Discurso Sobre as Ciências e as Artes/ Discurso Sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens

Discurso Sobre as Ciências e as Artes/ Discurso Sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens Jean-Jacques Rousseau




Resenhas - Discurso Sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens


48 encontrados | exibindo 31 a 46
1 | 2 | 3 | 4


Gustavo.Moura 27/05/2020

O texto de um gênio. Embora extremista em seu ponto de vista, dele se pode tirar valiosas lições para entender nossa sociedade e nós mesmos.
comentários(0)comente



Amanda Bento 07/06/2019

Bom livro para quem quer conhecer mais sobre a obra do autor
Não conheço muito Rousseau, mas de todos os trechos de livros que já li dele, esse livro foi o mais explicativo. Contando um pouco sobre a história das classes sociais, o filósofo faz suas conclusões sobre a desigualdade e rememora com saudosismo a república do Platão.
comentários(0)comente



Patrick 16/04/2019

O aspecto negligenciado da liberdade
Que é o conceito social, seja ele qual for, sem a consideração do componente humano, diverso e imenso?

''...a liberdade é como esses alimentos sólidos e suculentos, ou esses vinhos generosos, próprios para nutrir e fortificar os temperamentos robustos a eles habituados, mas que inutilizam, arruínam, embriagam os fracos e delicados, que a ele não estão afeitos. //Os povos, uma vez acostumados a senhores, não podem mais passar sem eles.// Se tentam sacudir o jugo, afastam-se tanto mais da liberdade quanto, tomando por ela uma licença desenfreada que lhe é oposta, suas revoluções os entregam quase sempre a sedutores que só fazem agravar as suas cadeias.''
comentários(0)comente



Marcos Antonio 27/05/2018

Desigualdade
Neste livro ele inicia falando o tipo de sociedade no qual ele gostaria de viver, esboça a sociedade que ele joga como perfeita, onde a desigualdade não exista, onde todos sejam iguais perante a lei, uma sociedade onde não acha pobres e nem ricos, onde todos os magistrados sejam honestos e fiéis as causas.
Com essa ideologia de sociedade perfeita ele começa a esboçar Onde a desigualdade começou e faz uma viagem no tempo onde o termo sociedade nem existiam, foi onde começou a desigualdade, livro muito bom. Acho que todos deveriam ler.
comentários(0)comente



Daniel.Monteiro 21/09/2017

Discurso Sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os homens
O Autor propõe uma análise das desigualdades entre as pessoas a partir da origem do desenvolvimento da espécie humana desde o início dos tempos.

Afirma que houve um "estado de natureza humana" em que o homem tinha-se por satisfeito, sobretudo pela inexistência de maiores necessidades, onde, pelas características privilegiadas da espécie, os desejos primários e únicos (comer, beber e etc) eram facilmente atendidos. Nesse estado, a satisfação imperava.

Para ele o início da civilização da forma como conhecemos ocorreu a partir da instituição da propriedade privada.
"O primeira que, ao cercar um terreno, teve a audácia de dizer isto é meu e encontrou gente bastante simples para acreditar nele foi o verdadeiro fundador da sociedade civil."

Afirma também que existe na sociedade humana dois tipos básicos de diferenças, a naturail ou física e a diferença moral ou política. Sendo está dependente de uma "espécie de convenção estabelecida entre os homens.

Com linguagem filosófica simples, a obra cativa o leitor justamente pelas expressões de fácil entendimento.
comentários(0)comente



Lista de Livros 11/06/2017

Lista de livros: Discurso Sobre a Origem da Desigualdade entre os Homens – Jean Jacques Rousseau
“Só a inscrição do templo de Delfos continha um preceito mais importante e mais difícil do que todos os grossos livros dos moralistas.”
*
“O luxo, impossível de prevenir entre os homens ávidos de suas próprias comodidades e da consideração dos outros, não tarda a completar o mal que as sociedades começaram; e, sob o pretexto desnecessário de fazer viver os pobres, empobrece todo o resto e despovoa o Estado, cedo ou tarde.
O luxo é um remédio muito pior do que o mal que pretende curar; ou antes, é ele mesmo o pior dos males, em qualquer Estado, grande ou pequeno, e que, para nutrir as multidões de criados e de miseráveis que fez, acabrunha e arruína o trabalhador e o cidadão.”
*
Mais em:
http://listadelivros-doney.blogspot.com.br/2017/05/discurso-sobre-origem-da-desigualdade.html
*
Parte II:
“O que a reflexão nos ensina sobre isso, a observação o confirma perfeitamente: o homem selvagem e o homem policiado diferem de tal modo no fundo do coração e nas inclinações, que o que faz a felicidade suprema de um reduziria o outro ao desespero. O primeiro só respira o repouso e a liberdade; só quer viver e ficar ocioso, e a própria ataraxia do estoico não se aproxima da sua indiferença profunda por qualquer outro objeto. Ao contrário, o cidadão, sempre ativo, sua, agita-se, atormenta-se sem cessar para buscar ocupações ainda mais laboriosas; trabalha até à morte, corre mesmo em sua direção para se pôr em estado de viver, ou renuncia à vida para adquirir a imortalidade; faz a corte aos grandes que odeia e aos ricos que despreza; nada poupa para obter a honra de o servir; gaba-se orgulhosamente de sua baixeza e de sua proteção; e, vaidoso de sua escravidão, fala com desdém daqueles que não têm a honra de a partilhar. Que espetáculo para um caraíba os trabalhos penosos e invejados de um ministro europeu! Quantas mortes cruéis não preferiria esse selvagem indolente ao horror de vida semelhante, que muitas vezes nem mesmo é compensada pelo prazer de fazer o bem! (...) Tal é, com efeito, a verdadeira causa de todas essas diferenças: o selvagem vive em si mesmo; o homem sociável, sempre fora de si, não sabe viver senão na opinião dos outros, e é, por assim dizer, exclusivamente do seu julgamento que tira o sentimento de sua própria existência. Escapa ao meu tema mostrar como de tal disposição nasce tanta indiferença pelo bem e o mal, com tão belos discursos de moral; como, reduzindo-se tudo às aparências, tudo se torna factício e representado, honra, amizade, virtude, e muitas vezes até os próprios vícios, cujo segredo de se glorificar finalmente se encontra; como, em uma palavra, perguntando sempre aos outros o que somos, e não ousando jamais interrogar-nos sobre isso nós mesmos, no meio de tanta filosofia, humanidade, polidez, máximas sublimes, não temos senão um exterior enganador e frívolo, honra, sem virtude, razão sem sabedoria, e prazer sem felicidade. Basta-me ter provado que esse não é o estado original do homem, e que só o espírito da sociedade e a desigualdade que ela engendra modificam e alteram, assim, todas as nossas inclinações naturais.”
*
Mais em:

site: http://listadelivros-doney.blogspot.com.br/2017/05/discurso-sobre-origem-da-desigualdade_31.html
comentários(0)comente



Ale 23/12/2016

A saída do estado natural e a entrada à sociedade dos vícios e das paixões
O livro retrata a visão de Rousseau em relação às características do homem em estado natural (características, digamos, do espírito) e a forma que provavelmente teria aderido para escapar deste estado. Neste meio tempo, o autor aponta a origem para a desigualdade entre os homens.

Há, pelo menos, duas desigualdades entre os humanos, quais sejam, a natural e a moral. A primeira refere-se as diferenças de idade, sexo, capacidade, habilidade, força etc. e a segunda, à diferença entre as riquezas, os privilégios, as situações convencionais entre os homens. A primeira desigualdade é vista, como o nome sugere, na própria natureza e sempre existira, porém ela, no estado de natureza, pouco significava, pois os homens não se conheciam e não tinham motivos para tanto. O homem se bastava. A natureza tudo lhe dava, o homem não conhecia os vícios do homem civil, portanto tinha um espírito calmo de paixões. Não estava em guerra com seus semelhantes, pois estes nada lhe significavam. Aí dizer que o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe.

Os humanos se reuniram, fortuitamente, criando famílias, tribos e nações. A partir deste momento, as preferências surgiram, pois foram obrigados a perceber, pela convivência, a desigualdade natural: perceberam que uns cantavam melhor, dançavam melhor, "falavam" melhor. O segundo passo foi o trabalho em conjunto. O trabalho proporcionou a ideia de propriedade privada e a partir do momento em que as terras foram divididas para a agricultura, a propriedade privada foi reconhecida e assim a desigualdade moral começou. Ora, os que produziam mais, por mérito próprio, produziam para si, pois aquilo passara a ser sua propriedade. Rapidamente foi possível perceber a distinção entre o rico e o pobre.

Nesse ambiente não havia leis ou direito positivo. o que fazia possível a guerra que havia pela propriedade. Ela ensejou o vício da ambição e esta motivou a guerra pelo acúmulo de propriedade. Os humanos começaram a olhar e querer ser olhados. A consideração pública nasceu aqui. Esse era o motivo da guerra. Nada de proveitoso para os ricos, pois, afinal, nada impedia que outros mais fortes usurpassem os bens que ele mesmo usurpou. Decidiram, então, criar as leis e o contrato pelo qual o Estado é criado, com a justificativa de proteger a liberdade e a vida de todos, punindo as condutas indesejadas. A finalidade verdadeira era proteger sua usurpação e chamá-la de propriedade privada, assim como proteger seu patamar de rico.

Deixei de mencionar, praticamente, o livro inteiro, mas talvez tenha ido ao cerne da questão. A propriedade privada criou os vícios que motivaram a desigualdade e a criação das leis. Estas são os laços que perpetuam a desigualdade e a legitima. As comodidades se degeneraram em necessidades e o homem passou a conhecer sua ruína, quase no mesmo momento em que pode se chamar de civilizado. A proposta do livro é essa. Para quem interessar, é um bom início para os que querem saber mais sobre as ideias socialistas. Rousseau não era socialista, pois isso ainda não existia na época e nem ele mesmo acreditaria nela se a tivesse visto, mas ele deu a base para as grandes críticas da nossa sociedade moderna. Críticas essas que iniciaram a proposta socialista.
comentários(0)comente



Igor 04/04/2014

Resumo
No ano de 1755 Jean-Jacques Rousseau publica sua obra intitulada “Discurso sobre a Origem e Fundamentos da Desigualdade Entre Homens” com o intuito de responder o que causou as desigualdades sociais. Neste livro, Rousseau já apresenta temas que farão parte da sua obra mais famosa, “Do Contrato Social”¸ de 1762. O “Discurso” é uma obra que faz uma profunda análise da natureza humana, mostrando como seu desenvolvimento levaria à inevitável desigualdade do estado civil, mas não apresenta nenhuma solução para esse problema. Apenas no “Contrato Social” Rousseau tenta mostrar uma forma de nos libertarmos dos grilhões a que nos aferroamos quando abandonamos nosso estado de natureza.

Rousseau começa por fazer uma distinção entre desigualdades naturais e desigualdades sociais, mas como seu objetivo é descobrir a causa das desigualdades sociais, ele faz apenas uma breve análise dessas desigualdade naturais a fim de saber se existe alguma ligação entre ambas, ou se destas derivam aquelas. Em partes, talvez a preocupação inicial de Rousseau fosse mostrar que não existe nenhuma razão que se possa buscar na natureza para a dominação e para a escravidão, justamente onde Aristóteles foi para tentar justificar que alguns homens nascem para dominar e outros para a escravidão. Para Rousseau, os escravos nascem na escravidão, não para a escravidão. “Se há, pois, escravos por natureza, é porque houve escravos contra a natureza”. Assim, se quisermos saber as causas da escravidão e das demais desigualdades sociais, temos que olhar para algo anterior a isso, para o estado de natureza. No entanto, não se pode confiar na conclusão que alguns filósofos como Hobbes e Locke tiraram sobre tal estado. Para Rousseau, os filósofos viram no estado de natureza um homem já civilizado, junto com todos os sentimentos que só nascem com a civilização, que apenas nela fazem algum sentido. A causa das desigualdades remonta a algo anterior, bem anterior ao que pensavam Hobbes e Locke.


Anterior aqui não é visto como algo temporal. O próprio Rousseau se questionava se houvera alguma vez na história algum estado de natureza. De acordo com o que pensavam saber no século XVIII, o mundo não tinha mais de seis mil anos, assim, não haveria tempo para todo esse processo de civilização descrita no "Discurso" ter ocorrido. Eram apenas hipóteses, criadas a fim de chegar à natureza do homem. O estado de natureza rousseauniano estava próximo de um método, de uma construção artística e criativa, baseada na história e no conhecimento que tinham sobre tribos selvagens. Se houve ou não um estado de natureza, para Rousseau, o que importava era conhecer o homem para a partir daí retirar a causa das desigualdades entre eles. E ele começa mostrando como a civilização vai, aos poucos, produzindo desigualdades físicas, que deveria apenas serem atribuídas a natureza. O selvagem não sofre das inúmeras doenças do homem civilizado, nem da sua aparente neurastenia. Não carecem de tantos cuidados nem de tantas ferramentas. À medida que vai se tornando mais civilizado, o homem começa a perder essa força e essa independência original, que culminará mais tarde na desigualdade e na escravidão.


Essas diferenças acentua o erro dos filósofos anteriores, de tentar tratar o homem em estado de natureza como se fosse um homem civilizado. Além dessas distinções, Rousseau nos apresenta uma outra: uma distinção metafísica e moral. Para ele, o que difere o homem selvagem do animal não é a racionalidade, mas a liberdade e a capacidade de aperfeiçoar-se. Essa é o que ele chama de "perfectibilidade", que consiste, basicamente, numa capacidade de aprender com os erros, de desenvolver-se, de prever, embora não com tanta precisão. Outra distinção diz respeito à moral. Mesmo não dispondo de normas de conduta, no estado de natureza os homens não sucumbiam à guerra de todos contra todos. Não conheciam a vingança, pois ainda não tinham posse daquela que seria uma das primeiras propriedades: a imagem. Nada que não fosse imediato lhes afligia. “De manhã, vendeu seu colchão de algodão e, à noite, vem chorar para recomprá-lo, por não haver previsto que careceria dele para a noite seguinte”. Nesse cenário, a eterna beligerância intercalada por estados de paranóia do estado de natureza hobbesiano não se afigura num estado de natureza que leva em consideração os homens selvagens, não os civilizados.

Rousseau observa que também o homem não poderia organizar-se em grandes grupos, uma vez que era desprovido de linguagem. Mesmo sem saber quando começou a fazer uso desse recurso, alguns argumentos são importantes para essa compreensão. A linguagem só poderia se desenvolver se fosse necessário, e nesse caso não era. Nesse “estado primitivo, não tendo nem casa, nem cabanas, nem propriedades de nenhuma espécie” o homem era extremamente solitário. Eles preferiam a solidão às guerras incessantes do estado de natureza hobbesiano. Se alguém lhe tomasse o alimento, buscaria outro, uma vez que não dispunha ainda do conforto e do apreço à imagem que são frutos da civilização. Também não dispunham de obrigações morais, mas isso de modo algum os jogava uns contra os outros. Eles dispunham apenas da piedade, sem a qual, observa Rousseau, nenhum moral faria sentido. A razão, por sua vez, é o que atrofia essa piedade, o que faz o homem olhar para si mesmo e se sentir diferente do outro que sofre, de saber que aquele não é o seu sofrimento, que faz o homem “ensimesmar-se”.

Ora, se no estado de natureza era tal, como conhecemos a injustiça? Se o homem nasce bom, e a sociedade o corrompe, quem criou essa sociedade corrupta? O motor para essas mudanças foi a própria perfectibilidade. Esse movimento parece levar o homem inevitavelmente à desigualdade e à injustiça civil. “O primeiro que, tendo cercado um terreno, atreveu-se a dizer: Isto é meu, e encontrou pessoas simples o suficiente para acreditar nele, foi o verdadeiro fundador da sociedade civil”. Essa famosa frase de Rousseau expressa bem o que ele tenta nos mostrar, mas faz parecer algo que seu deu de repente, não um processo lento e gradual, como mostra por toda a obra. Essa perfectibilidade¸que faz com que o homem se aprimore mais, fez com que, por exemplo, ele criasse armas e instrumentos, se juntasse a outros homens para caçar e desenvolvesse uma linguagem menos rudimentar. No entanto, o homem permanecia solitário. Apenas quando essas “novas luzes” fizeram com que o homem olhasse para si mesmo, tomando ciência de sua existência, ele obteve sua primeira propriedade: ele era o primeiro indivíduo. Junto com isso veio o orgulho. O orgulho de saber-se melhor que outros, e o medo de saber-se mais fraco que outros. Para abrigar-se, passou a viver em cavernas e outros abrigos. Seus filhos passaram a viver com ele e também sua companheira. Criou-se a divisão do trabalho e a primeira forma de estado: a família. Outras famílias se juntaram por inúmeros motivos, a linguagem começava a se formar, a comunidade, as artes, os ritos, etc.

Aqui também começam os males do amor-próprio. Reunidos em grupo para divertirem-se, cada um começou a olhar para o outro e tentar ser o melhor, o mais belo, o mais forte… As injúrias poderiam ser punidas, pois elas feriam a imagem, a propriedade, e a ciência do amanhã levava à vingança. Surge a comodidade oriunda dos instrumentos que inventara, com a qual o homem não pode ser feliz, mas sem a qual teria uma grande infelicidade. No entanto, para Rousseau, esse teria sido o momento mais feliz, situado entre “a indolência do estado primitivo e a petulante atividade de nosso amor-próprio”. Quando, munido de sua perfectibilidade, o homem percebeu que era mais vantajoso ter mais do que precisava, surgiu a propriedade privada, e com ela toda noção de justiça e injustiça, surgiu a riqueza, a pobreza e a escravidão. Esta última, um privilégio de todos na sociedade civil, pois todos abandonaram a liberdade do estado de natureza pela dependência mútua e a comodidade da civilização. A acumulação de bens gera a pobreza, o que gera a preocupação dos ricos em manter suas propriedades. Com isso, surge um acordo que garante a todos a posse do que lhes pertence, e os mais pobres, por conta da comodidade adquirida ao abandonar o estado de natureza, aliada à promessa de prosperidade que lhes alimente a auto-estima, aceita de bom grado que lhes ponha ferros nos tornozelos e lhes tornem escravos. Estes, em troca de maior conforto, acabam por ceder cada vez mais da sua liberdade, criando assim os governos despóticos.

Nesse quadro social desastroso, repleto de egoísmo, onde a proteção da propriedade privada é a única coisa que garante a justiça, aparentemente a volta ao estado de natureza seria a única solução. No entanto, essas expectativas são logo frustradas por Rousseau: não existe retorno. Mesmo que houvesse algum modo, a perfectibilidade poderia pôr tudo a perder novamente. O mesmo movimento poderia gerar os mesmos efeitos. Assim sendo, o que nos resta, afinal? A única alternativa que temos é aprender a conviver de forma justa, harmoniosa e livre dentro da própria civilização. Essa é a proposta do "Contrato Social", onde Rousseau propõe que todos devem unir-se em torno de um ideal comum, de uma Vontade Geral, que garanta a liberdade, a igualdade e a justiça perdida na passagem do estado de natureza para a sociedade civil. Não se trata da soma de vontades particulares, nem 50% mais um do total das opiniões de uma sociedade, mas a expressão de cada um sobre o que pensam ser o direito de todos e o dever do Estado. Não se trata, pois, de submeter-se à vontade de outros, tornando-se assim mais uma vez escravos, mas da própria vontade manifesta na Vontade Geral. Obedecer à vontade geral é obedecer à própria vontade, o que se configura como um ato plenamente livre. O Estado é a unidade da vontade geral, a força que garante que a vontade geral prevalecerá sobre as vontades particulares.
comentários(0)comente



Luciano Luíz 10/02/2014

A ORIGEM DA DESIGUALDADE ENTRE OS HOMENS (ou DISCURSO SOBRE A ORIGEM DA DESIGUALDADE ENTRE OS HOMENS) de JEAN-JACQUES ROUSSEAU é uma pequenina obra de valor inestimável.

O autor mostra de forma detalhada como se deram todas as diferenças sociais desde que o homem surgiu.
Ou ao menos de maneira teórica, nos apresenta como teria sido desde que o primeiro homem que vivia em meio a natureza, começou a se diferenciar dos demais.

Impressiona tudo o que Rousseau apresenta. Pois se aprofunda em todos os aspectos de como nossos acentrais passaram por todas as transformações sociais até que se chegasse ao chamado homem civilizado.

Rousseau também mostra experiências com homens de tribos primitivas, que foram levados a se socializar, mas em vão não tiveram o menor interesse.

Desde a primeira divisão de terras, ou em dizer que "isso é meu" ou "é seu". Os casais não apenas estando juntos para procriar. O comércio como a base de toda uma cultura.

Esse livro é uma verdadeira aula de História que compensa cada página.

É dividido em duas partes.
A primeira, mais densa, é rica em detalhes.
E conhecemos muito do nosso passado com passagens interessantíssimas.

A segunda parte é ligada a política, ou ao Estado em si. É bem menor, mas o conteúdo é abrangente.

E ainda conta com notas do autor repletas e fatos que deixam o livro ainda mais produtivo.

É uma obra que faz pensar: como fora possível essa evolução? Qual teria sido o primeiro ser humano a batizar animais e plantas com nomes usados até hoje?

Como se deu toda essa ruptura com a natureza?
Esse livro dá muitas respostas convincentes.
Mas também faz o leitor se questionar em uma quantidade absurdamente ainda maior de perguntas não somente após a conclusão da leitura, mas ainda enquanto estiver devorando todas as informações.

Fodástico!!

Nota: 10

L. L. Santos

site: https://www.facebook.com/pages/L-L-Santos/254579094626804
comentários(0)comente



Juliana 03/11/2013

Trecho do livro
"Concebo na espécie humana duas formas de desigualdade. Uma, que chamo de natural ou física, porque é estabelecida pela natureza e consiste na diferença das idades, da saúde, das forças do corpo e das qualidades do espírito e da alma. A outra, que pode ser chamada de desigualdade moral ou política, porque depende de uma espécie de convenção e que é estabelecida, ou pelo menos autorizada, pelo consentimento dos homens. Esta consiste nos diferentes privilégios de que gozam alguns em prejuízo dos outros, como ser mais ricos, mais honrados, mais poderosos do que os outros ou mesmo fazer-se obedecer por eles." pg 33
comentários(0)comente



Bruna 06/08/2013

Resumo
Qual a origem da desigualdade entre os homens? Ela é autorizada pela lei da natureza?

Existem 2 tipos de desigualdade. Natural; física; do corpo e a moral e política, que são os pivilégios de um sobre o outro.

O homem selvagem era para ele o ideal. Ele era menos complexo, mais satisfeito, inocente, tinha somente necessidades básicas, vivia em situação de igualdade com os outros. Eram puro instinto.
Não dependiam um do outro, não havia vinculo afetivo.
Ele é um homem totalmente livre, não tem nada para perder. No amor eles também eram livres, não havia disputa, era um amor físico. Não tinha sentimentos, só tinha consciência de suas necessidades.
Eles não sabem o que é dominação, não existia agrupamentos desse tipo por que não tinham o pensamento tão abstrato. E também porque não lhe faltava nada, a natureza lhe dava tudo.
A própria natureza fazia a seleção, os fracos não sobreviviam, portanto eles eram vigorosos, feroz, o corpo era sua ferramenta. A natureza era o berço super confortável de onde o homem nunca devia ter saído.
Não havia muitas doenças, quando havia era trivial e a propria natureza os curava.

Os contemporâneos de Rousseau eram civilizados, viviam mais, mas viviam bem? tinha mais doenças. Eram fracos mas a natureza não mais selecionava, eles continuavam existindo, mas era uma vida sem qualidade. FIcavam afeminados. A civilização que cria a doença. Além disso existe a clemência, generosidade que faz com que fiquemos fracos.
O Amor não é só mais físico como quando eram selvagens, passa a ser moral, uma idéia construida/artificial na qual se deve escolher um sobre o outro. Com isso também se cria a divisão/diferenciação/desigualdade por características físicas e morais que o amante deverá ter. Com o amor moral surgiu o adultério, morte entre outros...

Chega um momento da história dos selvagens em que eles descobrem a qualidade que o ser humano tem que é a de melhorar. Isso acaba com eles. É o momento que ele escolhe desviar do instinto, vê que é possível fazer isso. Ele começa a querer coisas, a paixão faz querer. Começa a usar a razão.
A sua atividade que começa a exercer com o intuito de burlar o clima (pesca, fogo, instrumentos). Foi aqui que percebeu que poderia fugir da morte, poderia ficar a salvo, poderia ser superior aos animais. Usou a razão e ganhou um vício: orgulho.
Eles começam a construir cabanas, com isso já não participam tanto da natureza la fora, começa a se diferenciar dela.
Outro ponto é que as relações familiares começam a ficar mais intimas e nascem os sentimentos de amor familiar. Esse foi mais um passo à sua ruína, pois agora sua liberdade está comprometida, eles viraram uma sociedade. Além disso com o inicio da linguagem, vão começar a se comparar. Com isso também vão aprender a se vingar e a serem sanguinários. A moral estragou tudo...
Do trabalho também surgiu a comparação entre funções e salários além disso aprenderam que o ser humano é um bem e aprende a escravizar. As pessoas se dão chefes para defender sua liberdade, e não para serem escravizados por ele.

Ele diz que é preciso de leis para deter as paixões. Para haver dominação, as duas partes devem estar de comum acordo. Uma deve pensar que precisa da assistencia da outra. Os selvagens não precisam de assistencia de ninguém.
A primeira pessoa que usou a idéia abstrata de que algo era dela, foi quem formou a sociedade civil tal como ela é hoje.O selvagem mostra para nós que na verdade "tem pra todo mundo".

comentários(0)comente



Gabriel 20/10/2012

Um livro que ajudou a modelar em grande parte a forma como eu vejo a sociedade.
comentários(0)comente



Anna. 06/07/2012

Qual é a fonte da desigualdade entre os homens? Tal desigualdade é autorizada pela lei natural?

A pergunta acima nada mais foi do que um desafio lançado pela Academia de Dijon em 1753, a qual se comprometia a premiar aquele que melhor a respondesse. Impressionado com a magnitude da questão, Rousseau tenta – e consegue – respondê-la, o que resultou na publicação do “Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens”.

Precursor do romantismo, o pensamento rousseauniano muitas vezes é tido por utópico, mas isso não o impede de permanecer intacto ao longo dos anos, vencendo as barreiras do tempo e se mostrando atual, mesmo hoje, séculos depois de sua publicação.

O livro se divide em 2 partes: na primeira, trata-se da descrição do homem no estado de natureza, enquanto ser puro e imaculado; enquanto na segunda parte vê-se o desenvolvimento do progresso humano, o advento da propriedade, do Estado Civil, da sociedade, das leis e principalmente as implacáveis conseqüências da saída do estado natural.

Marcado por sua extrema sensibilidade, subjetividade e emotividade que lhe são características, tal obra em tela traz uma visão inovadora para a época.

Enquanto seus antecessores afirmavam que no estado de natureza o homem era mau por natureza (Hobbes) ou fraco por natureza (Montesquieu) ou mesmo dispunha de vários direitos inalienáveis, sendo o principal deles o direito à propriedade (Locke), o filósofo francês surgiu com a figura do bom selvagem: no seu estado de inocência original, o homem era bom, manso, feliz, puro e imaculado, vivendo isolado de seus semelhantes, sendo guiado segundo suas necessidades, seu instinto e sua razão, tendo por máximas a liberdade e igualdade.

Sob o risco de parecer demasiadamente utópico, Rousseau admitiu que esse ideal do “estado de natureza (...) talvez nunca houvesse existido, e provavelmente nunca existiria”. Assim, apresentava-o não como um fato histórico, mas como um parâmetro de comprovação, “um raciocínio condicional e hipotético”.

Mas, se no estado de natureza o homem gozava da suprema felicidade, desfrutava da mais pura e sublime paz e se deliciava com sua inexorável liberdade, o que o fez sair de tal magnânimo estado para se aventurar nas trevas do estado civil?

Respondendo ao questionamento lançado pela Academia, para Rousseau a origem do Estado Civil e a gênese de todas as desigualdades repousa na instituição da propriedade privada.

O homem, como ser instintivo e racional, tem a capacidade de evoluir. Com o decorrer dos milênios, o homem vai desenvolvendo seu espírito, adaptando seu corpo e, principalmente, aperfeiçoando a sua razão. Aos poucos o homem vai ampliando suas faculdades racionais, psíquicas e físicas, afastando-se de seu magno estado. Entretanto, é somente quando cerca um pedaço de terra e diz “isto é meu” é que o homem quebra eternamente seu vínculo com seu estado natural, institui e funda a sociedade civil, selando para sempre seu fatídico destino. A partir daí, surge a desigualdade econômica, política e social, assim como a maior parte dos males da vida moderna.

A fim de proteger e consolidar a propriedade privada, impõe-se a força, forma-se o Estado, instituem-se as leis e legaliza-se a injustiça, resultando nos principais males da civilização: separação de classes, escravidão, servidão, inveja, ódio, guerra, leis injustas, corrupção, etc. O bom selvagem se transforma no mau civilizado, agrilhoado pelas determinações e imposições da sociedade.

Diante do caos reinante, resta ao homem a indagação: devemos voltar à selvageria, na tentativa de retornar ao nosso estado original? Infelizmente, isso não é mais possível. A natureza humana já foi irremediavelmente envenenada e corrompida pela maldade e perversão da civilização. Acabar com a propriedade, com o Estado e suas instituições seria mergulhar a população em um caos pior que a civilização. Diante disso, como afastar o homem do contexto nefasto no qual está inserido? Uma vez que nos é impossível retornar à inocência original, resta-nos refrear a animalidade e ressaltar a racionalidade, pautando nossas instituições na moralidade e legalidade. Mas como? Através do pacto social, assunto este tratado em sua outra obra “O contrato social”.

Finalizando,(isso já está se transformando em um testamento!), devo dizer que a obra tem uma escrita apaixonada e reflexiva. A leitura pode ser um pouco penosa no início, mas depois que se começa a entender o pensamento de Rousseau, o percurso se torna límpido e claro, com leitura fluida e interessante, de fácil entendimento e compreensão.




comentários(0)comente



Ricardo 16/05/2012

Utopia
Apesar de ser um clássico, considerei o livro extremamente utópico e sem dúvida perfeito pré-requisito para qualificar Rousseau como romântico. Por outro lado ao final do livro o autor desenvolve um pouco melhor suas teses do contratualismo que acabam sendo um aperitivo do que virá a ser o Contrato Social.
comentários(0)comente



Jéssica 15/06/2011

Rosseau discorre durante o livro sobre sua hipótese de formação da 'civilização'[ Lembrou-me o filme 'A Guerra do Fogo'], e do 'atual' estado de submissão de um homem pelo outro.

No início, seu interesse é mostrar que o homem não é intrínsecamente mau, como propunham outros pensadores.

"...sendo o estado de natureza aquele em que o cuidado com a nossa conservação é o menos prejudicial ao de outrem, esse estado era consequentemente o mais apropriado à paz e o mais conveniente ao gênero humano."

Então, parte para tentar explicar o que teria tornado possível o surgimento da desigualdade social, intimamente relacionado com o surgimento da propriedade privada. Essa tentativa de explicação é feita, pois, sengundo ele, parece ilógica aceitação da apropriação particular de um bem antes comum.

"O primeiro que, ao cercar um terrenom teve a audácia de dizer isto é meu e encontrou gente bastante simples para acreditar foi o verdadeiro fundador da sociedade civil. Quantos crimes, guerras e assassinatos,q uantas misérias e horrores teria poupado ao gênero humano aquele que, arrancando as estacas e cobrindo o fosso, tivesse gritadp a seus semelhantes: 'Não escutem esse impostor! Estarão perdidos se esquecere, qie os frutos são de todos e a terra é de ninguém.'"


Para ele, essa justificação começa a nascer no sentimento de vaidade.

"Quem cantava ou dançava melhor, o mais belo, o mais forte, o mais habilidoso ou o mais eloquente tornou-se o mais considerado, e esse foi o primeiro passo tanto para a desigualdade quanto para o vício."

Que faz com que o homem passe a viver voltado para o outro e não para si mesmo, dessa maneira, começa a haver uma relação de depedência mútua que desencadeia nas relações de desigualdade e escravidão.


"Em suma: por um lado, concorrência e rivaliddae; por outro, oposição de interesse e sempre o desejo coulto de tirar proveito à custa de outrem. Todos esses males são o primeiro efeito da propriedade e o cortejo inseparável da desigualdade nascente."

comentários(0)comente



48 encontrados | exibindo 31 a 46
1 | 2 | 3 | 4


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR