Resenhas - O frágil toque dos mutilados

Leila 09/09/2023

O Frágil Toque dos Mutilados é uma obra literária do autor brasileiro Alex Senz que me cativou desde as primeiras páginas. O livro, de modo geral, me proporcionou uma experiência de leitura envolvente, e foi notável como o autor conseguiu criar conexões inteligentes com as obras de Virginia Woolf, uma autora que também aprecio muito. A paixão de Senz por Virginia Woolf é evidente e adiciona uma camada extra de apreciação ao seu trabalho.

Uma das coisas que mais me agradou na obra foi a maneira como o autor estabeleceu paralelos entre sua narrativa e as obras de Woolf. A forma como ele incorporou elementos do estilo literário dela, como fluxo de consciência e introspecção profunda dos personagens, foi notável. Isso enriqueceu a experiência de leitura, permitindo-me mergulhar profundamente na mente dos personagens e compreender suas motivações e dilemas de maneira mais íntima.

Além disso, a escrita de Senz é habilidosa e envolvente, o que contribuiu para minha apreciação do livro. Sua prosa é fluida, tornando a leitura uma experiência prazerosa. Ele abordou temas complexos de uma maneira honesta e não panfletária, o que é digno de elogios. Os personagens e suas histórias eram multifacetados, tornando-os facilmente identificáveis e gerando empatia por suas jornadas.

Outro ponto positivo do livro foi a maneira como ele abordou questões profundas e universais, como identidade, solidão, amor e aceitação. Esses temas foram explorados de forma sensível e realista, adicionando profundidade à narrativa e estimulando a reflexão do leitor.

No entanto, como em qualquer obra literária, sempre há espaço para aprimoramentos. Em alguns momentos, senti que a conexão com as obras de Woolf, embora fascinante, poderia ter sido explorada de maneira mais explícita em alguns pontos, para que os leitores menos familiarizados com a autora pudessem apreciar plenamente os paralelos, pois eu sinceramente não sei se quem não leu muito VW conseguirá identificar esses paralelos.

No geral, O Frágil Toque dos Mutilados é um livro acima da média e eu realmente gostei de ler. Alex Senz demonstrou ser um autor talentoso, e estou ansiosa para ler mais de sua obra no futuro, inclusive os outros dois sequenciais a esse que já estão na estante.

Eli 14/01/2023

Escrita verborrágica sem ser interessante
Não vou me prolongar muito. É o segundo livro que abandono por ter essa escrita comercial chata. Não empolga. Parece que se importa mais com descrições prolongadas numa tentativa de ser, sei lá, um bom escritor, do que de fato com a história do livro. Muito superficial.

fabio.orlandini 12/03/2022

Wow
Sabe aqueles livros que vc termina e fica meio anestesiado? Esse é um deles. Com uma inegável carga de sofrimento que vai do começo ao fim, acompanhamos a história dos irmãos Orlando, Magnólia e Elisa e os acontecimentos resultantes do encontro dos três após alguns anos de separação. No começo, as descrições cansam um pouco, mas depois vc bem percebe. Para quem gosta de um bom drama familiar, é uma excelente escolha.

Ronaldo Thomé 23/12/2021

"O mar vai subir/Por favor, fique na costa (...) eu estarei lá mais uma vez(...)"
Bela estreia no romance feita pelo brasileiro Alex Sens, no qual o autor mergulha você numa obra que começa simples, pueril, mas na qual você logo se sentirá preso, imerso num clima sufocante e angustiante.

Aqui, acompanhamos um mês na vida de um casal, Magnólia e Herbert - ela enóloga e ele, professor, aficcionado por Virgina Woolf. Durante as férias de inverno, eles viajam para o litoral na casa do irmão dela, Orlando, recém viúvo e recuperando-se do alcoolismo, pai da adolescente Muriel e do menino Tomas. Elisa, uma das irmãs da família, repentinamente aparece para algumas semanas.

Dentro dessa história, Sens tece um delicado e intrincado drama familiar, em que vários pequenos traumas e agressões do passado vão e vêm à tona - como as águas do mar em que Sara, a esposa de Orlando, perdeu a vida, ou os movimentos do vinho na taça, bebida na qual Magnólia frequentemente esconde suas mágoas e os sintomas de seu distúrbio, conhecido como borderline.

Orlando é um pintor e vemos toda sua empolgação com uma exposição montada pela sua amiga (e amante) Laura; no entanto, após a festa em que a exposição ocorre, muitas coisas começam a sair dos trilhos. A saúde mental de Magnólia começa a se deteriorar, devido ao álcool e ao abandono dos remédios, além do reencontro com Lourenço, um dos irmãos de Laura por quem foi apaixonada; Orlando começa a beber novamente, tendo crises estranhas e ficando desmotivado; Herbert começa a se acomodar e ficar mais distante, chocado com as crises da esposa.

Por outro lado, descobrimos lentamente que Tomas começa a nutrir uma paixão secreta por outro garoto, Alister (sobrinho de Lourenço), numa subtrama interessante que por vezes rouba a cena. O livro inicia lento e pueril, ganhando bastante fôlego depois desse momento. Infelizmente o ritmo parece dar uma boa caída no terceiro ato, recuperando fôlego depois de um ataque de fúria de Magnólia, e a descoberta por parte de uma carta misteriosa, com revelações secretas do falecimento de Sara.

A impressão final do livro para mim é positiva: embora alguns momentos sejam cansativos, a história tem momentos em que o texto flui bastante e a onisciência do narrador nos ajuda a entender melhor cada personagem. O plot twist final é previsível, mas não deixa de ser bem encaixado e nos remete ao óbvio: Alex edifica um painel de como o tempo e a convivência destroem nossas vidas e deixam nossos pedaços pelo chão. Assim como as ondas do mar - ou uma garrafa de vinho em queda.

Indicado para: quem gosta de um trabalho dramático, tenso, sem se importar com um início mais lento, e que não se furte a temas complexos.

Nota: 8,0 de 10,0 (talvez esse livro exija uma releitura, devido à densidade e ao ritmo).

Dica: ouça lendo isto - https://youtu.be/dwzq4FWEe7w

@wesleisalgado 28/05/2021

Me fez comprar a continuação quando estava no terço final...
Não consigo encontrar somente um adjetivo; sombrio, angustiante, triste. Um drama familiar extremamente maduro.

O autor te coloca história, é impossível você terminar de ler e não sentir que acabou de passar férias naquela casa na praia. Eu senti pena do Orlando, eu me irritei com a Elisa natureba, e o melhor/pior eu quis poder machucar fisicamente a Magnólia e sua personalidade borderline.

Eu sentia o frio da chuva daquela cidade litorânea, eu sentia o gosto do vinho, e quando terminava um capítulo ficava pensando: como o autor fez isso comigo? A escrita dele é muito adulta e meticulosa, seus personagens são complexos assim como seus relacionamentos. Eu ouvia a trilha sonora que o autor queria que eu ouvisse na minha cabeça, enquanto lia.

A estrutura dos capítulos em dias é muito agradável, e aquele prólogo nem seria necessário para me pegar do jeito que livro me pegou. E cada personagem é trabalhado tão bem e são diferentes. Ele nem precisou recorrer a flashbacks para ser crível na personalidade de cada um, está aí a palavra: CRÍVEL. Do marido aficionado por Virginia Wolff, ao florescer da sexualidade de um garoto ou ao alcoólatra negacionista.

Solidão, depressão, incompreensão, medo de ficar/estar sozinho, negação... excelente!

Carlos Bennoda 31/12/2020

Visceral
Não começa este livro achando que é uma leitura qualquer, entre e mergulhe neste livro preparado para saber que o que encontrará aqui é doloroso. ver assim mesmo fragmentado em mil pedaços. É se ver em todos os personagens e odiar das partes também.

Dany 17/08/2020

O frágil toque dos mutilados é o livro de estreia do brasileiro Alex Sans e traz um drama familiar protagonizado por Magnólia, uma enóloga em crise no casamento que vai passar as férias de julho com o irmão Orlando, um recém viúvo em recuperação do alcoolismo. Magnólia possui uma personalidade explosiva e faz acompanhamento psiquiátrico, porém seu gosto por vinhos e o descaso pelo tratamento a levam a interrompê-lo, ao mesmo tempo em que Orlando lida com a dor pela morte recente da esposa, com o vício e a tentativa de voltar a ter uma vida normal. O marido de Magnólia, os filhos de Orlando e conhecidos da família são coadjuvantes no meio desse mar de conflitos que transformam a vida de todos.
Os personagens são densos e bem construídos e a escrita do autor é belíssima, há muito domínio narrativo no texto, porém no decorrer das muitas páginas do livro essa beleza se perde; a troca de farpas e conflitos é sutil, há muito aprofundamento psicológico, o que acaba tornando a leitura arrastada e enfadonha, pois não há fluidez nem nos diálogos, e nos poucos momentos explosivos há corte no texto para o próximo capítulo, que enrola antes de retomar do ponto em que parou.
O livro tem seus momentos bons mas no geral ele é mais longo do que deveria e as relações interpessoais poderiam ter sido melhor exploradas, em detrimento de tanto conflito interno. Recomendo, mas com ressalvas.

Carol.Cuofano 23/12/2019

Que livraço!
Dezembro está sendo um mês de poucas leituras, mas, para minha sorte, só livraço!

O frágil toque dos mutilados é o romance de estreia de Alex Sens, jovem escritor nacional.

Nesse drama familiar acompanhamos o reencontro de três irmãos: Magnólia, Orlando e Lisa. Cada irmão tem uma grande questão a ser resolvida, mas a trama foca mais em Mag e em quanto as pessoas sempre parecem estar pisando em ovos ao lidar com ela. Isso porque ela tem um grave transtorno de personalidade.

O autor aborda temas como: transtornos, alcoolismo, homossexualidade e suicídio em um texto escrito quase em forma de diário nos 28 dias que duram esse encontro.

A escrita do autor é envolvente e prende o leitor que já fica curioso nas primeiras páginas com a antecipação de uma cena muito significativa para a conclusão do livro. Fiquei positivamente impactada com o quanto o título do livro é significativo.

Estou louca para ler a continuação e descobrir como esses 28 dias impactaram nas vidas dos personagens.

José Vitorino 11/08/2019

Embora o instrumento mais poderoso do texto esteja fora da trama - a já citada qualidade explícita da escrita do Alex, já num primeiro romance -, não sei se por descuido ou por uma infeliz escolha do autor, o que era uma miríade de complexidades e conflitos subjetivos na primeira parte, com um cuidado excepcional de todas as personagens, se transforma, no segundo terço, numa redução frágil e equivocada, em determinado grau, em uma espécie de divã alcoolizado de apenas dois deles, o que contribui para um desfecho inoportuno, rápido e com muitas fissuras. Uma violenta insuficiência. Ainda assim, belo texto.

x gaabý 13/07/2018

QUÊ ROMANCE!
Maravilhosamente encantador como a muito não lia. A leitura é envolvente, carinhosamente convidativa a mais um capitulo. Prefiro ler mais llentamente e saborear a história, mesmo assim fui surpreendida em terminar o livro em apenas uma semana. Um dos pontos altos do autor é a forma austruista que trata seus leitores, citando frases em diferentes idiomas, nomes científicos e métodos técnicós de uma forma casual. Alex Senso, um brasileiro que instiga seus leitores à cultura, além de abordar centenas de assuntos delicados com carinho. Tudo isso ilumina meu coraçao. Leitura deliciosa.

Gláucia 08/04/2017

O Frágil Toque dos Mutilados - Alex Sens
Após 3 anos sem ver seu irmão (Orlando), alcóolatra em recuperação que perdeu a esposa há cerca de 1 ano, Magnólia vai com seu marido (Herbert) passar um tempo em sua bela casa de praia. Todos estão receosos pois as relações entre os vários membros da família parecem ser permeadas por situações dolorosas e as pessoas estão sempre medindo suas palavras e pensando bem antes de agir. Especialmente porque Magnólia sofre de transtorno de personalidade boderline e resolve interromper os remédios.
O livro começa muito bem e fiquei muito impressionada com a maturidade de escrita do autor que escolheu um tema difícil e conseguiu desenvolver de forma totalmente convincente, tanto o transtorno psiquiátrico quanto o alcoolismo. Não há nada inverossímil nem forçado (com exceção de uma cena no final) na caracterização desses personagens. Mas a leitura começou a me cansar justamente por ser uma narrativa que se passa praticamente o tempo todo como se a gente estivesse vivendo dentro da mente de alguém assim. Isso pode ser um ponto positivo para a maior parte dos leitores mas pra mim foi meio demais.
Outro ponto que me incomodou um pouco foi a inclusão de algumas opiniões que podem ou não expressar os princípios ideológicos do autor e a mim pareceu uma forma de fazer com que as pessoas se sintam enojadas ou culpadas de não seguirem a mesma linha.

Mundim 15/03/2017

De uma profundidade ímpar
O Frágil Toque dos Mutilados é um romance/drama com um fundo angustiante. É como, com aflição, ver uma frágil taça de cristal à beira de uma mesa em uma festa agitada, observando-a dançar e pular, ora voltando para a mesa, ora transbordando a certeza de que irá cair.
Desenvolvido num intenso âmbito familiar, fez-me lembrar um pouco o recentemente indicado ao Oscar "Manchester by the Sea", com muitas falas não ditas que engasgam e sufocam as personagens. A quinta estrela vem com uma facilidade imensa após ler os últimos capítulos, nos quais a cortina vermelha de cada uma das pessoas do livro se abre.
É lindo.

Leo 26/10/2016

Para ler no litoral.
Extremamente bem escrito e com um enredo muito bem executado. Com certeza se deve esperar muito desse autor. Em todos os momentos achei o texto muito referente ao romance "As ondas", da Virginia Woolf - talvez tenha sido proposital, não sei, mas foi muito bem trabalhada essa questão. Em relação ao desenvolvimento dos personagens, acho que fazia muito tempo que eu não encontrava uma personagem tão forte e tão bem construída como a Magnólia. É aquele tipo de livro que você sofre com os personagens, chegando até a ter medo de virar a página e sentir as consequências dos atos deles.
Comprei esse livro em Paraty, e lê-lo ainda por lá foi uma experiência maravilhosa.
Livro incrível!

Ju 13/10/2016

Um livro mergulhado até o fundo em realidades individuais. Comportamento humano andando na corda bamba, um passo de cair. Magnólia e seu rastro de tensão por onde passa, uma dor e um gozo habitando lado a lado dentro do peito dela. Temas densos e melancólicos buscando superar algo que parece insuperável, anos de quem somos. O livro é escrito em forma de um diário de 28 dias e se inicia de maneira tensa no vigésimo oitavo dia, recurso que nos faz querer saber como a situação chegou naquele pé. Ao longo do livro a narrativa é envolvente e você vai adensando nos comportamentos íntimos e secretos de cada um, ora se identificando, ora com raiva, ora com pena, raramente nos alegramos juntos. Quando chega ao final os mistérios são explicados, mas embora a descoberta seja algo imprevisível na minha cabeça não fez muito sentido. A carta que explica um segredo afogado no mar me decepcionou, eu não conseguia ver veracidade nas palavras daquela que escreveu, ninguém esconde um transtorno tão aparentemente violento por tanto tempo, dividindo a cama, não passa imperceptível. Fora isso achei tbm que o soco dado pelo amante de Virgínia estava completamente fora de contexto e foi dado somente pra nos enganar. Esses dois episódios me decepcionaram no finalzinho, mas um livro não é feito só de final e achei a construção dos personagens surpreendentemente reais. Recomendo a leitura