Rafaela 06/08/2015
Scanner é o primeiro livro da trilogia de mesmo nome, escrita em parceria entre Sarah Fine e Walter Jury (pseudônimo de Pouya Shahbazian, um dos produtores do filme Divergente).
Tate Archer é um garoto de 17 anos que vive com o pai, apesar da relação conturbada entre eles. Tate não gosta muito do pai pois se sente muito pressionado para ser melhor em tudo que faz, sendo que o rapaz já fala onze línguas, é um gênio em química e é ótimo em artes marciais, e mesmo assim seu pai ainda não está satisfeito com o desempenho do filho, e faz ele se esforçar cada dia mais, sem contar sua namorada, Christina, que o pai nunca fez questão de conhecer. A justificativa é que ele está sendo preparado para uma responsabilidade familiar futura, ainda incerta para o garoto.
Como o pai de Tate é cientista e trabalha em casa, a forma que o garoto encontrou para rebelar-se da rigorosidade foi encontrar meios de invadir seu laboratório, descobrindo a respeito das invenções do pai. Em uma de suas invasões, Tate encontra um dispositivo que ele desconhece o uso, mas decide roubá-lo e levá-lo para a escola.
O dispositivo acabará exposto e será alvo de brincadeiras de seu amigo, e então os problemas maiores iniciarão. O aparelho em questão é um scanner, e sua função é distinguir os seres humanos dos alienígenas, denominados H2. Quando ligado, o reflexo da pessoa poderá ser azul (para humanos), ou vermelho (para H2), identificando assim a diferença.
Quando nota o desaparecimento do dispositivo, o pai de Tate vai atrás dele na escola para recuperar o perigoso scanner, mas já é tarde demais. Uma equipe armada aparece e começa a persegui-los, e na tentativa de fuga, seu pai é atingido por uma bala. Enquanto Christina tem de dirigir para tirá-los dali, Tate escuta as últimas palavras de seu pai, que tenta explicar ao filho um pouco sobre o scanner, os alienígenas, a gravidade da situação e o risco que eles correm. O problema é que ele morrerá sem concluir tudo que tinha a dizer, deixando o casal confuso e deslocado. Tate acabará encontrando-se com sua mãe, que também ajudará na árdua missão de fugir do Núcleo para proteger e descobrir a real utilidade da invenção de seu marido.
Aqui, a maior parte da população mundial já é composta de H2, porém, as pessoas não sabem que são realmente alienígenas. É como acordar em determinado dia e descobrir que você não é, na verdade, humano. Isso se deve ao fato de eles terem chegado com suas naves na Terra muitos anos atrás, e ao invés de tomarem o poder, decidiram se misturar ao restante dos cidadãos, aumentando gradativamente ao longo dos anos a sua numerosidade. Todos esses fatos são um segredo escondido por anos dos indivíduos, e os únicos que sabem a respeito são duas organizações, sendo uma delas o Núcleo, que são os H2 mais poderosos e comandantes, que perseguirão Tate, Christina e sua mãe, a fim de obter o scanner a todo custo.
A narrativa é realizada em primeira pessoa pelo Tate, então apesar das revelações importantes que vão surgindo ao longo do livro, existe um ar de leveza, masculinidade e humor pelo fato de ser um adolescente relatando os acontecimentos. Além desse fator, outro que traz grande fluidez a história é ação presente do início ao fim. Como os três estão sempre fugindo, o leitor consegue ficar preocupado se quem sabe eles serão pegos em cada nova rota, o que nos faz virar ainda mais avidamente as páginas.
Apesar de não ser o foco do livro, existe o romance jovem entre Tate e Christina. Ao decorrer da história a relação irá ficar conturbada, mas Tate sempre estará perto da namorada para protegê-la de todos, já que ela também se arriscou e salvou sua vida em diversos momentos.
Esse foi um dos fatores que me fizeram gostar dos protagonistas, já que apesar de terem sido jogados no meio de toda a confusão, eles não ficam muito de mimimi, se lamentando por tudo. Demonstram sua força ao seguir adiante, principalmente Christina, que apesar das dúvidas de todos e dos riscos constantes não se importa de dar o melhor de si e ajudar no que for preciso, independente dos julgamentos.
Também é possível ver a difícil relação familiar de Tate. De início, vemos um Tate que se sente pressionado pelo pai para ser o melhor, o que só lhe causa muita revolta. Depois, com a morte do pai e entendendo o porquê de ser tão cobrado, é possível notar que ele se sente culpado por essa rebeldia e pelos problemas que causou. Todo o esforço imposto ao garoto tinha um objetivo, e isso é perceptível ao longo da história, já que será colocado em prática o que aprendeu, principalmente em relação a química.
Já a relação com a mãe também é inicialmente conturbada. Ele não sabe se pode confiar realmente nela devido ao fato de que ela não demonstra emoções com alguns acontecimentos, além do fato de ter deixado-o para trás com o pai no momento do divórcio.
Acredito que a melhor parte do livro para mim foi o final. O que começa apenas como mais uma das muitas cenas de ação, toma um rumo crucial para a história devido as informações que serão apresentadas para Tate. A cena se desenvolve tão rapidamente, que tanto o leitor como o protagonista não conseguem parar para pensar nas informações naquele momento. Ao terminar o livro e refletir a respeito, senti como se tivesse levado um tapa na cara, como se os autores dissessem que infelizmente nossa mente e a de Tate estavam correndo na direção oposta, focando no problema errado.
Esse gancho da reflexão e de buscar o objetivo correto dará um novo gás a trama no segundo volume, que estou ansiando para ler apesar de já conectar alguns possíveis pontos do enredo.
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