, pediu que ela se misturasse aos humanos o máximo que pudesse, só assim poderia garantir um pouco de proteção e camuflagem contra o coven e se livrar dos poucos poderes vampíricos que lhe restaram.
O interessante de termos uma ex-vampira como protagonista é podermos presenciar a simplicidade e a dificuldade dos sentimentos humanos, já que tudo para Lenah é novidade, e seu ponto de vista sobre a vida que levamos é ímpar. Além disso, foi divertido ver o quanto ela se embananou com tantas coisas diferentes do nosso mundo, isso rendeu várias cenas bem-humoradas no enredo.
No internato, Lenah rapidamente conquistou a simpatia de Tony, sem nenhum esforço, só pelo fato de ser esquisita e excluída, e logo se tornaram amigos inseparáveis. O que foi algo bom para a Lenah, já que a ajudou a suprir a falta que Rhode fazia, assim como contribuiu para a sua imersão na nova realidade. Lenah tinha um pouco de dificuldade de interagir socialmente, afinal, o século XXI era muito diferente de tudo o que ela conhecia. Isso também se aplicava aos grupinhos de adolescentes. Lenah aprendeu depressa que existia uma separação entre os populares e os perdedores, e ela definitivamente não fazia parte do primeiro.
Por mais que não quisesse, Lenah chamou atenção das Três Peças, as meninas mais detestáveis do colégio, e de Justin Enos, o garoto mais popular do Internato Wickham. Para seu azar, Lenah caiu de amores por Justin, um garoto lindo, com um porte forte, alto e com as feições meio esnobes que lhe lembravam muito Rhode, apesar de serem fisicamente diferentes. Mas Justin era namorado de uma das Três Peças, então a confusão estava naturalmente garantida.
"Ele não precisava falar comigo na chuva. Não precisava dizer nada em voz alta porque dizia tudo com o olhar. Quero você."
Dias Infinitos não é um livro só sobre vampiros ou só sobre adolescentes. Rebecca conseguiu unir o melhor dos dois mundos e criou uma obra única, inovando em diversas características vampíricas que estamos acostumadas a ver por aí. Na história, os vampiros morrem ao sol, como de costume, porém, ao longo dos anos, conquistam uma certa imunidade a ele, podendo sair de dia. Aqui, os vampiros não são sedentos por sangue a ponto de não poderem conviver ao lado de humanos. Eles escolhem quem querem matar e quando. Além disso, o vampirismo é tratado como uma condição da magia negra, afinal, é necessário lidar com muita magia para criá-los e, no caso de Lenah, para devolver-lhes a vida.
Para a alegria de muitos, em Dias Infinitos, os vampiros não são bonzinhos, não. Podemos contar com momentos de intensa crueldade, seguidos de nenhum sentimento de remorso ou culpa, e diversas mortes, até de personagens queridos. Eu amei o livro. Amei por ter uma história inusitada, por ter prendido a minha atenção e por ter me deixado em frangalhos no final, alucinada para saber o que aconteceu com Lena, Justin e Vicken. Sem contar que fiquei muito satisfeita com todas as combinações e explicações dada pela autora para o seu próprio universo vampírico.
Esta obra é perfeita para aqueles que, como eu, são apaixonados por tudo que envolve uma boa história de vampiro e, de quebra, curtem um drama adolescente. Leiam e resguardem seus lindos pescocinhos, porque pode ser que percam suas vidas no meio do caminho!
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