Moitta 19/12/2020
Minhas Notas
Negociar bem não significa ganhar sempre, mas chegar a acordos mutuamente vantajosos. Um bom acordo pode ser recusar a proposta de sociedade de um grande amigo, sem magoá-lo,
Quer um exemplo prático? Quantas das dez decisões mais importantes – pessoais e profissionais – tomadas nos últimos meses foram decididas apenas por você? Provavelmente nenhuma, pois, mesmo que tenha uma posição de comando, precisou pesquisar, ouvir, questionar, persuadir, contornar objeções e ajustar sua proposta antes de, enfim, decidir.
Não são nossos talentos que mostram aquilo que realmente somos, mas sim nossas escolhas. J. K. Rowling
As motivações funcionam de duas formas: a estrutural, que faz parte da personalidade da pessoa, pois define e norteia muitas de suas decisões; e a conjuntural, que muda conforme a situação ou uma necessidade imediata.
Significa, por exemplo, que você pode ter como motivador estrutural mais forte ganhar dinheiro, mas também poderá negociar apenas por prazer quando se tratar de um hobby que você adora; evitar perda, quando estiver em uma situação de risco; evitar incômodo, quando não estiver disposto a enfrentar uma fila; obter reconhecimento, quando sentir necessidade de aprovação social; ou ainda ser altruísta em uma situação em que queira ajudar alguém. Por isso, é fundamental analisar, em cada negociação, o que realmente o motiva.
Quem tende a evitar incômodo com muita frequência foge de polêmicas, evita expor-se e procura os caminhos curtos, para evitar complicações. Em excesso, esse motivador pode fazer com que a pessoa pareça desinteressada e distante. Pessoas que se motivam por sentir prazer costumam fazer o que gostam na vida profissional e pessoal; sabem o que querem e são exigentes com o próprio bem-estar. Em excesso, podem demonstrar teimosia e egoísmo. Já quem tem obter reconhecimento como motivador mais importante terá como prováveis vantagens admiração alheia, grande rede de relacionamentos e muita vontade de se destacar. Em excesso, essa motivação pode indicar vaidade desmedida e foco mais nas aparências que nos resultados.
O mundo abre passagem para quem sabe aonde está indo. Ralph Waldo Emerson
Qual é o tipo da negociação? Acidental, cooperativa, equilibrada ou utilitária. O que o motiva nessa negociação específica? Ganhar dinheiro, evitar perda, evitar incômodo, sentir prazer, obter reconhecimento ou ser altruísta. Quais são seus trunfos? Expertise, credibilidade, poder, talento natural, padrões. Quais são suas fraquezas? Qual é sua BATNA (alternativa)?
Com quem você vai negociar? Qual é o estilo de seu oponente? Qual o principal motivador dele? Quais são os trunfos dele? Quais são as fraquezas dele? O que ele quer de você? O que você tem para oferecer que possa interessá-lo? Qual a BATNA dele?
A maioria dos prestadores desse tipo de serviço tem “gordura”, mas só fazem concessões para quem as cobra. Lembre-se de que nesses casos sua BATNA é forte (você tem outras opções), e a deles, fraca.
“quando um não quer, dois não brigam”. Não brigam, mas ao se omitirem não resolvem as desavenças.
Faço essas comparações pouco usuais para concluir que o ataque frontal deveria ser a última opção na gestão de conflitos. Além disso, você teria de estar em uma posição de força pelo menos três vezes superior à de seu oponente para vencer uma disputa, e mesmo assim sairia machucado.
o ataque frontal deveria ser a última opção na gestão de conflitos. Além disso, você teria de estar em uma posição de força pelo menos três vezes superior à de seu oponente para vencer uma disputa, e mesmo assim sairia machucado.
Defesa – Quando as forças são equivalentes Quando seu oponente é uma pessoa difícil, mas sua força é semelhante à dele, jamais faça um ataque frontal. Nesses casos atuar na defesa significa mostrar suas armas, não para usá-las, mas para impor respeito. Essas situações costumam acontecer entre casais, colegas de trabalho com a mesma hierarquia, pessoas que frequentam a mesma turma, concorrentes diretos etc.
Em vez de ficar furioso ou se vingar, concentre-se em conquistar o que quer.
Trabalhe duro e em silêncio. Deixe que seu sucesso faça barulho.
Preferimos dizer sim aos pedidos de quem gostamos. Robert Cialdini
Gostaria que você pensasse em tudo isso durante a semana e no domingo nos apresentasse uma proposta, ok?
— Pois então, meu filho... Não temos condições financeiras de bancar seus estudos, clube para treino, viagens etc. Gostaria que você pensasse em tudo isso durante a semana e no domingo nos apresentasse uma proposta, ok?
Em vez de bater de frente com o adolescente – como queria o pai, ameaçando-o –, a mãe inverteu o jogo e pediu uma proposta ao filho. Como ele não tem muita saída, será mais fácil negociar um bom termo para ambos.
Sua inteligência se traduz na forma como você julga e, principalmente, como utiliza as informações que tem. Carl Sagan
Benefícios para GANHAR DINHEIRO
Garantia de lucro.
Benefícios para EVITAR PERDA
Menor risco. Garantia de assistência técnica. “Comigo ninguém perde.” Você como ponto de referência no processo. Multa contratual, se o que prometeu não for cumprido. Benefícios para EVITAR INCÔMODO Ter pacote completo. “Eu faço.” “Eu resolvo.” “Deixa comigo!” “Você não se incomodará com nada.”
Benefícios para SENTIR PRAZER
A satisfação que ele obterá com sua proposta. O prazer que ele sentirá no curto prazo. Ele terá uma proposta detalhada e minuciosa. O aprendizado que ele obterá. A qualidade técnica insuperável que tem seu produto ou serviço.
Benefícios para obter RECONHECIMENTO
A “fama” que ele obterá. Autorizar que utilize sua proposta como se fosse dele. Oferecer produtos de ponta, lançamentos. Provar que os líderes usam o produto/serviço que você oferece. Os ganhos sociais que ele terá.
Benefícios para ser ALTRUÍSTA
Como ele ajudará a empresa com sua proposta. Como ele ajudará muitas pessoas com sua proposta. Como ele facilitará a vida dos outros. Como ele poderá contribuir aprimorando ainda mais sua proposta. A autorrealização que ele obterá.
Assim, na maior parte das vezes, os ajustes são até mais importantes do que a proposta inicial, pois as pessoas começam a analisar o que podem obter de você, naquele momento, e vice-versa. Quanto mais tempo seu interlocutor – e você – tiver investido nas fases anteriores, maiores serão as chances de que a negociação chegue a um bom termo.
Lembre-se também de que é o momento ideal para dar algo de “presente”, pois as pessoas adoram receber concessões – mesmo que insignificantes –, para sentir que conseguiram o máximo que podiam. Portanto, é hora de servir alguns “aperitivos e petiscos grátis”, ou seja, concessões que não lhe farão muita falta, e que poderão ser decisivas para que seu oponente aceite sua proposta.
Trunfos (expertise, credibilidade, poder, talento natural e padrões) Quanto mais fortes forem seus trunfos, menor será a necessidade de concessões. BATNA forte – Poucas concessões. BATNA fraca – Muitas concessões.
Se ficar para outro dia, você terá de recomeçar tudo: vínculo, perguntas, nova proposta e mais ajustes... Portanto, se há confiança de que o acordo é bom para ambos os lados, seja objetivo e tome a iniciativa ao propor o fechamento. Sugiro quatro estratégias:
Fechamento direto – “Vamos fechar?” – É um pouco arriscado, pois a palavra final será de seu interlocutor. Fechamento com ação – Descreva minuciosamente o acordo e peça os dados da pessoa ou um documento ou uma assinatura. Muitos acordos não são fechados, pois um interlocutor fica esperando a decisão do outro. Não tenha receio de tomar a iniciativa.
Fechamento com incentivo – “Se fecharmos agora, consigo mais trinta dias de prazo ou 3% de desconto à vista. O que você prefere?” Para quem já está muito motivado, um empurrãozinho pode fazer a diferença.
Fechamento “ou/ou” – Vamos marcar a viagem para o dia 30 ou para o dia 1º?
Uma vez fechado o acordo, não se esqueça de documentá-lo, seja por contrato, preenchimento do pedido, ou simplesmente um e-mail com os detalhes do que foi combinado. Fica muito mais difícil desistir quando há algum tipo de formalização.