Ozzy 23/02/2023
Os Ricos Também Choram
Eu não sei o que eu deveria sentir quando me deparo com esse tipo de história. Esse tipo de narrativa que segue uma pessoa rica tendo a própria vida destruída por conta dos próprios atos, consequências das suas decisões mesquinhas, consequência de uma vida regada por inveja e um sentimento de superioridade que é ameaçado por qualquer sinal de alegria vindo de "pessoas inferiores" à ela. O que eu deveria sentir ao mergulhar na mente desse indivíduo?
Eu sei o quão mesquinho e cruel uma pessoa dessas pode ser, eu sei o quão infeliz uma pessoa dessas é, e o mal que ela pode causar a todas as pessoas a sua volta. O que eu estou realmente ganhando nessa narrativa?
Pelo menos quando quadrinistas igual o duo Leandro Assis e Tricila Oliveira fazem isso, eles tratam de focar em no desenvolver dos acontecimentos e nas reviravoltas da história, te colocam a par de uma outra realidade além dessa, além de dar mais dimensões aos personagens. Mas "Talco de Vidro" é uma história mais contemplativa, mais presa na mente da personagem, que te leva a meditar... Mas meditar em que? O que esse tipo de história oferece que eu já não saiba? Talvez o fato de eu ser pobre e ter tido que conviver a vida vendo pessoas assim na vida real torne a minha experiência diferente da de alguém que possa encarar essa história como um "tapa na cara" para despertar, mas não sei...
Eu vejo um backlash muito grande recentemente à histórias sobre gente rica tendo que lidar com "white people problems", e eu entendo de onde vem esse sentimento e acho justificável, mas sinceramente, eu preferiria mil vezes acompanhar uma Serena Van Der Woodsen vivendo dramas de comprar roupas caras e namorar modelos milionários, do que ter que acompanhar jornada de auto descobrimento de gente babaca... Pelo menos por enquanto.