Aline T.K.M. | @aline_tkm 18/11/2016Livro com personalidade de sobra!Livre de amarras e com o espírito aberto. É assim que deve ser lido Desperdiçando Rima, o livro de estreia da cantora Karina Buhr.
Uma mistura de cartas, bilhetes, música, poesia e crônicas dão forma aos textos do livro – alguns inéditos e outros adaptados de sua coluna na Revista da Cultura (publicação da Livraria Cultura), além de letra de música da banda Comadre Fulozinha, da qual Karina fez parte.
Segundo a autora – e cantora e compositora e ilustradora e etc (porque tenho certeza que deve haver um “etc”) –, não há um tema único que amarre todos os escritos do livro. Na realidade, eu diria que é melhor falar em sentimentos e atmosferas do que propriamente em temas. Da apatia ao desespero, passando por revolta, ódio e amor, e parando para respirar na leveza (às vezes temperada com toques de ironia). A contemplação vem recheada de percepções astutas e divide lugar com a consciência política e com um espírito feminista; o “eu” divide espaço com o “nós” e o “todos”, em metáforas que fazem a gente pensar.
Em Desperdiçando Rima, as palavras fluem como música. A rima se faz presente e, acredite, é tudo menos desperdiçada. Ao contrário, é lindamente ilustrada com os traços simples de Karina – “...e ilustradora” –, transbordantes na figura feminina.
Vale pelo livro e vale também por Karina Buhr. Vale pela liberdade de poder tomar para si cada verso, cada trecho – eles se encaixam perfeitamente em algum momento seu, sério! E vale pela liberdade como um todo – leia fora de ordem, contemple os desenhos antes ou depois, enfim, não há regras!
Desperdiçando Rima é daqueles livros que a gente curte tanto que deixa ali, na cabeceira, a apenas uma esticada de braço de distância – a vontade de reler um e outro trecho permanece por um bom tempo, pode acreditar.
LEIA PORQUE...
Sabe um livro com personalidade? Desperdiçando Rima tem de sobra! E ainda traz crítica, sentimento e ilustrações que inspiram.
DA EXPERIÊNCIA
Logo no prefácio, Karina abre o jogo e diz que não curte prefácios – ainda assim, lá está ela escrevendo o seu... Já simpatizei nesta hora!
FEZ PENSAR...
No fato de Karina Buhr ter integrado o Teatro Oficina, do Zé Celso – definitivamente, é para poucos. Admiro.
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