Juncos ao vento

Juncos ao vento Grazia Deledda




Resenhas - Juncos ao Vento


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Karen 25/07/2023

Vida interiorana
Uma vida no interior, seja em uma ilha do Mediterrâneo, seja no Brasil, não parece ser muito diferente.
Misticismo, família, decadência, está tudo aqui
No presente, a autora não goza da relevância que merece, nem aqui nem em seu país de origem, a Itália - o que é uma pena, pois escreve com um força e vigor que não raro me lembrou a escrita de Virginia Woolf e Clarice Lispector.
"..., como se subisse silenciosa da trilha acompanhada por um cortejo de espíritos errantes, ..., do leve esvoaçar das almas inocentes transformadas em folhas, em flores."
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M. S. Rossetti 07/02/2023

Prêmio Nobel de Literatura em 1926
O grande protagonista do livro é Efix, servo da casa das irmãs Pintor.
Conforme a conhecida máxima "é como se fosse da família", essa personagem abre mão da própria vida para servir fielmente ao trio de irmãs, donas da propriedade onde Efix trabalha e habita.
A autora descreve vagarosamante a trama, que envolve estes e demais personagens, em um cenário bucólico da Itália. Cenário este com a onipresença dos juncos que dão nome ao livro, sendo uma metáfora da estrutura corporal das pessoas do campo: pele curtida pelo sol e membros resistentes às intempéries.
O desfecho do livro reforça a ilusão de um empregado ser, de fato, considerado um parente dos patrões. Uma crítica social, nos moldes do início do século XX, mas extremamente contemporânea.
Este e outros livros, da segunda mulher a ganhar o Nobel de Literatura, merecem ser lidos também nos dias atuais.
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Ariadne 28/05/2022

Bom, mas bastante lento em alguns momentos
De uma lista pessoal com autoras e que inclui livros que estão há muito tempo na minha estante.

Gostei do livro e da forma com que a autora escreve - foi o meu primeiro contato com a escrita dela -, mas achei que a história emperra em vários momentos e que isso atrapalha o andamento da leitura.

Mas fiquei com curiosidade em ler mais da autora apesar de não ter achado esse livro incrível.
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IvaldoRocha 16/11/2021

O romance se passa na Sardenha, ilha natal de Grazia Deledda, é a segunda mulher a receber o Nobel de Literatura em 1927.

Don Zane é o barão, homem mais rico da região, que após a perda da esposa, passa a controlar a vida das suas quatro filhas com mãos de ferro. Ruth a mais velha, Esther, Lia e Noemi. Inconformada com a vida que leva, Lia foge e deixa seu pai deseperado, que não desiste de encontra-la e trazê-la de volta para casa.

Don Zane é encontrado morto e todos julgam que morreu de tanta zanga e revolta com a filha.

Ifix o servo de todos os tempos, agora com quase toda as terras do antigo senhor vendidas, mora nó ultimo sitio que ainda sobra, e é dele que tira o sustento das irmãs Pintor. A decadência dos nobres é acompanhada do enriquecimento burguês, os tempos são outros, mas ainda assim existe um certo respeito pela aristocracia de outrora, e as irmãs Pintor buscam manter as aparências a qualquer preço e então recebem um telegrama informando a chegada de seu sobrinho, já adulto e ai, nossa estória começa.

Na literatura, a expressão “cor local” passou a referenciar o uso dos costumes, crenças, dialeto, história e topografia de uma região. Em “Juncos ao Vento” isto está presente a todo momento. A religião, a fé, a crendice popular, as superstições as tradicições e os juramentos.

A maneira um tanto seca de descrever os personagens e que vai se expandindo ao poucos é bem interessante, é como se a cada momento você fosse conhecendo melhor as pessoas. A mulher agiota, o dono da taberna que enriquece com o jogo, Don Petru primo das irmãs Pintor, mas que não se falam há anos, o padre, o tocador de sanfona, o sobrinho etc

Outra caracteiristica dos personagens é sua quase constante oscilação entre o bem e o mal. Fazem algo e se arrependem, se julgam pecadores, buscam penitência e falham novamente. É bem curioso, mas são personagens fortes e cheios de segredos e quase tudo da estória você irá descobrir pela boca deles.

A edição da Carambaia é primorosa, um edição limitada, numerada e não tão barata, Uma brochura mole para representar o movimento dos juncos, com uma sobre capa muito bonita.
Uma boa alternativa, é comprar pelo site da Carambaia na ponta de estoque com um bom desconto, esses livros não são numerados e tem um carimbo de ponta de estoque no local do número. Mas nada que atrapalhe o prazer e a beleza do livro.

Na mochila carregava o meu livro enquanto lia, um dia a encontrei molhada, inclusive o próprio livro, num primeiro momento me irritei, mas depois achei que os jungos sempre gostam de água afinal.

Isto é para quem leu “As Memórias do Livro” Geraldine Brooks
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Wellington 07/09/2021

Juncos ao Vento – 9,0
O cenário é a Sardenha, grande ilha ao sul da Itália. Portadora da cultura única chamada de nurágica, foi invadida incontáveis vezes por diversos povos, cada um deixando sua marca arquitetônica e social. Em todas os sardos sofreram e se refugiaram no interior, mantendo boa parte das próprias tradições; esta é riquíssima, tanto em crenças (duendes invasores, fadas más, fantasmas que lavam roupa) quanto em práticas (idioma próprio, as pessoas se ofendem com intuito de carinho, tesouros arqueológicos). A autora, apaixonada pela terra natal, foi grande estudiosa e escreve mesclando ficção com ambientes reais.

À história. Efix é o servo idoso de uma família nobre em decadência; três irmãs de diferentes idades habitam a antiga casa encrustada num solo ainda mais antigo. Cemitérios tomados pela natureza, ruínas de castelos, paredões caídos; pedras que assistiram inúmeras vidas. Pequenos ossos dos mortos despontam do solo como flores. O entardecer banha tudo com ouro. Festivais católicos permeiam o calendário, mesclando penitência com alegria. Pessoas têm suas existências atreladas ao lugar: parecem nostálgicas, velhas; a espiritualidade, mesmo quando fantástica, é compreensível e indissociável daquela terra.

Assim a vida transcorreu por décadas, até a iminente chegada de um sobrinho distante. Vindo do continente, traz consigo mudanças que nem sempre serão bem vindas. Amores públicos, amores secretos; arrependimento, saudade, vislumbres de um futuro impossível; o cenário ganha cores e movimento... Ao menos parcialmente. Afinal:

“Somos mesmo como os juncos ao vento, dona Ester minha. Eis por quê! Somos juncos, e o destino é o vento.”
“Sim, está bem. Mas por que este destino?”
“E o vento, por quê? Só Deus sabe.”

Observamos parte de uma peça que não acabará. Tal como o percurso do livro, seu fim também traz senso de continuidade.

A edição visa simular a arte e o tato do artesanato com junco. Por mais bela e propícia que seja – até a tipografia foi escolhida para acompanhar a vegetação –, é um projeto gráfico frágil; a capa é fininha, a jacket é de folha sulfite. Não obstante, é muito bonito; só demanda cuidado. O excelente prefácio já aponta: se eu gostasse de Grazia Deledda, estaria feito; a autora escreveu mais de 30 romances e 400 contos.

Estou feito.

site: https://www.instagram.com/escritosdeicaro/
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mpettrus 23/06/2021

Dobrar-se sem quebrar
“Juncos ao Vento” foi um livro que eu li influenciado pela “Ferrante Fever”, uma espécie de acometimento que ataca qualquer leitor que se apaixona pela literatura da enigmática escritora italiana Elena Ferrante. E foi um dos melhores romances que li em 2020. Originalmente publicado em 1913, foi escrito pelas mãos de Grazia Deledda, um dos principais nomes da literatura italiana do século XX e a segunda mulher a ganhar o prêmio Nobel de Literatura.

Nascida na Sardenha, a autora imprime muito de sua cidade de origem nesse romance. Suas paisagens, lendas e personagens compõem uma atmosfera que me lembrou muito as características da escola literária Naturalismo. Porque a Natureza que envolve a vida das pessoas é uma personagem que tudo vê, tudo sabe e tudo repara. Grazia a trata como se ela fosse um ser humano. Uma das frases mais emblemática do romance é quando o protagonista, Efix, um homem de mais cinquenta anos diz para suas patroas: “Nós somos juncos, e o destino é vento”.

A história carrega uma atmosfera onírica em uma narrativa sutilmente lírica e poética contando as crises existenciais de suas personagens, apresentando as diversas fragilidades humanas, além de apresentar os costumes e as lendas de uma sociedade agropastoril da Itália do século XX. O humor da narrativa é carregado de amargura e é terrivelmente fatalista. Triste e amarga, não resta uma página para caber a esperança.

Delleda emprega abundantemente a ferramenta estilística símile onde o mundo humano é comparado com as coisas da natureza: terra, vegetação, pássaros e animais. A vida continua em ciclos eternos dominados pelas estações da natureza. Por isso, me lembrou muito as características da escola literária naturalista.

A história transcorre em uma atmosfera ricamente detalhada, narrando o declínio de uma família, nos contando a sua rotina cotidiana e as nuances de relações pessoais num vilarejo esquecido na Sardenha. Entretanto, apesar da fatalidade da existência de suas personagens, a história nos deixa uma mensagem poeticamente metafórica que o homem tem uma capacidade de dobrar-se sem quebrar ante as adversidades e vicissitudes da vida, pela sua resistência e tenacidade, tal qual um junco ao vento.

Esse romance não é uma leitura fácil, personifica os elementos naturais, o vento é o principal deles, Deledda nos fala de um mundo de forma direta, porém, metafórica, alegórica, mas também por um viés altamente realista; além do fatalismo que permeia a vida das personagens do vilarejo. O final de um dos personagens me deixou triste, pois ele representou a vida nômade e em virtude dessa situação abalou de forma violenta a ordem estabelecida naquele vilarejo.

Sem dúvidas, um dos melhores romances que li em 2020 e graças a minha eterna companheira literária chamada Curiosidade. E não é uma leitura para qualquer leitor. É uma leitura para aqueles que estão dispostos a ser desafiados. Fria, amarga, difícil é também terrivelmente monótona.
Teus 25/06/2021minha estante
???




Tatiana.Junger 10/06/2021

Narrativa poética e fortemente imagética
O enredo é desenvolvido a partir da figura de Efix, um servo vinculado à terra de três senhoras irmãs, de família nobre mas em decadência financeira, em um vilarejo da Sardenha. A história começa a se desenrolar com a expectativa de chegada de um sobrinho, que apesar do laço de sangue com as irmãs, não era nobre.

A obra tem grande mérito, sobretudo pela narrativa poética, que se particulariza pelas descrições associativas, isto é, indiretas, com uso frequente de metáforas e comparações. Nesse aspecto, dois padrões mais me impactaram. O primeiro foi a constante remissão às cores, não apenas para colorir a paisagem e os espaços, mas para indicar sentimentos, estados de espírito, pensamentos, doenças, comportamentos, etc., recurso muito eficaz para atribuir o caráter imagético à escrita. O segundo foi a humanização da paisagem, das coisas e dos espaços, aos quais a escrita atribuiu ações tipicamente humanas, como a fala e a intenção, sem resvalar para o fantástico. Interessante é que, dessa maneira, conectou a narrativa ao enredo, que se valia de elementos míticos da cultura sarda.

De certa maneira, é possível concluir que há um cunho moral na história, que funciona como uma espécie de ode à resignação, enquanto virtude cristã.

A experiência de leitura foi cansativa durante algumas passagens, principalmente por causa dessa característica fortemente descritiva do narrador, mas também pelas folhas brancas e tamanho pequeno da fonte utilizados na edição.

Contudo, a leitura do prefácio coloca em perspectiva essa intensidade descritiva - e eu li o prefácio no fim (recomendo lê-lo no começo, não é do tipo que passa informação demais). Após a sua leitura, pareceu-me que o esforço descritivo serviu a um propósito de compartilhamento da Sardenha com o mundo e, dessa maneira, justificou-se.
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Tati Iegoroff (Blog das Tatianices) 20/11/2018

De uma grande escritora italiana
Antes de mergulhar na leitura de Juncos ao vento propriamente dito, nos deparamos com um esclarecedor ensaio escrito por Maria Teresa Arrigoni. Foi ali que descobri o quão importante na literatura italiana foi Grazia Deledda e como nós, brasileiros, pouco sabemos sobre isso.
Grazia Deledda foi a segunda mulher a receber um Nobel de Literatura e foi justamente com Juncos ao Vento que isso ocorreu, em 1926. Não é a toa, também, que Grazia é um dos principais nomes da literatura italiana do século XX. Me pergunto como não estudamos isso nas aulas de literatura italiana da faculdade (eu fiz Letras português e italiano e, portanto, estudei diversos nomes da literatura italiana, mas jamais Grazia Deledda).
É ainda mais espantoso pensarmos que Juncos ao Vento não figura entre leituras obrigatórias de um curso de italiano quando percebemos a sua riqueza: a obra apresenta uma pequena província Sarda — Nuoro — utilizando muito de suas características físicas e culturais para discutir questões humanas. A natureza, aliás, é de extrema importância ao longo de toda a obra, estando sempre muito ligada aos acontecimentos e sentimentos da narrativa.
Além disso, o personagem principal de Juncos ao Vento é um servo negro — Efix —, que desempenha o papel de um sábio, sendo uma figura muito importante para as mulheres da família Pintor, uma família aristocrática em decadência.
O livro narra muitas crises existenciais e apresenta diversas fragilidades humanas, além de apresentar os costumes e lendas de uma sociedade agropastoril da Itália do século XX. Apesar das inúmeras descrições que aparecem ao longo da história, a linguagem é direta, e permeada por um humor amargo e fatalista.
Trata-se, sem dúvidas, de uma narrativa amarga e triste, e a única esperança — à qual nos apegamos devido a Efix — é de que a vidas das senhoras Pintor melhore com a chegada de Giacinto, sobrinho delas, filho da irmã que fugira e que também já morrera. Essa esperança, porém, dura pouco.
Falar desse livro sem falar da edição brasileira dele seria um desperdício, uma vez que a Carambaia preocupou-se com todo o projeto gráfico do mesmo: todo em preto e branco e com um papel leve e uma capa bem maleável, o livro permite uma flexibilidade semelhante à dos juncos que dão nome à história. Além disso, a tiragem dessa edição foi limitada — contando com apenas 1000 exemplares, todos numerados à mão.
Juncos ao Vento não é uma leitura fácil, mas para quem gosta de saborear a verdadeira literatura italiana, aprendendo um pouco mais sobre seus costumes, paisagens e cultura e ainda gosta de leituras que trazem boas reflexões, certamente esta é uma excelente recomendação!

site: https://blogdastatianices.wordpress.com/
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Leila de Carvalho e Gonçalves 21/08/2018

A Sardenha De Deledda
A italiana Grazia Maria Cosima Damiana Deledda (1871-1936), natural da Sardenha, foi a segunda a mulher laureada com o Prêmio Nobel de Literatura em 1926.

Seu romance mais famoso, ?Canne Al Vento?, foi lançado em 1913, na revista ?L'Illustrazione Italiana? e chegou ao Brasil cinquenta e um anos depois. Até bem pouco tempo, encontrar um exemplar à venda era um desafio, porém, graças a Editora Carambaia, esta situação acaba de mudar. Uma nova edição, totalizando 1000 exemplares, está disponível e, intitulada ?Juncos ao Vento?, recebeu nova tradução de Maria Augusta Mattos e um competente ensaio da professora Maria Teresa Arrigoni.

A narrativa, influenciada pelo Verismo e o Decadentismo, é ambientada em Galte (Galtellì, na realidade) onde três irmãs pobres mas de origem nobre - Ruth, Esther e Noemi - vivem num velho casarão em ruínas. A quarta, Lia, já falecida, rebelou-se contra a tirania do pai, Dom Zame, e fugiu a anos atrás. A chegada do seu único filho, o jovem Giacinto, coloca em polvorosa a tranquilidade do lugar. Trata-se apenas de uma visita para conhecer as tias ou ele veio reivindicar sua parte na exígua herança? Para Efix, servo remanescente de um período abastado da família, Giacinto é um sopro de esperança por dias melhores, mas será que esta expectativa faz algum sentido?

Aludindo a fragilidade humana e à dor da existência, esta é uma história cujas personagens não são boas nem más, não existem heróis nem heroínas e os principais temas abordados pela escritora em seus outros livros, como superstição, honra e pobreza, fazem parte da história. Singularmente, ?Juncos Ao Vento? também possui uma atmosfera onírica, ?o passado é o presente e o futuro aparentemente será sempre como o passado?, segundo Louise Katainen, da Auburn University, na análise do romance para a ?World Literature Today?.

Prosseguindo, a professora afirma que ?na Sardenha de Deledda, a vida continua em ciclos eternos dominados pelas estações da natureza. A principal ferramenta estilística empregada é o símile: o mundo humano é comparado com a terra, a vegetação, os pássaros e animais e, em sentido oposto, o mundo natural é antropomorfizado, de modo que se torna tão vivo e sabedor como as pessoas que o habitam. Dessa maneira, a divisão entre o homem e a natureza é atenuada, na verdade, ambos se fundem para produzir um todo panteístico. Portanto, o que se tenta transmitir é que para os personagens tanto o natural como o humano são partes indispensáveis e inseparáveis do universo?.

Deledda também é bem-sucedida, ao retratar uma sociedade em lenta transição e muito distante dr nossos dias. ?Antigas tradições, superstições e uma estrutura social feudal aparentemente imóvel bloqueiam a adaptação à novas circunstâncias. Embora separada da costa ocidental da Itália por apenas cerca de 150 milhas de mar, a ilha evocada é povoada por alguns nobres retrógrados e uma maioria de camponeses fatalistas que parecem presos num mundo imutável de miséria que se auto perpétua. Eles nada mais são, como sugere o título do romance, juncos inclinando-se à mercê dos ventos do destino, incapazes e/ou não dispostos a alterar a trajetória das suas vidas?.

Finalmente, como é peculiar a Editora Carambaia, a edição prima pela criatividade. Em branco e preto, o projeto gráfico foi inspirado na trama do junco usada para confeccionar tecidos, esteiras, tapetes e cestas na Sardenha. O papel escolhido foi o off-set de baixa gramatura, que garante maleabilidade, transparência e leveza, mas exige um cuidado extra para não amassar ou sujar durante o manuseio. Entretanto, a fonte um pouco menor do que o habitual foi o único aspecto que realmente me desapontou. Não houve jeito, tive de recorrer aos óculos de leitura.
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JeffersonCevada 30/09/2016

Romanesco
Uma história cujo personagem principal é um servo negro desempenhando o papel de sábio, ao buscar manter o vínculo das relações afetivas entre os membros de uma família aristocrática em decadência no fim do século XIX e início do próximo, deve ter causado um furor na época de seu lançamento, em 1913. Mesmo nos dias de hoje é raro encontrar negros protagonistas, fico imaginando o que terá sido naquela época. Esse foi o aspecto que mais me encantou nesse livro, a sabedoria, a aceitação de pobreza da vida mas de riqueza do ser desse personagem que, em nenhum momento se posiciona como submisso por ditames sociais, nos apresenta pontos de vista poéticos sobre questões conflituosas e que são, frequentemente, originadas pela avareza, egoísmo e mesquinhos poderes.
Fora isso o livro tem longos trechos descritivos de paisagens, ambientes e personagens pelo que meu "paladar" contemporâneo se enfastia, nas primeiras recorrência desses recursos. Também a forma de construção da narrativa traz muito luz à trama factual, deixando as implicações psicológicas ou filosóficas desses fatos em segundo plano ou restrita a um ou dois personagem, em geral à Efix, o servo já mencionado. Talvez seja, justamente, essa a graça e eu não estive pronto para a devida apreciação...
Por último uma avaliação do projeto gráfico do livro (não costumo fazer isso nas minhas resenhas): belíssimo, mas...
é um livro mole, pesado, num formato que ajudaria mais se fosse menor. Para ler em pé, no ônibus ou metrô não foi nada prático: as folhas se encurvam demais, escorregam, não dão estabilidade no segurar. É um projeto gráfico que, parece, te obriga a ler sentado confortavelmente, com o livro no colo, numa cadeira sobre um luminosidade padrão. Não combina com os dias atuais de um metrópole.
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Carol 03/05/2015

Vale a pena ler
Há muito, um livro não me encantava tanto como Juncos ao Vento, de Grazia Deledda.
A descrição de seus personagens e de seus anseios; a vida pacata num pequeno vilarejo da Sardenha, com seus mitos, seus dizeres populares; a atmosfera de um tempo remoto, mas ainda assim, tão vivo, ao alcance das mãos. O livro te transporta pra longe! Eu o li de uma vez, presa em seu enredo como o servo Efix ligado às suas senhoras Pintor por devoção.
Graziela Deledda foi a segunda mulher a receber o Prêmio Nobel de Literatura. É de se admirar não termos mais livros dela disponíveis em português. Foi uma grata surpresa ter acesso a esta autora, ainda desconhecida por mim, através de uma editora nova no mercado, a Carambaia. A edição é linda, o livro cativante, melhor leitura de 2015 até agora.
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