Maria - Blog Pétalas de Liberdade 16/02/2016Um livro muito bom com contos para todos os gostos São 25 autores e 27 contos, alguns com apenas 2 páginas, outros bem maiores, mas todos muito bons! Eu sou meio medrosa, por isso acabo lendo poucos livros e vendo poucos filmes do gênero, mas gosto de variar minhas leituras de vez em quando. Como estava numa espécie de ressaca literária, sem conseguir decidir o que ler em seguida, e “Eu me ofereço! Um tributo a Stephen King” estava ali, pequenininho (aparentando ser uma leitura rápida) e por ser de contos (que eu poderia intercalar com outras leituras), eu decidi dar uma chance a ele. Resultado: quem disse que eu quis intercalar a leitura dele com outros livros? Não o li em um dia só porque achei ele tão bom, mas tão bom, que queria fazer com que a leitura durasse mais.
Não vou falar de todos os contos, pois o post ficaria muito grande, embora a maioria deles merecesse um post especial, e já deixo aqui os parabéns para todos os 25 autores. Ainda não li nada do Stephen King, mas se os livros dele forem tão bons quanto os contos em sua homenagem que li, certamente vou amar os livros do autor.
Tive algumas reflexões durante a leitura e vou compartilhá-las com vocês. "A marca" do Alexandre Braoios é a segunda história do livro e fala sobre duas irmãs gêmeas que viviam em uma família completamente desestruturada, o que acabou tendo resultados assustadores, se elas tivessem tido algum apoio melhor na infância (se a avô delas fosse menos fanática), o desfecho de suas vidas poderia ter sido diferente.
Me coloquei no lugar de alguns personagens de alguns contos e acho que agiria de forma diferente da que eles agiram. Se eu tivesse alugado uma casa e coisas estranhas começassem a acontecer nela durante a noite, assim que amanhecesse eu iria embora de lá correndo, "metia o pé, me mandava" dali, mas não foi o que fez o protagonista de "A marca na parede" (escrita pelo Elton SDL, uma das histórias mais perturbadoras), um homem que encontrou uma estranha mancha na parede da casa que alugou, ele ficou e o resultado foi inexplicável (fiquei pensando na cena por um tempão). A personagem criada pela Rô Mierling no conto "A porta" foi mais esperta, se mandou quando sentiu que aquela porta aparentemente inútil da casa dela estava lhe oferecendo um risco, bem fez ela!
"Perdidos" do Jhefferson Passos, como o nome sugere, fala sobre um casal que fica perdido na estrada, é o maior conto do livro e nos ensina a nunca ficar sozinho enquanto nossa companhia vai pedir ajuda. Aliás, nada de querer desvendar um mistério sozinho, hein pessoal?! Sempre tenha alguém com você (ou corra o risco de acabar preso num porão que não deveria existir num apartamento). Se o curioso protagonista do conto "Trem fantasma", escrito pelo Rafael Valore, não tivesse encontrado uma companhia, ainda que estranha, não sei como seria o desfecho de sua atitude impulsionada pela curiosidade.
"A companhia era o único alívio no meio das privações do sono, sede, fome, cansaço e desespero." (página 115)
Assim como os livros do Stephen King (pelos comentários, resenhas e sinopses que já vi), a antologia tem contos para todos os gostos: monstros, fantasmas, vilões super malvados, loucura, etc. São tramas com elementos diferentes que tornam o livro único é completo ao mesmo tempo, podendo agradar tanto quem é fã do gênero quanto quem não é tão fã assim. Tem conto para ficar revoltado, indignado, assustado e até emocionado. "Sombras noturnas" é tocante, narrado por um garotinho de sete anos que encontra um "monstro".
"Eu deitava no escuro e ficava esperando o monstro aparecer; às vezes, ele aparecia. Sempre nas noites em que meu pai não estava em casa." (Sombras noturnas - Pedro Oliveira Barbosa, página 105)
Há tanto contos narrados em primeira quanto em terceira pessoa, e os autores que trouxeram histórias narradas em primeira pessoa merecem uma menção especial, como o Danilo Matos de "A casa do colina", que fez o narrador-personagem contar sua história, mas deixou no leitor a desconfiança de que todas as desgraças que aconteceram na tal casa tiveram um outro responsável.
Sobre a parte visual: eu acho essa capa bem bonita, as páginas são amareladas, com bom tamanho de letras e espaçamento, só a margem direita me pareceu um pouco estreita mas não é algo que atrapalhe a leitura. Preciso mencionar a revisão, que está num nível ótimo para uma publicação do tipo.
Como nem tudo são flores, a má notícia é que o livro foi uma edição limitada, e é bem difícil encontrá-lo para comprar online; pesquisando, o único lugar onde encontrei foi nessa loja e não tenho certeza se está disponível. Acho que ia ser bem legal se a editora lançasse em e-book na Amazon!
Por hoje é só, espero que tenham gostado da resenha. Se vocês tiverem a oportunidade de ler “Eu me ofereço! Um tributo a Stephen King”, aproveitem! Mesmo que vocês não tenham o hábito de ler livros de contos, esse merece a leitura, alguns contos deixam sim aquela curiosidade de saber o que aconteceu depois, mas todos tem um final satisfatório. Uma dica: joguem o nome dos autores (tem aí na foto) no Google, quem sabe vocês não encontrem textos bacanas deles e talvez algum até tenha exemplares para venda. Fica a dica para quem gosta de livros de terror e também para quem não gosta; digo por experiência própria que é bom variar os gêneros que lemos, ainda mais quando são boas obras; nem todos os contos vão dar medo e alguns vão encantar, e sendo contos curtos o medo também vai ser pequeno.
"Das crianças é sempre esperado que usem a imaginação. Mas, a imaginação não é apenas a chama encantada de um mundo fabuloso: ela pode trazer consigo o manto negro do medo e da morte. Um pesadelo não deixa de ser um sonho, ainda que terrível." (O homem de branco - Felipe Vellinho, página 46)
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