Homens em guerra

Homens em guerra Andreas Latzko
Andreas Latzko




Resenhas - Homens em guerra


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Wellington 24/02/2022

Homens em Guerra – 9,0
Aproveitando que Putin me lembrou da importância desse livro, decidi escrever sobre. Homens em Guerra, ao ser publicado, foi proibido em todos os países combatentes da Primeira Guerra Mundial. Versões clandestinas circulavam, mas a proibição era forte. O motivo? Eis aqui uma obra que joga luz no que realmente uma guerra significa. Há descrições desde o dia a dia de um soldado até as festanças dos barões. Do cidadão comum ao poderoso.

Escrito por um soldado traumatizado e internado (sofreu os estilhaços de uma granada, se não me engano), o livro é brutal. A Primeira Guerra é notória pela violência, pelas inúmeras formas disponíveis de se matar alguém. Armas químicas? Pode. Fogo? Bora. Veneno? Opa. Tudo vale no arsenal dos peões. De tão brutal, não consigo dar nota máxima; há náusea. Mas, se tem um livro que mostra a guerra, é esse. Recomendo fortemente.

Tem vindo à minha mente, especialmente hoje, início da invasão na Ucrânia, o que Tolstói, meu russo favorito, escreve em Guerra e Paz. Não me recordarei das palavras. Mas é algo como:

“Imagine se um soldado largasse as armas. E se as pessoas, uma a uma, uma onda, uma maré humana, se recusassem a fazer guerra? Por que 50 mil combatentes contra 50 mil é mais digno do que um contra um? Napoleão contra Alexandre, em duelo; quem ganhar, vence a guerra. Um chefe contra o outro. Mas não se recusam. Os movimentos humanos vão ora de leste para oeste, ora de oeste para leste. O ondular segue, ininterrupto. Mas e se parasse?”.

A distância de Campinas, interior de São Paulo, para o sul da Bahia é basicamente a mesma de Berlim a Kiev. Imaginem o sul da Bahia sendo invadido e nós aqui, no Instagram, tranquilos; ou vice-versa. Essa é a perspectiva.

Leiam Homens em Guerra. Leiam Guerra e Paz. E recordem-se do que viver significa.

site: https://www.instagram.com/escritosdeicaro/
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Marcos 26/12/2022

A face da guerra
Andreas Latzko serviu ao exército austro-húngaro na Primeira Guerra Mundial e viveu as cenas que relata no livro. Estas podem ser lidas como histórias desconexas e, como único fator em comum, tendo a guerra como fundo.
Como dito, é um relato. Por isso foi proibido nos países envolvidos na guerra. A guerra tende a ser relatada em livros, filmes e imagens como defesa da pátria, heroísmo, irmandade, honra e demais símbolos e valores que jovens tendem a buscar. O que Latzko faz é relatar a maquiagem do esforço de guerra. Pois o que se encontra no front é morte e carnificina. A morte não se deve por faltar força ao guerreiro, mas porque teve o azar de estar no lugar onde caíra uma granada. Diferente da Ilíada que também trabalha com a guerra, a guerra moderna não possui heróis e lendas mas mortos que se tornam "Picadinho humano".
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Ana 11/04/2022

Libelo perfeito e necessário
Homens em guerra é um livro de contos que poderia ser classificado como libelo anti-guerra. Mas é um livro cujo valor transcende essa mera classificação. Trata-se de um livro que deve ter caído como uma verdadeira bomba na época em que foi escrito, justamente por seu caráter pacifista, e não à toa, foi publicado anonimamente no século passado. São contos muito realistas que mostram que só insensíveis são capazes de romantizar uma guerra, sendo que para os infelizes homens que foram/são obrigados a irem a uma, não passa de pura barbárie. E quem diria que mais de cem anos depois seria ainda um livro necessário!
Vamos ao enredo de cada conto: O primeiro mostra um soldado enlouquecido e ferido numa cama de hospital, com ódio de sua condição, e sentindo-se traído por todas as mulheres do mundo e inclusive pela esposa, todas incapazes de impedir que seus homens fossem obrigados a lutar; afinal, segundo ele, elas queriam ter um herói pra se exibir pras amigas;
O segundo conto, Batismo de Fogo, mostra dois oficiais, o capitão Marschner e o tenente Weixler lutando contra os italianos: um parece ser louco por morte e guerra; o outro, só quer correr dali o mais rápido possível.
O terceiro conto mostra um oficial de alta patente que tem sua pompa interrompida a contragosto por um infeliz soldado, justamente enquanto dava uma entrevista; esse oficial da alta patente é o retrato do burocrata de guerra que ficou rico às custas da desgraça e por isso, não quer que ela acabe de jeito nenhum.
O quarto conto, intitulado: ''O companheiro – um diário'', fala sobre um ex-combatente ferido, que anota em seu diário o quanto a lembrança do companheiro morto o assombra, enquanto desfia ácidas críticas aos poderosos, que parecem viver de carnificina enquanto os pobres-coitados dos soldados se matam em campo de batalha.
O quinto conto, ''A morte de um herói'', é a triste história que pode ter sido a de muitos: um pobre tenente, louco, ferido em carne viva, se lamentando numa cama de hospital, e que tem alucinações com pessoas andando sem cabeça, quer dizer, com discos de gramofone no lugar da cabeça, como acontecera certa vez a um pobre-diabo num ataque ao qual ele estava presente. Um horror.
O último, ''A volta pra casa'', é talvez um dos mais tristes desse livro, pois mostra o retorno de um homem que perdera a identidade na guerra, e com ela, perdera tudo, até o direito de ser ele mesmo e retornar para sua vida de antes. Quem ler vai entender. Depois dos contos, há ainda no livro o depoimento de Romain Rolland, que tivera um encontro com Andreas Latzko em 12 e 13 de setembro do ano de 1918, quando a Primeira Guerra felizmente já havia terminado, mas infelizmente com um saldo enorme de mortes nas costas.
Amigos, o verdadeiro herói de guerra é aquele que deserta e foge da confusão pra bem longe. Desde que não seja pego depois, claro.


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Gilmara.Fernanda 02/08/2020

Necessário!
Conhecer com detalhes os horrores da guerra é fundamental para sentimento pacifista real. Os contos são a realidade em forma de ficção. Algo que só poderia ser escrito por quem viveu uma guerra, por quem na pele sentiu a estupidez que é um conflito. Todos deveríamos ler este livro.
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Nati 04/06/2023

Um livro curto mas que diz tudo da forma mais crua e realista possível. Latzko toma para si a missão de denunciar o que se passa nas trincheiras da I guerra para aqueles que ainda cultivavam a fantasia e o fetichismo das glórias dos campos de batalha sem ver no tentando os cadáveres, o sangue, as insanidades e as crueldades que aconteciam tão perto.

De todos os livros que li sobre guerras até agora, talvez esse tenha sido o mais honesto, escrito por quem a viveu, e ainda no calor dos acontecimentos. É possível visualizar através de suas palavras tudo o que ele diz.

Sobre a escrita do autor eu não tenho muito o que dizer. É impactante, franca, limpa e fluída. Não há parágrafos ou frases desnecessárias, tudo está feito de forma coesa e muito clara.

Eu sei que talvez não seja para todo mundo por ser muito gráfico. Mas acredito que, nos tempos que correm, é uma leitura que se faz necessária.
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Matheus 18/10/2021

Definitely, one of the most melancholic books I've read in my entire life.
The horrors, the pain, the madness of those involved in war is detailed in different tales, but all of them had a really strong impact on me.
Even with different perspectives, the same pain and sadness are felt during the entire book.
It's impossible not to ask yourself one question after reading the destroyed lives of those who went to war: Why?
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Carol 06/08/2015

“Dulce et decorum est pro pátria mori”
No conto Batismo de Fogo, o capitão Marscner se nega a repetir o verso do poeta Horácio, “É doce e honroso morrer pela pátria”. Este sentimento de desilusão perpassa todo o livro de Andreas Latzko.

Latzko, oficial do Império Austro-húngaro na Primeira Grande Guerra, foi testemunha de toda miséria e horror que o conflito legou aos que dele tomaram parte.

Homens em Guerra foi escrito em 1917 durante sua internação em um asilo na Suíça. Publicados anonimamente, os seis contos presentes no livro são um grito contra a loucura reinante no período.

Latzko costumava dizer que “As pessoas não têm mais fantasia”, referindo-se ao fato de elas não conseguirem representar pra si o sofrimento e o horror da guerra. Mesmo os soldados, no campo de batalha, já não se abalavam com tamanha violência. Não havia empatia. Era forçoso fazê-los ver e sentir. Assim, o autor esperava evitar novas guerras.

Acredito realmente que a leitura do livro nos faça de fato ver e sentir. Recomendo demais a leitura. Inédito no Brasil, Homens em Guerra, é editado pela Carambaia, com tradução de Dia Abeling.
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Ariadne 16/01/2021

Um libelo anti-guerra
Andreas Latzko, autor húngaro e escritor deste livro, narra em contos histórias que se passam na Primeira Guerra Mundial.

Os contos são muito bem escritos e vão desde a narrativa dentro do campo de batalha até os traumas que um soldado carrega mesmo depois de não estar mais dentro do front.

Latzko é eficaz em se mostrar pacifista e usa sua escrita como uma forma de protesto anti-guerra e denuncia aos horrores vividos no front e ignorados por aqueles que estão do lado de fora.

Ótimo livro que recomendo para todos.
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Vanessa.Jamille 26/12/2021

Poesia de guerra
São seis contos a partir de um olhar masculino sobre a guerra. Sensível e belo. O primeiro conto é de dilacerar a alma. Ainda bem que o resto do livro não segue o mesmo pique se não demoraria demais para digerir tal dor. Cada conto retrata um momento diferente da guerra, a partida, o front, a premiação... A sensibilidade do autor é o ponto mais forte. Um outro conto também me chamou atenção por retratar que escondiam os feridos nos hospitais para que não desmotivassem os jovens de se alistarem ( como se eles tivessem opcao). Apesar de ser ficção ele parece ser bem próximo da realidade.
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Suelli.coelho 13/12/2023

Esse livro é de despedaçar qualquer ser que tenha um pingo de empatia
É muito revoltante pensar que pessoas que nao se odiavam se matavam,enquanto quem realmente se odiava ficavam confortaveis nas suas casas,sem perder um olho,uma perna ou mesmo a vida
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Pandora 27/07/2019

Que leitura triste!!!
Mas vem de encontro a tudo o que eu acho sobre guerras: uma estupidez tremenda!

Não há por que glorificar uma guerra, romantizá-la - como se faz tanto com a 2ª! -, justificá-la seja lá como for. A guerra é um reflexo da barbárie humana.

O austro-húngaro Andreas Latzko foi para a guerra. Em 1915, após um ataque da artilharia italiana perto da cidade de Gorizia (Itália), entrou em choque. O ataque não veio na hora, quando viu dois bois e três pessoas serem despedaçadas por uma bomba. Veio dois dias depois, quando lhe serviram um pedaço de carne sangrando e ele começou a gritar, vomitou e teve convulsões. “Durante seis meses, todo o seu corpo tremia e ele recusava qualquer comida: foi preciso alimentá-lo pelo intestino”.* Seus livros foram proibidos em todos os países envolvidos na 1ª Grande Guerra, o que não impediu que fossem contrabandeados e passados de mão em mão.

Nem tenho como resenhar esta narrativa: ela fala por si só. Latzko escreve com conhecimento de causa e seu grito fica ribombando em nossos ouvidos por muito tempo.

“Com certeza chegará o tempo em que todos pensarão como eu.”

São seis histórias baseadas nas experiências de Latzko ou que chegaram ao seu conhecimento. O autor se concentra no indivíduo para nos mostrar como cada vida é preciosa e desperdiçada numa guerra.

“Um homem numa boa montaria, bem descansado, rosado, limpo, parecendo recém-saído de uma caixinha, topa com duzentas vítimas destinadas à morte: suadas, sem fôlego, no limite do perigo. Ele sabe que, em uma hora, mais ou menos, alguns rostos que ainda se voltam, curiosos, em sua direção, estarão deitados na grama desfigurados pelo sofrimento ou rígidos pela morte. E diz, sorrindo: “Ah, meus parabéns!”

“Ele queria berrar; levantar num salto, sair correndo e perguntar aos gritos para a humanidade por que tinha de ficar ali até se tornar uma carcaça podre ou enlouquecer. Ele não conseguia entender como tinha sido levado até ali; não via sentido, não via objetivo, somente esse buraco na terra, os cadáveres se decompondo do lado de fora e - logo ao lado - um passo ao lado dessa insanidade, sua Viena, assim como ele a deixara havia dois dias, com bondes, vitrines, pessoas que se cumprimentavam e salas de teatro.”

“- Eu gostaria de mostrar essa movimentação aos pacifistas, que sempre agem como se a guerra não fosse nada além de uma carnificina nojenta. A senhora devia ter visto esse lugar nos tempos de paz. De dar sono! O mascate da esquina hoje ganha mais dinheiro do que o grande comerciante ganhava antes. E a senhora já deu uma olhada nos jovens que vêm do front? Bronzeados de sol, saudáveis e felizes! A maioria ficava metida numa chancelaria qualquer em tempos de paz; flácidos, branquelos, entediados. Acredite, o mundo nunca esteve tão saudável quanto agora.”

“- Ao front!
Sou realmente eu o doente, porque não consigo expressar ou escrever essa palavra sem que o ódio mais visceral engrosse minha língua? Não são os outros os loucos que, com uma mistura de fervor religioso, nostalgia romântica e simpatia envergonhada, encaram como que hipnotizados essa máquina de produzir aleijados e cadáveres? Não seria mais inteligente também checar o estado mental dessa gente?

*Trecho do diário do escritor francês Romain Rolland, inserido ao fim do livro.

Nota: O prefácio é do maravilhoso escritor austríaco Stefan Zweig, que eu recomendo muito! Ele viveu alguns anos em Petrópolis/RJ e sua casa hoje é um museu em sua homenagem.
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Adla Kellen 27/06/2020

É um livro de contos sobre a realidade do que o autor viu durante a primeira guerra. O livro foi proibido durante o período da guerra.
Relata realidades que não eram divulgadas na época.
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Paulo 25/08/2020

Homens em Guerra
Chega a ser lamentável que este livro não seja mais lido e comentado. É uma escrita poderosa que teve grande popularidade imediatamente após a Primeira Grande Guerra, que Andreas Latzko testemunhou em primeira mão. Com base em suas experiências, Latzko apresenta seis vinhetas da guerra de vários pontos de vista. Há o policial em estado de choque, traumatizado não apenas com o que viu, mas com a forma como a sociedade deixou tudo continuar. "Você ficou surpreso por ela ser terrível? Só a partida foi uma surpresa. A surpresa foi as mulheres serem cruéis. Elas podem sorrir e mandar rosas, podem abrir mão de seus maridos, de seus filhos,de seus meninos. que elas colocaram mil vezes para dormir; que cobriram mil vezes, que ninaram, que nasceram delas. Essa foi a surpresa! Elas abriram mão de nós - nos mandaram embora, embora! Ninguém teria partido se elas tivessem jurado que não se deitariam que com um homem que estourou crânios, atirou em gente, apunhalou gente. Ninguém, estou dizendo! Eu também não quis acreditam que elas podiam ser assim. Elas podiam ter nos protegido por uma vez, mas quiseram apenas estar na moda! Em todo mundo, queriam apenas estar na moda."


Depois, há o Capitão austríaco, que deixou sua  aposentadoria para entrar na guerra, conduzindo pela primeira vez uma companhia de homens, fazendeiros e camponeses, à morte certa. Sua narrativa introspectiva é uma das peças mais emocionantes que já li. "Desde o início da guerra, ele se preparou para este momento sem relaxar. Pensou nisso dia e noite, disse a si mesmo mil vezes que onde um interesse maior está em jogo, a miséria do indivíduo não vale nada, e um líder consciencioso deve se proteger com indiferença. E agora ele ficou lá e observou com terror como todas as suas boas resoluções desmoronaram, e nada permaneceu nele a não ser uma piedade apaixonada e ilimitada por esses donos da casa obstinados, que se prepararam com tal resignação silenciosa ... o que lhes restou fazer quando seu grande pais, os sábios, seu próprio capitão com as três estrelas douradas no colarinho, asseguraram-lhes que era seu dever e uma coisa mais louvável atirar em pedreiros italianos e operários e fazendeiros em pedaços? " Isso também segue a batalha de inteligência entre ele e seu subalterno, um tenente de 20 anos que está saboreando a guerra e que não tem escrúpulos em derrubar inimigos feridos no campo. O final desta vinheta é especialmente impressionante.


A escrita é bela, emotiva e brutal em sua condenação da guerra e sua falta de sentido. Tanto a terceira quanto a última história discutem a dinâmica do poder em uma guerra; Aqueles que morrem e aqueles que lucram com isso. As três histórias finais são descrições angustiantes de soldados que foram revirados e cuspidos pela guerra para enfrentar ferimentos graves, PTSD e o desgosto de um mundo que simplesmente continua sem eles.


Este é um livro que todo líder mundial deveria ler. Todos os que pensam que há honra na guerra e glória em matar devem ler este livro. Porque sem experimentar a guerra, é o que todos nós pensamos.
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Roberto Soares 31/12/2020

"O Horror! O Horror!"
"Diante do tribunal da História, introduziu-se um testemunho cuja voz incorruptível e pura contava o sofrimento dos seres; e, atrás dele, estavam de pé os milhões de vivos e os milhões de mortos que falavam através da sua voz."

É assim que Stefan Zweig descreve o fenômeno "Homens em Guerra" em sua apaixonada apresentação do livro. A obra foi escrita por Andreas Latzko, um oficial austríaco da Primeira Guerra Mundial, e foi publicada em 1917, um ano antes do fim do conflito. São 6 contos baseados nas vivências reais do próprio autor ou de seus companheiros, e que dão um panorama sobre o que realmente acontecia nos campos de batalha: após deixarem o glamour ofuscante da propaganda patriota para trás, aqueles homens se viam diante da boca do inferno, que se abria e vomitava "corpos retorcidos e rígidos, caretas cinzentas, maxilares abertos, olhos arregalados e braços pendidos sobre a lama".
O livro é um libelo antiguerra, e por isso foi imediatamente censurado pelos governantes dos países em conflito em andamento. Isso porque ele contava a VERDADE sobre a guerra.
Latzko despe os soldados de seus charmosos uniformes os expõe nus, cobertos apenas por suas frágeis humanidades. São histórias que narram os pontos de vista, acontecimentos e pensamentos dos que se viram diante do puro Horror. Mas cabe dizer que o grande protagonista aqui não é a guerra, e sim o indivíduo: suas relações interpessoais, suas abaladas concepções morais, seus medos, vergonhas, fúrias, amores e esperanças. É uma carga de sofrimento incomparável, que fará você precisar de estômago forte para conseguir terminar de ler.
Mas ao lado de tanta empatia, vigora outro sentimento: a revolta. Vidas preciosas, únicas e irreparáveis de seres humanos eram estupidamente desperdiçadas como pagamento por uma culpa que não era deles. Sacrifícios involuntários em nome de um patriotismo exagerado e imaginário, enquanto os senhores da guerra, causadores, alimentadores e gozadores do sofrimento, orquestravam de longe o “material humano” em prol de sua ambição.
A atrocidade é descrita com palavras de amargura e raiva, mas também com piedade e compaixão. Nas palavras do autor, ele tenta “enfiar nas nossas cabeças a imaginação que nos falta” para conceber o que é a Guerra, cuja realidade é mascarada pela mentira heroica e romântica que consumimos até hoje, responsável por encorajar gerações que, acreditando perseguir um brilho de esperança e progresso, são na verdade tragadas por um abismo de sofrimento, tortura e morte.
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